VERDE QUE TE QUERO VERDE: APONTAMENTOS PARA IDENTIFICAÇÃO DA FLORA IPAUMIRINENSE (I)


MLUIZA
Minha tia Argentina que escreveu, aos 80 anos, um singelo livro de memórias narra  suas lembranças entre secas e invernos. Nos anos 80, faleceu tragicamente, em São Paulo, a filha de minha tia Dorinha. Na ocasião do velório onde a maioria presente era composta de migrantes nordestinos, cai uma garoa e ela faz a seguinte observação: ”Minha filha é tão feliz que Deus manda essa chuva para refresca-la”.  Numa das grandes secas que tivemos, minha tia Cristina me contou o seguinte episódio. Trazendo um dos netos, Maninho, para passar férias no Ipaumirim, o menino olha a paisagem pela janela do ônibus e faz a seguinte observação: “ Vovó, olha que lugar seco. Até parece o Nordeste”. Ele devia ter, na época, uns cinco anos.
Ao escrever esses pequenos relatos não estou falando de condições climáticas. Estou falando de pertencimento e significados que pautam as nossas vidas. De um lado, uma vivência marcada pelo convívio com a natureza e, de outro, a compreensão infantil sendo construída pela televisão.
A minha geração teve uma infância cuja baliza essencial foi o clima. Sertão seco é tristeza. Mas sertão verde é um apagador de tristezas. Sertão verde é remédio, alimento, beleza, fartura, frescor, brincadeira.  É subir em árvore, tirar fruta do pé, correr pelos matos. A intimidade visceral entre nós e a natureza marcou nossas infâncias, nosso sentimento e deve, portanto, marcar as nossas preocupações com a sua conservação.  Entre outros, é esse o motivo de fazer junto com os amigos do FB o levantamento das plantas com as quais convivemos e que, acredito, algumas já nem existem mais.
No mapa dos municípios cearenses susceptíveis a desertificação a situação de Ipaumirim é classificada como muito grave. Portanto é urgente a implementação de ações para preservação da nossa flora. Isso não depende apenas do poder público mas é também responsabilidade  de todos.
Fonte: IPECE
Essa série que hoje iniciamos não pretende esgotar o tema e não tem pretensões científicas. Não é um trabalho de natureza técnica. Vamos construir esse inventário em etapas de forma que o material está sempre aberto à intervenções, correções e qualquer informação que nos ajude a corrigir e/ou ampliar este levantamento.

NOSSAS PLANTAS

ALGAROBA - A algarobeira é originária do Peru. As sementes da algarobeira foram introduzidas no nordeste brasileiro em 1942. Os frutos são vagens amarelas, onde no seu interior estão depositadas as sementes. Suas flores são muito apreciadas pelos insetos, em particular pelas abelhas. Utilizada para reflorestamento, tem resistência à seca e produz madeira de boa qualidade para diversos fins. Também serve de alimentação para animais em períodos de seca. A espécie é uma grande consumidora de água e tem um grande potencial na invasão do bioma caatinga, onde ataca as espécies nativas.


Algaroba

Flor de algaroba
ANGICO - árvore com porte mediano, atingindo até 15m de altura, com casca grossa e muito rugosa. A madeira serve para estacas, mourões, lenha e carvão de elevado poder calorífico. A casca, rica em tanino, utilizada na indústria de cortume. As folhas são tóxicas aos animais mas secas ou fenadas constituem uma boa forragem.
Angico
Flor do angico
AROEIRA - A aroeira é uma planta medicinal também conhecida como aroeira-mansa, aroeira-brasileira, aroeira-vermelha, árvore-de-aroeira, entre outras denominações.  Pode ser A usada com diversos fins medicinais e também na fabricação de cosméticos. Sua madeira é valorizada para mourões, estacas, dormentes, vigas, linhas, caibros e peças torneadas. 
Aroeira
Flor de aroeira


BARAUNA –Também  conhecida pelos nomes de braúna-do-sertão, braúna-parda, coração-de-negro, pau-preto, pau-preto-do-sertão, entre outras denominações. A madeira é excelente para mourões, estacas e postes. Na construção civil é utilizadas para obras internas:  vigas, linhas, caibros, ripas, portais. Foi muito utilizada como dormentes para as ferrovias, pilões, moendas, prensas, pilão, cabos de ferramentas, entre outras aplicações.

Baraúna
Flor da barauna
CANAFISTULA - A canafístula produz sombra fresca no verão e perde parte ou todas as folhas no inverno. Sua floração é um espetáculo de flores amarelas sendo uma interessante opção para paisagismo. Sua madeira rosada e de boa durabilidade pode ser utilizada em trabalhos de marcenaria, construção civil e dormentes.


Canafístula
CATINGUEIRA – utilizada tanto como forrageira quanto como planta medicinal é também conhecida como pau de rato. Sua madeira é utilizada como estaca, mourão, cabos de ferramentas, e ainda na confecção de cercas e outras construções rústicas. Também utilizada como lenha e carvão.  
Catingueira
Flor da catingueira

CUMARU - árvore de porte médio. Espécie ornamental de floração vistosa. . O néctar de suas flores é uma fonte de carboidrato e energia muito importante para as abelhas. Sua madeira é empregada na confecção de mobiliário fino, em esculturas, lambris, balcões e marcenaria em geral. 
Cumaru
Flor de cumaru
Aguardem a próxima etapa. Essa série conta com a valiosa participação de Chico Farias, Federalina Quaresma, Gildaci Leandro, Gizeldina Macedo, Irma Macedo, Josenira Brasil, Lúcia Dore, Magna Gonçalves, Nilda Josué Alves, Pedro da Nóbrega Jorge e Salete Vieira. 
MLUIZA
RECIFE
13.05.2018 
Você também pode participar. É só enviar suas informações para luizanobrega_ufpe@yahoo.com.br ou diretamente pelo face. 

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