CALVÁRIOS PÓS-MODERNOS

MLUIZA

Alguém já foi a um escritório da Neoenergia Pernambuco, antiga CELPE, aqui em Recife? Então não vá. Pense na aventura!. Antes de ir liguei para o telefone de atendimento do call center e a moça me informou que na cidade existem três escritórios de atendimento presencial: um em Santo Amaro próximo ao centro da cidade, outro no Pina e mais um em Casa Amarela. E só!   Quem é de Recife entende as distâncias entre elas. Gentilmente a educada jovem aproveitou e me passou uma lista de documentos que eu devia levar. Esqueceu apenas de exigir meu batistério.

Uma vez fui no escritório do Pina e era tanta gente que eu pensei que era uma invasão. Outra vez, há algum tempo atrás, voltei por lá e estava interditado. O segurança me mandou para o centro da cidade porque havia chovido e o escritório estava cheio de goteira. Até finalizar o conserto tinha que me deslocar para as outras unidades. Não fui.  Agora, sem ter como adiar tive que encarar a empreitada porque via internet nada se resolve. Nem pense em agendamento. Isso é pura ficção. Tem que ser presencial. Com direito a fila dupla. Uma para tirar a senha e outra para ser atendido.  Se quiser é assim e se não quiser, também.  Segura na mão de Deus e vai. É agora ou nunca. Criei coragem, respirei fundo. Fui. Escolhi o escritório do centro achando que lá era melhor. Esperava-me uma sala pequena com seis birôs para atender meio mundo de gente.

Era tanta gente no pequeno espaço que até pensei ser um abrigo de refugiados fugidos da guerra da Ucrânia que vieram escapar em Recife.  Escorei-me numa parede perto do banheiro para me preservar um pouco da aglomeração. Esperei, esperei, esperei. Uma gentil funcionária me indicou uma cadeira desocupada e não resisti. Fui lá e me sentei. Abstraí os protocolos de segurança para a covid. Para frequentar este tipo de ambiente você precisa incorporar o negacionismo. Faz parte.  Esquece distância entre as pessoas principalmente entre os que estão de pé. Os funcionários atendendo pacientemente representantes de todos os bairros porque lá tinha gente de todo canto, idade, tamanho, classe social. Pense numa coisa democrática. Mistura todo mundo num mesmo balaio e sacrifica coletivamente. Sem discriminação.

Sentada, fico observando a movimentação. A falta de respeito para com o usuário por parte da empresa é escandalosa. Perversa. Sabe que todo mundo precisa resolver seus problemas e não facilita. Passa o rodo.  Tem que aguentar. Não adianta reclamar com os funcionários porque eles também são sacrificados para atender tanta gente. Tentei me distrair pensando na paciência que precisamos ter para enfrentar descasos.  As pessoas conversam, reclamam, revoltam-se, falam no celular. Muitas máscaras abaixo do nariz. Alguns eventualmente com uma expressão de cansaço baixam-na  mais ainda descobrindo a boca para assoprar. Ufaaaa... Uma moça distraída baixa a sua em etapas. Primeiro, descobre o nariz. Depois a boca. A seguir,  sem o menor constrangimento fica roendo as unhas.

No fim da manhã o rapaz me chama e eu sou atendida. Não precisava levar os documentos que a moça do call center me mandou levar. Bastava a identidade, o comprovante de residência e a conta contrato. Você acha que depois de tudo isso eu resolvi o meu problema? Não!  Apenas foi encaminhado. Após cinco dias úteis eu devo entrar na internet para ver se saiu a conta final. Naturalmente, nem vou perder tempo com esta alternativa. Em ‘resumidas cuentas’, como dizem os hispanos, vou voltar lá depois de 10 dias pra ver se efetivamente saiu. Pago e pronto. Tá pensando que terminou a peregrinação? Naum. Depois de quarenta e sete dias corridos sai finalmente a conta definitiva que deve ir para o meu endereço. Vale registrar que eu não devo um centavo a esta empresa e que o meu caso era apenas e solamente uma troca de titularidade.

MLUIZA

Recife

08.05.2022

EDMILSON QUIRINO DE ALCÂNTARA: A LEMBRANÇA ALEGRE DE QUEM TEM APREÇO PELO TRABALHO QUE REALIZA.

Conversar com Edmilson é sempre muito agradável. Apesar da memória já comprometida ele adora falar sobre sua experiência como dono de bar....