DE MÚSICA E MÚSICOS DE IPAUMIRIM

MLUIZA

Hoje, continuamos a série sobre música e músicos de Ipaumirim- CE. O post de hoje conta principalmente com informações e revisão de texto de Francisco Farias, Chico Farias,  que produziu um excelente trabalho de recuperação da memória da antiga Banda Municipal de Ipaumirim publicado anteriormente no nosso blog alagoinha.ipaumirim.blospot.com e republicado neste blog. Falta-nos ainda publicar as bandas locais que surgiram depois. Entre elas, destacamos a banda de Alceu Laurentino e Nino Som 5 que serão objeto de um post especial a ser publicado posteriormente. Se você conhecer ou lembrar de outras orquestras e bandas locais e quiser colaborar conosco, pode enviar e-mail para luizanobrega_ufpe@yahoo.com.br Também podem enviar imagens que tudo será devidamente creditado. Lembramos que trabalhamos com informações que cobrem o período que compreende desde os primórdios de Alagoinha e finaliza nos anos 70. Muito obrigada a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a construção deste texto.
MLuiza
 DE MÚSICA E MÚSICOS DE  IPAUMIRIM

CHICO FARIAS

A Banda Municipal de Ipaumirim fez sua primeira apresentação no desfile cívico de 07.09.1962, executando apenas o dobrado Capitão Caçula e o Hino Nacional Brasileiro, com arranjo bastante simplificado pelo maestro Rivaldo Santana. A sua sede foi, inicialmente, o Clube Recreativo de Ipaumirim – CRI, sendo depois  transferida para o sobradinho da Praça São Sebastião, esquina com antiga Rua do Sol, atual Rua Alexandre Gonçalves da Silva.   Não vamos nos deter neste tema porque já publicamos anteriormente neste blog um texto magistral de Chico Farias sobre o assunto. Agora, vamos trabalhar sobre as orquestras de Ipaumirim, que foram desdobradas a partir desta banda e/ou que com ela tiveram alguma relação. 
BANDA MUNICIPAL DE IPAUMIRIM-CE. FOTO DO ARQUIVO DE MAGNA GONÇALVES. GENTILMENTE CEDIDA.

IDENTIFICAÇÃO DOS COMPONENTES DA BANDA:
Da esquerda para direita, Fila inferior: Alceu Laurentino de Melo, Maurício de João Leandro, Besouro de Dona Aurora,  Edson de Antonio Laurino, José Henrique Silva, Aldeísio Nery, Artista de Seu Vicente Ferreira e José Tiburtino Filho. A criança que está acima de Edson e um pouco abaixo de Zé Omar é Vicente Carvalho, filho de Antônio Carvalho, que foi durante muitos anos tesoureiro da prefeitura. Fila superior: José Strauss (apenas segurando o bombo), Vicente de Aurélio (Mala Véia), Zé Omar, Chiringa, Zé Gomes (filho de Dona Antônia Jardineiro), Pissica, José Aldenor (filho de Alceu) e Varneau Lopes.

A Banda Municipal de Ipaumirim fez sua primeira apresentação no desfile cívico de 07.09.1962, executando apenas o dobrado Capitão Caçula e o Hino Nacional Brasileiro, com arranjo bastante simplificado pelo maestro Rivaldo Santana. A sua sede foi, inicialmente, o Clube Recreativo de Ipaumirim – CRI, sendo depois  transferida para o sobradinho da Praça São Sebastião, esquina com antiga Rua do Sol, atual Rua Alexandre Gonçalves da Silva.   Não vamos nos deter neste tema porque já publicamos anteriormente neste blog um texto magistral de Chico Farias sobre o assunto. Agora, vamos trabalhar sobre as orquestras de Ipaumirim, que foram desdobradas a partir desta banda e/ou que com ela tiveram alguma relação.
A Orquestra Marajaig, banda instrumental, não teve nenhum cantor, com repertório para baile, foi fundada por Zé Henrique, depois que este saiu da banda municipal, no início do ano 1967. Esta orquestra durou até o fim deste mesmo ano. Deste grupo participaram Chico de Alberto (sax tenor), Zé Strauss (sax alto), Zé Gomes e Chiringa (pistons), Luiz Carivaldo e Besouro (trombones de vara), Chico Farias (bateria) e Chico Pissica (percussões). O coordenador musical desta orquestra era o trombonista e maestro Luiz Carivaldo, na ocasião já escrevendo inspirados arranjos das belas páginas musicais veiculadas nas estações de rádio, que encantavam os corações apaixonados.  Os componentes da Orquestra Marajaig vieram, todos, da banda municipal, após serem dispensados pelo notável Prefeito Ademar Barbosa, que estava assumindo o seu segundo mandato, em 15 de março de 1967, data em que, na época, ocorria a posse dos políticos eleitos no ano imediatamente anterior.
Na oportunidade, foram excluídos da Banda, usando o termo empregado na ocasião, os sete músicos a seguir: Chico de Alberto, Chico de Áurea (Pissica), Chico Farias, Besouro, Chiringa, Zé Gomes e Luis Carivaldo. Esses músicos haviam tocado num comício de campanha de Jerônimo Jorge, em Felizardo, a convite de Zé Henrique. Esse, o motivo.  Quem ainda guarda alguma lembrança da época, deve se dar conta, que, dos que ficaram  na banda, apenas Alceu, Aldeísio e Nino eram músicos qualificados, uma vez que Vicente Mala Véia, excelente ritmista e, Edson Laurino, um dos maiores destaques no quesito leitura de música (profundidade de conhecimento de teoria musical) haviam se mudado do município, Vicente Crispim para Brasília,  e, Edson, para Cajazeiras, onde imediatamente passou a tocar saxofone-tenor, tendo ali se notabilizado, brilhando neste instrumento em vários conjuntos musicais.    
A sede da orquestra Marajaig era uma garagem emprestada por Adolfo Augusto de Oliveira, na bela residência da Rua do Colégio, atual Av. Francisco Vasconcelos de Arruda. 
A banda municipal também teve sua própria orquestra, comandada pelo maestro Rivaldo Santana. Existe pouca  alteração entre os músicos da orquestra da banda municipal e os músicos da orquestra Marajaig..  Os saxofonistas da orquestra da banda eram Zé Henrique e Aldeísio Nery. Chico Farias foi o único baterista da Marajaig, tendo, também, atuado na orquestra da banda, por pouco tempo, substituindo Vicente Mala Véia, quando este se mudou com a família para Brasília. O cantor da orquestra era o também saxofonista Aldeísio Nery, que fazia muito sucesso com sua linda voz. Não participaram da orquestra da banda, Edson e Zé Strauss, por tocarem clarineta, e Nino de Maurde, por tocar trompa, instrumentos considerados não compatíveis com os padrões das orquestras, na ocasião  idealizados. Até mesmo o notável Chico de Alberto, por ter a tuba por instrumento, tocava na orquestra da banda apenas nos carnavais. Depois, veio a aprender a tocar saxofone tenor, a seu estilo, de ouvido e em pouquíssimo tempo. Tivemos, enquanto tocou trombone de pistos, entre 1963 e meados de 1964, a presença de Alceu na Orquestra da Banda. Quando, porém, houve a promoção de Besouro para o Trombone de Pistos, instrumento que era por ele Alceu até então usado, ele não participou mais da orquestra da banda. Essa mudança ocorreu por mais uma saída de Alceu da Banda, sempre por causa de política, mas, depois, ele se arrependia, e voltava ao seu ninho.
Dessa vez, entretanto, Zé Henrique aceitou, mas, ele teve que ficar tocando Bombardino, uma vez que o trombone estava muito bem entregue à perícia do Besouro.
A vaga de trompa na Banda, que era de Besouro, foi ocupada por Nino, seu muito talentoso sobrinho. Nino é um músico extraordinário, multi-instrumentista, que tocou com desenvoltura, trompa, trombone de pistos, trombone de vara, tuba, passando, a partir de sua banda Nino som 5, a tocar Baixo de  Cordas até chegar aos atuais teclados.
Com início de atividades em 1963, a orquestra da banda animou os carnavais no Clube Recreativo nos anos de 1964, 1965 (o CRI estava em reforma  no carnaval de l965, com os festejos na Praça Cel. Luiz Nóbrega) e 1966, além de muitos dos bailes que a agremiação CRI promovia, notadamente nos meses de julho e dezembro/fevereiro de cada ano, incentivados pelas férias escolares. No ano de 1967, foi a Orquestra Marajaig quem tocou essas festas do CRI, já que a Banda ficou o ano tentando se reorganizar, e não  teve mais condições de refazer uma Orquestra, por absoluta falta de músicos. Homem de uma capacidade administrativa espantosa, e de muita praticidade em suas ações, o prefeito Ademar Barbosa preferia mandar contratar músicos, aleatoriamente, em Cajazeiras, que, sob a batuta do entusiasmado maestro Alceu Laurentino, estavam sempre a animar os muitos eventos que inventava, para animar o município. A qualidade, e as consequências futuras do comprometimento da renovação de talentos, nesta hipótese, não entram na equação.
No início de 1967, começaram os problemas que acabaram por afetar esse interessante movimento em torno da banda de música e das orquestras de Ipaumirim. Na verdade, já sabíamos desse desfecho desde as eleições municipais de outubro de 1966, com a vitória do Sr. Oswaldo Ademar Barbosa sobre o Sr. Jerônimo Jorge, que era o candidato apoiado pelo nosso Diretor Comercial da Banda, desde o seu início, José Henrique Silva.
Três meses antes do carnaval deste ano, saíram da banda por motivações políticas Aldeísio, que tocava sax-alto e cantava, e Alceu Laurentino. Zé Strauss, que até então só sabia tocar clarineta, teve, com um prazo de menos de três meses  para dominar o instrumento, que substituir Aldeísio, no sax alto,  no carnaval de Brejo Santo. Vicente Crispim (mala veia) que era o baterista passou a ser o cantor em substituição a Aldeísio que também era o cantor e Chico Farias, que estava tocando caixa naquele momento, assumiu a bateria.
A Orquestra Marajaig teve por despedida dos músicos, que foram alçar voos mais altos, na vida e na profissão, em cidades mais desenvolvidas, a tocata, na garagem sede, para exibição aos dirigentes do Clube Recreativo de Brejo Santo, da qualidade do grupo, para fins de possível contratação para o carnaval de 1968. Isso aconteceu, no início do mês de janeiro de l968. Como não poderia deixar de ser, a Orquestra, que já havia deixado excelente impressão aos brincantes daquela cidade no ano que passou, agradou aos entusiasmados e eufóricos dirigentes, não tendo estes firmado contrato com Zé Henrique pela exigência absurda que fizeram de que estivesse na Orquestra o Maestro Rivaldo Santana. Rivaldo, naquele momento, era o regente da Orquestra Manaíra de Cajazeiras, e sua grande estrela, e não deixaria de estar no Cajazeiras Tênis Clube, presidido pelo seu amigo e protetor Mozart, Presidente do Clube, por dinheiro nenhum.
A Banda Municipal continuou. Como Ademar prometera, foram Aldeísio Nery e Alceu Laurentino promovidos a diretores da Banda. Uma pena que, não contrataram mais maestros para o ensino de teoria musical, e, a consequência, foi que quase não houve, na chance de renovação, o surgimento de novos talentos em substituição aos que dali sairam. Passei o ano de 1967 ali, em Ipaumirim, pois, vim-me embora pra Fortaleza no dia 25 de janeiro de 1968, e vi, com muita tristeza, que a lição não foi aprendida. A renovação de músicos foi pífia, lembro-me que, apenas, Zezé Simpaúba, Bosquinho de Manuel Gomes e Benedito Suliano conseguiram um certo destaque entre os novatos. É muito pouco para uma banda que ,de 1963 a 1966, 04 anos, de intensa atividade,  tinha quinze  músicos, assíduos, responsáveis, profissionais, com um índice  quase zero de mudanças.
Abaixo a relação dos músicos das antigas orquestras de Ipaumirim, suas habilidades e sua relação com a Banda Municipal.

Aldeísio – sax alto na Banda Municipal. Na Orquestra da banda tocou sax e foi também cantor. Não teve participação na Orquestra Marajaig.

Besouro – trompa e trombone de pisto na Banda Municipal, trombone de pistos na orquestra da banda e trombone de vara na Orquestra Marajaig.
Chico de Alberto – tuba na Banda Municipal e na Orquestra da banda apenas nos carnavais e sax-tenor na Orquestra Marajaig.
Chico Farias – trompa na Banda Municipal, bateria na orquestra da banda e na Orquestra Marajaig.
Chiringa – trompa e piston na Banda Municipal  e apenas piston na orquestra da banda e na Orquestra Marajaig.
Luiz Carivaldo – trompa e trombone de vara na Banda Municipal, trombone de vara na orquestra da banda, coordenador da  Orquestra Marajaig onde também tocou trombone de vara.
Rivaldo Santana – trombone de vara e maestro na  Banda Municipal e na orquestra da banda. Não participou da Orquestra Marajaig.
Zé Gomes – piston na Banda Municipal, na orquestra da banda e na Orquestra Marajaig.
Zé Henrique – Clarineta e sax tenor na Banda municipal e sax tenor na orquestra da banda. Fundador da orquestra Marajaig.
Zé Strauss – Clarineta na Banda Municipal, Sax-Alto – somente no Carnaval de 1967 em Brejo Santo e e sax alto na Orquestra Marajaig. 
MLUIZA
RECIFE
10.08.2019 

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