PERFIL DO MUNICIPIO DE BAIXIO-CE EM 1940

(continuação)

PERFIL DO MUNICIPIO DE BAIXIO EM 1940

O município de Baixio, conforme o Recenseamento de 1940, apresenta uma área de 557 km². Sua população era composta de 13.414 indivíduos, sendo 6.721 homens e 6.693 mulheres.

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR DOMICILIO
1940

DOMICILIO

POPULAÇÃO TOTAL
HOMENS
MULHERES

Município de Baixio

13.414

6.721

6.693

Distrito sede (Baixio)

3.191

1574

1.617

Alagoinha

3.325

1.627

1.168

Felizardo

2.504

1.308

1.196

Umari

4.394

2.212

2.182
Fonte: IBGE. Recenseamento Geral do Brasil. Série Regional Ceará.
 

Todos os habitantes do município eram brasileiros natos, 10.170 eram pardos, 2.061 eram brancos e 173 eram negros. A maioria era solteira. No que diz respeito à instrução, 8.266 indivíduos (3.910 homens e 4.356 mulheres) não sabiam ler nem escrever. Entre os 2.468 indivíduos que sabiam ler e escrever, 1.458 eram homens e 1.010 eram mulheres.
No momento do recenseamento, a soma total dos indivíduos, entre todas as faixas etárias dos  que estavam estudando,  era composta principalmente por mulheres entretanto à medida em que avança o nível de escolaridade, a população feminina vai diminuindo.  Entre os indivíduos que concluíram o grau de ensino elementar completo, 12 eram homens e 14 eram mulheres. Entre os que concluíram o grau médio, 05 eram homens e 03 eram mulheres. Apenas 06 homens haviam concluído o ensino superior completo.
No que diz respeito à religião, a população era basicamente católica. Apenas 07 homens e 10 mulheres declaram-se protestantes e 02 mulheres praticavam outra religião não identificada.
O Censo Agrícola de 1940 indica que o município de Baixio, incluindo seus distritos, é uma sociedade basicamente rural com uma economia sustentada pela agricultura  e pela pecuária através de uma forma de exploração bastante rudimentar.   Os 645 estabelecimentos agropecuários recenseados ocupam uma área total de 41.086 hectares explorados sendo 5.240ha ocupados exclusivamente com agricultura, 31.183ha explorados com atividades agropecuárias e 4.625ha apenas com pecuária.


DISTRIBUIÇÃO DO N° DE PROPRIEDADES POR ÁREA (ha)
1940
ÁREA (ha)
  DE PROPRIEDADES

De 01 a 10ha

100

De 10 a 20 ha

146

De 20 a 50 ha

202

De 50 a 100ha

108

De 100 a 200ha

53

De 200 a 500ha

26

De 500 a 1000ha

8

Acima de 1000ha

3
Fonte: IBGE. Recenseamento Geral do Brasil. Série Regional Ceará.


Entre os 647 estabelecimentos registrados, 562 eram administrados pelos próprios proprietários  compreendendo uma área de 31.550 ha. As 64 propriedades a cargo de administradores compreendem uma área de 7.235ha e as 21 propriedades administradas por arrendatários distribuem-se em 2.301 ha.

A área total das propriedades acima de 50ha é a mais expressiva em extensão compreendendo 27.553ha.

Cerca de 1.800 pessoas, estão concentradas nas propriedades entre 10ha a 20ha. A partir de 100ha, quanto maior a propriedade, menor o número de trabalhadores permanentes.

O número mais expressivo de trabalhadores permanentes encontra-se registrado nas propriedades que exploram a agropecuária, cerca de 2.796 trabalhadores. As áreas que exploram apenas a agricultura registram 522 trabalhadores e aquelas exclusivamente dedicadas à pecuária 289 pessoas. Entre as mulheres, estão inscritas apenas 60 mulheres sendo 13 com menos de 15 anos. As informações não permitem aprofundar detalhes sobre o tipo de atividade exercida pelas mulheres nem a forma de remuneração.

Observando os registros das condições de utilização do solo, considerando a área total do conjunto das propriedades, observa-se que a área ocupada com as lavouras permanentes e temporárias são equivalentes à área utilizada com pastagens. A soma das áreas ocupadas por matas, áreas não exploradas e áreas improdutivas são expressivamente superiores as áreas exploradas com atividades produtivas.

Os registros sobre o material utilizado na construção das moradias dos trabalhadores indicam que 509 eram construídas com tijolos, 75 com madeira e 1.600 de outros materiais não identificados. Os dados não informam se haveriam critérios que determinassem a distribuição de cada um desses tipos de moradia por tipo de ocupação no conjunto das atividades produtivas. Entre as construções rurais, constam ainda 745 edificações distribuídas entre apriscos, estábulos e estrebarias, pocilgas, depósitos e paióis, casas de máquina.  Não há registro de escolas. Foram registradas 37 moendas, 01 motor, 02 autos e motociclos, 01 equipamento para indústria de laticínios, 06 carros de bois e carroças.

Plantava-se principalmente algodão, banana, fumo, feijão, milho, arroz e cana. Em 1939, foram produzidas 106 toneladas de arroz, 625 cachos de banana, 120t. de feijão, 7t de fumo em folha, 2t. de fumo em corda, 567t. de milho, 1.768t de algodão e 1.873t. de cana de açúcar sendo que destas 1.762t. foram transformadas em 189t. de rapadura. Registra-se ainda a produção de laranjas, mas sem a quantidade produzida provavelmente por ser inexpressiva.

Além do gado bovino (7.441 cabeças distribuídos entre garrotes e novilhos, vacas, bois de trabalho e touros reprodutores) registram-se 1.522 equinos, 1.589 entre asininos e muares, 3.745 suínos, 5.505 ovinos. Entre as aves, registram-se 15,578 distribuídos entre galos, galinhas e frangos. 96 patos e gansos e 342 perus. Curiosamente, 06 coelhos. No ano da coleta de dados, foram produzidos 4.575 hectolitros de leite que processados deram origem 1.275 kg de queijo produzidos em 28 propriedades e 110 kg de requeijão em apenas 03 propriedades. No mesmo período, as galinhas produziram 19.742 ovos. Por estas informações, pode-se inferir, embora a distribuição seja desigual, a base alimentar da população. 

Entre os indivíduos que tinham a agricultura, pecuária e silvicultura como atividade principal, 3.614 eram homens e apenas 114 mulheres. Entre os homens, a faixa entre 10 e 19 anos é a que concentra maior número de indivíduos (1.176 homens) . Essa taxa vai decrescendo de acordo com a idade. Entre 20- 29 anos, a taxa cai para 887 indivíduos; entre 30-39 anos são 639 indivíduos, entre 40-49 anos são 533; de 50-59, eles são 271; entre 60-69 são 72; entre 70-79 são 30 e acima de 80 são apenas 6 indivíduos. Esta queda está relacionada com a expectativa de vida masculina. 


DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR SEXO E PRINCIPAL RAMO DE ATIVIDADE

ATIVIDADE PRINCIPAL

POPULAÇÃO TOTAL

HOMENS

MULHERES

Agricultura, Pecuária e Silvicultura

3.728

3.614

114

Industrias de transformação

113

95

18

Comércio de mercadorias

106

100

06

Transporte e comunicações

22

20

01

Administração pública, justiça, ensino público

44

38

06

Defesa nacional, segurança pública

07

07

-

Serviços, atividades sociais

108

61

47

Atividades domésticas, atividades escolares

3.728

106

3.622

Condições inativas, atividades não compreendidas nos demais ramos, condições ou atividades mal definidas ou não declaradas


927


365


562
Fonte: IBGE. Recenseamento Geral do Brasil. Série regional Ceará. Tomo 1.

As unidades prediais e domiciliárias compreendem 1.456 edificações construídas em alvenaria sendo 1.183 domicílios particulares. Entre as 1.158 edificações construídas em madeira, 1.272 eram domicílios particulares. Os demais eram utilizados como domicílios coletivos ou ainda de uso misto.
Na área urbana, haviam 400 edificações em alvenaria sendo 296 ocupadas com domicílios particulares. Das 139 edificações em alvenaria na área suburbana, 113 eram ocupadas com domicílios particulares. Das 917 edificações em alvenaria localizada na área rural, 774 eram domicílios particulares.  Das 1.481 edificações construídas com madeira na área rural,  1.231 eram ocupadas com domicílios particulares.  
No comércio a varejo foram registrados 50 estabelecimentos onde trabalhavam 65 pessoas. Entre elas registram-se apenas 05 pessoas ocupadas nas  funções de viajantes, agentes compradores, caixeiros e vendedores. Considerando outras informações sobre a atividade comercial, observa-se que eram praticamente os donos que davam conta de todo o trabalho nos seus estabelecimentos comerciais. Foram registrados apenas dois estabelecimentos comerciais atacadistas ou mistos, mas não há registro de pessoas ocupadas.
A indústria registra a existência de 07 empresas e dez estabelecimentos ocupando 95 homens e 18 mulheres , mas não especifica o ramo de atividade. de transformação das unidades industriais.  É possível que estejam contabilizados o conjunto das indústrias consideradas rurais que trabalham com extração de produtos naturais e beneficiamento de produtos de origem vegetal e animal, tais como laticínios, engenhos de rapadura e beneficiamento de algodão.
Figueiredo Filho é bastante assertivo na descrição de  Alagoinha dos anos 20/30.
“Lembrei-me de instalar-me provisoriamente em Alagoinha. Tinha fama de lugar próspero. Boas plantações de algodão. Ali residia outro tio meu, o José Viana. A localidade fica quase nas fronteiras da Paraíba. Pertencia ao mu8nicípio de Lavras. Primeiramente, visitei-a, para conhecer suas possibilidades. Encravada em plena zona algodoeira. Girava seu comércio em torno das baixas e altas do ouro branco. Alagoinha ficava quase no meio da estrada de rodagem entre Cajazeiras e Lavras. Tive longo contato com a população. Ótima impressão. Gente muito boa e acolhedora.”

(...)

“No domingo, por ocasião da primeira feira que assistia na localidade, tive contato com o sertanejo lavrador de algodão. Melhores condições financeiras do que o trabalhador rural caririense. Qualquer beiradeiro de alpercata e chapéu de palha de carnaúba metia mão no bolso e desamarrava do lenço notas de 50$, 100$ e até 500$000.”
O crescimento do distrito de Alagoinha como centro produtor e centro comercial, a sua localização estratégica, as movimentações político-administrativas do governo e as subjetividades da política, conjuntamente, foram o embrião do estopim político que gerou conflitos e disputas memoráveis na região.

BIBLIOGRAFIA

BEZERRA, Hermes Pereira. Ipaumirim 50 anos. Edição do autor. 2003.
_______. Ipaumirim 60 anos. Ipaumirim. Edição do autor. 2013. 330p.
CALIXTO JÚNIOR, João Tavares. Venda Grande d'Aurora. Fortaleza, Expressão Gráfica e Editora, 2012.
CARTAXO, Rosilda. Estrada das Boiadas, roteiro para São João do Rio do Peixe. João Pessoa, Noprigal, 1975.
CHAGAS, Maria Flaucineide Vieira; ROLIM, Raimunda Vieira. Em família. Cajazeiras, Gráfica Real. sd.
DEPOIMENTO de Hegildo Holanda Recife, 22.02.2019.
DUARTE, Sebastião Moreira. Do miolo do sertão: a história de Chico Rolim contada a Sebasti~~ao Moreira Duarte. João Pessoa: Grafset Gráfica e Editora.Ltda. 1988.261p. 
FIGUEIREDO FILHO, José de. Boticário de aldeia. In: ___. Meu mundo é uma farmácia. Fortaleza: UFC/Casa de José de Alencar/Programa Editorias, 1996. Pp. 95-106. Disponível em: http://impressoesdigitaisrepositorio.blogspot.com/search/label/J.DE%20FIGUEIREDO%20FILHO%20MEMORIA
GARDNER, George. Viagem ao interior do Brasil principalmente nas províncias do Norte e nos distritos do ouro e do diamante durante os anos de 1836-1841. Belo Horizonte, Editora Itaiaia. 1975.
GONÇALVES, Rejane Monteiro Augusto. Lavras da Mangabeira: um marco histórico (1884-1984). Fortaleza: Secretaria de Cultura e Desporto.1984.
_____. Umari, Baixio, Ipaumirim: Subsídios para a História Política. Fortaleza, 1997.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Recenseamento Geral do Brasil (1° de setembro de 1940). Censos Econômicos:  agrícola, industrial, comercial e dos serviços. Série Regional. Parte VI, Ceará, Tomo 2. Rio de Janeiro. Serviço Gráfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1950. 360p. Disponível em: http://memoria.org.br/pub/meb000000361/censo1940vol6t2ce/censo1940vol6t2ce.pdf
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Recenseamento Geral do Brasil (1° de setembro de 1940). Censo Demográfico: população e habitação. Série Regional. Parte VI, Ceará, Tomo 1. Rio de Janeiro. Serviço Gráfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1950. 360p. Disponível em: http://www.ppe.ipea.gov.br/pub/meb000000361/censo1940vol6t1ce/censo1940vol6t1ce.pdf
MACEDO, Joaryvar. São Vicente de Lavras. Fortaleza: Secretaria de educação e desporto. 1984.
MINISTERIO DA AGRICULTURA INDUSTRIA E COMMERCIO. Directoria Geral de Estatística. Recenseamento do Brazil. Realizado em 1 de setembro de 1920. Relação dos proprietários dos estabelecimentos rurais recenseados no Estado do Ceará. Disponivel em http://memoria.org.br/pub/meb000000360/recenseamento1920ce/recenseamento1920ce.pdf
MOTA, Aroldo. História política do Ceará, 1889 – 1930. Fortaleza: Stylus Comunicação. 1987
REVISTA DO INSTITUTO DO CEARÁ. RECENSEAMENTO DE 1920. POPULAÇÃO DOS MUNICIPIOS DO CEARÁ. Anno XXXVI – 1922. Disponível em: https://www.institutodoceara.org.br/revista/Rev-apresentacao/RevPorAno/1922/1922-PopulacaodoCearaRecenseamentode1920.pdf  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Respeitar sempre.

EDMILSON QUIRINO DE ALCÂNTARA: A LEMBRANÇA ALEGRE DE QUEM TEM APREÇO PELO TRABALHO QUE REALIZA.

Conversar com Edmilson é sempre muito agradável. Apesar da memória já comprometida ele adora falar sobre sua experiência como dono de bar....