Como faz tempo que eu não vou ao Crato!. Sem
exagero, não é bem assim. É que eu só tenho ido ao Crato rapidamente e por
motivo de doença familiar. Quando você viaja por doença não é viagem. O termo
viajar perde o sentido porque o juízo está em outra faixa de onda. Dessa vez,
eu quero diferente. Afinal são mais de 30 anos sem ver o Crato. Durante todo
esse tempo eu só passei de passagem. Quero andar na rua, passear na Praça da
Sé, comer num restaurante bem simpático que fica junto da praça, passar na
frente do Colégio Santa Tereza. Andar na Praça da Estação, Praça Siqueira
Campos. Percorrer a Nelson Alencar onde vivi parte dos anos 60. Vou fazer um
roteiro turístico sentimental. Imagino que tudo deve estar bem diferente, mas é
justamente por isso que eu vou. Se o passado desperta meu afeto, o presente me
atiça a curiosidade.
Quero visitar um local bem simpático, não sei bem
se é uma livraria ou um sebo, que fica perto do Beco Padre Lauro. Vi este lugar
da última vez que fui por lá mas não deu para entrar. Será que ainda funciona?
Quero ver o Crato. Coisas e lugares que não se mostram aos turistas.
Crato tem ares de lady. Ainda que sitiada
pelo progresso do Juazeiro consegue manter o seu charme. Princesa, meio baqueada,
mas princesa. Linda, sedutora com aquele jeitão de aristocracia sem poder, mas
sempre majestade. Quero ir para o Juazeiro de metrô. É o sonho.
Juazeiro tem aquele jeitão trabalhador, aquela
pujança que faz pulsar a região. Bom demais bater pernas nas suas ruas.
Juazeiro tem um talento especial para misturar tradição, progresso,
religiosidade popular e mostrar uma realidade multifacetada com um arranjo
único, original. É uma cidade que deixa a gente viva, curiosa. Parece que lá tem tudo que você quiser comprar. Embora não tenha, a
gente pensa que tem e eles sempre dão um jeito. Original ou falsiê, você, pelo
menos, deve encontrar algo parecido com o que procura. Nem falo de imagem de
santos porque lá tem todos. Juazeiro traduz as grandes contradições sociais.
Não tem a sutileza do Crato mas é fascinante, ousado, arrojado.
Crato e Juazeiro, cidades
diferentes e sedutoras. Cada uma com suas artimanhas e os seus encantos.
Mas a motivação maior da
minha viagem é assistir a um evento: Cariri Cangaço. Ouvir falar de um assunto
que conheço pouco – Cangaço - mas que tem como cenário um ambiente que me
desperta um interesse especial.
No momento, só tenho boas
expectativas por todas as razões que me levam até lá.
Divertículo, please,
esqueça que eu existo. Pelo menos, esta semana.
MLUIZA
Publicado no
alagoinha.ipaumirim em 20.09.2011
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