Se puxasse pela memória, eu seria capaz de
lembrar-me de quase todos os professores que tive embora alguns não lembre onde
e/ou quando fui sua aluna. Tantas escolas que passei desde o Grupo Escolar D.
Francisco de Assis Pires, em Ipaumirim, colégios, universidades, institutos,
cursinhos pré-vestibular, cursos de idiomas e por aí fui passando a vida.
Em IP, Zê é o ícone, o grande guarda chuva que nos
abrigou. Mas lembro de tantas outras que ali me ajudaram bastante. Terezinha
Paiva, no jardim de infância, única classe mista na escola. As demais classes
separavam meninos, de tarde, e meninas de manhã.
Saí do jardim alfabetizada, pulei a série A fraca e
série A forte, passei direto para a série B com Mundinha Serafim. Numa sala
ampla da pequena escola funcionavam as três séries: A, B e C, esta última também
chamada 1° ano. A Série B ficava no meio. Carteiras duplas, uma pedagogia que
alternava a dureza dos castigos corporais (de joelho, muitas vezes) e o cuidado
no cumprimento do dever. Era um mix de tabuada e régua que nos obrigava a
decorar as operações mais simples da matemática. Na série C, não lembro quem
era a professora mas acho que foi nela que iniciei as aulas de bordado com Dona
Maria Souza. Muito alva e muito nervosa, Dona Maria não tinha a mesma energia
de Ninita Baraúna. Nenhuma das duas conseguiu me ensinar a arrematar. Todos os
bordados que eu fiz se desmanchavam na primeira lavagem e era um sufoco aprontá-los
para a exposição. Linhas em trança e bastidores, muito barulho e as estórias de
nego Coquinho, uma assombração que diziam aparecer no Grupo e que as meninas
mais velhas adoravam contar para aterrorizar as menores nas aulas de trabalhos
manuais
Uma vez, gritaram:
Uma vez, gritaram:
- Nego Coquinho!
O pânico foi geral, a professora entrou em
desespero, a meninada aos gritos pulou as grades da escola e avançou para a
rua. O povo correu para as portas de casa e eu lembro bem que fui parar na casa
de Dona Chicô e Seu Vicente Piquilí.
O segundo ano foi com Dona Olga Souza. Com ela não tinha moleza, era a professora que mais metia medo no turno da manhã. Ensinava com gosto e muitos gritos. A gente nem podia olhar de lado. Era uma brabeza só. Nem pensar em cochichar, todas quietas e caladas. Ainda lembro a entonação da sua voz dando aula de todas as matérias. Eram três irmãs professoras: Olga, Ofélia e Maria Souza. Já aposentada, Dona Olga tinha satisfação quando via passar seus ex-alunos e alunas e dizia orgulhosamente:
-Aquele foi meu aluno.
O segundo ano foi com Dona Olga Souza. Com ela não tinha moleza, era a professora que mais metia medo no turno da manhã. Ensinava com gosto e muitos gritos. A gente nem podia olhar de lado. Era uma brabeza só. Nem pensar em cochichar, todas quietas e caladas. Ainda lembro a entonação da sua voz dando aula de todas as matérias. Eram três irmãs professoras: Olga, Ofélia e Maria Souza. Já aposentada, Dona Olga tinha satisfação quando via passar seus ex-alunos e alunas e dizia orgulhosamente:
-Aquele foi meu aluno.
No terceiro ano não lembro a professora. No quarto,
foi Dona Miriam Barbosa. Excelente professora, mantinha com calma o domínio da
classe.
Livro, caderno ou cartilha – na maioria passando de irmão para irmão – lápis grafite e borracha ponteira foram os materiais escolares que utilizei durante todo o curso primário. As editoras ainda não tinham descoberto como ganhar dinheiro explorando os pais. A escola pública também não tinha sua livraria nem praticava o comércio descarado que vi tantos anos depois educando minha filha.
No admissão fui estudar interna no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, das irmãs Doroteia, em Cajazeiras. Disciplinadas, as irmãs impunham uma rotina dura e intransigente. O mundo pegando fogo, na década de 60, e nós rezando, estudando e fazendo retiro. Lembro de algumas irmãs. Madre Machado, uma mulher especial, inteligente e perspicaz era talvez a única iluminada entre tantas operárias. Encontrei-a anos depois como diretora da Faculdade de Filosofia do Recife. Madre Moura, mestra de piano e a mestra de acordeom que não lembro o nome. Com elas, eu ocupava parte das tardes para escapar das bancas de estudo.
Depois foi o Crato. No Colégio Santa Teresa de Jesus, Madre Moura, a diretora do colégio, e Madre Iraídes são boas lembranças. Mary Anne com seus álbuns de didática, a professora de Artes que não conseguia controlar a turma e uma professora de Ciências (Valdecy?) ficaram registradas na minha vida. Um dia, fui com Vanda Gonçalves e mais outra colega que não lembro, de farda, esperar Jerry Adrianni no aeroporto. Fomos e voltamos de carona. Pense no escândalo! A diretora soube imediatamente e no outro dia eu fui chamada ao parlatório. Levei uma lição de moral e fui perdoada. Madre Moura era assim. Não tinha o ranço das mulheres solitárias e mal amadas.
Livro, caderno ou cartilha – na maioria passando de irmão para irmão – lápis grafite e borracha ponteira foram os materiais escolares que utilizei durante todo o curso primário. As editoras ainda não tinham descoberto como ganhar dinheiro explorando os pais. A escola pública também não tinha sua livraria nem praticava o comércio descarado que vi tantos anos depois educando minha filha.
No admissão fui estudar interna no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, das irmãs Doroteia, em Cajazeiras. Disciplinadas, as irmãs impunham uma rotina dura e intransigente. O mundo pegando fogo, na década de 60, e nós rezando, estudando e fazendo retiro. Lembro de algumas irmãs. Madre Machado, uma mulher especial, inteligente e perspicaz era talvez a única iluminada entre tantas operárias. Encontrei-a anos depois como diretora da Faculdade de Filosofia do Recife. Madre Moura, mestra de piano e a mestra de acordeom que não lembro o nome. Com elas, eu ocupava parte das tardes para escapar das bancas de estudo.
Depois foi o Crato. No Colégio Santa Teresa de Jesus, Madre Moura, a diretora do colégio, e Madre Iraídes são boas lembranças. Mary Anne com seus álbuns de didática, a professora de Artes que não conseguia controlar a turma e uma professora de Ciências (Valdecy?) ficaram registradas na minha vida. Um dia, fui com Vanda Gonçalves e mais outra colega que não lembro, de farda, esperar Jerry Adrianni no aeroporto. Fomos e voltamos de carona. Pense no escândalo! A diretora soube imediatamente e no outro dia eu fui chamada ao parlatório. Levei uma lição de moral e fui perdoada. Madre Moura era assim. Não tinha o ranço das mulheres solitárias e mal amadas.
De Crato para Campina Grande, Recife, São Paulo com
passagens por outros lugares. Tive grandes professores, homens e mulheres, que
deixaram uma lembrança de competência e de clareza de objetivos. Alguns,
especiais, até hoje são meus amigos.
Entre todos, do jardim da infância à pós-graduação,
ficaram os que souberam ser generosos sem serem displicentes, personalidades
totalmente diferentes entre si mas que tinham em comum a vontade de nos ver ir
além do que nós mesmos seríamos capazes de imaginar. Para eles, há o dia dos
professores. Para os demais, há o salário.
MLUIZA
Publicado no alagoinha.ipaumirim em 15.10.2009
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