MLUIZA |
Eis que o FB me lembra o pequeno texto que eu escrevi justamente há 04 anos atrás - exatamente em 27.12.2016 - ano em que me aposentei depois de 38 anos exercendo o magistério.
AKI PENSANU
Digamos que se eu partilhasse a vida numa sociedade imaginária que excluísse a canalhice política, a ganância e a covardia em todas as esferas do poder, 2016 não seria dos piores anos. Entre tapas e beijos, a vida fluiu. Foi um ano de muitas leituras e desprendimentos. Aprendi muito apenas pelo gosto de aprender, de descobrir, de observar. Fazer isso sem ser guiada pela fixação da onipresença, pela síndrome up to date ou pela pressão da produtividade foi uma ótima conquista – sem falsa modéstia – merecida. Troquei as obrigações chatas pelos pequenos prazeres que a gente deixa para depois. Cortei o excesso de regras, normas e convenções que dilapidam a metade da vida e vi que sem elas vivo tão bem quanto sem um vestido novo. Me dei o presente de estar comigo. Li muuuuuuito, fiz crochet, assisti novelas, cuidei de minhas poucas plantas, redescobri o transporte coletivo, sobrevivi às minhas noias e neuras, busquei apurar o exercício da observação. Busquei entender um pouco de cada operação envolvida na construção de uma boa observação e isso ajudou a qualificar as minhas relações com o sentido das coisas. Só não aprendi o que de antemão eu sempre soube que não conseguiria: ultrapassar a minha incapacidade de lidar com panelas. Talvez venha daí também a minha ojeriza aos paneleiros. No fogão e na política.
MLUIZA
Recife, 27.12.2016
Lembrou-me uma frase de Fernando Pessoa: "A vida passa e não fica. Nada deixa e nunca regressa."
27.12.2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Respeitar sempre.