CUPCAKE NORDESTINO


MLUIZA



Tudo bem, eu sou implicante. Mas não tem que aguente aquela voz insuportável de quem parece que tem uma pitomba presa na garganta - digo, da Carolina Ferraz, na novela Avenida Brasil -  falando em cupcake. Vocês observaram quantas vezes ela repetiu a mesma palavra num só dia? Ainda bem que as barraqueiras xikis e chifradas acabaram a inauguração da loja. Ia ter quem aguentasse a Globo querendo enfiar o hábito de falar cupcakes? Daqui a pouco não teria um batizado, um aniversário, um casamento, um enterro, uma vaquejada sem cupcakes. Aliás, em termos de costumes, essa novela não perde para nenhuma. Nina não acerta uma naquela mania de vingança, mas todo dia faz a felicidade dos suburbanos com comidinhas diferentes. Aposto que metade do Brasil está fuçando o google atrás das receitas. E aquelas degustações pré-festa oferecida pelo serviço de buffet? Outro dia vi que já tem até buffet de churrasco. Daqui a pouco vai ter um buffet de buchada. Ou será que já tem? Tá, voltando à novela, também teve aquela aula sobre como abrir uma garrafa de vinho. Xikiteza ao alcance de todos enche o saco. Agora que todo mundo pode ter tudo desde que pendurado nos crediários e empréstimos, vamos explorar a gastronomia e os hábitos mais sofisticados.  Como é duro aprender a ser phino! 
Eu, graças a Deus, continuo fiel ao meu velho bolo de bacia que tem em todo lugar mas em poucos são bem feitos como merecem e precisam ser. Melhor do que isso só caldo de cana com pão doce. E bolo de caco com café bem fresquinho? Afffffff..... Viva a gastronomia sem frescura, aquela que a gente come todo dia na casa da maioria que tem o que comer porque existem muitos que nem isso.  É o que precisamos aprender: valorizar o que temos e nos preocuparmos com quem não tem. Buscar alternativas para transformar o mundo em algo mais justo e humano.  Depois, quem quiser pode comer seus cupcakes para se sentir distinto. Fique à vontade. Eu continuarei fiel ao meu bolo de bacia. Isto é, se ainda sobrar alguém que tenha a receita. Pronto, falei.
MLUIZA
Publicado no alagoinha.ipaumirim em 01.06.2012

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