VERDE QUE TE QUERO VERDE: APONTAMENTOS PARA IDENTIFICAÇÃO DA FLORA IPAUMIRINENSE (VIII)

(CONTINUAÇÃO DO INVENTÁRIO DAS NOSSAS PLANTAS)

PEGA PINTOpopularmente conhecida também pelas denominações erva tostão, beldroega-grande e bredo-de-porco, esta planta de origem nacional é indicada para tratar uma série de problemas de saúde. Constituída por amido, ácido boerhávico, boerhavina, lipídios, matéria sacarina, sais inorgânicos (nitratos), substâncias gomosas e pécticas é   conhecida como uma das ervas rasteiras mais utilizadas na medicina natural para tratar problemas hepáticos, problemas nas vias urinárias, entre outros. A parte mais utilizada é a raiz, que integra a receita de um chá natural que apresenta propriedades antissépticas, anti-inflamatórias e diuréticas. Os frutos são pequenas cápsulas com pêlos glandulares que se aderem à roupa e à pele.
Pé de pega pinto
Flor de pega pinto


QUEBRA PEDRA – Originária da Ásia e Europa, ela é facilmente encontrada, já que costuma nascer até mesmo nos espaços entre pedras e entulhos, sendo comumente encontrada entre fendas de muros, em quintais e calçadas. Por possuir excelentes propriedades medicinais o seu uso atravessa gerações.  Possui muitas propriedades entre as quais a mais conhecida é a sua eficácia no combate aos problemas renais.   Na medicina popular, produz-se o chá a partir de folhas e/ou raízes. Por ser uma planta que possui fortes substâncias, é contraindicado que seu consumo dure mais de 21 dias, podendo causar intoxicação.
Pé de quebra pedra
Flor de quebra pedra
QUINA-QUINA -  planta arbórea amplamente distribuída no Brasil. A árvore é muito ornamental, ocasionalmente utilizada no paisagismo, contudo hoje é muito rara pelo extrativismo predatório (retirada da casca para fins medicinais). É na medicina natural que esta planta tem sua maior importância para a população. O chá de sua casca é popularmente utilizado como diurético, como abortivo e no combate à dor e à inflamação. Pode também ser utilizada como cicatrizante sob forma de banhos e compressas. As pesquisas farmacológicas têm descoberto outras finalidades.  Contraindicada na gravidez, amamentação, úlcera gástrica ou duodenal.
 
Casca de quina quina

Flor de quina quina
SABUGUEIRO – planta nativa da Europa, oeste da Ásia e norte da África que se disseminou facilmente pelo mundo todo.   É uma planta medicinal e ornamental, muito usada em quebra-ventos e cercas-vivas. A utilização do sabugueiro para fins medicinais, culinários e cosméticos era já conhecida dos povos pré-históricos e muito popular entre os gregos e os romanos. O chá das flores secas do sabugueiro é utilizado contra resfriados, gripes, anginas e nas enfermidades eruptivas, como sarampo, rubéola, varíola e escarlatina, por provocarem rapidamente a transpiração. O chá das cascas, raízes e folhas é indicado para combater a retenção de urina (efeito diurético) e o reumatismo. Além disso, o chá da frutinha purifica o sangue e limpa os rins. Como alimento, o sabugueiro é muito apropriado para sobremesas e compotas e pode conservar-se como suco, geleia. Com os frutos se faz uma bebida alcoólica e certos fabricantes usam flores para dar gosto de moscatel ao vinho comum. Bagas combinam também com preparação de maçãs, guisados, pastéis, tortas e xaropes. Também se usa como aromatizador de compotas de frutas, saladas, pudins gelatinosos. Na cosmética, a infusão de sabugueiro é usada para clarear e amaciar a pele, em cremes contra rugas, loções tônicas e loções para os olhos. As flores do sabugueiro, são muito utilizadas no fabrico de sabonetes, cremes e loções para peles sensíveis, sendo a água de flores de sabugueiro uma apreciada loção pós-barba. Sua madeira pode ser utilizada na confecção de instrumentos musicais. Na medicina popular, no Brasil, é muito usado no Brasil contra sarampo e catapora em banhos e infusos, mas não há referências experimentais ou científicas que confirmem ou excluam esse fato. A planta também tem seu uso mágico. O sabugueiro é indicado para pessoas que estão sempre temendo perder o controle das situações. Medo do descontrole sobre as atividades do corpo físico, como no caso de tremores, tiques nervosos, enurese noturna, pesadelo, gagueira e roer unhas. Útil nos casos de estados obsessivos, na agressividade verbal e física, na agitação corporal e sempre que houver desorganização nas atividades do corpo físico. O sabugueiro reconstitui o EU, traz confiança, e amplia os sentidos. É ótimo para pessoas que se sentem embotadas, sem conseguir agir, vendo toda sua vida através de um esquema nebuloso.
Pé de sabugueiro
Flor de sabugueiro

TRAPIÁ – o nome vem do tupi guarani e quer dizer “fruta de anta”, pois esse mamífero tem grande predileção por essa fruta. A polpa pode ser consumida com a ajuda de uma colher, colocando porções na boca e chupando e jogando fora as sementes. Os frutos sem casca podem ser usados para enriquecer sopas de legumes. A arvore tem magnífica floração e com grande produção de frutas. Adequada a projetos de reflorestamentos. Sua madeira é utilizada na construção, forros, caixotes, cabos, coronhas, tamancos e canoas. Na medicina popular, são utilizadas a entrecasca, as folhas e a seiva. A polpa pode ser consumida com a ajuda de uma colher, colocando porções na boca e chupando e jogando fora as sementes. Os frutos sem casca podem ser usados para enriquecer sopas de legumes. Os frutos também servem de alimento para a fauna nativa e como isca por pescadores. . 
 
Pé de trapiá
Flor de trapiá
URTIGA –  planta muito comum em jardins, beiras de estrada e campos. Antigamente, a urtiga foi muito usada como alimento pois é riquíssima em ferro e outros nutrientes importantes bem como na medicina popular por sus propriedades curativas.  No gênero Urtica existem várias espécies e todas elas expelem ácido fórmico à distância de até 1 metro. O contato com a pele pode gerar uma urticária bastante incômoda, com ardor que pode durar horas. Todas as urtigas são adequadas ao preparo de sopas e refogados pois sua riqueza em ferro e outros sais minerais fazem desta verdura um coadjuvante interessante para as pessoas que sofrem de anemias ou enfraquecimento geral. Como verdura, após cozida ou refogada, a urtiga tem sabor suave e agradável, que lembra o espinafre. Rica em proteína vegetal bastante usada em receitas veganas e vegetarianas. A urtiga é rica ainda em vitaminas (B, C e H), magnésio, ferro, oligoelementos, betacaroteno, aminoácidos, proteínas, cálcio, sais diversos e fosfatos. Ela é considerada medicinal para gota, reumatismo, anemia e processos inflamatórios. Seus cremes e unguentos são úteis em casos de contusões, queimaduras, urticárias, dores musculares e reumáticas. No comércio fitoterápico são encontrados para venda em forma de chá e cremes. Ela também produz uma fibra que pode ser tecida para confecção de vestuário e era muito utilizada, por essa sua característica, em regiões onde o linho não era disponível.

Pé de urtiga
Flor de urtiga
VASSOURINHA DOCE – planta herbácea nativa da América Central e do Sul é também conhecida como vassourinha de botão, entre outras denominações,  é uma  é uma espécie anual que ocorre principalmente em locais abertos e em solos arenosos. Suas flores são pequenas, brancas e disponibilizam néctar e pólen para muitas espécies de insetos. As abelhas nativas são visitantes frequentes das flores dessa espécie. Ela também pode ser plantada em jardins residenciais. Esta planta é historicamente utilizada pela população cabocla e na medicina popular, além de também fazer parte da farmacopeia homeopática. Os principais componentes ativos da herbácea são os ácidos graxos (esteárico, mirístico e linoleico), adrenalina, amelina, mucilagem, glicose, azeite viscoso, taninos, alcaloides, dentre outros. Tem múltiplas aplicações na medicina popular. Todas as partes da planta podem ser utilizadas no preparo de chás e infusões. A vassourinha doce também é usada de modo externo, em banhos de assento. O emplastro de suas folhas verdes vaporizadas é utilizado nas picadas de inseto. Com a tintura, é preparado um xarope.
Pé de vassourinha doce
Flor de vassourinha doce
VELAME - arbusto cheio de pelos, tanto pelo caule como pelas folhas, que não passa de 1 metro de altura, no máximo dois. O velame possui folhas bem grossas e ásperas, que liberam um odor relativamente agradável em virtude de gases que se desprendem do óleo presente principalmente nas folhas. As flores do velame, apesar de miúdas são muito belas devido sua estrutura alongada formando uma inflorescência que atrai atenção de animais polinizadores como a abelha, que usa o néctar desse arbusto para produzir um mel de coloração bem clara. Na parte superior do cacho de flores brancas e belas, estão às flores macho e na parte inferior, do cacho, se encontram as flores fêmeas. Tem propriedades medicinais que envolvem sua ação como depurativo, desobstruente e diurético.
Pé de velame
Flor de velame
CANSANÇÃO - nome vulgar dado a várias das espécies de vegetais das famílias das urtigas. Também conhecida como urtigão, o seu efeito é maior e mais agudo. A urina, por seu alto teor de ureia, é um antídoto eficaz, se aplicado imediatamente após o contato. Entretanto é uma planta usada na culinário pelo alto valor proteico. Tem propriedades medicinais que atuam para combater e tratar variados tipos de enfermidades e problemas. Os seus princípios ativos correspondem ao acetilcolina, histamina, nitrato de potássio, ácidos gálico, ácidos fórmico, caroteno, enxofre, cálcio, potássio, vitamina C, tanino, silício e magnésio.
Pé de cansanção
Flor de cansanção
CARRAPICHO - erva nativa do Brasil. Pequena e rasteira, é e possui ramos que podem chegar aos 50 cm de comprimento. Suas flores têm coloração rosada e são pequenas, e seus frutos tem formato semelhante ao de vagens que são conhecidos como carrapichos por grudarem facilmente na roupa e nos pelos daqueles que passam. Possui ação vermífuga, tranquilizante, sedativa, hipotensora, hipotensiva, expectorante, estimulante, emoliente, diurética, depurativa, cicatrizante, catártica, carminativa, antisséptica, antimicrobiana, anti-inflamatória, antiespasmódica, antibiótica, antibacteriana e adstringente.
Pé de carrapicho
Carrapicho
PAPOULA – usada na culinária há muito tempo pelos povos gregos e romanos, ainda sendo consumida em regiões do Mediterrâneo. O fruto proveniente da planta é fonte de produção da heroína, codeína e morfina. Atualmente, as sementes são usadas para dar sabor a molhos de salada e pratos assados. Ricas em ferro, fósforo, fibras, tiamina, riboflavina e vitamina B, as sementes de papoula podem ser usadas para, além de dar sabor aos molhos, tratar algumas doenças e ainda como afrodisíaco natural A papoula é recomendada na forma de infusão para combater sintomas de estresse e ansiedade entre outras indicações. As pétalas podem ser utilizadas em saladas. Também utilizada em forma de xarope. 
Papoulas

OITICICA - planta típica do sertão nordestino. Tem grande importância, quer pelo aspecto ambiental de ser uma espécie arbórea perene sempre verde que preserva as margens dos rios e riachos temporários na região da caatinga, quer como espécie produtora de óleo. Além de ser empregada na indústria de tintas de automóvel e para tintas de impressoras jato de tinta, além de vernizes, biodiesel e na apicultura, a Oiticica também é utilizada como planta medicinal. Rica em iodo, é anticorrosivo, impede a formação de crostas e se usa na produção de borrachas, lonas de freios, tintas e vernizes.
Flor de oiticica
Pé de oiticica


ARROZ – lembro que o meu avô e o meu pai plantavam arroz nas vazantes dos açudes mas não lembro a variedade. Era um arroz do grão pequeno, comum na região. Com ele se fazia o arroz branco, o baião de dois, o arroz de leite e o arroz doce. Lembro ainda que ninguém lá de casa gostava do que chamávamos arroz vermelho. Não tenho a mínima ideia porque, às vezes, aparecia esse tipo arroz entre as sacas de arroz branco que vinham lá do nosso sítio. Se não me falha a memória, o grão era de tamanho similar ao arroz branco. Era bem parecido com a variedade que se chama arroz da terra cultivada no Rio Grande do Norte. Com certeza, não era a mesma variedade do arroz vermelho que hoje compro nas lojas de produto natural. Tirava-se a casca socando no pilão. Depois, apareceram as descaroçadoras mecânicas. (mluiza)
Arroz
Arroz da terra/arroz branco

Pilando arroz
Descaroçadora de arroz dos anos 70
FEIJÃO- não lembro que variedade de feijão se plantava. Mas lembro como batiam o feijão para tirar a casca e lembro das debulhas que funcionavam como um mutirão. No Sítio São Pedro, as debulhas eram muito animadas. Eu era criança e adorava ver aquela animação. Era uma festa. Até que um dia houve uma tragédia passional durante uma debulha e meu avô acabou com esse mutirão que era um interessante espaço de sociabilidade entre os que ali viviam. (mluiza
Debulha de feijão
MILHO – não lembro a variedade de milho que se plantava mas tenho bem claro o que significava uma boa safra de milho. O plantio, a expectativa do inverno, a colheita e as festas que fechavam o inverno onde o milho era o principal protagonista. São João e São Pedro. As adoráveis comidas de milho, o cuidadoso processo de transformar o grão em pamonha, canjica, cuscuz e bolo. O milho assado no braseiro ou cozido na panela. O moinho manual. Depois, tocava tirar a palha do milho já seco, debulhar e guardar nos silos de zinco até chegar a hora de utiliza-lo. (mluiza)
Debulha manual de milho
Silo de zinco
Moinho doméstico

ALGODÃO – Sobre o algodão há muito que falar. O ciclo do algodão foi fundamental para a nossa região. Plantar, colher, comercializar, beneficiar trouxe-nos riqueza, ocupação e renda. Guardo este tema para explorá-lo posteriormente pela sua importância que demanda informações mais detalhadas por tudo o que significou para nós. (mluiza)

Roça de algodão
Capulho de algodão
Aguardem a próxima etapa. Essa série conta com a valiosa participação de Chico Farias, Federalina Quaresma, Gildaci Leandro, Gizeldina Macedo, Irma Macedo, Josenira Brasil, Lúcia Dore, Magna Gonçalves, Nilda Josué Alves, Pedro da Nóbrega Jorge, Vania Maria Rolim, José Ribeiro, Salete Vieira, Vanuza Brasil, Josecy Almeida e José Gomes de Holanda.

MLUIZA

RECIFE
25.05.2018

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