FAMILIA LEITE DA NÓBREGA: A CONVERGÊNCIA DE OLIGARQUIAS SERTANEJAS NO DISTRITO DE ALAGOINHA (IPAUMIRIM-CE) NO INÍCIO DO SÉCULO XX

MLUIZA

Eu posso não ter paciência para a maioria das coisas mas, com certeza, eu tenho pertinácia para caminhar na direção do que eu quero. O tempo para chegar lá é apenas um detalhe. Pode durar meses, anos ou décadas, mas eu chego.  Talvez seja dessa mistura entre a vontade de conhecer e a disposição para a busca que venha o meu apreço pela pesquisa. Eu devia ter uns sete a oito anos quando conheci o livro com a genealogia da 'Família Nóbrega', de Trajano Pires da Nóbrega. Foi na casa de um parente do meu avô, Luiz Leite da Nóbrega, na cidade de Patos. Fomos visitá-los quando faleceu alguém da família. Lembro do dono da casa, Né Marinho, sentado numa cadeira de balanço mostrando esse livro ao meu avô. Eu, naquela idade, com minha pouca leitura consegui ler alguma coisa. Li e não esqueci. Passou o tempo, ficou a curiosidade. Em 2009, foi publicado o livro 'Os Augustos' que trata da genealogia da família, de Rejane Monteiro Augusto atualizando a obra anteriormente publicada pelo historiador Joaryvar Macedo. Por volta de 2010, redescobri o elo perdido com a família da minha avó, Maria Leite da Nóbrega, e conheci o livro 'A Família Leite no Nordeste Brasileiro (1755-1948)', de Florentino Barbosa Leite Ferreira. Também tive acesso a vários documentos do arquivo privado da Família Leite de São José do Egito, terra natal da minha vó. O desafio seria reencontrar o livro A Família Nóbrega que há anos eu buscava alguma pista na internet.  Cheguei a encontrar um exemplar numa biblioteca americana mas não resolvia meu problema. Obra esgotada, ninguém tem, institutos de genealogia também não. Foram anos de busca até que consegui, em 1919, através do perfil no facebook do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica, encontrar uma pessoa que, por acaso, buscava o livro sobre a  Familia Leite. Fizemos a permuta e finalmente consegui fechar a bibliografia fundamental que eu precisava. Estava posto o quebra cabeça, faltava agora arrumar e dar um sentido às peças.
Ao fazer este trabalho não me move a ingênua vaidade de referendar tradições, mas a vontade de conhecer a minha ancestralidade e entender as relações intergeracionais através do movimento constante entre as mudanças e permanências submetidas ao espírito do tempo em longos percursos. Um dia, quem sabe, escreverei minhas anotações sobre esse detalhe, mas para isso preciso tempo e dedicação infinitamente maior. É ousadia e atrevimento, mas, quem sabe, um dia eu chego perto. Propositalmente exclui detalhes sobre títulos, propriedades e feitos. Não tenho esse pendor vitrinista e quando entro em detalhes é para melhor contextualizar alguns personagens. No momento, compartilho as informações diretas que tenho sobre a linhagem, ascendente e descendente, de Luiz Leite da Nóbrega e Maria Leite da Nóbrega que deu origem a Família Leite da Nóbrega, de Ipaumirim-CE.
Agradeço profundamente a todos que direta ou indiretamente me ajudaram nesse percurso e, particularmente, destaco a generosidade de   Lauro Vercélio Bezerra Vanderley, de Pombal,  Valdir Leite Perazzo, de São José do Egito,  Áurea Leite do Amaral, de João Pessoa, a Vilma Leite Perazzo, de Recife,  que me facilitaram o acesso a informações e documentos essenciais de arquivos particulares para construir meu modesto trabalho.
Quero dedicar este material a minha mãe, Maria Eunice Nóbrega de Morais que herdou de sua ancestralidade a têmpera e  a coragem e que aos 92 anos ainda resiste e continua a gostar da vida apesar do Alzeihmer que insiste em lhe encurtar as lembranças. Dedico ainda a minha filha, Olga Proaño de Morais, que herdou dessa história coragem, determinação, disposição para a luta e lhes acrescentou sensibilidade e delicadeza. 
 
Minha mãe, Maria Eunice Nóbrega de Morais
Minha filha, Olga Proaño de Morais
Lembro dos meus tios que já não estão aqui - Luiz, Maria Luiza (minha madrinha) e Vilany - que gostariam profundamente de conhecer os detalhes do percurso da sua ancestralidade bem como do meu tio Sebastião, aos 90 anos, em cuja memória o tempo também já fez os seus estragos.
Estou na busca da minha ascendência paterna, tenho algumas coisas que já são importantíssimas para responder o que procuro. Agora, sim, eu sei de onde vim. Nenhuma terapia seria capaz oferecer tão profundo mergulho nem uma retrospectiva tão ampla e uma descoberta tão interessante sobre o que existe de mais genuíno em mim mesma a partir da minha ancestralidade e de como a própria evolução dos contextos e processos me permitiram ser a pessoa que eu sou. 
MLUIZA 
23.11.2019

O SANGUE REINA 

Luiz Leite da Nóbrega

ASCENDÊNCIA PATERNA: FAMÍLIA NÓBREGA


O português Pedro Ferreira das Neves (Pedro Velho), viúvo,  morador de Mamanguape – PB é convidado pelo seu irmão,  Geraldo Ferreira das Neves, para morar na região do Sabugi onde Geraldo era um grande latifundiário. Aí chegando, Pedro se casa com a índia Custódia do Amorim Valcácer  filha do chefe da tribo dos Indios Cariris. Esse casamento teria ocorrido no vale do Rio Paraíba onde Dom Pedro Valcácer, provavelmente pai biológico de Custódia, havia requerido terras já ocupadas pelos índios Cariris na Missão N. Sra. Do Pilar de Taipu, no sítio Genipapeiro situado num local conhecido como Bultrins.
Pedro e Custódia instalam sua residência na ribeira do Sabugi num local conhecido como Cacimba Velha. Dessa união nasce Antônia Morais Valcácer que se casou, em Santa Luzia – PB, com o português Manuel Fernandes Freire. O casal teve dez filhos, três homens e sete mulheres, entre elas, Apolônia e Antônia.      
Na região do Sabugi que faz limite com a região do Seridó aportam dois irmãos portugueses: Rodrigo Medeiros da Rocha e Sebastião Medeiros da Rocha. Sebastião se casa com Antônia de Morais Valcácer e Rodrigo com Apolônia de Morais Valcácer, irmãs entre si e netas da índia Custódia.
O casal Sebastião de Medeiros Rocha e Antônia de Morais Valcácer tiveram oito filhos. Entre eles, Maria José de Medeiros (Babanca) que se casou com Manoel Alves da Nóbrega.
Manoel Alves da Nóbrega era filho do mineiro José da Nóbrega e da paraibana Isabel  Ferreira da Silva natural de Mamanguape – PB. Ele era descendente dos Nóbregas do norte de Portugal que moravam nas proximidades do Reino da Galícia, na Espanha, de onde são descendentes os Nóbregas do Nordeste.  O cabeça  da família era Dr. Baltazar da Nóbrega que era o pai do Padre Manoel da Nóbrega que nasceu em 1517, veio para o Brasil em 1549 e faleceu no rio de janeiro em 1570.
Manoel e Babanca casaram-se no ano de 1765 e se instalaram na Fazenda São Domingos onde lidavam com agricultura e criação de gado. É provável que Manoel que tinha uma boa situação econômica tenha percorrido outras localidades na região antes de se instalar em Santa Luzia. A tradição oral diz que ele era um homem  alto, corpulento e alourado. Maria José era analfabeta mas seus irmãos estudaram e inclusive ocuparam cargos públicos de relevância no Estado da Paraíba.   
O casal teve  treze filhos. Um deles chamado Jerônimo José da Nóbrega. Presume-se que Jerônimo José da Nóbrega deve ter nascido na Fazenda São Domingos entre os anos 1770-1780. Jerônimo casou com Dona Apolonia Maria de Medeiros  filha do capitão-mor Manoel de Medeiros Rocha e sua segunda mulher, Ana Pereira de Araujo.  Ana Pereira de Araújo era filha de Antonio Paes de Bulhões e Ana Pereira de Araújo. O capitão-mor Manoel de Medeiros Rocha era, por sua vez, filho do português, anteriormente citado, Rodrigo de Medeiros Rocha e sua mulher, Apolonia Barbosa de Medeiros.
Jerônimo e Apolonia tinham duas residências: uma na Vila de Patos e outra na Fazenda Laranjeiras, na própria região de Patos,  arrematada por ele e seu irmão, José Ferreira da Nóbrega, em hasta pública na capital da província, em 1819, ficando Jerônimo com a parte poente e José com a parte nascente. Jerônimo exerceu influência política na região onde foi suplente de Juiz de Órfãos tendo assumido o cargo várias vezes. Faleceu em 1889 na residência da Fazenda Laranjeiras.  O seu inventário foi arquivado no 2º Cartório da Comarca de Patos. 
O oitavo filho de Jerônimo e Apolonia levou o mesmo nome do pai chamando-se, portanto, Jerônimo José da Nóbrega (2). Este Jerônimo, conhecido como Capitão Ló, nasceu na Vila de Patos em 21.09.1827, Foi promotor público e deputado provincial na 24ª legislatura, de 1882 a 1883. Casou com Joaquina Francelina de Medeiros  filha de Pacífico José de Medeiros e Dona Francisca Carolina de Medeiros. Capitão Ló faleceu na fazenda Laranjareiras em 03.06.1897. Capitão Ló e Joaquina tiveram nove filhos. Um deles chamado Jerônimo José da Nóbrega Neto (Giló) casou com Dona Francisca  Augusto Leite da Nóbrega (Sinhá), de Lavras da Mangabeira, filha de Luiz Leônidas Lacerda Leite e Joana Augusto Leite e neta  do casal Ildefonso Correia Lima e Fideralina Augusto Lima.
Jerônimo José da Nóbrega e Francisca Augusto Leite (Sinhá)

ASCENDÊNCIA MATERNA (FAMÍLIA AUGUSTO)
Por volta de 1773, residia na região do Médio Salgado, no sertão do Ceará, um paraibano de Mamanguape, Francisco Xavier Ângelo que casou, na Matriz do Icó, com Ana Rita de São José (1759-1817), natural desta cidade, filha do sargento-mor Francisco de Oliveira Banhos e Maria José de Jesus Rodrigues.
Maria José era filha de Mariana Dourado de Araújo e do capitão-mor José Rodrigues Pimentel, de nacionalidade portuguesa, e neta de André Ferreira Ferro e Antonia Afonseca Barbosa.
Quando Ana Rita faleceu, o viúvo casou pela segunda vez, no mesmo ano que enviuvou,  com Cosma Francisca de Oliveira Banhos na Matriz de Lavras da Mangabeira. Dono de muitas terras, , viveu no Sítio Logradouro no município de Lavras. Foi promovido a capitão-mor em 14.10.1820 e ocupou este posto até falecer em 01.03.1817.
Francisco Xavier era filho de Ana Maria Cardoso (Cardosa no documento oficial) e sua paternidade é atribuída ao Padre Antonio Gonçalves Sobreira proprietário da Fazenda Mangabeira onde teria surgido o povoado de Lavras da Mangabeira. O padre, nasceu em 1752,  e vivia em Paratibe, próximo a Mamanguape.
Do primeiro casamento de Francisco Xavier com Ana Rita nasceram oito filhos.: quatro homens e quatro mulheres. Entre os filhos homens, três foram ordenados padres e um exerceu a função de Juiz Ordinário e de Órfãos.  As quatro filhas mulheres casaram e constituíram numerosas famílias. Uma delas, Isabel Rita de São José (Zabelinha) nasceu no ano de 1815, em Lavras da Mangabeira,  e faleceu em 18.12.1889. Zabelinha casou, em 1831, com o Major João Carlos Augusto.,
João Carlos Augusto era filho natural do governador da Capitania do Ceará, João Carlos Augusto de Oyenhauser-Gravenburg (Marquês de Aracati), com Ana Rosa de Oliveira,  O marquês era filho de Karl Von Oyenhauser-Gravenburg, oficial militar de origem alemã, que foi transferido para Portugal e lá se casou com a Marquesa de Alorna, madrasta  do Marquês de Aracati. O marquês nasceu em Lisboa em 12.10.1776, passou muitos anos no Brasil exercendo cargos importantes e faleceu quando era Governador de Moçambique no ano 1838.
Quando João Carlos Augusto nasceu o próprio marquês autorizou o ‘afilhado’ a ser batizado com o seu nome.
O major João Carlos Augusto exerceu importantes cargos políticos: participou da Assembléia Provincial Cearense entre os anos de 1850-1853, foi juiz municipal, delegado de políciia, coletor de rendas gerais e provinciais entre outras atividades públicas. O casal João Carlos Augusto e Zabelinha  teve onze filhos: três homens e oito mulheres. Uma delas foi Fideralina Augusto Lima que casou com o Major Ildefonso Correia Lima.

Fideralina Augusto Lima

Major Ildefonso  era filho do segundo casamento do Tenente Raimundo Duarte Bezerra (conhecido como Papai Raimundo), patriarca de Várzea Alegre, com Ana Maria dos Passos. Papai Raimundo era filho de Francisco Duarte Bezerra e Bárbara de Morais Rego. Nasceu em 1767, no sítio Lagoas, distrito de Canindezinho. Seus avós paternos eram Bernardo Duarte Pinheiro e Ana Maria Bezerra que chegaram na região de Várzea Alegre no ano de 1717. 
Ana Maria dos Passos, nascida em São Caetano em 22.07.1805, era filha de Antonio Correia Lima, natural da freguesia do Crato, com Damiana dos Passos Rego. Neta paterna de Inácio Correia Lima e Ana de Azevedo e Melo. Seus avós maternos são Tenente Antonio da Costa Siebra casado com Ana dos Passos Rego, natural de Inhamuns, na capela de Nossa Senhora Santana, Iguatu, em 09.09.1716. Eram seus bisavós paternos: Paulo da Costa Araújo, natural de Portugal, casado com  Antônia Maria de Araújo, nascida na Bahia por volta de 1712  e falecida a 05.05.1772 na fazenda Cacimbas. Os seus bisavós maternos eram: José de Araújo Rego, alagoano, casado com Narcisa de Oliveira.
O casal Ildefonso Correia Lima e Fideralina Augusto Lima teve doze filhos: seis homens e seis mulheres, Uma delas, Joana Augusto Leite que se casou com o paraibano Luiz Leônidas  Lacerda Leite.
Joana Augusto Lima

Luiz Leônidas Lacerda Leite e Joana Augusto Lima tiveram os seguintes filhos: Ildefonso Augusto Lacerda Leite, Maria do Rosário Augusto de Oliveira. Francisca Leite da Nóbrega (Sinhá), Emília Augusto Leite Cavalcanti, Julieta Leite da Cunha Rego, Joana Leite da Costa (Iaiá), Amâncio Lacerda Leite, Fideralina Leite Correia Lima (Sinharinha) e Marieta Leite Lima.

Luiz Leônidas era da região de Piancó onde se concentrou um dos ramos da Família  Leite Ferreira que chegou naquelas paragens por volta de 1755. Vale registrar que Piancó pertencia originalmente ao município de Pombal e só foi instalado oficialmente em 05.05.1832 quando foi politicamente emancipado.  A região de Piancó é uma das mais antigas do Nordeste brasileiro e deu origem a vinte municípios paraibanos. Quando Pedro Leite Ferreira chega nesta região,  em 1755, Piancó passa a ser o centro de uma das mais poderosas famílias de oligarcas e políticos paraibanos exercendo poder regional e estadual como líderes do Partido Conservador. A Família Leite Ferreira  liderou politicamente esta região por mais de duzentos anos O seu primeiro prefeito chamou-se Tiburtino Leite Ferreira e o  seu primeiro juiz chamava-se Izidro Leite Ferreira de Sousa, nomeado em 1854. O poderio político dos Leite Ferreira, em Piancó, foi abalado, em 1902,  com a chegada do jovem padre Aristides Ferreira da Cruz .
Dois filhos de Joana e Luiz Leônidas, migraram para a região de origem do pai: Emília e Ildefonso. 
Emília Augusto Leite Cavalcanti, viveu em Piancó e foi  casada com João Cavalcanti Sula, conhecido como Major Sula, filho do capitão Mamede Lacerda com Donária Leite, importantes criadores de gado na região que corresponde atualmente  aos municípios de Boa Ventura e Curral Velho, na Paraíba, Donária era descendente das famílias Leite Cavalcanti e Ramalho.  Quando o Coronel Zuza Lacerda proclamou a ‘folclórica’ República da Estrela que tornou independente do Estado da Paraíba o povoado de São Boaventura e a fazenda Curral Velho, nomeou Major Sula, sobrinho da sua mulher e genro de Joana Augusto e Luiz Leônidas, homem da sua confiança, como  Ministro das Relações Exteriores. A república durou três dias.
José Cavalcanti de Lacerda Zuza, Coronel Zuza Lacerda, era um tangerino que transportava boiadas do Piauí e do Ceará para as grandes fazendas na região do Piancó. Dona Donária Leite o contratou como seu vaqueiro. Zuza Lacerda casou com Ana Furtado de Lacerda, irmã do Capitão Mamede,  e  recebeu do sogro, Francisco Cavalcanti de Lacerda, a fazenda Curral Velho.

Major Sula
Ildefonso Augusto Lacerda Leite graduou-se em Medicina no ano de 1900 pela Faculdade de Medicina do  Rio de Janeiro. De volta ao Ceará exerceu a sua profissão inicialmente em Lavras. Depois foi para Cajazeiras-PB e daí para a Vila de Princesa-PB onde se estabeleceu como médico e farmacêutico casando-se com Dulce Campos Leite. Foi brutalmente assassinado, em 06.01.1902, num crime motivado por uma conjunção de fatores que envolvem não apenas a sua posição de livre pensador e ateu mas também o seu casamento com uma moça predestinada a casar-se com a filho de um dos chefes políticos locais que foi preterido em favor de Ildefonso. A trama foi urdida principalmente por Padre Antonio Pita, vigário local, conhecido na região como um sujeito mau caráter, fuxiqueiro e bajulador. 

Outra filha do casal (Luis Leônidas e Joana), Maria do Rosário Augusto de Oliveira casou com seu primo José Augusto de Oliveira (Zé Borrego). Um dos seus filhos, Adolfo Augusto de OIliveira casado com Maria Stela Bezerra de Oliveira, viveu na cidade de Ipaumirim desde os tempos de Alagoinha. 
Adolfo Augusto de Oliveira
Amâncio Lacerda leite, também filho de Joana e Luiz Leônidas, foi um dos donos do Sítio São Pedro, situado em Ipaumirim,  junto com seu sobrinho Luiz Leite da Nóbrega conforme registra o Recenseamento Agrícola do Ceará de 1920. 
Uma outra filha de  Joana e Luiz Leônidas chamava-se Francisca Leite da Nóbrega (Sinhá)  casou com Jerônimo José da Nóbrega (Giló), da Paraíba já citado anteriormente.
Francisca Augusto Lima (Sinhá)
Jerônimo José da Nóbrega (Giló) e Francisca Augusto Lima (Sinhá) tiveram os seguintes filhos:
1. 1. Luiz Leite da Nóbrega, nascido em 27.09.1895 e falecido em 02.11.1960,  casou com Maria Leite da Nóbrega, de São José do Egito-PE, filha de José Ferreira de Sant’Anna, (Coronel Cazuza Sant’Anna). Os dois são descendentes diretos da Familia Leite Ferreira. Ele pela parte dos Leite cujo ramo se instalou em Piancó e ela do ramo que se expandiu de Teixeira - PB para o  Sertão do Pajeú, em Pernambuco.
    2.     Jerônimo Leite da Nóbrega (Leó) casado com Odete Dantas da Nóbrega.

Jerônimo (Leó) e Odete. Foto de 1925
1   3. Raimundo Leite da Nóbrega (Doca) nascido em 10.01.1900 faleceu em 13.11.1961,  casado com Lulu Torquato da própria região entre Lavras e Aurora. 

Raimundo (Doca)
4. Laura Nóbrega Romeu casada com o paraibano Tomás de Paula Romeu.
Laura Nóbrega Romeu. Foto de 1930
1  5.   Hamilton Leite da Nóbrega que migrou para o Rio de janeiro e do qual não se teve mais noticias. 

       ASCENDÊNCIA DE MARIA LEITE DA NÓBREGA
Maria Leite da Nóbrega
De um dos ramos dessa mesma família Leite Ferreira que falamos anteriormente quando nos referimos a Luiz Leônidas Lacerda Leite, descende Maria Leite da Nóbrega, esposa de Luiz Leite da Nóbrega, neto de Luiz Leônidas e Joana. Portanto, a ascendência paterna e materna de Maria Leite da Nóbrega e a paterna de Luiz Leite da Nóbrega tem origem nos mesmos Leite Ferreira que subdivididos em três ramos genealógicos distribuíram-se  entre a região fronteiriça de Piancó, Conceição e Teixeira, na Paraíba,  e a região do Pajeú pernambucano.

Em 1755, o casal Pedro Leite Ferreira (1) e Isabel Gomes de Almeida veio da Bahia para a ribeira do Piancó fixando residência num lugar chamado Tapera, à margem direita do rio Genipapo onde trabalhou na criação de gado e agricultura. O casal teve oito filhos, quatro homens e quatro mulheres: Isabel, João, José, Clara, Maria Bárbara, Joaquim e Pedro. O ramo dos Leite Ferreira que instalou-se em Teixeira - PB deu origem a Família Leite de São José do Egito da qual descende diretamente Maria Leite da Nóbrega.
Pedro Leite Ferreira (2), fundador da cidade de Teixeira – PB e um dos filhos do casal Pedro Leite Ferreira (1) e Isabel Gomes de Almeida, teve vários filhos. Entretanto ignora-se o nome da sua esposa. Entre os filhos, uma delas chamava-se Luzia Ferreira Leite que casou com Francisco de Souza Dias. O casal teve vários filhos. Entre eles, José Pedro de Souza Leite casado com Margarida Ferreira de Santana, pais de Felipe Pedro de Souza Leite.
Felipe Pedro de Souza Leite. Arquivo Valdir Perazzo. Gentilmente cedida. 

Felipe Pedro de Souza Leite casou  com sua parenta Clotilde Ferreira Leite, na cidade do Crato, no ano de 1860. Além do nome na certidão de casamento, não se conhecem  informações sobre Clotilde Ferreira Leite sabendo-se apenas do parentesco entre eles.   Felipe Pedro possuía a patente de Major da Guarda Nacional. Foi eleito o primeiro prefeito constitucional de São José do Egito em 21 de fevereiro de 1892. A Constituição Republicana, de 24 de fevereiro de 1891, que concedeu autonomia aos municípios estabeleceu que a vila que fosse sede de município poderia eleger um prefeito pelo Conselho Municipal ainda que não tivesse o status de cidade. Felipe Pedro foi empossado em 25.03.1892 e governou até 15.11.1895. O casal teve os seguintes filhos: Abílio, Adelaide, Adelino, Aprígio, Argemiro, Ernesto, Gonçalo, Ilídio, Irineu, Manoel Tito, Pedro Felipe e Ursulina (Lalá).
Ursulina de Souza Leite foi casada com seu parente José Ferreira de Sant’Anna, conhecido em São José do Egito, com o nome político de Coronel Cazuza Sant’ Anna. O casal teve sete filhos entre os quais sobreviveram Josefa, Pedro (nascido em 1890)  e Maria Leite da Nóbrega (nascida em 1900).
Cazuza Sant´Anna foi delegado em São José do Egito por volta de 1897,  tinha a patente de coronel da Guarda Nacional outorgada e assinada por Floriano Peixoto e foi eleito,  duas vezes, prefeito de São José do Egito. O seu primeiro mandato  ocorreu no período entre 15.11.1904 a 14.11.1907. O segundo iniciou em 11.11.1910 mas não há registros de quando terminou.  Sabe-se, pelos documentos oficiais, que assinou o último documento como prefeito em 28.09.1911.
Entre este período (setembro de 1911) e o registro de sua chegada a Alagoinha, em1913, quando compra um terreno ao Sr. José Lobo, conforme anotações de Josa Henrique sobre a História de Ipaumirim, não se sabe por onde teria andado.
" Em 1913, um pernambucano conhecido como José Ferreira de Santana, avô do nosso estimado Dr. Jader Nogueira de Santana, comprou ao Sr. José Lobo, esse atual pedacinho do céu, pela importância de três mil e quinhentos reis, com seiscentas braças quadradas. Naquela época, existia a figura dinâmica do respeitoso padre Inácio, que se utilizando dos próprios esforços, viu nascer a primeira capela, erguida de maneira humilde e acabrunhada, dando-nos a impressão de uma casinha de palha. Situava-se onde hoje residem os Srs. Eugênio e Vicente Ferreira, à Rua São Vicente. Com o novo surgimento da segunda capela, erguida onde hoje é a nossa atual matriz, aquela acanhada e já citada igrejinha cedeu lugar ao campo da paz, onde ficou instalado o cemitério.” (HENRIQUE, Josa. História do município de Ipaumirim. Op cit. Anotações pessoais publicadas no blog http://alagoinhaipaumirim.blogspot.com   em 09.09.2007). Este terreno foi vendido a Pedro Alexandre Gonçalves que dividiu com Dona Naninha quando da separação do casal. Não se sabe a data da venda. Entretanto, no Recenseamento Agrícola de 1920 consta o Sítio Lagoinha tendo como proprietário José Ferreira de Sant’Anna (Coronel Cazuza Sant’Anna).
Atribuo que o Padre Inácio de que fala Josa Henrique seja da família Ferreira Bonfim proprietária original do Sítio Lagoinha.
O que se tem por certo é que ele chega ao distrito de  Alagoinha, atual Ipaumirim,  acompanhado da  sua mulher, Ursulina Souza Leite (Lalá), seus três filhos (Pedro , Zefinha e Maria) e dois irmãos menores de Lalá, Irineu e Tito. . Não se sabe também por qual rota chegaram até Alagoinha. Sabe-se que havia uma rota  pela Paraíba através de uma velha estrada real, Estrada das Boiadas,  que ligava o Ceará a Pernambuco e Paraíba passando pelo povoado de Umari, no Ceará. Esta rota margeava o riacho Pendência que passa no município de Ipaumirim.  Outra alternativa seria uma rota  pelo sertão de Pernambuco entrando no Ceará pelo Cariri. Entretanto, nesse período, já haviam inúmeros outros caminhos além dessas rotas principais de forma que não é possível localizar exatamente o seu percurso. Não existem fotografias do casal.
Tem-se informações que, antes de irem para Alagoinha, Coronel Cazuza teria enviado um emissário, chamado Isidro Neri, para verificar algum local onde pudessem adquirir terras e se instalar com a família. Junto com eles,  veio Isidro e seu irmão Odilon Nery.
Razões políticas provocaram a saída de Cazuza Sant’Anna de sua terra. Em declaração pública por ele feita, datada 15 de janeiro de 1909, com firma reconhecida, notificava a instabilidade política da época com episódios constantes de violência. O documento cita fatos e personagens envolvidos na querela política.
O contexto político, no período, era bastante complicado. As oligarquias, através dos seus caciques políticos, exerciam o poder e a despeito de qualquer lei controlavam territórios, promoviam matanças, invasões e acobertavam toda sorte de desordens. Os estados eram feudos dos coronéis. Nos sertões do Nordeste, a situação era agravada pelas condições econômicas. As perseguições, os tiroteios, a deposição de chefes políticos fazia parte da rotina.  Em comum acordo com o governante político, na capital, os coronéis interioranos exerciam, sem limites, o poder local.
No governo Hermes da Fonseca, os militares pressionavam o governo para romper o poder das oligarquias propondo a política de salvação nacional colocando militares nos governos estaduais com o objetivo de enfrentar o poder dos coronéis. Assim, no contexto de tantos conflitos, o general Dantas Barreto chega ao governo de Pernambuco desmantelando o esquema político de Rosa e Silva que dominava a política na região desde 1896. Na campanha para o Governo do Estado de Pernambuco Dantas Barreto, que contava com a simpatia popular, derrota Rosa e Silva.  Era o final de uma oligarquia que se manteve no poder por mais de 15 (quinze) anos, ou seja, de 1896 a 1911, e que, através de alianças, dominava a polícia, o tesouro e o fisco.
À parte da questão nacional onde o governo tenta por freios ao coronelismo, Cazuza Sant'Anna tinha problemas na política local inclusive com o vigário de São José do Egito relativo aos bens eclesiásticos que haviam sido secularizados pela República: a administração dos cemitérios que o vigário não queria entregar à prefeitura.

O novo governo provoca um tsunami na política pernambucana, mudando completamente o cenário político do sertão, onde imperava o coronel Cazuza e Sant´Anna. Os chefes políticos da região, majoritariamente, perderam os comandos dos seus municípios. Coronel Cazuza, correligionário de Rosa e Silva,  não teve como se sustentar na política local. Resistiu, mas sem sucesso teve que migrar para outras paragens.
Antes de migrar, Coronel Cazuza passou a limpo suas intrigas políticas regionais. anteriores ao Governo de Dantas Barreto, deixando uma carta, registrada em cartório,  ao povo de São José do Egito relatando suas dificuldades políticas e denunciando as tentativas de assassinatos de que dizia ser vítima. 
Esse documento histórico foi preservado por um filho de Manuel Tito Leite de Souza, que quando da crise política em São José do Egito,  emigrou para o Ceará com o coronel José Ferreira de Sant´Anna. A importância do documento reside no fato de ser o próprio Sant’Anna dando sua versão da situação política adversa. O documento foi gentilmente cedido para publicação por Valdir Leite Perazzo.

São José do Egypto.
Ao Público
Não posso deixar de romper o silêncio que desde à muito tenho guardado não obstante ver de contínuo o meu nome e probidade subjugados por inimigos gratuitos, nos jornais deste Estado. Nunca pensei que uma família que se julga tão ilustrada como a que vou mencionar, não se dedicasse a prática de factos graves e reprovados pela lei e sociedade de nosso paiz.Meus caros leitores, já está bem patenteado pelo público, o gregento se julga poderosa e eminente a família Dantas do Teixeira que, por minha infelicidade, outrora fui amiga della, que, revestida de um manto, tem adquirido a força de ferro-fogo e sangue uma prepotência geral nos Estados do Norte. O público já se acha inteirado dos graves e funestos acontecimentos dos quais tem sido víctima a população ordeira deste município, desde o dia 12 de abril de 1900 (quarta feira de trevas, da semana santa) data em que foi atacado o Meretíssimo Dr. Juiz de Direito, Francisco Farias Castro, por uma horda de cangaceiros,  a mando daquella família, em numero de 42, que felizmente escapou das sanhas dos bandidos, por ter sido auxiliado por alguns amigos.Eu naquelle tempo, nenhuma intervenção tinha nos negócios políticos deste município, pois me conservava em completo retraimento, era e sou ainda, amigo do pessoal  que dominava a política actual daquella época, visto como, os considero meus padrinhos. É incalculável os prejuízos destorços e depredações, que durante o lapso de tempo dez annos, tem dado aquella prepotente família à população ordeira do Território deste Município.No dia 27 do mez expirante, data em que, o meu caro sogro, Major Filippe Pedro de Souza Leite se achava agonisante, esperando o ultimo momento do seu passamento e toda a sua família estava afflitíssima, por ver o seu caríssimo assendente exhalar o ultimo suspiro, foi quando uma quadrilha de criminosos, em um número de 9, chefiada pelo celebre cangaceiro, indiciado em crime de morte, neste Município, João Ignácio de Loyola Gomes, que vive homiziado na fazenda Santo Agostinho do Termo do Teixeira, sob a proteção da família já aludida, veio à casa de meu sempre lembrado sogro, no sítio José Antonio, que dista desta Villa 3 léguas, e arrebentando as portas da mesma estorquio quatrocentas rapaduras, cereais e outros objetos existentes ali, fallecendo dois dias depois meu venerando sogro.Ainda não satisfeitos com semelhantes torpezas, no dia 7 do andante, foi a fazenda do meu cunhado (Pedro Fillipe de Souza Leite) no Território do Município de Afogados, e atacando-o intimou-o a dar-lhe a quantia de quinhentos mil réis, o qual facilmente conseguiu-a estorquindo mais diversas imagens, jóias d´ouro e prata e mais objectos que ali existiam e logo apoz regressaram os saltiadores ao seu reducto na (Imaculada.).São tantos os factos, finalmente registrados neste Município, praticados pela família a qual me refiro, que é impossível descreve-los todos desta vez. Vivo esperando a cada momento ser assassinado por aquella família, que homisia somente deste Município, vinte e quatro criminosos armados a rifles, que actualmente vivem de emboscadas no intuito de assassinar-me e também a meus amigos, como fizeram a poucos dias na estrada que vai para Umburana, a espera que por ali passasse o cidadão Delegado de Polícia deste Município, o qual não foi víctima, por não ter naquelle dia viajado, conforme propalarão os mesmos bandidos, cujos nomes são os seguintes: Lino José de Deus, pronunciado no art. 294, § 1° do Cód. Pen. Severino Martins Nogueira, cognominado Severino de Mãezinha, pronunciado quatro vezes no art. 294, § 1° do Cód. Pen. Ten. Joaquim Bernardo da Rocha, vulgo Joaquim Magro, pronunciado duas vezes no art. 294, § 1° do Cód. Pen. Pedro Lyra de Oliveira, conhecido por Pedro de Mãezinha, pronunciado duas vezes no art. 294, § 1° do Cód. Pen. Ten. José Vicente de Tal, pronunciado no art. 294, § 2° do Cód. Pen. Manoel Domingos, pronunciado no art. 294, § 2° do Cód. Pen. Ten. Manoel Conselheiro de Tal, pronunciado art. 294, § 2° do Cód. Pen. Júlio de Tal, pronunciado no art. 294, § 2° Cód. Pen.  Manoel Azougue, pronunciado no art. 294, § 2° Cód. Pen. Ten. Joaquim Bolandeira, pronunciado no art. 294, § 2° Cód. Pen. José Bolandeira, Manoel Cigano, Joaquim Cigano, Justino Cego, Vicente Ferreira, Agostinho Costa, Pedro Ferreira, Canuto de Tal, Manoel Theodoro, Firmino de Tal, Agostinho Fuló, José Mendes, pronunciados no art. 294 § 2/ do Cód. Pen. e João Ignácio de Loyola Gomes indiciados em crime no art. 294 § 2° Cód. Pen. É esta corja executora dos planos sinistros da família Dantas.15 de janeiro de 1909.José Ferreira de Sant´Anna.Assumo a responsabilidade do que disse na missiva supra. São José do Egypto 15 de janeiro de 1909 José Ferreira de Sant´Anna. Reconheço verdadeira a firma supra do Coronel Jose Ferreira de Sant´Anna: dou fé. Villa de São José do Egypto em 15 de janeiro de 1909. Em Testamento da verdade”.
 
No período em que Coronel Cazuza Sant’Anna chegou a Alagoinha, a situação, no Ceará,  estava tão conturbada quanto em Pernambuco. Sob a liderança de Padre Cícero Romão Batista, em 1911, foi assinado o Pacto de Harmonia Política entre os coronéis da região que propunha a solidariedade pessoal e política entre eles e o apoio incondicional ao governador Antônio Pinto Nogueira Acioly que acabaria renunciando por pressão política no ano seguinte. Marcos Franco Rabelo assume o governo com o objetivo de desarticular as oligarquias e a política dos coronéis. Em 1914,  Benjamin Liberato Barroso foi eleito presidente do Ceará tendo como 1º vice-presidente Padre Cícero Romão Batista, 2° vice-presidente – Aurélio Lavor e3º vice-presidente Coronel Gustavo Augusto Lima. As oligarquias voltam ao poder.
Gustavo Augusto Lima, filho da matriarca do coronelismo cearense, Fideralina Augusto Lima, era chefe político do município de Lavras da Mangabeira que dominava toda a região em que se encontrava o povoado de Alagoinha.
Diante da organização política da região, não haveria espaço político em Alagoinha para alguém vindo de fora mesmo que possivelmente trazendo um razoável patrimônio. Ainda assim, o casal Sant'Anna tem uma projeção social na localidade.
“Em 1913, um pernambucano conhecido como José Ferreira de Santana, avô do nosso estimado Dr. Jader Nogueira de Santana, comprou ao Sr. José Lobo, esse atual pedacinho do céu, pela importância de três mil e quinhentos reis, com seiscentas braças quadradas. Naquela época, existia a figura dinâmica do respeitoso padre Inácio, que se utilizando dos próprios esforços, viu nascer a primeira capela, erguida de maneira humilde e acabrunhada, dando-nos a impressão de uma casinha de palha. Situava-se onde hoje residem os Srs. Eugênio e Vicente Ferreira, à Rua São Vicente. Com o novo surgimento da segunda capela, erguida onde hoje é a nossa atual matriz, aquela acanhada e já citada igrejinha cedeu lugar ao campo da paz, onde ficou instalado o cemitério.” (HENRIQUE, Josa. História do município de Ipaumirim)

Segundo meu tio Luiz conversando comigo há muitos anos atrás Cazuza teria doado  parte de sua propriedade para a capela de Alagoinha que, na ocasião, fazia parte da Freguesia de Umari. Posteriormente, o bispo do Crato,  Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, vendeu o terreno doado por Cazuza a João Augusto Lima, filho do Coronel Gustavo Augusto Lima.
João Augusto Lima, de Lavras da Mangabeira,  instala-se em Ipaumirim em 1919. João Augusto era casado com Marieta Leite Lima, sua prima legítima, filha de Luiz Leônidas Lacerda Leite e Joana Augusto Leite. Com ele, vem o jovem Luiz Leite da Nóbrega, seu primo e sobrinho de sua esposa Marieta.
João Augusto, filho do Coronel Gustavo Augusto Lima, neto de Fideralina e Ildefonso,  imprime uma nova dinâmica ao povoado de Alagoinha construindo casas e incentivando os outros a fazerem o mesmo. Nesse período, configura-se a primeira via pública de Ipaumirim, Rua Coronel Gustavo Augusto Lima. Constrói as primeiras estradas carroçáveis para facilitar o comércio de algodão. Manda destocar uma área e constrói o mercado público marcando urbanisticamente o centro urbano de Alagoinha. Numa das esquinas do mercado instala o seu comércio, a Casa Aliança. 
Por volta de 1918, João Augusto, Joana Augusto, sua sogra e tia,  e Luiz Nóbrega estiveram em Olho d'água , atual Distrito de Felizardo, para fundar na localidade o Partido da Aliança Liberal com a participação Francisco Felizardo Vieira que seguia as orientações políticas do Coronel Gustavo Augusto Lima, pai de João Augusto. Essa reunião acontece num pequeno prédio que ficou conhecido posteriormente como o Quarto da Aliança onde depois funcionou a Escola Isolada de Felizardo. Vizinho a este local, João Augusto instalou uma mercearia de secos e molhados que depois foi transferida para a Casa Aliança localizada no Mercado Público de Alagoinha por ele construido.
Casa Aliança no Mercado Público de Alagoinha. Fonte: Gonçalves, Rejane M. A. Umari, Baixio e Ipaumirim: subsídios para a história politica.
João Augusto e família voltam a morar em Lavras, em 1923, quando foi prefeito daquela cidade de origem.
É em Alagoinha que se encontram Luiz Leite da Nóbrega, filho de Jerônimo José da Nóbrega  e Francisca Leite da Nóbrega, e   Maria Leite da Nóbrega, filha de José Ferreira de Santa’Anna (Cazuza) e Ursulina de Souza Leite (Lalá) que se casam em 1919 unindo três grandes oligarquias sertanejas: Os Augustos de Lavras da Mangabeira, os Nóbrega da Paraíba e os Leite Ferreira  do Pajeú Pernambucano.  
Luiz Leite da Nóbrega nasceu no Sítio Panelas, município de Lavras da Mangabeira, em 27 de setembro de 1895. Era mascate em Alagoinha quando conheceu e casou com Maria Leite Nóbrega em 1919. Trabalhou na construção da Rede Viação Cearense mas a sua atividade principal foi sempre agricultura e pecuária destacando-se  na região como importante produtor de algodão. 
Em 28.10 de 1929 foi designado pelo então Presidente da República do Brasil para ocupar o cargo de suplente de substituto de Juiz Federal da Comarca de Lavras da Mangabeira.

Em 15.10.1930 foi designado pelo então Ministro da Guerra como Depositário de Armas e Munições nas vilas de Ipaumirim, Baixio, Umari e Olho d’água.
Em 03 de janeiro de 1947 foi nomeado pelo Interventor Federal do Ceará para ocupar o cargo de Prefeito Municipal da cidade de Baixio – CE. Foi deposto no mes de março . Com a redemocratização, candidatou-se a Prefeitura de Baixio e foi eleito derrotando seu opositor, Francisco Irineu. Em Ipaumirim, distrito de Baixio, construiu a praça junto da igreja de Ipaumirim  que, após sua morte, recebeu o seu nome, a Aguada Pública José Ferreira de Santana que durante muito tempo foi o principal ponto de abastecimento d’água de Ipaumirim. Outra aguada também foi por ele construída na saída da antiga estrada que dava acesso a Cajazeiras. As aguadas eram obras fundamentais para uma população com sérios problemas de abastecimento de água.Em Baixio, fundou a primeira escola de música da região e outras realizações administrativas. 
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Praça construida por Luiz Leite da Nóbrega. Da esquerda para direita: Dr. Arruda, Monsenhor Manuel Carlos de Morais, Luiz Leite da Nóbrega e Luiz Leite da Nóbrega Filho. Foto da década de 40. Do meu arquivo pessoal.
Exerceu sua liderança política na região até falecer em 02 de novembro de 1960.
O casal Luiz Leite da Nóbrega (nascido em 1895 e falecido em 1960) e Maria Leite da Nóbrega (nascida em 1900 e falecida em 1968) deixou os seguintes filhos: Luiz Leite da Nóbrega Filho (falecido), Maria Eunice Nóbrega de Morais, Sebastião Leite da Nóbrega, Maria Luiza Leite da Nóbrega (falecida) e Vilany Nóbrega Brasil (falecida). O casal teve  mais quatro filhos: Maria ( primeira filha do casal, nascida em 09.07.1920 viveu apenas três dias), Pedro, Marieta e Maria Luiza que faleceram ainda crianças.
Luiz Leite da Nóbrega e Maria Leite da Nóbrega. Foto de 1919, provavelmente foto de casamento.
O casal Maria e Luiz Leite da Nóbrega  deixou os seguintes filhos: Luiz Leite da Nóbrega Filho (falecido), Maria Eunice Nóbrega de Morais, Sebastião Leite da Nóbrega, Maria Luiza Leite da Nóbrega (falecida) e Vilany Nóbrega Brasil (falecida). O casal teve  mais quatro filhos: Maria ( primeira filha do casal, nascida em 09.07.1920 viveu apenas três dias), Pedro, Marieta e Maria Luiza que faleceram ainda crianças.
Luiz Leite da Nóbrega e Maria Leite da Nóbrega. Entre o casal Maria Vilany Nóbrega Brasil (a filha mais nova) De pé, da esquerda para direita: Luiz Leite da Nóbrega Filho, Maria Eunice Nóbrega de Morais, Sebastião Leite da Nóbrega e Maria Luiza Leite da Nóbrega.
 Filhas de Luiz Leite da Nóbrega Filho casado com Alaís Lócio: Tereza Christina, Verônica, Elizabeth e Ana Cristina. Netas: Ana Carolina e Patrícia. Bisnetos: José Mateus e Pedro (filhos de Ana Carolina). 

Filhos de Maria Eunice e Vicente Gomes de Morais: Maria Luiza e Haroldo. Netas:  Olga (filha de Maria Luiza) e Gesilda (filha de Haroldo). 
Filhos de Sebastião Leite da Nóbrega casado com Romilda Nery da Nóbrega: Luiz Leite da Nóbrega Neto, Rosamaria Nery da Nóbrega e Sebastião Leite da Nóbrega Filho. Netos: Diego e Davi (filhos de Luiz Neto) e Maiara (filha de Sebastião Filho) Bisneta: Anabela (Filha de Diego).
Anabela, a mais nova da família nascida em outubro de 2019.
Filhos de Maria Luiza Leite da Nóbrega casada com João Jorge Sobrinho: Pedro da Nóbrega Jorge e Fernando Luiz da Nóbrega Jorge. Netas: Ana Luiza e Laura (filhas de Pedro Jorge). 
Vilany Leite da Nóbrega casada com José Brasil não tiveram descendentes.

BIBLIOGRAFIA:

    ALBUQUERQUE, Ulysses Lins. Um Sertanejo e o Sertão (Memórias). Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1957.
    BEZERRA, Maria Linda Lemos. Fragmentos para a história de Várzea Alegre. RDS Eitora. Fortaleza, 2011. 
   CHAGAS,  Maria Flaucineide Vieira; ROLIM, Raimunda Vieira. Em família. Cajazeiras. Gráfica Real. 2004.
3   CIRANO, Marcos. São José do Egito: um século de história 1909-2009. Recife: Formato8 Produções Editoriais, 2009. 164p.
   FERREIRA,  Florentino Barbosa Leite. A Família Leite no Nordeste Brasileiro (1755-. 1948). 
    GONÇALVES, Rejane Monteiro Augusto; MACEDO, Joaryvar. Os Augustos. Fortaleza: ABC Editora. 2009. 628p. 
_______. Umari, Baixio e Ipaumirim: subsídios para a histórica política. Fortaleza. 1997. Edição comemorativa.
HENRIQUE, Josa. História do município de Ipaumirim. Anotações pessoais publicadas no blog http://alagoinhaipaumirim.blogspot.com  em 09.09.2007) 
LUCENA, Tião. Peste e cobiça: A inveja e o ódio tramam contra o amor no alvorecer do século XX. Editora Audiovisual Propaganda. João Pessoa. 2010. 
MACEDO,  DIMAS. Dona Fideralina Augusto: Mito e realidade. Disponível em:https://books.google.com.br/books (capítulos disponiveis)
NÓBREGA, Trajano Pires. A família Nóbrega. São Paulo. Instituto Genealógico Brasileiro. 1956. 652p.
PAIVA, Melquíades Pinto. Uma matriarca do sertão: Fideralina Augusto Lima (1832-1919). Edições Livro Técnico. Fortaleza. 2008. 156p)
PERAZZO, Francisco Leite. Eu e minhas circunstâncias. Tuparetama. 2007.
PERAZZO, Valdir. A família Leite de São José do Egito – PE: anotações sobre a descendência de Felipe de Souza Leite. Rio Branco. 2011. 
PINTO, Antonio Décio. Coronel Zuza  e a República da Estrela. Recife, Companhia Editora de Pernambuco. 1994.
PORTO, Jose da Costa.  Os tempos de Rosa e Silva. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1970.. 217p.
 DOCUMENTOS
Livro de Tombo da Igreja Central de São José do Egito
Carta denúncia do coronel José Ferreira de Sant´Anna
Arquivos particulares da Família Leite Perazzo
Arquivo particular de Maria Luiza Nóbrega de Morais – CE

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Conversar com Edmilson é sempre muito agradável. Apesar da memória já comprometida ele adora falar sobre sua experiência como dono de bar....