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MLUIZA |
Este texto tem uma característica especial Ele
parte de um conjunto de informações produzidas por mim mas cresce em
importância à medida que são incorporadas várias contribuições. Fiz questão de
não editar o texto mantendo cada depoimento original tanto pelo valor da
contribuição quanto pelo apreço que eu tenho pelo trabalho coletivo.
Procurei ainda alguma informação sobre cinema no
interior do Ceará em Ari Bezerra Leite, cinéfilo e pesquisador da História do
Cinema no Ceará, mas não encontrei referências que pudessem oferecer mais
informações sobre essa inteligente estratégia da igreja em associar os seus
propósitos com o cinema, atraindo um maior número de pessoas para a festa
religiosa.
Lembro também dos meninos – meninas, não – que faziam suas projeções em caixas retangulares enrolando em dois carretéis, movidos por uma manivela feita de arame, os filmes que montavam recortando figuras de revistas. Nós assistíamos a projeção por um pequeno orifício feito na caixa enquanto o dono da engenhoca rodava a manivela pelo lado de fora.
Lembro também dos meninos – meninas, não – que faziam suas projeções em caixas retangulares enrolando em dois carretéis, movidos por uma manivela feita de arame, os filmes que montavam recortando figuras de revistas. Nós assistíamos a projeção por um pequeno orifício feito na caixa enquanto o dono da engenhoca rodava a manivela pelo lado de fora.
Mais adiante, muitos meninos montavam sua máquina
de projeção nas caixas vazias de leite doadas pela Aliança para o Progresso.
Depois, eu lembro do cinema de Eutrópio. Gordo, com
um rosto engraçado, corria uma lenda que ele passava os filmes de cueca. O
cinema funcionava perto do chafariz, num dos prédios que foi de Luiz Barbosa.
Posteriormente foi Banco do Brasil.
A cabine montada sobre um palanque de madeira que
ele subia pesadamente com os rolos de filme. A sala de projeção em nada lembra
os cinemas de hoje. O calor infernal, duras cadeiras de madeira, fitas
tremidas, não havia sincronia entre voz e personagem. Meninos vendendo pipoca,
picolé no meio da projeção, era uma loucura. Psiu! Psiu! Psiu! Era o grito de
guerra dos incomodados para acalmar a criançada indócil. Também era comum
alguma mãe aflita abrir a porta do cinema e gritar perguntando se o filho
estava por lá. Dizia-se, ainda, que Eutrópio dormia enquanto os filmes passavam
e quando a fita quebrava, ele emendava com o rolo de outro filme. Era uma
gritaria dentro do cinema. Eutrópio residia em Cajazeiras e tinha um cinema na
periferia daquela cidade.
Depois de Eutrópio, parece que instalaram um cinema num prédio pequeno, devia ser um local comercial na esquina ao lado de onde atualmente funciona algumas secretarias da Prefeitura Municipal, perto do beco do velho Custódio. Não sei de quem era, já ouvi falar que era de Cícero Maciel.
Depois de Eutrópio, parece que instalaram um cinema num prédio pequeno, devia ser um local comercial na esquina ao lado de onde atualmente funciona algumas secretarias da Prefeitura Municipal, perto do beco do velho Custódio. Não sei de quem era, já ouvi falar que era de Cícero Maciel.
No fim dos anos 60 com a chegada da energia de
Paulo Afonso, a TV trazia para dentro das casas, as novelas, as novidades do
mundo e as pessoas que lotavam os primitivos cinemas, animavam as praças
públicas e as conversas nas calçadas.
É muito pouco mas é o que, no momento, eu lembro.
É muito pouco mas é o que, no momento, eu lembro.
Recife, 30 de dezembro de 2007
Maria
Luiza Nóbrega de Morais
DEPOIMENTOS
"Tenho esta lembrança eu tinha 6 anos o meu pai era
delegado da cidade, nomeado pelo estado, entao nós fomos ao cinema eu, Zé
Henrique, ele e mamãe, era no prédio que hoje e de Dino, sei que foi animado.
"
(Blandina Henrique Gonçalves)
(Obs:
Essa informação coincide com o princípio da década de 40)
"Lembro do cinema de Wilson Barros, eu não
pagava, pois ele era casado com Jacira, minha prima, filha de tio Zequinha.
Você se lembra que Wilson foi seu vizinho por muitos anos ? Ele morou na casa
que depois Cristina morou. Hoje não sei de quem é. O Cine Ipaumirim
funcionou durante muito tempo no prédio onde foi a sapataria de Tonheta, aquele
que matou a mulher. A primeira vez que fui ao cinema com uma namorada, aí por
volta de 1959, foi no Cine Ipaumirim. A garota chamava-se Edmunda e era filha
de Antônio Ernesto. Os irmãos dela estudavam comigo no Colégio Diocesano do
Crato. Depois a família foi embora para Brasília e eu não tive mais notícia
deles. O Cinema, ao contrário de outros que esporadicamente ali funcionaram,
tinha assento próprio, e como os outros, somente uma máquina projetora, o que
obrigava a intervalos na projeção a cada rolo de filme. Lembro de um, sem nome,
que funcionava uma vez por semana em um prédio de armazém da fábrica de Luis
Barbosa (onde depois foi a sede da ag. do Banco do Brasil). O proprietário era
de Cajazeiras, e trazia a tralha toda sexta-feira (ou era sábado?). Os cartazes
(avisos) eram feitos por um pintor de letreiros chamado"Zé Pintor", e
os cavaletes colocados na calçada da esquina do escritório de Ademar Barbosa,
onde hoje funciona o mercadinho de Zé de Bidu. Minha memória só alcança até aí.
Algum tempo depois, já na segunda metade dos anos 1960, funcionou um outro
cinema, mas este eu não freqüentei, pois já morava fora. Tenho somente a
lembrança e não os detalhes.
(Flávio Lúcio Bezerra de Oliveira).
"Quando a quietude das noites de Ipaumirim reinava no mais absoluto
silêncio, podia-se ouvir o estampido dos filmes de bang-bang na tela do cine
Ipaumirim, de propriedade de Wilson Barros, que eu lembro, foi o nosso primeiro
cinema. Anísio Silva despontava nas paradas de sucesso do rádio brasileiro com
as músicas: Quero beijar-te as mãos, Sempre comigo, Onde estás agora, Tu
somente tu, Alguem me disse e tantas outras. Funcionou de início em prédio
vizinho a Zacarias, onde foi a sapataria do polêmico Tonheta. No final das
películas exibidas, podia-se ver figuras de jovens da época, de muita beleza,
deixando o recinto em direção a suas casas. Lembro-me da silhueta esbelta de
algumas jovens da época. Ao ritmo do tinir dos saltos de seus sapatos altos,
destacávamos Mundinha Serafim, Cira Sampaio, Miriam Barbosa, Blandina Henrique,
Maria Gonçalves, Socorro Olímpio e tantas outras. Às 22 horas, as luzes se
apagavam e elas tinham pressa de chegar em casa. o cinema mudou-se para o
antigo armazém de Zé saraiva, vizinho á residência do Cabo Félix. Quase no final
da década de 60, surge o Cine Rex, de propriedade de Eutrópio, um cajazeirense
que o trouxe a nossa terra, já tão desprovida de entretenimento. Além dos
filmes, shows artísticos de grande expressão na época. Nilo Amaro e seus
cantores de ébano, Luiz Gonzaga, Miguel Ângelo, Trio Nordestino, José Augusto -
o homem do grande sucesso, Beijo gelado, Luiz Carlos Magno, José Roberto e
tantos outros. Neste período, Ipaumirim estava sem energia elétrica e
aguardava-se a tão sonhada Paulo Afonso. O cinema recebia, como algumas
residências, a energia de Souza Fernandes e enquanto aguardávamos o início das
sessões ouvia-se Paulo Sérgio - A última canção, Agnaldo Timóteo - Meu grito e
Coração de papel com Sérgio Reis. Eutrópio, muito gordo e sonolento, vez em
quando dormia por cima da máquina até que um dia a máquina caiu sobre a cabine
de compensado. Quando o cartaz surgia na esquina de Vicente Gomes e na esquina
de Zé de Bidú, já sabíamos que nesse dia tínhamos filme. À tarde, dois garotos
circulavam com o cartaz mostrando a película daquela noite. As lembranças de um
passado não muito distante traz à tona momentos que fizeram parte da nossa
juventude. Tínhamos os espectadores assíduos: Amazonina e Lila, ilma Alves e Zé
Strauss, Bia e Antônio, Anita e Rocemar, Airton e Coruja, Salete Olímpio de
Fernando, Bim e Graça de Senhor Damião, Fátima Osório e Uchoa, Célia Lustosa e
Zezinho de Cirilo, Nilda Nery e Sérgio Sobreira, Valmir de Castro Alves e
Toinha de Zé Neco, Faquito e Dasdorinha, Valtudes e Zefinha Batista, Zé Nilson
e Socorro Vieira, Pedrinho e Valquíria gonçalves, Barbosa e Salete Jorge,
Varneau e Socorro Ribeiro e tantos outros. Como disse o rei, Roberto Carlos:
Belos tempos, belos dias."
(Josecy Almeida)
“Na década de 60 instala-se uma casa de
cinema denominada CINE SÃO SEBASTIÃO, pertencente ao senhor Eutrópio, que, nos
finais de semana, trazia em sua bagagem rolos de fitas. Em seguida, o
proprietário e operador do cinema dirigia-se até o prédio onde se achava a
máquina de 16 mm, que operava os filmes elencados, para divertir as crianças,
jovens e até idosos, os quais muito cedo da noite, formavam filas no prédio
situado à Rua Prefeito Alexandre Gonçalves, próximo ao antigo chafariz de Luídio
Barbosa. Naquele local funcionava o cinema, ali a moçada se deleitava com os
filmes de Tarzan, O Rei da Selva, seriado do Zorro, seriado do Batman e tantos
outros que faziam contagiar o prazer daquela juventude sadia. Em certas
ocasiões era necessário fazer a troca dos rolos de fitas, acendia-se a luz e a
galera gritava: “Eutrópio, por que parou?” Mais tarde, a fita quebrava, da
mesma forma outros gritos e, assim, continuava a sessão, que durava entre uma
hora ou 1h10min.”
(José Audisio Dias de Lima)
"-Oi o filme Eutrópio .
Gritaram no cinema quando o fita do filme do
Oscarito quebrou mais uma vez. Meu pai, o Seu Luiz, como para confortar seu
filho na sua primeira ida ao cinema dizia:
- Meu filho, não se preocupe que o Eutrópio é
especialista em consertar filme quebrado e depois do filme iremos tomar um
refrigerante no Castro Alves.
Logo o cinema volta a escurecer e é a festa de
pipoca e risos. Não demora e as luzes voltam a acender e todos gritam em uma só
voz :
-Oi o filme, Eutrópio, se não eu quero meu dinheiro
de volta.
O filme voltou a ser consertado e chegou ao final.
Esta é a minha recordação da primeira vez que fui ao cinema no meu Ipaumirim.
"
( Homero Arruda, filho de Seu Luiz Arruda)
"CINEMA EM IPAUMRIM, EU LEMBRO MUITO BEM DO
CINEMA DE EUTRÓPIO. ELE ERA DE CAJAZEIRAS MAS VINHA TODA SEMANA PARA IPAUMIRIM.
LEMBRO DO PRÉDIO. DOS FILMES REPETITIVOS, DA MÁQUINA QUE QUEBRAVA A FITA A TODA
HORA. E O QUE MAIS MARCOU ÉPOCA, PARA MIM, FOI UMA PELÍCULA POR NOME
"SANGUE NO FAROL", POR QUE TÍNHAMOS UMA AMIGA CUJA PELE ERA CHEIA DE
SARDAS E OS MENINOS DEPOIS DE VEREM O FILME PASSARAM A CHAMÁ-LA DE SANGUE NO
FAROL. LEMBRO BEM DE CADA DETALHE."
(Fátima Dore)
" Dos filmes, só lembro do padre Argemiro no campo que tinha aí perto da
igreja onde Jackson do Pandeiro deu um show. Conheci Eutrópio, aqui, em
Cajazeiras. Lembro muito pequena, assisti um filme não sei onde acho que foi na
Sousa Fernandes ou próximo. O filme parece que era africano porque os
personagens tinham pele escura. Lembro de uma parte que os homens vinham na
mata e estava chovendo e de repente apareceu uma onça e correu atrás deles , eu
estava perto da tela e a tela era grande e quando onça se aproximou perto do
telão eu pensei que ela fosse me pegar e "abri o berreiro" papai não
quiz vir para casa e o filme perdeu a graça . O coração só faltava "sair
pela boca" à proporção que o medo aumentava crescia tudo, tela , macacos,
onças tudo que aparecia na minha frente ia crescendo de tamanho. Vc tá rindo?
mas é porque não foi com vc" (Maria do Carmo Brito Mendes)
"Da minha época, o que lembro do cinema em Ipaumirim,
não era esse senhor Eutrópio que vocês falam, era uma outra pessoa. Lembro de
ter ido assistir um filme uma unica vez e quem passava esses filme, no meu
tempo, era umrapaz chamado Salim. Ele era do Sítio Bananeiras, eu acho. Sei que
ele acabou casando com uma prima minha, filha do meu tio Miguel, irmão do meu
pai. Acho que todas as pessoas da minha idade devem saber de quem estou
falando. Se puder ser útil em mais alguma coisa, pode perguntar.".
(Gildaci
Leandro)
"Na
minha época, era na rua Miceno Alexandre, vinha de Cajazeiras, o filme e
Eutropio mas tenho poucas lembranças era muito menina, era todo sábado "
(Gisele
Henrique)
'Quanto aos cinemas de Ipaumirim eu ñ tenho nada a
acrescentar. Logo, nunca gostei de filmes, como ñ gosto de novelas, por isso
sempre fui afastado dessas casas de diversão. Conheci seus proprietários. E
conheci Eutropio pq era presidente de um time de futebol "UNIÃO"- de
Cajazeiras e quando ia jogar ele mandava pedir pra gente dar uma mãozinha.' (Zé
Henrique Silva)
Publicado
no alagoinha.ipaumirim em 30.12.2007
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