AS ESTRADAS COMO VIAS DE COMUNICAÇÃO NO SEMIÁRIDO NORDESTINO: FRONTEIRA PARAIBA – CEARÁ

MLUIZA
Tentando compreender um pouco sobre a dinâmica das estradas como vias de comunicação e os seus efeitos sobre o nosso município precisamos extrapolar a questão específica de Alagoinha/Ipaumirim, minúsculo ponto no mapa do semiárido nordestino mas que, como os demais, integra esse processo ainda que quase como um subproduto da sua decantação.
O período anterior sobre o qual comentamos em posts sobre a colonização e povoamento da região avança para uma nova fase quando entramos no século XX servidos de pequenas estradas e veredas que permitiam basicamente a precária comunicação dentro da microrregião. Nesta busca de compreender os pontos de ligação entre o litoral e o sertão da Paraíba, por exemplo, passamos pelas trilhas indígenas do século XVI, pelas veredas abertas no século XVII, pelos poucos caminhos sinuosos e estreitos, pelo leito seco dos rios transformados em caminhos no século XVIII e pelos caminhos iniciais do século XIX cuja largura muitas vezes não permitia sequer que passassem dois animais emparelhados. Visitamos a tecnologia de construção desses estreitos caminhos de 2 metros de largura e das estradas primitivas com 3.50m, cuja diferença entre os dois era apenas a largura. Conhecemos as primitivas e curiosas normas de trânsito quando se atravessavam distâncias ao lombo de animais, as obrigações dos proprietários de terra por onde passavam as estradas, o preço dos transportes, a legislação que normatiza o uso das canoas e balsas como meio de transporte, o valor dos pedágios, as pontes e os passadiços até aportarmos á segunda metade do século XX com a construção das grandes rodovias até a década de 70 considerado período limite para o nosso trabalho.
No século XIX, iniciaram-se as tratativas que deram origem a lei que regulava competências imperial, provincial e municipal no que diz respeito a organização do transporte em suas modalidades básicas. Eram traçados empíricos provenientes mais das necessidades imediatas da incipiente economia  que de projetos ambiciosos.
Desde as nossas primitivas rotas de penetração, povoamento e colonização, avançando para condições menos precárias e finalmente chegando às grandes rodovias pavimentadas, estes caminhos partilharam não apenas trocas comerciais, mas ideias, valores, amores e sonhos. 

AS ESTRADAS COMO VIAS DE COMUNICAÇÃO NO SEMIÁRIDO NORDESTINO:  FRONTEIRA PARAIBA – CEARÁ

Na primeira metade do século XX, não se pode falar em estradas no Nordeste sem reconhecer a importância da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS)/ Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS).   Criado em 1909 como Inspetoria de Obras contra as Secas (IOCS), passa em 1919 a chamar-se Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS) e, em 1945, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) que se constitui como a mais antiga instituição federal com atuação no Nordeste.
No Decreto 7.619, de 21.10.1909, que trata da organização de serviços contra os efeitos da seca através do IFOCS já estão previstas obras para prevenir e atenuar os efeitos da seca:
I.              Estradas de ferro de penetração
II.            Estradas de ferro afluentes das estradas principais
III.           Estradas de rodagem e outras vias de comunicação entre os pontos flagelados e os melhores mercados e centros produtores
IV.          Construção de açudes e poços tubulares.
O tema é bastante amplo, mas vamos nos deter apenas ao básico que toca diretamente à região sobre a qual estamos desenvolvendo nossa pesquisa.
Como as demais regiões localizadas no que se convencionou chamar Polígono das Secas, a nossa região enfrentou graves problemas. Entre eles, a falta de meios de locomoção associada ao problema das distâncias dificultava tanto os deslocamentos em busca de áreas úmidas quanto à prestação de socorro às populações. O conjunto das propostas atribuídas ao IFOCS nasce basicamente a partir destas constatações.
Ainda que questionamentos de ordem política sobre as operações e os seus resultados possam ser objeto de discussão, a intervenção no Polígono das Secas estrutura-se em ações coordenadas em propostas claras:
a)    Evitar grandes deslocamentos dos trabalhadores e seus familiares agravados por problemas políticos, sociais, econômicos e, em determinadas épocas, climáticos;
b)    Facilitar a distribuição espacial dos socorros reduzindo o tempo de deslocamento;
c)    Recuperar produtivamente parte dos investimentos de emergência;
d)    Introduzir o flagelado num contexto de atividade produtiva reduzindo sua sensação de inutilidade e autocomiseração.
e)    Propiciar meios e facilidades de transporte.
Neste contexto, integra-se a obra rodoviária aos programas emergenciais coordenados pelo IFOCS/DNOCS.
Os projetos de construção de rodovias no Polígono das Secas estão distribuídos em três fases:
a)    Período Pioneiro (de 1912 a 1930)
b)    Período de Terraplenagem Mecanizada (1931 a 1946)
c)    Período da Lei Joppert (1947 a 1959)
O Período Pioneiro caracteriza-se por condições técnicas precárias, pouquíssimas obras realizadas. Em 1912 não houve estrada projetada e/ou construída na Paraíba e no Ceará. Existiram descontinuidades nas obras entre os anos 1913-1914 e também entre os anos 1928-1930. De 1915 a 1918, para o Ceará foram projetadas e construídas apenas 432 km de estradas e na Paraíba foram projetadas 108 km e construídas apenas 61 km. De 1919 a 1926, foram projetadas para o Ceará 1.863km e construídas apenas 479km. Na Paraíba, foram projetados 2.134 km e construídos apenas 791. Em 1927, o Ceará nada construiu e a Paraíba construiu 163 km.  Isto significa que o Ceará realizou cerca de 30% do projetado e a Paraíba, 45%. A despeito dos problemas, Ceará e Paraíba foram os estados com melhor desempenho em toda a região.  Ainda em 1913, a Paraíba iniciou um estudo sobre a construção de uma longa estrada carroçável partindo de Campina Grande e terminando em Lavras da Mangabeira. Esta estrada passaria por Taperoá, Patos, Pombal e Cajazeiras. Na Paraíba, foram projetados 2.134 km e construídos apenas 791. Em 1927, o Ceará nada construiu e a Paraíba construiu 163 km. 
As primeiras rodovias do Brasil surgiram no Nordeste em função do problema das secas. Para facilitar o rápido transporte na zona das grandes barragens foram construídas várias estradas carroçáveis.
No quadro abaixo, a distribuição das rodovias projetadas e construídas na região Nordeste. 
FONTE: ARQUIVOS DO DNOCS. FORTALEZA - CE

O Governo de Washington Luís (1926-1930) trouxe grande impulso para o rodoviarismo. O Plano Catrambi, de 1926, estabeleceu a base da rede rodoviária do Brasil caracterizando dois tipos de rodovias:
a)    Estradas federais ou troncais de penetração, em número de dezessete;
b)    Estradas Estaduais ou de união dos estados em número de doze.
O Plano Catrambi foi o primeiro Plano Rodoviário Nacional que incluiu as estradas do Polígono das Secas e nele figuravam apenas as centrais da Paraíba, Pernambuco e Piauí.
Vale registrar que, neste período, a linha tronco, linha sul, da Rede Viação Cearense chega a Crato, seu ponto máximo, em 1926. A perspectiva era que chegasse até Petrolina –PE e de lá se interligasse  ao sistema hidroviário do rio São Francisco reforçando a ligação da região e  facilitando assim o transporte e o comercio. Questões políticas e econômicas impediram que a ligação fosse concretizada.
A estação ferroviária de Lavras da Mangabeira foi inaugurada em 1917. O trem passa a armazenar e transportar toda a produção de algodão que o município produzia. De lá, seguia para outros estados. Durante muitos anos foi o principal transporte de passageiros com destino a Fortaleza e ao Crato. Lavras também era o ponto de embarque de passageiros e mercadorias entre Cajazeiras e Fortaleza. Toda essa movimentação Cajazeiras-Lavras-Cajazeiras passava numa estrada dentro do povoado de Alagoinha. Diz-se que de Lavras sairia o ramal que ligaria a Cajazeiras com uma estação intermediária em Alagoinha. O compadrio da política desvirtuou o projeto original porque Padre Cirilo Sá, político de São João do Rio do Peixe, muito próximo do Presidente Epitácio Pessoa conseguiu alterar o projeto. Assim sendo, o ramal da Paraíba foi aberto ao tráfego entre 1920-1926 a partir de Arrojado no Ceará. Neste ramal, a estação de Baixio foi inaugurada em 1923 e a de São João do Rio do Peixe em 1925 embora o primeiro trem tenha circulado em 1922. A estação de Cajazeiras foi inaugurada como estação terminal do ramal de Cajazeiras em 1926, entretanto neste ramal houve tráfego provisório desde 1923. A estação de Sousa, na continuação do mesmo ramal que vinha de Arrojado, foi inaugurada em 1926. A partir de 1933 ela se integra com a linha Mossoró-Sousa. O ramal da Paraíba foi prolongado até Patos em 1944 e 1958 chegou a Campina Grande incorporado, desde Sousa,  à Rede Ferroviária do Nordeste completando a ligação do Ceará com o resto do Brasil via Paraíba e Pernambuco.
A segunda fase chamada de Período de Terraplagem Mecanizada compreende o período de 1931 a 1946.
Os estudos desenvolvidos, no Brasil, pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo,   propiciaram o desenvolvimento de novos equipamentos para movimentação da terra  e compactação abrindo caminhos e possibilidades na engenharia rodoviária e na construção de grandes estradas, como Rio-Bahia, Presidente Dutra, Rio-Porto Alegre, entre outras, além de projetar obras que tinham um sentido estratégico para interiorizar o país e, neste grupo, enquadravam-se algumas  rodovias do Nordeste.
As principais características deste período foram:
a)    Programação bem planejada;
b)    Progressivo aperfeiçoamento da técnica rodoviária no projeto e na construção tendo como base os padrões estrangeiros, a tecnologia desenvolvida no Brasil e as recomendações dos Congressos Rodoviários Nacionais;
c)    A partir de 1933, a execução dos planos não fica exclusivamente sujeita às oscilações de mão de obra. Escassa nos tempos normais e excessiva no período das secas.  Na seca de 1932, por exemplo, o plano rodoviário elaborado para o Nordeste no ano anterior teve um impacto de dimensões extraordinárias demandando um expressivo aporte de recursos e uma alteração em toda a dinâmica do projeto. No mês de março, trabalhavam nas obras 7.000 flagelados e em novembro o contingente de trabalhadores flagelados era da ordem de 220.00 pessoas.
Ainda na década de 20, o governo funda a Comissão de Estradas de Rodagem Federal cujo fundo especial de financiamento viria dos impostos sobre gasolina,  veículos e acessórios. Nesta época, os USA, maior produtor mundial de veículos automotores, começa a oferecer financiamento para abertura de estradas. Este modelo ‘rodoviarista’ consolida-se quando esta comissão transforma-se no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, em 1937.
O Plano Rodoviário Nacional elaborado pelo Governo Vargas, em 1938, projeta uma rede de transportes que integra o país através do transporte rodoviário por meio das estradas de rodagem.
Até 31.12.1946, o DNOCS entregou ao tráfego, completamente construídos 5.9043 km dos 9.090 km que constituíam o seu plano rodoviário. Entre elas, a Rodovia Central da Paraíba, BR 23, atual BR 230, que partia do porto de Cabedelo e chegava até Cajazeiras numa extensão de 574km. Esta estrada cortava Alagoinha no Km 572 e finalizava, no Ceará,  no segundo triângulo situado no Km 574. As linhas subsidiárias da Central da Paraiba estendiam-se para várias localidades chegando inclusive ao Rio Grande do Norte pelo ramal de Catolé do Rocha e chegando até Caicó. A Central da Paraiba  interligava também Recife - Fortaleza pelo interior paraibano percorrendo, de um ponto a outro, uma distância de 1.048km. O percurso João Pessoa – Fortaleza, nesta mesma rota, perfazia 1.017km demandando vinte horas para o seu percurso.  
 

FONTE: ARQUIVOS DO DNOCS. FORTALEZA CEARÁ
FONTE: ARQUIVOS DO DNOCS. FORTALEZA - CE
Várias outras estradas subsidiárias foram construídas no interior do Ceará que permitiam chegar de transporte rodoviário de Alagoinha ao Crato. Uma outra alternativa de chegar ao sul do Ceará seria uma associação do transporte rodoviário e ferroviário através de Lavras da Mangabeira assim como se poderia chegar a João Pessoa e Recife fazendo esta mesma associação e usando o transporte ferroviário a partir de Sousa. Naturalmente, não estamos falando de estradas pavimentadas. Falamos de rodagens que é como se conheciam popularmente as estradas de terra que cortavam nossa região e que tinham um traçado pré-estabelecido diferente do que conhecíamos como veredas e caminhos. 

EXEMPLO DE UMA DAS ESTRADAS SUBSIDIÁRIAS DA REGIÃO. FONTE: ARQUIVOS DO DNOCS. FORTALEZA - CE
A terceira fase é conhecida como Período da Lei Joppert. 
A política rodoviária adotada até a década de 40 não rendia grandes resultados e o modelo como previsto não tinha fôlego para enfrentar o desafio. Em 1945, o Ministro de Viação e Obras Públicas, Maurício Joppert da Silva submete à sanção do Presidente da República o Decreto lei  8.463 que confere ao DNER autonomia técnica e financeira e cria ainda o Fundo Rodoviário Nacional.  Com o DNER, o problema rodoviário nacional toma outra dimensão.
Em 1944, Getúlio Vargas adota um novo Plano Rodoviário Nacional onde explicitava que as estradas nacionais formariam três grupos de rodovias: rodovias longitudinais (norte-sul), rodovias transversais (Leste-Oeste) e rodovias de ligação (entre pontos diversos das duas anteriores).Entre as linhas tronco transversais estaria a estrada de Cabedelo, na Paraíba,  a Icó, no Ceará. 
O Decreto Lei n° 8463, de 27.12.1945 (Lei Joppert) concede autonomia administrativa e financeira ao DNER e institui o Fundo Nacional Rodoviário que começou a ser aplicado às rodovias do Polígono das Secas em 1947. Nesse mesmo ano, o Conselho Nacional Rodoviário passa a aprovar os projetos de estradas inscrito no plano rodoviário de 1946 inclusive os projetos ainda a cargo do DNOCS.
Em abril de 1947 a reunião das Administrações Rodoviárias discute os planos rodoviários nacional e estadual, as condições técnicas das estradas e a sua nomenclatura. As conclusões deste encontro passam a caracterizar as rodovias de 1947 a 1959.
Até 31.12.1950, o DNOCS construiu e entregou 6.745km do seu plano rodoviário e o DNER apenas a Transnordestina (BR 13) e a rodovia Fortaleza-Teresina (BR 22).
A partir de 1950, iniciou-se a pavimentação da BR 13, BR 22 e BR 25. Até o fim de 1957, foram concluídas 7869 km de linha tronco e 2482 km de estradas subsidiárias. Em 1958, fez-se necessária a suplementação do plano rodoviário para dar trabalho aos flagelados. Em função disso foram programadas um substancial número de estradas subsidiárias.
Na década de 40 começa a decadência do transporte ferroviário e inicia o apogeu do transporte rodoviário.  A justificativa seria mais agilidade e menor custo do transporte rodoviário. Nesta fase, a economia nacional entrava em uma nova fase: focava o mercado interno, descolava-se da dependência do capital britânico e se transferia para a área de influência e interesse do capital americano. Na realidade, essa decisão era guiada pelos interesses do capital internacional com a indústria automobilista quando esta se impõe como a grande vedete do capital internacional. É nessa perspectiva que na década de 50 se implanta no Brasil a indústria automobilística associada a um modelo internacional calcado na divisão internacional do trabalho e na modernização dependente. Para atender aos interesses deste modelo, a malha viária implantada no Brasil foi de alto custo por quilômetro transportado.
Como consequência, em 1950, o pais vê dobrar a malha rodoviária pavimentada em relação a 1945. Com a descentralização administrativa do DNER foram criados os Distritos Rodoviários Federais e nos anos 60 todas as capitais estavam interligadas por estradas federais com exceção de Manaus e Belém. A fundação da Petrobras, em 1954, que passou a produzir asfalto e a implantação da indústria automobilística nacional, em 1957, deram o impulso que faltava para a construção das grandes rodovias.
O governo Kubitschek, a partir de 1956, enfatizou o modelo rodoviarista impulsionando a construção de estradas e fortalecendo o seu papel na economia como vetor da integração nacional.
A concorrência do novo sistema introduziu pronunciado desequilíbrio financeiro na exploração das vias férreas pelo volume de massa que passou a utilizar-se do caminhão, com prejuízo da via férrea que era bem mais limitada em sua distribuição.
De 1909 até 1959 o DNOCS foi praticamente a única agência governamental responsável pela execução de obras de engenharia no Nordeste. Projetou e construiu a infraestrutura de comunicação na região Nordeste no que diz respeito a transportes (rodovias, pontes, portos, ferrovias, campos de pouso). Construiu ainda hidrelétricas implantando inclusive redes de energia elétrica e telegráficas. Até a criação da SUDENE foi ainda o único responsável pelo socorro aos flagelados da seca. Na sua época áurea, o DNOCS foi a maior empreiteira da América Latina. Construiu, no Nordeste, 22.600 km de rodovias, malha pioneira da atual rede rodoviária nordestina. A criação de órgãos especializados absorveu todas as ações estratégicas, não hídricas, por ele construídas reduzindo a sua importância, os seus recursos e o seu campo de ação.
Com o presidente Humberto de Alencar Castelo Branco foi estabelecido um novo Plano Rodoviário Nacional através do decreto Lei n° 142, de 02.02.1967. As rodovias passaram a ter outra denominação: Radiais ( as que partem da capital federal em direção às capitais estaduais ou pontos periféricos do país. Longitudinais (na direção Norte-Sul), Transversais (Leste-Oeste), Diagonais (Nordeste-Sudoeste e Noroeste-Sudeste), Ligações (as que ligam pontos das estradas anteriores) e acessos (as que se referem a pontos específicos: pontos turísticos, terminais marítimos, fluviais, ferroviários, aeroviários). Esse plano adotou o símbolo BR que é utilizado até a atualidade. Passa a ser denominada BR 230 com projeção de 4.918 quilômetros de extensão, a rodovia que parte de Cabedelo, na PB que terminaria em Benjamin Constant no Amazonas na fronteira com a Colômbia. Esta rodovia transversal encontra-se com a BR 116 no município de Ipaumirim próximo ao Distrito de Felizardo. Estas duas rodovias nos dão acesso praticamente a todo o Brasil. A instalação e organização no trecho entre Pombal até o entroncamento da BR 116 foi realizada  pelo 1° Grupamento de Engenharia de Construção do Exército Brasileiro sediado no estado da Paraíba. que finalizou a pavimentação do trecho que diz respeito a este estado no ano de 1972. O trecho Campina Grande – Pombal ficou a cargo do DER-PB. O Grupamento de Engenharia  também realizou, na Paraíba, outras estradas de rodagens com revestimento primário, ou seja não pavimentadas. Estas estradas permitem  ligação das zonas produtoras, o amplo uso do transporte rodoviário e dão um novo impulso ao Sertão.
A BR 116, na região de Ipaumirim, foi construída por um pool de empresas tendo à frente a Construtora Andrade de Gutierrez. A central de comando das obras na área ficou localizada no Sítio São Pedro no cruzamento que dá acesso a Lavras da Mangabeira  na continuação da BR 230. Para isto foi construída a casa sede, na época, em terras de herdeiros de Luiz Nóbrega e atualmente pertencente a herdeiros de Euclides Trigueiro. Ipaumirim está interligada à BR 116 pela rodovia estadual CE 286. Interliga-se à Baixio pela CE 151 e, através da antiga estrada Ipaumirim-Cajazeiras tem acesso à estrada estadual PB-417 que compreende o trecho entre Bom Jesus a Cajazeiras com acesso a BR 230. Dentro do próprio município, pequenas e precárias vias interligam sítios e ainda há ligações precárias com a Paraíba fora das vias convencionais que permitem rotas alternativas que passam ao largo da fiscalização convencional das rodovias.
Com esse post encerramos a nossa contribuição para o mapeamento dos caminhos de interligação desde as antigas estradas coloniais até as modernas vias que mudaram o perfil da nossa região. Através das estradas fomos integrados ao pais e ao processo modernizador. No próprio post que encerra esta série, pretendemos registrar como o processo modernizador foi trazendo uma nova dinâmica através das trocas comerciais, das mudanças de hábitos e de comportamento em nosso pequeno povoado.
BIBLIOGRAFIA
ADERNE, Sílvio. Evolução das Rodovias no Polígono das Secas. Ministério da Viação e Obras Públicas. Rio de Janeiro. Dezembro de 1960 (separata do Boletim do DNOCS, nº 06, vol 20, Novembro de 1959. Publicação n° 13, série II L.

MAIA, Sabiniano. Caminhos da Paraiba 1500-1978. Historia do DER PB João Pessoa. A União Cia Editora. 1978.  

MINISTÉRIO DA VIAÇÃO E OBRAS PÚBLICAS. INSPECTORIA FEDERAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS. LEI N° 175 DE 07 DE JANEIRO DE 1936. Rio de Janeiro, 1937.

MINISTÉRIO DA VIAÇÃO E OBRAS PÚBLICAS. INSPECTORIA FEDERAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS.INSPETOR MIGUEL ARROJADO RIBEIRO LISBOA. Estradas de Rodagem e carroçáveis construídas no Nordeste Brasileiro pelo IFOCS de 1919 a 1925. Rio de Janeiro, 1927.

MINISTÉRIO DA VIAÇÃO E OBRAS PÚBLICAS. INSPECTORIA FEDERAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS. Guia rodoviário interessado os Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Nortes, Paraiba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Baia. Rio de Janeiro, 1934.






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