MLUIZA |
Eu
posso não ter paciência para a maioria das coisas mas, com certeza, eu tenho pertinácia
para caminhar na direção do que eu quero. O tempo para chegar lá é apenas um
detalhe. Pode durar meses, anos ou décadas, mas eu chego. Talvez seja dessa mistura entre a vontade de
conhecer e a disposição para a busca que venha o meu apreço pela pesquisa. Eu
devia ter uns sete a oito anos quando conheci o livro com a genealogia da 'Família Nóbrega', de
Trajano Pires da Nóbrega. Foi na casa de um parente do meu avô, Luiz Leite da
Nóbrega, na cidade de Patos. Fomos visitá-los quando faleceu alguém da família.
Lembro do dono da casa, Né Marinho, sentado numa cadeira de balanço mostrando
esse livro ao meu avô. Eu, naquela idade, com minha pouca leitura consegui ler
alguma coisa. Li e não esqueci. Passou o tempo, ficou a curiosidade. Em 2009,
foi publicado o livro 'Os Augustos' que trata da genealogia da família, de Rejane Monteiro Augusto atualizando a
obra anteriormente publicada pelo historiador Joaryvar Macedo. Por volta de
2010, redescobri o elo perdido com a família da minha avó, Maria Leite da Nóbrega,
e conheci o livro 'A Família Leite no Nordeste Brasileiro (1755-1948)', de
Florentino Barbosa Leite Ferreira. Também tive acesso a vários documentos do
arquivo privado da Família Leite de São José do Egito, terra natal da minha vó. O
desafio seria reencontrar o livro A Família Nóbrega que há anos eu buscava alguma pista na internet.
Cheguei a encontrar um exemplar numa biblioteca americana mas não resolvia meu problema. Obra esgotada, ninguém tem, institutos de genealogia também não. Foram
anos de busca até que consegui, em 1919, através do perfil no facebook do Instituto
Paraibano de Genealogia e Heráldica, encontrar uma pessoa que, por acaso,
buscava o livro sobre a Familia Leite. Fizemos a permuta e finalmente consegui
fechar a bibliografia fundamental que eu precisava. Estava posto o quebra
cabeça, faltava agora arrumar e dar um sentido às peças.
Ao
fazer este trabalho não me move a ingênua vaidade de referendar tradições, mas
a vontade de conhecer a minha ancestralidade e entender as relações
intergeracionais através do movimento constante entre as mudanças e
permanências submetidas ao espírito do tempo em longos percursos. Um dia, quem sabe,
escreverei minhas anotações sobre esse detalhe, mas para isso preciso tempo
e dedicação infinitamente maior. É ousadia e atrevimento, mas, quem sabe, um
dia eu chego perto. Propositalmente exclui detalhes sobre títulos, propriedades
e feitos. Não tenho esse pendor vitrinista e quando entro em detalhes é para
melhor contextualizar alguns personagens. No momento, compartilho as
informações diretas que tenho sobre a linhagem, ascendente e descendente, de
Luiz Leite da Nóbrega e Maria Leite da Nóbrega que deu origem a Família Leite
da Nóbrega, de Ipaumirim-CE.
Agradeço
profundamente a todos que direta ou indiretamente me ajudaram nesse percurso e,
particularmente, destaco a generosidade de Lauro Vercélio Bezerra Vanderley, de Pombal, Valdir Leite Perazzo, de São José do Egito, Áurea Leite do Amaral, de João
Pessoa, a Vilma Leite Perazzo, de Recife, que me facilitaram o acesso a informações e
documentos essenciais de arquivos particulares para construir meu modesto
trabalho.
Quero
dedicar este material a minha mãe, Maria Eunice Nóbrega de Morais que herdou de
sua ancestralidade a têmpera e a coragem
e que aos 92 anos ainda resiste e continua a gostar da vida apesar do Alzeihmer
que insiste em lhe encurtar as lembranças. Dedico ainda a minha filha, Olga
Proaño de Morais, que herdou dessa história coragem, determinação, disposição
para a luta e lhes acrescentou sensibilidade e delicadeza.
Lembro dos meus tios
que já não estão aqui - Luiz, Maria Luiza (minha madrinha) e Vilany - que
gostariam profundamente de conhecer os detalhes do percurso da sua ancestralidade bem como
do meu tio Sebastião, aos 90 anos, em cuja memória o tempo também já fez os seus
estragos.
Estou na busca da minha ascendência
paterna, tenho algumas coisas que já são importantíssimas para responder o que
procuro. Agora, sim, eu sei de onde vim. Nenhuma terapia seria capaz oferecer
tão profundo mergulho nem uma retrospectiva tão ampla e uma descoberta tão
interessante sobre o que existe de mais genuíno em mim mesma a partir da minha
ancestralidade e de como a própria evolução dos contextos e processos me
permitiram ser a pessoa que eu sou.
MLUIZA
23.11.2019
MLUIZA
23.11.2019
O SANGUE REINA
Luiz Leite da Nóbrega |
ASCENDÊNCIA PATERNA: FAMÍLIA NÓBREGA
O
português Pedro Ferreira das Neves
(Pedro Velho), viúvo, morador de
Mamanguape – PB é convidado pelo seu irmão,
Geraldo Ferreira das Neves, para morar na região do Sabugi onde Geraldo
era um grande latifundiário. Aí chegando, Pedro se casa com a índia Custódia do Amorim
Valcácer filha do chefe da tribo dos Indios Cariris. Esse casamento
teria ocorrido no vale do Rio Paraíba onde Dom Pedro Valcácer, provavelmente
pai biológico de Custódia, havia requerido terras já ocupadas pelos índios
Cariris na Missão N. Sra. Do Pilar de Taipu, no sítio Genipapeiro situado num
local conhecido como Bultrins.
Pedro
e Custódia instalam sua residência na ribeira do Sabugi num local conhecido
como Cacimba Velha. Dessa união nasce Antônia Morais Valcácer que se casou, em
Santa Luzia – PB, com o português Manuel Fernandes Freire. O casal teve dez
filhos, três homens e sete mulheres, entre elas, Apolônia e Antônia.
Na
região do Sabugi que faz limite com a região do Seridó aportam dois irmãos
portugueses: Rodrigo Medeiros da Rocha e Sebastião Medeiros da Rocha. Sebastião
se casa com Antônia de Morais Valcácer e Rodrigo com Apolônia de Morais
Valcácer, irmãs entre si e netas da índia Custódia.
O
casal Sebastião de Medeiros Rocha e Antônia de Morais Valcácer tiveram oito
filhos. Entre eles, Maria José de Medeiros
(Babanca) que se casou com Manoel Alves
da Nóbrega.
Manoel Alves da Nóbrega era filho
do mineiro José da Nóbrega e da paraibana Isabel Ferreira da Silva natural de Mamanguape – PB.
Ele era descendente dos Nóbregas do norte de Portugal que moravam nas
proximidades do Reino da Galícia, na Espanha, de onde são descendentes os Nóbregas do Nordeste. O cabeça da família era Dr. Baltazar da Nóbrega que
era o pai do Padre Manoel da Nóbrega que nasceu em 1517, veio para o Brasil em
1549 e faleceu no rio de janeiro em 1570.
Manoel e Babanca casaram-se no ano de 1765 e se instalaram na Fazenda São Domingos onde lidavam
com agricultura e criação de gado. É provável que Manoel que tinha uma boa
situação econômica tenha percorrido outras localidades na região antes de se
instalar em Santa Luzia. A tradição oral diz que ele era um homem alto, corpulento e alourado. Maria José era
analfabeta mas seus irmãos estudaram e inclusive ocuparam cargos públicos de
relevância no Estado da Paraíba.
O casal teve treze filhos. Um
deles chamado Jerônimo José da Nóbrega.
Presume-se que Jerônimo José da Nóbrega
deve ter nascido na Fazenda São Domingos entre os anos 1770-1780. Jerônimo casou com Dona Apolonia Maria de Medeiros
filha do capitão-mor Manoel de Medeiros Rocha e sua segunda mulher, Ana
Pereira de Araujo. Ana Pereira de Araújo
era filha de Antonio Paes de Bulhões e Ana Pereira de Araújo. O capitão-mor
Manoel de Medeiros Rocha era, por sua vez, filho do português, anteriormente
citado, Rodrigo de Medeiros Rocha e sua mulher, Apolonia Barbosa de Medeiros.
Jerônimo e Apolonia tinham duas
residências: uma na Vila de Patos e outra na Fazenda Laranjeiras, na própria região
de Patos, arrematada por ele e seu
irmão, José Ferreira da Nóbrega, em hasta pública na capital da província, em
1819, ficando Jerônimo com a parte poente e José com a parte nascente. Jerônimo
exerceu influência política na região onde foi suplente de Juiz de Órfãos tendo
assumido o cargo várias vezes. Faleceu em 1889 na residência da Fazenda
Laranjeiras. O seu inventário foi
arquivado no 2º Cartório da Comarca de Patos.
O oitavo filho de Jerônimo e
Apolonia levou o mesmo nome do pai chamando-se, portanto, Jerônimo José da Nóbrega (2). Este Jerônimo, conhecido como Capitão Ló, nasceu na Vila de Patos em
21.09.1827, Foi promotor público e deputado provincial na 24ª legislatura, de
1882 a 1883. Casou com Joaquina
Francelina de Medeiros filha de
Pacífico José de Medeiros e Dona Francisca Carolina de Medeiros. Capitão Ló faleceu
na fazenda Laranjareiras em 03.06.1897. Capitão Ló e Joaquina tiveram nove
filhos. Um deles chamado Jerônimo José
da Nóbrega Neto (Giló) casou com
Dona Francisca Augusto Leite da Nóbrega (Sinhá), de
Lavras da Mangabeira, filha de Luiz Leônidas Lacerda Leite e Joana Augusto
Leite e neta do casal Ildefonso Correia Lima e Fideralina Augusto Lima.
Jerônimo José da Nóbrega e Francisca Augusto Leite (Sinhá) |
ASCENDÊNCIA MATERNA (FAMÍLIA AUGUSTO)
Por volta de 1773, residia na
região do Médio Salgado, no sertão do Ceará, um paraibano de Mamanguape,
Francisco Xavier Ângelo que casou, na Matriz do Icó, com Ana Rita de São José
(1759-1817), natural desta cidade, filha do sargento-mor Francisco de Oliveira
Banhos e Maria José de Jesus Rodrigues.
Maria José era filha de Mariana Dourado
de Araújo e do capitão-mor José Rodrigues Pimentel, de nacionalidade
portuguesa, e neta de André Ferreira Ferro e Antonia Afonseca Barbosa.
Quando Ana Rita faleceu, o viúvo
casou pela segunda vez, no mesmo ano que enviuvou, com Cosma Francisca de Oliveira Banhos na
Matriz de Lavras da Mangabeira. Dono de muitas terras, , viveu no Sítio
Logradouro no município de Lavras. Foi promovido a capitão-mor em 14.10.1820 e
ocupou este posto até falecer em 01.03.1817.
Francisco Xavier era filho de Ana
Maria Cardoso (Cardosa no documento oficial) e sua paternidade é atribuída ao
Padre Antonio Gonçalves Sobreira proprietário da Fazenda Mangabeira onde teria
surgido o povoado de Lavras da Mangabeira. O padre, nasceu em 1752, e vivia em Paratibe, próximo a Mamanguape.
Do primeiro casamento de Francisco
Xavier com Ana Rita nasceram oito filhos.: quatro homens e quatro mulheres.
Entre os filhos homens, três foram ordenados padres e um exerceu a função de
Juiz Ordinário e de Órfãos. As quatro
filhas mulheres casaram e constituíram numerosas famílias. Uma delas, Isabel
Rita de São José (Zabelinha) nasceu no ano de 1815, em Lavras da
Mangabeira, e faleceu em 18.12.1889.
Zabelinha casou, em 1831, com o Major João Carlos Augusto.,
João Carlos Augusto era filho
natural do governador da Capitania do Ceará, João Carlos Augusto de
Oyenhauser-Gravenburg (Marquês de Aracati), com Ana Rosa de Oliveira, O marquês era filho de Karl Von Oyenhauser-Gravenburg,
oficial militar de origem alemã, que foi transferido para Portugal e lá se
casou com a Marquesa de Alorna, madrasta do Marquês de Aracati. O marquês nasceu em
Lisboa em 12.10.1776, passou muitos anos no Brasil exercendo cargos importantes e faleceu quando era Governador
de Moçambique no ano 1838.
Quando João Carlos Augusto nasceu
o próprio marquês autorizou o ‘afilhado’ a ser batizado com o seu nome.
O major João Carlos Augusto exerceu
importantes cargos políticos: participou da Assembléia Provincial Cearense
entre os anos de 1850-1853, foi juiz municipal, delegado de políciia, coletor
de rendas gerais e provinciais entre outras atividades públicas. O casal João
Carlos Augusto e Zabelinha teve onze filhos:
três homens e oito mulheres. Uma delas foi Fideralina Augusto Lima que casou
com o Major Ildefonso Correia Lima.
Fideralina Augusto Lima |
Major Ildefonso era filho do segundo casamento do Tenente Raimundo
Duarte Bezerra (conhecido como Papai Raimundo), patriarca de Várzea Alegre, com Ana Maria dos Passos. Papai Raimundo era filho de Francisco
Duarte Bezerra e Bárbara de Morais Rego. Nasceu
em 1767, no sítio Lagoas, distrito de Canindezinho. Seus avós paternos eram
Bernardo Duarte Pinheiro e Ana Maria Bezerra que chegaram na região de Várzea
Alegre no ano de 1717.
Ana Maria dos Passos, nascida em
São Caetano em 22.07.1805, era filha de Antonio Correia Lima, natural da
freguesia do Crato, com Damiana dos Passos Rego. Neta paterna de Inácio Correia
Lima e Ana de Azevedo e Melo. Seus avós maternos são Tenente Antonio da Costa
Siebra casado com Ana dos Passos Rego, natural de Inhamuns, na capela de Nossa
Senhora Santana, Iguatu, em 09.09.1716. Eram seus bisavós paternos: Paulo da
Costa Araújo, natural de Portugal, casado com
Antônia Maria de Araújo, nascida na Bahia por volta de 1712 e falecida a
05.05.1772 na fazenda Cacimbas. Os seus bisavós maternos eram: José de Araújo
Rego, alagoano, casado com Narcisa de Oliveira.
O
casal Ildefonso Correia Lima e Fideralina Augusto Lima teve doze filhos: seis
homens e seis mulheres, Uma delas, Joana Augusto Leite que se casou com o paraibano
Luiz Leônidas Lacerda Leite.
Luiz
Leônidas Lacerda Leite e Joana Augusto Lima tiveram os seguintes filhos: Ildefonso
Augusto Lacerda Leite, Maria do Rosário Augusto de Oliveira. Francisca Leite da
Nóbrega (Sinhá), Emília Augusto Leite Cavalcanti, Julieta Leite da Cunha Rego, Joana
Leite da Costa (Iaiá), Amâncio Lacerda Leite, Fideralina Leite Correia Lima
(Sinharinha) e Marieta Leite Lima.
Luiz
Leônidas era da região de Piancó onde se concentrou um dos ramos da Família
Leite Ferreira que chegou naquelas paragens por volta de 1755. Vale registrar que Piancó
pertencia originalmente ao município de Pombal e só foi instalado oficialmente
em 05.05.1832 quando foi politicamente emancipado. A região de Piancó é uma das mais antigas do
Nordeste brasileiro e deu origem a vinte municípios paraibanos. Quando Pedro Leite Ferreira chega
nesta região, em 1755, Piancó passa a ser o centro de uma
das mais poderosas famílias de oligarcas e políticos paraibanos exercendo poder
regional e estadual como líderes do Partido Conservador. A Família Leite Ferreira
liderou politicamente esta região por mais de duzentos anos O seu primeiro
prefeito chamou-se Tiburtino Leite Ferreira e o
seu primeiro juiz chamava-se Izidro Leite Ferreira de Sousa, nomeado em
1854. O
poderio político dos Leite Ferreira, em Piancó, foi abalado, em 1902, com a chegada do jovem padre Aristides
Ferreira da Cruz .
Dois
filhos de Joana e Luiz Leônidas, migraram para a região de origem do pai:
Emília e Ildefonso.
Emília
Augusto Leite Cavalcanti, viveu em Piancó e foi casada com João Cavalcanti Sula, conhecido
como Major Sula, filho do capitão Mamede Lacerda com Donária Leite, importantes
criadores de gado na região que corresponde atualmente aos municípios de Boa Ventura e Curral Velho,
na Paraíba, Donária era descendente das famílias Leite Cavalcanti e
Ramalho. Quando o Coronel Zuza Lacerda
proclamou a ‘folclórica’ República da Estrela que tornou independente do Estado
da Paraíba o povoado de São Boaventura e a fazenda Curral Velho, nomeou Major
Sula, sobrinho da sua mulher e genro de Joana Augusto e Luiz Leônidas, homem da sua confiança, como Ministro das Relações Exteriores. A república
durou três dias.
José
Cavalcanti de Lacerda Zuza, Coronel Zuza Lacerda, era um tangerino que
transportava boiadas do Piauí e do Ceará para as grandes fazendas na região do
Piancó. Dona Donária Leite o contratou
como seu vaqueiro. Zuza Lacerda casou com Ana Furtado de Lacerda, irmã do
Capitão Mamede, e recebeu do sogro, Francisco Cavalcanti de
Lacerda, a fazenda Curral Velho.
Ildefonso
Augusto Lacerda Leite graduou-se em
Medicina no ano de 1900 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. De volta ao Ceará
exerceu a sua profissão inicialmente em Lavras. Depois foi para Cajazeiras-PB e daí para a Vila de Princesa-PB onde se estabeleceu como médico e farmacêutico
casando-se com Dulce Campos Leite. Foi brutalmente assassinado, em 06.01.1902, num crime motivado por uma conjunção de fatores que envolvem não apenas a sua posição de livre pensador e ateu mas também o seu casamento com uma moça predestinada a casar-se com a filho de um dos chefes políticos locais que foi preterido em favor de Ildefonso. A trama foi urdida principalmente por Padre Antonio Pita, vigário local, conhecido na região como um sujeito
mau caráter, fuxiqueiro e bajulador.
Outra filha
do casal (Luis Leônidas e Joana), Maria do Rosário Augusto de Oliveira casou com seu primo José Augusto
de Oliveira (Zé Borrego). Um dos seus filhos, Adolfo Augusto de OIliveira
casado com Maria Stela Bezerra de Oliveira, viveu na cidade de Ipaumirim desde
os tempos de Alagoinha.
Adolfo Augusto de Oliveira |
Amâncio Lacerda leite, também filho de Joana e Luiz Leônidas, foi um dos donos do Sítio São Pedro, situado em Ipaumirim, junto com seu sobrinho Luiz Leite da Nóbrega conforme registra o Recenseamento Agrícola do Ceará de 1920.
Uma outra filha de Joana e Luiz Leônidas chamava-se Francisca Leite da Nóbrega (Sinhá) casou com Jerônimo José da Nóbrega (Giló), da Paraíba já citado anteriormente.
Uma outra filha de Joana e Luiz Leônidas chamava-se Francisca Leite da Nóbrega (Sinhá) casou com Jerônimo José da Nóbrega (Giló), da Paraíba já citado anteriormente.
Francisca Augusto Lima (Sinhá) |
1. 1. Luiz Leite da Nóbrega,
nascido
em 27.09.1895 e falecido em 02.11.1960, casou com Maria Leite da Nóbrega, de São José do
Egito-PE, filha de José Ferreira de Sant’Anna, (Coronel Cazuza Sant’Anna). Os dois
são descendentes diretos da Familia Leite Ferreira. Ele pela parte dos Leite cujo ramo
se instalou em Piancó e ela do ramo que se expandiu de Teixeira - PB para o Sertão do Pajeú, em
Pernambuco.
2.
Jerônimo
Leite da Nóbrega (Leó) casado com Odete Dantas da Nóbrega.
Jerônimo (Leó) e Odete. Foto de 1925 |
1 3. Raimundo
Leite da Nóbrega (Doca) nascido em 10.01.1900 faleceu em 13.11.1961, casado com Lulu Torquato da própria região entre Lavras e
Aurora.
Raimundo (Doca) |
4. Laura Nóbrega Romeu casada com o paraibano Tomás de Paula Romeu.
Laura Nóbrega Romeu. Foto de 1930 |
1 5.
Hamilton
Leite da Nóbrega que migrou para o Rio de janeiro e do qual não se teve mais
noticias.
ASCENDÊNCIA DE MARIA LEITE DA NÓBREGA
Maria Leite da Nóbrega |
De um
dos ramos dessa mesma família Leite Ferreira que falamos anteriormente quando
nos referimos a Luiz Leônidas Lacerda Leite, descende Maria Leite da Nóbrega,
esposa de Luiz Leite da Nóbrega, neto de Luiz Leônidas e Joana. Portanto, a
ascendência paterna e materna de Maria Leite da Nóbrega e a paterna de Luiz
Leite da Nóbrega tem origem nos mesmos Leite Ferreira que subdivididos em três
ramos genealógicos distribuíram-se entre a região
fronteiriça de Piancó, Conceição e Teixeira, na Paraíba, e a
região do Pajeú pernambucano.
Em 1755, o casal Pedro Leite Ferreira (1) e Isabel
Gomes de Almeida veio da Bahia para a ribeira do Piancó fixando residência
num lugar chamado Tapera, à margem direita do rio Genipapo onde trabalhou na
criação de gado e agricultura. O casal teve oito filhos, quatro homens e quatro
mulheres: Isabel, João, José, Clara, Maria Bárbara, Joaquim e Pedro. O ramo dos Leite Ferreira que instalou-se em Teixeira - PB deu origem a
Família Leite de São José do Egito da qual descende diretamente Maria Leite da Nóbrega.
Pedro
Leite Ferreira (2), fundador da cidade de Teixeira – PB e um dos
filhos do casal Pedro Leite Ferreira (1) e Isabel Gomes de Almeida, teve vários
filhos. Entretanto ignora-se o nome da sua esposa. Entre os filhos, uma delas chamava-se Luzia Ferreira Leite que casou com Francisco
de Souza Dias. O casal teve vários filhos. Entre eles, José Pedro de Souza Leite casado com Margarida Ferreira de Santana, pais de Felipe Pedro de Souza Leite.
Felipe
Pedro de Souza Leite casou com
sua parenta Clotilde Ferreira Leite,
na cidade do Crato, no ano de 1860. Além do nome na certidão de casamento, não
se conhecem informações sobre Clotilde
Ferreira Leite sabendo-se apenas do parentesco entre eles. Felipe Pedro possuía a patente de Major da
Guarda Nacional. Foi eleito o primeiro prefeito constitucional de São José do
Egito em 21 de fevereiro de 1892. A Constituição Republicana, de 24
de fevereiro de 1891, que concedeu autonomia aos municípios estabeleceu que a vila que fosse sede de município poderia eleger um prefeito pelo Conselho Municipal ainda que não tivesse o status de cidade. Felipe Pedro foi empossado em 25.03.1892 e
governou até 15.11.1895. O casal teve os seguintes filhos: Abílio, Adelaide,
Adelino, Aprígio, Argemiro, Ernesto, Gonçalo, Ilídio, Irineu, Manoel Tito,
Pedro Felipe e Ursulina (Lalá).
Ursulina de Souza Leite foi casada com seu
parente José Ferreira de Sant’Anna,
conhecido em São José do Egito, com o nome político de Coronel Cazuza Sant’ Anna. O casal teve sete filhos entre os quais
sobreviveram Josefa, Pedro (nascido em 1890) e Maria
Leite da Nóbrega (nascida em 1900).
Cazuza Sant´Anna foi delegado em São José do Egito por volta de 1897, tinha a patente de coronel da Guarda Nacional outorgada e assinada por Floriano Peixoto e foi eleito, duas vezes, prefeito de São José do Egito. O seu primeiro mandato ocorreu no período entre 15.11.1904 a 14.11.1907. O segundo iniciou em 11.11.1910 mas não há registros de quando terminou. Sabe-se, pelos documentos oficiais, que assinou o último documento como prefeito em 28.09.1911.
Cazuza Sant´Anna foi delegado em São José do Egito por volta de 1897, tinha a patente de coronel da Guarda Nacional outorgada e assinada por Floriano Peixoto e foi eleito, duas vezes, prefeito de São José do Egito. O seu primeiro mandato ocorreu no período entre 15.11.1904 a 14.11.1907. O segundo iniciou em 11.11.1910 mas não há registros de quando terminou. Sabe-se, pelos documentos oficiais, que assinou o último documento como prefeito em 28.09.1911.
Entre este período (setembro de 1911) e o registro
de sua chegada a Alagoinha, em1913, quando compra um terreno ao Sr. José Lobo, conforme anotações de Josa Henrique sobre a História de Ipaumirim, não se
sabe por onde teria andado.
" Em 1913, um pernambucano conhecido como José
Ferreira de Santana, avô do nosso estimado Dr. Jader Nogueira de Santana,
comprou ao Sr. José Lobo, esse atual pedacinho do céu, pela importância de três
mil e quinhentos reis, com seiscentas braças quadradas. Naquela época, existia
a figura dinâmica do respeitoso padre Inácio, que se utilizando dos próprios
esforços, viu nascer a primeira capela, erguida de maneira humilde e
acabrunhada, dando-nos a impressão de uma casinha de palha. Situava-se onde
hoje residem os Srs. Eugênio e Vicente Ferreira, à Rua São Vicente. Com o novo surgimento da segunda capela, erguida onde hoje é a nossa atual
matriz, aquela acanhada e já citada igrejinha cedeu lugar ao campo da paz, onde
ficou instalado o cemitério.” (HENRIQUE, Josa. História do município de
Ipaumirim. Op cit. Anotações pessoais publicadas no blog http://alagoinhaipaumirim.blogspot.com
em 09.09.2007). Este terreno foi vendido a Pedro Alexandre
Gonçalves que dividiu com Dona Naninha quando da separação do casal. Não se
sabe a data da venda. Entretanto, no Recenseamento Agrícola de 1920 consta o
Sítio Lagoinha tendo como proprietário José Ferreira de Sant’Anna (Coronel
Cazuza Sant’Anna).
Atribuo que o Padre Inácio de que fala Josa Henrique seja da família Ferreira Bonfim proprietária original do Sítio Lagoinha.
Atribuo que o Padre Inácio de que fala Josa Henrique seja da família Ferreira Bonfim proprietária original do Sítio Lagoinha.
O que se tem por certo é que ele chega ao
distrito de Alagoinha, atual
Ipaumirim, acompanhado da sua mulher, Ursulina Souza Leite (Lalá), seus
três filhos (Pedro , Zefinha e Maria) e dois irmãos menores de Lalá, Irineu e
Tito. . Não se sabe também por qual rota chegaram até Alagoinha. Sabe-se que
havia uma rota pela Paraíba através de
uma velha estrada real, Estrada das Boiadas,
que ligava o Ceará a Pernambuco e Paraíba passando pelo povoado de
Umari, no Ceará. Esta rota margeava o riacho Pendência que passa no município
de Ipaumirim. Outra alternativa seria
uma rota pelo sertão de Pernambuco
entrando no Ceará pelo Cariri. Entretanto, nesse período, já haviam inúmeros outros caminhos
além dessas rotas principais de forma que não é possível localizar exatamente
o seu percurso. Não existem fotografias do casal.
|
Tem-se informações que, antes de irem para Alagoinha,
Coronel Cazuza teria enviado um emissário, chamado Isidro Neri, para verificar algum
local onde pudessem adquirir terras e se instalar com a família. Junto com
eles, veio Isidro e seu irmão Odilon
Nery.
Razões políticas provocaram a saída de Cazuza
Sant’Anna de sua terra. Em declaração pública por ele feita, datada 15 de
janeiro de 1909, com firma reconhecida, notificava a instabilidade política da
época com episódios constantes de violência. O documento cita fatos e
personagens envolvidos na querela política.
O contexto político, no período, era bastante
complicado. As oligarquias, através dos seus caciques políticos, exerciam o
poder e a despeito de qualquer lei controlavam territórios, promoviam matanças,
invasões e acobertavam toda sorte de desordens. Os estados eram feudos dos
coronéis. Nos sertões do Nordeste, a situação era agravada pelas condições
econômicas. As perseguições, os tiroteios, a deposição de chefes políticos
fazia parte da rotina. Em comum acordo
com o governante político, na capital, os coronéis interioranos exerciam, sem limites,
o poder local.
No governo Hermes da Fonseca, os militares
pressionavam o governo para romper o poder das oligarquias propondo a política
de salvação nacional colocando militares nos governos estaduais com o objetivo
de enfrentar o poder dos coronéis. Assim, no contexto de tantos conflitos, o
general Dantas Barreto chega ao governo de Pernambuco desmantelando o esquema
político de Rosa e Silva que dominava a política na região desde 1896. Na campanha para o Governo do Estado de Pernambuco Dantas Barreto, que contava com a simpatia popular, derrota Rosa e Silva. Era o final de
uma oligarquia que se manteve no poder por mais de 15 (quinze) anos, ou seja,
de 1896 a 1911, e que, através de alianças, dominava a polícia, o tesouro e o
fisco.
À parte da questão nacional onde o governo tenta
por freios ao coronelismo, Cazuza Sant'Anna tinha problemas na política local inclusive
com o vigário de São José do Egito relativo aos bens eclesiásticos que haviam
sido secularizados pela República: a administração dos cemitérios que o vigário
não queria entregar à prefeitura.
O novo governo provoca um tsunami na política pernambucana, mudando completamente o cenário político do sertão, onde imperava o coronel Cazuza e Sant´Anna. Os chefes políticos da região, majoritariamente, perderam os comandos dos seus municípios. Coronel Cazuza, correligionário de Rosa e Silva, não teve como se sustentar na política local. Resistiu, mas sem sucesso teve que migrar para outras paragens.
Antes de migrar, Coronel Cazuza passou a limpo suas intrigas políticas regionais. anteriores ao Governo de Dantas Barreto, deixando uma carta, registrada em cartório, ao povo de São José do Egito relatando suas dificuldades políticas e denunciando as tentativas de assassinatos de que dizia ser vítima.
Esse documento histórico foi preservado por
um filho de Manuel Tito Leite de Souza, que quando da crise política em São
José do Egito, emigrou para o Ceará com
o coronel José Ferreira de Sant´Anna.
A importância do documento reside no fato de ser o próprio Sant’Anna dando sua
versão da situação política adversa. O documento foi gentilmente cedido para publicação por Valdir Leite Perazzo.
“São José do Egypto.
Ao Público
Não posso
deixar de romper o silêncio que desde à muito tenho guardado não obstante ver
de contínuo o meu nome e probidade subjugados por inimigos gratuitos, nos
jornais deste Estado. Nunca
pensei que uma família que se julga tão ilustrada como a que vou mencionar, não
se dedicasse a prática de factos graves e reprovados pela lei e sociedade de
nosso paiz.Meus
caros leitores, já está bem patenteado pelo público, o gregento se julga poderosa
e eminente a família Dantas do Teixeira que, por minha infelicidade, outrora
fui amiga della, que, revestida de um manto, tem adquirido a força de
ferro-fogo e sangue uma prepotência geral nos Estados do Norte. O público já se
acha inteirado dos graves e funestos acontecimentos dos quais tem sido víctima
a população ordeira deste município, desde o dia 12 de abril de 1900 (quarta
feira de trevas, da semana santa) data em que foi atacado o Meretíssimo Dr.
Juiz de Direito, Francisco Farias Castro, por uma horda de cangaceiros, a mando daquella família, em numero de 42,
que felizmente escapou das sanhas dos bandidos, por ter sido auxiliado por
alguns amigos.Eu
naquelle tempo, nenhuma intervenção tinha nos negócios políticos deste
município, pois me conservava em completo retraimento, era e sou ainda, amigo
do pessoal que dominava a política
actual daquella época, visto como, os considero meus padrinhos. É incalculável
os prejuízos destorços e depredações, que durante o lapso de tempo dez annos,
tem dado aquella prepotente família à população ordeira do Território deste
Município.No dia 27
do mez expirante, data em que, o meu caro sogro, Major Filippe Pedro de Souza
Leite se achava agonisante, esperando o ultimo momento do seu passamento e toda
a sua família estava afflitíssima, por ver o seu caríssimo assendente exhalar o
ultimo suspiro, foi quando uma quadrilha de criminosos, em um número de 9,
chefiada pelo celebre cangaceiro, indiciado em crime de morte, neste Município,
João Ignácio de Loyola Gomes, que vive homiziado na fazenda Santo Agostinho do
Termo do Teixeira, sob a proteção da família já aludida, veio à casa de meu
sempre lembrado sogro, no sítio José Antonio, que dista desta Villa 3 léguas, e
arrebentando as portas da mesma estorquio quatrocentas rapaduras, cereais e
outros objetos existentes ali, fallecendo dois dias depois meu venerando sogro.Ainda não
satisfeitos com semelhantes torpezas, no dia 7 do andante, foi a fazenda do meu
cunhado (Pedro Fillipe de Souza Leite) no Território do Município de Afogados,
e atacando-o intimou-o a dar-lhe a quantia de quinhentos mil réis, o qual
facilmente conseguiu-a estorquindo mais diversas imagens, jóias d´ouro e prata
e mais objectos que ali existiam e logo apoz regressaram os saltiadores ao seu
reducto na (Imaculada.).São
tantos os factos, finalmente registrados neste Município, praticados pela
família a qual me refiro, que é impossível descreve-los todos desta vez. Vivo
esperando a cada momento ser assassinado por aquella família, que homisia
somente deste Município, vinte e quatro criminosos armados a rifles, que
actualmente vivem de emboscadas no intuito de assassinar-me e também a meus
amigos, como fizeram a poucos dias na estrada que vai para Umburana, a espera
que por ali passasse o cidadão Delegado de Polícia deste Município, o qual não
foi víctima, por não ter naquelle dia viajado, conforme propalarão os mesmos
bandidos, cujos nomes são os seguintes: Lino José de Deus, pronunciado no art.
294, § 1° do Cód. Pen. Severino Martins Nogueira, cognominado Severino de
Mãezinha, pronunciado quatro vezes no art. 294, § 1° do Cód. Pen. Ten. Joaquim
Bernardo da Rocha, vulgo Joaquim Magro, pronunciado duas vezes no art. 294, §
1° do Cód. Pen. Pedro Lyra de Oliveira, conhecido por Pedro de Mãezinha, pronunciado
duas vezes no art. 294, § 1° do Cód. Pen. Ten. José Vicente de Tal, pronunciado
no art. 294, § 2° do Cód. Pen. Manoel Domingos, pronunciado no art. 294, § 2°
do Cód. Pen. Ten. Manoel Conselheiro de Tal, pronunciado art. 294, § 2° do Cód.
Pen. Júlio de Tal, pronunciado no art. 294, § 2° Cód. Pen. Manoel Azougue, pronunciado no art. 294, § 2°
Cód. Pen. Ten. Joaquim Bolandeira, pronunciado no art. 294, § 2° Cód. Pen. José
Bolandeira, Manoel Cigano, Joaquim Cigano, Justino Cego, Vicente Ferreira, Agostinho
Costa, Pedro Ferreira, Canuto de Tal, Manoel Theodoro, Firmino de Tal,
Agostinho Fuló, José Mendes, pronunciados no art. 294 § 2/ do Cód. Pen. e João
Ignácio de Loyola Gomes indiciados em crime no art. 294 § 2° Cód. Pen. É esta
corja executora dos planos sinistros da família Dantas.15 de
janeiro de 1909.José
Ferreira de Sant´Anna.Assumo a
responsabilidade do que disse na missiva supra. São José do Egypto 15 de
janeiro de 1909 José Ferreira de Sant´Anna. Reconheço
verdadeira a firma supra do Coronel Jose Ferreira de Sant´Anna: dou fé. Villa
de São José do Egypto em 15 de janeiro de 1909. Em Testamento da verdade”.
No período em que Coronel Cazuza Sant’Anna chegou a
Alagoinha, a situação, no Ceará, estava
tão conturbada quanto em Pernambuco. Sob a liderança de Padre Cícero Romão
Batista, em 1911, foi assinado o Pacto de Harmonia Política entre os coronéis
da região que propunha a solidariedade pessoal e política entre eles e o apoio
incondicional ao governador Antônio Pinto Nogueira Acioly que acabaria
renunciando por pressão política no ano seguinte. Marcos
Franco Rabelo assume o governo com o objetivo de desarticular as oligarquias e a política dos
coronéis. Em 1914, Benjamin Liberato Barroso
foi eleito presidente do Ceará tendo como 1º vice-presidente Padre Cícero Romão Batista, 2° vice-presidente –
Aurélio Lavor e3º vice-presidente Coronel Gustavo Augusto Lima. As oligarquias voltam ao
poder.
Gustavo Augusto Lima, filho da matriarca do coronelismo
cearense, Fideralina Augusto Lima, era chefe político do município de Lavras da
Mangabeira que dominava toda a região em que se encontrava o povoado de
Alagoinha.
Diante da organização política da região, não
haveria espaço político em Alagoinha para alguém vindo de fora mesmo que possivelmente
trazendo um razoável patrimônio. Ainda assim, o casal Sant'Anna tem uma projeção social
na localidade.
“Em 1913, um pernambucano conhecido como José
Ferreira de Santana, avô do nosso estimado Dr. Jader Nogueira de Santana, comprou
ao Sr. José Lobo, esse atual pedacinho do céu, pela importância de três mil e
quinhentos reis, com seiscentas braças quadradas. Naquela época, existia a
figura dinâmica do respeitoso padre Inácio, que se utilizando dos próprios
esforços, viu nascer a primeira capela, erguida de maneira humilde e
acabrunhada, dando-nos a impressão de uma casinha de palha. Situava-se onde
hoje residem os Srs. Eugênio e Vicente Ferreira, à Rua São Vicente. Com o novo
surgimento da segunda capela, erguida onde hoje é a nossa atual matriz, aquela
acanhada e já citada igrejinha cedeu lugar ao campo da paz, onde ficou
instalado o cemitério.” (HENRIQUE, Josa. História
do município de Ipaumirim).
Segundo meu tio Luiz conversando comigo há muitos
anos atrás Cazuza teria doado parte de
sua propriedade para a capela de Alagoinha que, na ocasião, fazia parte da
Freguesia de Umari. Posteriormente, o bispo do Crato, Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva,
vendeu o terreno doado por Cazuza a João Augusto Lima, filho do Coronel Gustavo
Augusto Lima.
João Augusto Lima, de Lavras da Mangabeira, instala-se em Ipaumirim em 1919. João Augusto
era casado com Marieta Leite Lima, sua prima legítima, filha de Luiz Leônidas
Lacerda Leite e Joana Augusto Leite. Com ele, vem o jovem Luiz Leite da Nóbrega, seu primo e sobrinho de sua esposa Marieta.
João Augusto, filho do Coronel Gustavo Augusto Lima, neto de Fideralina e Ildefonso, imprime uma nova dinâmica ao povoado de Alagoinha construindo casas e incentivando os outros a fazerem o mesmo. Nesse período, configura-se a primeira via pública de Ipaumirim, Rua Coronel Gustavo Augusto Lima. Constrói as primeiras estradas carroçáveis para facilitar o comércio de algodão. Manda destocar uma área e constrói o mercado público marcando urbanisticamente o centro urbano de Alagoinha. Numa das esquinas do mercado instala o seu comércio, a Casa Aliança.
Por volta de 1918, João Augusto, Joana Augusto, sua sogra e tia, e Luiz Nóbrega estiveram em Olho d'água , atual Distrito de Felizardo, para fundar na localidade o Partido da Aliança Liberal com a participação Francisco Felizardo Vieira que seguia as orientações políticas do Coronel Gustavo Augusto Lima, pai de João Augusto. Essa reunião acontece num pequeno prédio que ficou conhecido posteriormente como o Quarto da Aliança onde depois funcionou a Escola Isolada de Felizardo. Vizinho a este local, João Augusto instalou uma mercearia de secos e molhados que depois foi transferida para a Casa Aliança localizada no Mercado Público de Alagoinha por ele construido.
João Augusto e família voltam a morar em Lavras, em 1923, quando foi prefeito daquela cidade de origem.
É em Alagoinha que se encontram Luiz Leite da Nóbrega, filho de Jerônimo José da Nóbrega e Francisca Leite da Nóbrega, e Maria Leite da Nóbrega, filha de José Ferreira de Santa’Anna (Cazuza) e Ursulina de Souza Leite (Lalá) que se casam em 1919 unindo três grandes oligarquias sertanejas: Os Augustos de Lavras da Mangabeira, os Nóbrega da Paraíba e os Leite Ferreira do Pajeú Pernambucano.
O casal Luiz Leite da Nóbrega (nascido em 1895 e falecido em 1960) e Maria Leite da Nóbrega (nascida em 1900 e falecida em 1968) deixou os seguintes filhos: Luiz Leite da Nóbrega Filho (falecido), Maria Eunice Nóbrega de Morais, Sebastião Leite da Nóbrega, Maria Luiza Leite da Nóbrega (falecida) e Vilany Nóbrega Brasil (falecida). O casal teve mais quatro filhos: Maria ( primeira filha do casal, nascida em 09.07.1920 viveu apenas três dias), Pedro, Marieta e Maria Luiza que faleceram ainda crianças.
João Augusto, filho do Coronel Gustavo Augusto Lima, neto de Fideralina e Ildefonso, imprime uma nova dinâmica ao povoado de Alagoinha construindo casas e incentivando os outros a fazerem o mesmo. Nesse período, configura-se a primeira via pública de Ipaumirim, Rua Coronel Gustavo Augusto Lima. Constrói as primeiras estradas carroçáveis para facilitar o comércio de algodão. Manda destocar uma área e constrói o mercado público marcando urbanisticamente o centro urbano de Alagoinha. Numa das esquinas do mercado instala o seu comércio, a Casa Aliança.
Por volta de 1918, João Augusto, Joana Augusto, sua sogra e tia, e Luiz Nóbrega estiveram em Olho d'água , atual Distrito de Felizardo, para fundar na localidade o Partido da Aliança Liberal com a participação Francisco Felizardo Vieira que seguia as orientações políticas do Coronel Gustavo Augusto Lima, pai de João Augusto. Essa reunião acontece num pequeno prédio que ficou conhecido posteriormente como o Quarto da Aliança onde depois funcionou a Escola Isolada de Felizardo. Vizinho a este local, João Augusto instalou uma mercearia de secos e molhados que depois foi transferida para a Casa Aliança localizada no Mercado Público de Alagoinha por ele construido.
Casa Aliança no Mercado Público de Alagoinha. Fonte: Gonçalves, Rejane M. A. Umari, Baixio e Ipaumirim: subsídios para a história politica. |
É em Alagoinha que se encontram Luiz Leite da Nóbrega, filho de Jerônimo José da Nóbrega e Francisca Leite da Nóbrega, e Maria Leite da Nóbrega, filha de José Ferreira de Santa’Anna (Cazuza) e Ursulina de Souza Leite (Lalá) que se casam em 1919 unindo três grandes oligarquias sertanejas: Os Augustos de Lavras da Mangabeira, os Nóbrega da Paraíba e os Leite Ferreira do Pajeú Pernambucano.
Luiz Leite da Nóbrega nasceu no Sítio Panelas, município de Lavras
da Mangabeira, em 27 de setembro de 1895. Era mascate em Alagoinha
quando conheceu e casou com Maria Leite Nóbrega em 1919. Trabalhou na
construção da Rede Viação Cearense mas a sua atividade principal foi sempre
agricultura e pecuária destacando-se na região como importante produtor de algodão.
Em 28.10 de 1929 foi designado pelo então Presidente da República do Brasil para ocupar o cargo de suplente de substituto de Juiz Federal da Comarca de Lavras da Mangabeira.
Exerceu sua liderança política na região até falecer em 02 de novembro de 1960. Em 28.10 de 1929 foi designado pelo então Presidente da República do Brasil para ocupar o cargo de suplente de substituto de Juiz Federal da Comarca de Lavras da Mangabeira.
Em 15.10.1930 foi designado pelo então Ministro da
Guerra como Depositário de Armas e Munições nas vilas de Ipaumirim, Baixio,
Umari e Olho d’água.
Em 03 de janeiro de 1947 foi nomeado pelo
Interventor Federal do Ceará para ocupar o cargo de Prefeito Municipal da cidade
de Baixio – CE. Foi deposto no mes de março . Com a redemocratização, candidatou-se a Prefeitura de Baixio e
foi eleito derrotando seu opositor, Francisco Irineu. Em Ipaumirim, distrito de Baixio, construiu a praça junto da igreja de Ipaumirim que, após sua morte,
recebeu o seu nome,
a Aguada Pública José Ferreira de
Santana que durante muito tempo foi o principal ponto de abastecimento
d’água
de Ipaumirim. Outra aguada também foi por ele construída na saída da
antiga estrada que dava acesso a Cajazeiras. As aguadas eram obras fundamentais para uma população com sérios problemas de abastecimento de água.Em Baixio, fundou a primeira escola de música da região e outras realizações administrativas.
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O casal Luiz Leite da Nóbrega (nascido em 1895 e falecido em 1960) e Maria Leite da Nóbrega (nascida em 1900 e falecida em 1968) deixou os seguintes filhos: Luiz Leite da Nóbrega Filho (falecido), Maria Eunice Nóbrega de Morais, Sebastião Leite da Nóbrega, Maria Luiza Leite da Nóbrega (falecida) e Vilany Nóbrega Brasil (falecida). O casal teve mais quatro filhos: Maria ( primeira filha do casal, nascida em 09.07.1920 viveu apenas três dias), Pedro, Marieta e Maria Luiza que faleceram ainda crianças.
Luiz Leite da Nóbrega e Maria Leite da Nóbrega. Foto de 1919, provavelmente foto de casamento. |
Filhas de Luiz Leite da Nóbrega Filho casado com
Alaís Lócio: Tereza Christina, Verônica, Elizabeth e Ana Cristina. Netas: Ana
Carolina e Patrícia. Bisnetos: José Mateus e Pedro (filhos de Ana Carolina).
Filhos de Maria Eunice e Vicente Gomes de Morais: Maria Luiza e Haroldo.
Netas: Olga (filha de Maria Luiza) e
Gesilda (filha de Haroldo).
Filhos de Sebastião Leite da Nóbrega casado com
Romilda Nery da Nóbrega: Luiz Leite da Nóbrega Neto, Rosamaria Nery da Nóbrega
e Sebastião Leite da Nóbrega Filho. Netos: Diego e Davi (filhos de Luiz Neto) e
Maiara (filha de Sebastião Filho) Bisneta: Anabela (Filha de Diego).
Anabela, a mais nova da família nascida em outubro de 2019. |
Filhos de Maria Luiza Leite da Nóbrega casada
com João Jorge Sobrinho: Pedro da Nóbrega Jorge e Fernando Luiz da Nóbrega
Jorge. Netas: Ana Luiza e Laura (filhas de Pedro Jorge).
Vilany Leite da
Nóbrega casada com José Brasil não tiveram descendentes.
BIBLIOGRAFIA:
ALBUQUERQUE,
Ulysses Lins. Um Sertanejo e o Sertão
(Memórias). Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1957.
BEZERRA, Maria Linda Lemos. Fragmentos para a história de Várzea Alegre. RDS Eitora. Fortaleza, 2011.
CHAGAS, Maria Flaucineide Vieira; ROLIM, Raimunda Vieira. Em família. Cajazeiras. Gráfica Real. 2004.
CHAGAS, Maria Flaucineide Vieira; ROLIM, Raimunda Vieira. Em família. Cajazeiras. Gráfica Real. 2004.
3 CIRANO,
Marcos. São José do Egito: um século
de história 1909-2009. Recife: Formato8 Produções Editoriais, 2009. 164p.
FERREIRA, Florentino Barbosa Leite. A Família Leite no Nordeste Brasileiro
(1755-. 1948).
GONÇALVES,
Rejane Monteiro Augusto; MACEDO, Joaryvar. Os
Augustos. Fortaleza: ABC Editora. 2009. 628p.
_______. Umari, Baixio e Ipaumirim: subsídios para a histórica política. Fortaleza. 1997. Edição comemorativa.
HENRIQUE, Josa. História do município de Ipaumirim. Anotações pessoais publicadas
no blog http://alagoinhaipaumirim.blogspot.com em 09.09.2007) _______. Umari, Baixio e Ipaumirim: subsídios para a histórica política. Fortaleza. 1997. Edição comemorativa.
LUCENA, Tião. Peste e cobiça: A inveja e o ódio tramam contra o amor no alvorecer do século XX. Editora Audiovisual Propaganda. João Pessoa. 2010.
MACEDO, DIMAS. Dona Fideralina Augusto: Mito e realidade. Disponível em:https://books.google.com.br/books (capítulos disponiveis)
NÓBREGA, Trajano Pires. A família Nóbrega. São Paulo. Instituto Genealógico Brasileiro. 1956. 652p.
PAIVA, Melquíades Pinto. Uma matriarca do sertão: Fideralina Augusto Lima (1832-1919).
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PERAZZO, Francisco Leite. Eu e minhas circunstâncias. Tuparetama. 2007.
PERAZZO, Valdir. A família Leite de São José do Egito – PE: anotações sobre a
descendência de Felipe de Souza Leite. Rio Branco. 2011.
PINTO, Antonio Décio. Coronel Zuza e a República da Estrela. Recife, Companhia Editora de Pernambuco. 1994.
PORTO, Jose da Costa. Os tempos de Rosa e Silva. Recife:
Universidade Federal de Pernambuco, 1970.. 217p.
DOCUMENTOSLivro de Tombo da Igreja Central de São José do Egito
Carta denúncia do coronel José Ferreira de Sant´Anna
Arquivo particular de Maria Luiza Nóbrega de Morais – CE
LINKS
http://memoriavarzealegrense.blogspot.com/2016/10/raimundo-duarte-bezerra-memoria.html
MARIA LUIZA NÓBREGA DE MORAIS
RECIFE, 23.11.2019
MARIA LUIZA NÓBREGA DE MORAIS
RECIFE, 23.11.2019
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