AKI LEMBRANU: MEMÓRIAS ENTRECORTADAS




MLUIZA

Há muitos anos atrás lá em casa teve uma empregada chamada Elza. Eu era criança e depois de tantos anos não sei se ela ainda está viva. Um dia, ela cismou que ia embora para o cabaré. Mamãe endoidou. Foi pra casa de vovó onde houve um conselho de mulheres da família sobre a firme decisão de Elza. Ela era um tanto esquisita, pouco sociável, um jeitão emburrado. Era o seu jeito de pouco conversar. Gostava de prestar atenção. Parada no tempo, ficava olhando numa direção fixa mas o seu rosto não revelava alguma expressão. Eu sempre achava que ela tinha algo errado, mas aquele era um tempo que criança não podia dar opinião, menos ainda se meter em conversa de adulto. Tia Laura, como representante do conselho, foi conversar com ela que estava irredutível. Depois de esgotar os argumentos do bom senso, tia Laura apelou.

- Elza, o que é que você vai fazer no cabaré? Nem jeito pra rapariga você tem! Vai fazer o quê por lá? Você vai é matar seu pai de desgosto.

A resposta foi lacônica e definitiva.

- Mas eu quero ir e vou.

Não houve jeito. Era o cabaré e nada mais. Tudo volta ao ponto zero.

O conselho toma uma decisão. Tia Laura, porta voz do conselho, dá o ultimato a Elza.

- Tudo bem. Você vai para o cabaré, mas saindo da casa do seu pai, não daqui. Arrume suas trouxas que eu vou lhe deixar agora mesmo e dizer a ele o que está acontecendo.

Elza voltou pra sua casa. Parece que andou experimentando a vida no cabaré, mas não se adaptou. Resignada, acabou voltando a viver na casa do pai. Ela não tinha mãe. Muito tempo depois, eu soube que tinha casado. Foi a última notícia que eu tive dela.

MLUIZA

Recife

03.06.2021

 

EDMILSON QUIRINO DE ALCÂNTARA: A LEMBRANÇA ALEGRE DE QUEM TEM APREÇO PELO TRABALHO QUE REALIZA.

Conversar com Edmilson é sempre muito agradável. Apesar da memória já comprometida ele adora falar sobre sua experiência como dono de bar....