FRANCISCO JOAQUIM FARIAS |
Foto do arquivo de Anchieta Nery anteriormente
publicado no alagoinha.ipaumirm
Começou assim
Era o já distante ano de 1962. O prefeito de
Ipaumirim, já no último ano de mandato era o Sr. Alexandre Gonçalves.
Exatamente por essa época, com o apoio decisivo do Dr. Jarismar Gonçalves, seu
filho, começaram a ser adquiridos pela Prefeitura os primeiros instrumentos, e
teve início, com sede provisória no Clube Recreativo de Ipaumirim - CRI, a
minha inesquecível banda de música municipal de Ipaumirim, a primeira na
espécie.
Muito se tem falado sobre esse projeto, de duração
tão efêmera, porém tão marcante para os que tiveram a felicidade de vivenciar
aquela época, tão recheada de alegrias e emoções, porém muitas verdades são
desconhecidas e outras, não se sabe por que, nunca foram reveladas.
Foi no dia 07 de setembro daquele corrente ano de
1962 que a bandinha, pela primeira vez, fez ecoar seus acordes pelas ruas da
cidade. Estava, naquela festiva data de comemoração da Independência, lançado
em Ipaumirim aquele que foi, até o presente momento, o projeto que mais revelou
talentos na arte, com alguns conhecidos em todo o Estado e alhures.
Sob a competente regência do maestro Rivaldo
Antonio Santana, pernambucano da cidade de Vitória de Santo Antão, que aportou
em Cajazeiras participando da orquestra de um circo e, por lá ficou, saiu a
banda, em sua primeira aparição pública, com o repertório contendo tão somente
duas peças musicais, o Hino Nacional Brasileiro, com arranjo simplificado, e o
dobrado Capitão Caçula (Marcha do Soldado).
Era a seguinte a formação inicial da banda, com a
participação especial de 02 (dois) músicos forasteiros que nos visitavam na
ocasião:
Trombone de pistos e Regência: Alceu Laurentino
Contra-baixo: Maurício Lustosa (Cabo Maurício de
João Leandro) e Zé (Tiburtino) Filho
Saxofone Alto: Aldeízio Nery
Clarinetas: Edson (filho de Antonio Laurino) e Zé
Henrique
Pistões: Zé Gomes e Varneau Lopes
Trombone de Vara: Artista (Francisco de Vicente
Ferreira)
Trompas: Besouro, Chiringa e Vicente Carvalho
Bombardino: Zé (ou Chico) Cassiano (um dos
visitantes); o outro, cujo nome não me vem à memória, usou instrumento
(trombone se não me engano) de sua propriedade.
Arquivista: Zé Omar
Percussão:
Caixa: Vicente Crispim (mala véia, filho do Sr.
Aurélio Crispim)
Surdo: Zé Aldenor
Bombo: Zé Strauss
Pratos: Chico de Áurea (Pissica)
Assim terminou o sonho
Com essa formação, nos seguintes 06 (seis) meses,
apenas mais um dobrado, denominado Miracema Cidade, foi acrescentado ao curriculum da banda. Era muito pouco
para tamanha expectativa do início.
Entretanto, após a data de 15 de março de 1963,
quando houvera assumido a Prefeitura o Sr. Expedito Dantas, que teve uma
atuação marcante no apoio incansável que sempre dedicou ao projeto, teve a
banda a mudança de sua sede para o sobrado vizinho ao mercadinho de Donato
Crispim.
Ali, sim, a partir de meados do ano de 1963, com as
providenciais substituições de várias peças que insistiam em não desenvolver o
aprendizado da arte, e, com a entrada de vários jovens que se estavam
destacando no domínio da teoria musical, experimentou a bandinha um processo de
contínuo desenvolvimento, que só parou com a sua extinção, coincidentemente no
dia 16 de março de 1967, um dia após tomar posse o novo Prefeito da cidade.
É que, motivado por questiúnculas políticas, tão
presentes naquele momento de nossas vidas, o senhor Prefeito houve por bem reunir
os integrantes da banda para saber qual dos integrantes iria manifestar, em sua
presença, que tinha preito de gratidão ou reconhecimento pelo que fizera até
então pela banda o seu Diretor Comercial, Sr. José Henrique Silva. Naquele
momento foram excluídos (usando o termo do próprio prefeito) da banda os
seguintes músicos: Luis Carivaldo, Besouro, Zé Gomes, Chiringa, e os Chicos, de
Alberto, de Áurea e Farias, que se pronunciaram em termos que o político não
quis aceitar.
Como o projeto se desenvolveu
Eis como ficou a formação básica da banda entre o
início do ano de 1963 até 1967, sem praticamente qualquer alteração exponencial
no período:
Trombone de vara e regência: Rivaldo Santana
Maestros (para rápidas substituições): Mestre Cirilo
(Banda de Umari e o músico pernambucano Torres, que, como o maestro Rivaldo,
que o avalizou, vivia em Cajazeiras-PB.
Contra-baixo: Chico
de Alberto e Maurício
Saxofone alto: Aldeízio
Saxofone tenor: Zé Henrique
Clarinetas: Edson e Zé Strauss
Pistões: Zé Gomes e Chiringa
Trombone de Vara: Luis Carivaldo
Trombone de Pistos: Besouro
Bombardino: Alceu
Trompas: Chico
Farias, Nino de Maúrde e Vicente Carvalho
Arquivista: Zé Omar
Percussão:
Caixa: Vicente de Aurélio
Surdo: Zé Aldenor
Bombo: Zé
Francisco (vulgo pão-sem-bico, irmão de corrupiu, casado com Maria filha de
Antonio Baraúnas)
Pratos: Chico de Áurea
Começou a bandinha, já no primeiro semestre do ano
de 1963, a acrescentar a seu repertório os seguintes temas musicais: Marcha
Solene, Alírio Alves, Os Palhaços, Os Ingratos e 213.
O ano de 1964 foi só a confirmação do sucesso do
ano anterior, a começar pelo primeiro carnaval no CRI que foi animado pelo
grupo musical da própria cidade. O ano de 1964 foi marcado por dificuldades,
principalmente a de contar com o Maestro Rivaldo, que, já conhecido na região
por sua notória capacidade, respondia por projetos musicais de algumas cidades.
Mesmo assim, sob a regência do maestro Torres, a
banda incorporou ao seu repertório os seguintes dobrados, todos clássicos do
gênero: Saudade de Minha Terra, Sargento Calhau (Cisne Branco) e 220. Nesse
mesmo ano, começou a banda a ser requisitada para animar as festas de
padroeiros das cidades vizinhas, o que lembramos com bastante saudade.
Vem o ano de 1965, o movimento da jovem guarda,
liderado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia incendeia o País de
ponta a ponta. No entanto, é com as marchinhas marciais e dobrados que
encantaram plateias durante a segunda guerra mundial que a banda de música de
Ipaumirim delicia os apreciadores de música daquela romântica geração.
Por essa época, minha memória não consegue precisar
exatamente o ano, mas julgo que tenha sido o início do ano de 1967, a banda,
que animava e era presença festejada em todos os acontecimentos sociais do
município, teve uma experiência que marcou o sentimento do narrador: a de ter
ensaiado, no antigo Grupo Escolar de Santa Bárbara, por um dia inteiro e parte
de uma noite, seguidos, para aprender e executar, de última hora, uma única
música (marcha fúnebre), executada com muito sentimento e perícia no réquiem a
uma personalidade pordemais especial e querida do nosso município, D. Maria
Nóbrega.
Um fato que marcou o ano de 1965 para nossa banda
foi que ela apenas se apresentou regularmente, não tendo acrescentado nada de
novo a seu repertório.
O motivo foi, com a necessidade de movimentar o
Clube Recreativo de Ipaumirim - CRI, notadamente na gestão do presidente Zé
Saraiva, quando se promoviam grandes bailes, foi composta por um apêndice da
banda a Orquestra a que tempos mais tarde foi dado o expressivo nome de
ORQUESTRA MARAJAÍG, nome de origem na língua tupi-guarany, que faz alusão a um
antigo Fortim localizado em morro às margens do Riacho Pajeú, em Fortaleza-CE,
salvo lapso de memória.
Essa Orquestra, que teve um copioso trabalho de
ensaios, pela inexperiência dos músicos em atuar em um novo segmento, a música
popular, teve a oportunidade de associar a qualidade notável dos arranjos do
Mestre Rivaldo Santana com o enorme talento e beleza da voz de Aldeízio Nery,
então no auge de sua vida de cantor. O repertório era composto pelos mais
recentes sucessos românticos veiculados na época pela Difusora Rádio Cajazeiras
e Rádio Alto Piranhas e também pelo melhor da música de antanho executada nos
elegantes bailes da região.
Muitos foram os eventos sociais em Ipaumirim em que
a nossa bandinha registrou a sua presença. Dá muita saudade lembrar das
alvoradas, na calçada da igreja, sempre ao amanhecer. Das retretas na praça
Cel. Luis Leite da Nóbrega, sempre com grande público a prestigiar os seus
artistas, pois havia orgulho da população e um profundo respeito pela qualidade
do trabalho executado, num reconhecimento do esforço pessoal de todos, que era
demonstrado nos incontáveis e extenuantes ensaios a que se submetiam
diariamente.
Memoráveis e que lembramos, também, com muitas
saudades, foram as grandes festas, sempre com a nossa bandinha como atração,
que a população de Ipaumirim dedicava a cada chegada à cidade de seu Deputado
Estadual Dr. Francisco Arruda.
Sempre que requisitada, principalmente pela
Administração do Município, a banda se fazia apresentar com o melhor que havia
no gênero. Havia esmero e até perfeccionismo na execução do seu trabalho,
agradando e até surpreendendo a todos que tiveram a oportunidade de acompanhar
as suas apresentações. Até mesmo exercitar “ordem unida”, para tocar, quando em
deslocamento, sempre de maneira uniforme, em marcha, a banda exercitou.
Começava, então, o desenvolvimento profissional de
alguns integrantes, facilitado pelas indispensáveis lições de teoria musical
que nos eram pacientemente passadas pelo mestre Rivaldo. Os primeiros a se
destacar no quesito “divisão” (habilidade de leitura de partitura musical)
foram Edson, Chiringa e Carivaldo.
Zé Gomes, filho de D. Antonia Jardineiro, nos anos
de 1965 e 1966 foi requisitado para tocar o Carnaval na famosa Orquestra
Amanaíra, do Cajazeiras Tênis Clube, principal agremiação social daquela
importante cidade da Paraíba. Também participou dessa mesma Orquestra, no ano
de 1966, o nosso contra-baixista Chico de Alberto Moura, o que comprova o
progresso profissional que os integrantes de nossa bandinha vinham
experimentando.
O ano de 1966 estava se iniciando e a primeira
bandinha, talvez já pressentindo a proximidade de seu final, pois esse seria o
último ano de sua existência, retomou a trajetória, novamente sob a batuta do
Professor Rivaldo Santana, de introduzir em seu programa os clássicos do
gênero. Além das valsas Branca e Danúbio Azul, passaram a fazer parte do seu
repertório os seguintes dobrados: Batista de Melo, Dois Corações, Bombardeio da
Bahia, Coronel Borges, Weril e, por ironia, o último dobrado que foi executado,
com o fatídico título de Infelizes Artistas.
Dos paramentos
Contrastando com a reconhecida qualidade do
trabalho apresentado, teve a bandinha, durante os breves 05 (cinco) anos de sua
existência, 02 (duas) indumentárias, ambas de uma simplicidade franciscana, que
passaremos a, de uma forma meio desajeitada, pois reconhecemos não ter qualquer
habilidade para o mister, descrevê-las:
1ª Farda: Do início da banda até meados de 1963:
Calças brancas
Sapatos pretos
Camisas azuis de mangas curtas, modelo simplificado
ao máximo, na tonalidade turquesa, com bolso único do lado esquerdo onde era
fixada a lira (símbolo da música - a nossa era uma insígnia-broche muito
humilde, na cor dourada, confeccionada em latão leve).
2ª Farda: Meados de 1963 até o final da banda:
Calças brancas
Sapatos pretos
Túnica vermelha, de mangas compridas, em tecido
simples, na tonalidade vinho, com o fechamento contendo muitos botões brancos,
próximos uns dos outros, em forma de bola com pequena dimensão.
Gorro branco, muito assemelhado aos que eram usados
pelos soldados de polícia da época, mudando apenas a cor, adereço onde passaram
a ser afixadas as liras.
Carnaval de 1967 em Brejo Santo-CE
Essa foi
a última façanha desse grupo maravilhoso, que ainda hoje é lembrado com saudade
pelos que habitavam a Ipaumirim daqueles anos. Tocar o Carnaval no principal
clube de Brejo Santo, cidade da região do Cariri que mais investia nessa grande
festa, era tarefa para quem fosse possuidor de um trabalho de muita qualidade.
Muitas dificuldades foram registradas nesse episódio.
Começa que, no início dos ensaios fomos surpreendidos com a decisão de Alceu e
Aldeízio, dois importantes componentes, de se desligarem da Banda.
A substituição de Alceu, a par de ser um músico
esforçado e com alguma liderança no grupo, não era problema àquela altura. O
mesmo não se pode dizer de Aldeízio, pois, além de sua reconhecida competência
tocando saxofone, havia sido, até aquele grave momento, o único cantor que a
orquestra teve. Foi então, às pressas, Strauss transferido da clarineta para o
saxofone alto, tendo obtido rápido e eficiente progresso nessa nova função e
correspondido plenamente ao que dele se esperava.
Problemão seria encontrar na cidade, com
pouquíssimos dias para ensaios, uma solução para substituir Aldeízio como
cantor da banda. No sufoco, começou o maestro Rivaldo a fazer testes com alguns
candidatos, que apresentavam, invariavelmente, uma falta de vocação desoladora
para o ofício.
Lembra-se bem o narrador, sempre participando e
acompanhando atento a todos esses acontecimentos, que, dos muitos que foram
testados os dois que mais se aproximaram foram João Galdino, irmão de Zé Gomes,
mais tarde apelidado de Joãozinho Aboiador e Leonardo, filho do Sr. Manoel
Sapateiro.
João teve a dificuldade de pouco conhecer as letras
das muitas músicas que compunham o repertório, além da pouca habilidade com as
“letras”. Bom ledor, com bela e potente voz de seresteiro, Leonardo esbarrou
numa dificuldade intransponível, foi constatado que era um cantor arritmico
(diz-se na música que é pessoa que não tem a percepção quando está cantando, no
caso em análise, dentro ou fora do ritmo).
Decidiu então o maestro, haja vista a preocupante
falta de tempo para encontrar solução, que o cantor sairia dentre os próprios
integrantes da banda.
O primeiro a se candidatar para o complicado
desafio, Vicente de Aurélio, baterista da orquestra, conseguiu, de forma
surpreendente, convencer a todos que estavam naquele ensaio que esse aparente
problema estava resolvido. Possui boa e afinada voz, muita musicalidade, conhecia
de perto todo o trabalho que o grupo ia executar e, com um enorme talento como
músico até então inexplorado na banda aproveitou a oportunidade tendo um
desempenho muito seguro como cantor, e acabou merecidamente muito elogiado
naquele inesquecível carnaval.
Partia assim a banda para o Brejo Santo, numa
nublada manhã de sábado gordo, saindo da Praça São Sebastião, num ônibus que
veio dessa cidade, que, de tão velho e feio, muitos duvidavam que conseguisse
chegar a Felizardo sem dar “o prego”, não deu, para animar aquele que, até
hoje, é considerado por muitos que dele participaram um dos melhores carnavais
já realizados naquela cidade.
A recepção não poderia ter sido mais desastrada. É
que, os contratantes, Diretores do clube que firmaram o negócio assistindo a
ensaio em Ipaumirim, que nos receberam pessoalmente, de pronto passaram a
procurar dentre os integrantes da banda um certo músico que, discretamente
localizado na bancada (a regência já estava sendo feita pelo mestre que iria
assumir no Carnaval, Luis Carivaldo) esbanjava vigor e categoria de músico
diferenciado em seu vistoso trombone de vara de fabricação alemã, da marca
selmer, único instrumento da banda na cor dourada.
É claro que se tratava de Rivaldo, que, naquele ano
não havia sido liberado por Mozart, presidente do Tênis Clube de Cajazeiras e
dono da Amanaíra, para nos acompanhar, como o fizera antes algumas vezes.
A pressão foi muito grande, não a ponto de em nada
abalar o Diretor da banda, que, no seu estilo pessoal de resolver essas
questões, sempre frio e decidido, perguntou ao presidente do Clube, se, aquele
mesmo ônibus, que ainda estava por perto, iria nos levar de volta naquele
instante, ou se precisava ele próprio fretar, do seu bolso, um outro. Aí os
homens entenderam que não estávamos ali para brincadeira, e, naquele momento
raciocinaram que não iriam mesmo encontrar qualquer outra banda disponível, já
no primeiro dia de carnaval.
Mudaram candidamente o tom do discurso, e, em forma
de pedido, foi aceita a ideia deles, de, naquele sábado de carnaval a banda se
apresentar na principal praça pública da cidade, por uma hora, para estimular o
público.
Precisamente às l8h30min. começamos a dar um
verdadeiro show de frevos instrumentais na praça da cidade. Logo começou a
juntar tanta gente para nos ouvir, que, a sensação era a de que ninguém naquele
momento ficou em suas casas.
Atônitos com a repercussão positiva e com os
comentários elogiosos ao trabalho, os Diretores esqueceram-se totalmente da
desconfiança inicial naquela banda, que era composta em sua maioria por
adolescentes entre 14 e 17 anos. E, após 15 (quinze) minutos – não deu nem pra
esquentar - que debulhamos os frevos clássicos de Pernambuco (Zé Pereira,
fogão, vassourinhas, etc.) foi-nos dada a ordem para parar, pois todos estavam
satisfeitos.
Depois, foi só confirmar o que todos já esperavam.
Foi uma aula de competência musical cada apresentação da banda, que tinha da
simpática e atenciosa população daquela cidade o tratamento dispensado a
categorizados artistas.
Eis como estava a formação:
Regência e Trombone de Vara: maestro Luis K rivaldo
Cantor: Vicente de Aurélio
Trombone de Pistos: Besouro
Saxofone alto: Zé Strauss
Saxofone tenor: Zé Henrique
Piston: Zé Gomes
Piston: Chiringa
Contra-baixo: Chico de Alberto (que levou também,
por sua conta, o Bombardino, com que executou vários frevos instrumentais, fazendo
muito sucesso com o público. Também fez solos de frevos com a tuba,
impressionando pela sua surpreendente execução em um instrumento tão impróprio
para solos).
Ritmo:
Bateria: Chico Farias
Surdo: Chico de Áurea (já promovido a “Boca de
Ouro”, o terrível)
Surdo: Zé Aldenor
Percussões leves (pandeiro, maracas, agogô, etc):
Maurício e Varneau
Afora os acima citados, acompanhou a comitiva
apenas mais uma pessoa, de quem quase nos esquecemos. Era um vizinho de Zé
Gomes, por sua indicação, que muito nos ajudou nos serviços de capatazia
(condução de instrumentos, bagagens pessoais dos músicos, e outros afins). Seu
nome era Vicente, mas atendia também pela imponente alcunha de “Açude de Orós”.
Particularidades que merecem
mencionadas
Antes de
se firmar como excelente trombonista, sendo um dos músicos mais respeitados e
conhecidos na Capital de Belém do Pará, Luis Carivaldo Henrique, passou pela
trompa, sendo, nesse período, o segundo trompista da banda, que tinha Besouro
como primeiro.
Ao sair da trompa para substituir o Artista no
trombone de vara, promovido por seu extraordinário desenvolvimento no
conhecimento de teoria, tendo, inclusive, muito precocemente iniciado a
escrever partituras, e até arranjos, isso mais ou menos pelo início do ano de
1963, seu sucessor foi Francisco Farias.
Antes de chegar ao trombone de pistos, Besouro,
hoje reformado como Capitão músico da Aeronáutica João Bosco Almeida, saiu da
trompa, aproximadamente 01 (um) ano depois de Carivaldo, para o bombardino,
onde permaneceu por pouco tempo.
Aproveitando uma das saídas da banda do trombonista
Alceu Laurentino de Melo - único a algumas vezes desertar do projeto, mas
sempre retornava, para alegria de todos - passou para o trombone de pistos e,
quando Alceu resolveu voltar, foi-lhe oferecido o bombardino, instrumento que se
considerava mais apropriado para ele e no qual permaneceu por longo tempo, até
o fim da primeira banda. O substituto de Besouro na trompa foi seu sobrinho,
Francisco Adalberto, Nino de Maúrde, também se transformou em um grande músico,
tendo passado com a mesma desenvoltura pelo trombone, baixo de cordas, em sua
banda Nino Som 5, até chegar ao requintado tecladista que hoje o é. Também se
aprofundou no domínio da teoria musical.
Chico de Alberto, o intrépido Francisco Cefas de
Albuquerque Moura, que sempre se intitulava de o homem mais bonito da região, e
sabia de cor a data de nascimento de quase todos os seus conhecidos, passou,
após sair da banda, a tocar saxofone tenor, tendo, nesse instrumento, tocado,
por pouco tempo, em bandas de baile da Capital do Estado, antes de abandonar
definitivamente, muito novo, a atividade de músico.
Chiringa, ou Major PM músico Francisco Gomes de
Andrade, que substituíra Varneau no piston, foi outro que mudou de instrumento,
passando também a tocar saxofone tenor, tendo que voltar ao piston contra sua
vontade, obrigado pela necessidade de se engajar na Banda da Polícia Militar do
Estado do Ceará, onde, por seus méritos e competência tornou-se regente geral.
Assim como Besouro participou, por longo período, de importantes bandas de
baile da Capital do Estado.
Edson Laurino foi o primeiro dos músicos a deixar a
cidade de Ipaumirim, indo residir em Cajazeiras-PE, no meio do ano de 1966,
mais ou menos, fazendo a troca da clarineta para o saxofone tenor, e tendo
recebido, na época, o batismo de alfinete preto. Muito tempo depois tivemos
notícia do Edson integrando conhecida banda de baile de Juazeiro do Norte,
agora tocando trombone de pistos, o que prova sua grande versatilidade de
músico multi-instrumentista.
Registro especial
O narrador registra a importância de todos que
participaram desse sonho, pois cada um tem sua parcela de contribuição para que
ele se tornasse realidade. Todos demonstraram talento, e, principalmente força
de vontade, sem qualquer distinção.
Nem todos se tornaram profissionais da música,
alguns ficaram pelo caminho da vida. Entretanto guardarei sempre na memória
todos aqueles momentos maravilhosos que vivemos juntos, naqueles anos que de
tão rápidos que se passaram mais pareceram dias.
A quem duvidar da veridicidade dos fatos aqui
narrados, invoco o testemunho dos próprios colegas músicos que viveram comigo
essa época, e até dos habitantes da cidade naquele momento. Em caso de alguém
questionar se é possível memorizar com segurança tantos fatos, digo que, prá
mim, que estive participando diretamente dos acontecimentos, tem sido muito
fácil, porque eles foram feitos por pessoas, e, pessoas são e serão sempre
especiais.
Um grande abraço do autor a todos.
Francisco
Joaquim Farias
Publicado
no alagoinha.ipaumirim em 11.02.2012
Maria Luiza,
MLuiza
Chico
Farias, obrigada.
Além
do que está publicado no mural, da repercussão no FB, estou recebendo mensagens
pelo yahoo. Depois do carnaval, vou, aos poucos, publicar as músicas que a
bandinha tocava e que me foi enviada por Chico. Não são gravações da própria
banda mas Chico teve o cuidado de buscar outras bandas com uma formação similar
que tocam o mesmo repertório da nossa bandinha de IP.
Aproveitando
o embalo, aviso a todos que meu PC está no prego desde ontem de forma que as
postagens estarão irregulares até que venha do conserto.
Outra
coisa: achei na internet as partituras do Hino de Ipaumirim. Quando o meu PC
voltar a funcionar mando, pelo menos, o link para que os interessados possam
acessá-lo. No momento, estou sem estas informações.
Estou maravilhado com a matéria do Chico Farias sobre nossa bandinha. Dancei
muitos carnavais no CRI ao som dos seus instrumentos sob a regência do
competente maestro Rivaldo. Foi uma das melhores matérias publicada no seu
Blog. Conheci todos os componentes (grandes músicos) das várias fases da banda,
sendo que alguns foram ou são amigos meus desde a infância. Aos que ainda estão
vivos um grande abraço e aos que já se foram minha eterna saudade.
Parabenizando Chico Farias pela memória e escrita prodigiosas, abraço a todos
que tiveram a ventura de participar desse período histórico para nossa querida
Ipaumirim.
Flávio Lúcio
(Fortaleza-Ce 12/02/2012
Erivando Nunes deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Domingo memorioso: COMO FOI A MINHA BANDINHA, ...":
Uma belíssima historia lembrada pelo Fransciso Joaquim. Eu que infelizmente não cheguei a prestigiar a bandinha de musica (que como ele se refere)lendo o artigo ia formando imagens na minha mente de toda historia que aqui era contada, alguns momentos chegava a me arrepiar com tão entusiamo que se era narrados os fatos, recomendo ler o texto ouvindo marchinhas de carnaval, vc concerteza entrará mais ainda no espirito da coisa (rsrs).Parabéns ao Francisco Joaquim, pela presteza que teve em relembrar tão bem, todos esse fatos! E lhe digo, não era "Bandinha" era sim "A BANDA DE MUSICA DE IPAUMIRIM" OBG. )
Flávio Lúcio
(Fortaleza-Ce 12/02/2012
Erivando Nunes deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Domingo memorioso: COMO FOI A MINHA BANDINHA, ...":
Uma belíssima historia lembrada pelo Fransciso Joaquim. Eu que infelizmente não cheguei a prestigiar a bandinha de musica (que como ele se refere)lendo o artigo ia formando imagens na minha mente de toda historia que aqui era contada, alguns momentos chegava a me arrepiar com tão entusiamo que se era narrados os fatos, recomendo ler o texto ouvindo marchinhas de carnaval, vc concerteza entrará mais ainda no espirito da coisa (rsrs).Parabéns ao Francisco Joaquim, pela presteza que teve em relembrar tão bem, todos esse fatos! E lhe digo, não era "Bandinha" era sim "A BANDA DE MUSICA DE IPAUMIRIM" OBG. )
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