APONTAMENTOS PARA A MEMÓRIA DE IPAUMIRIM: IPAUMIRIM NO CONTEXTO DA COLONIZAÇÃO E POVOAMENTO DO CEARÁ


MLUIZA

Bicho que mija pra trás é que bota o homem pra frente. Ditado popular que tão bem representou a importância da pecuária no processo colonização e povoamento  do Nordeste e que deu sentido a economia da região para muito além do processo colonizador.
Os caminhos precários do gado tinham interligações e prolongamentos que integravam um conjunto de possibilidades de deslocamentos pelo inóspito e ainda deserto território.
Por onde passavam esses caminhos? Como foi-se formando uma malha de veredas que servia de suporte às grandes estradas criando opções de ligação dentro da própria região? Parece-me demasiado complicado identificar as suas conexões com os grandes corredores embora se saiba que eles existiam e que viabilizavam a vida entre fazendas, povoados e vilas.
O nosso interesse é tentar identificar  que possíveis caminhos se aproximavam e/ou circundavam o que hoje é o município de Ipaumirim. Diante dessa impossibilidade, vamos trabalhar por aproximação. Onde estamos localizados no contexto desses caminhos?
Como estamos numa região fronteiriça, vamos abordar também as trilhas paraibanas que se integravam a essa malha de conexões.
Os caminhos originais seguiam as margens das ribeiras dos rios e pequenos riachos num território povoado por índios. No nosso caso, uma bacia hidrográfica inexpressiva com pequenos riachos intermitentes teria muito mais expressão como orientação espacial e/ou assentamento de fazendas e currais  que como roteiro para grandes rotas de penetração atendendo ao traçado das ribeiras. As ribeiras mais próximas seriam as ribeiras do Rio Salgado, no Ceará, e do Rio do Peixe, na Paraíba. 

 BACIAS HIDROGRÁFICAS DO CEARÁ
Fonte: JUCÁ NETO, Clóvis Ramiro. Primórdios da urbanização no Ceará. p. 243
 RIOS DA PARAÍBA

Fonte: https://asnovidades.com.br/mapa-da-paraiba-para-colorir/
 

O  processo de colonização com a introdução de elementos de fora aos territórios consideram um conjunto de ações políticas, militares e religiosas que alteraram definitivamente a vida na região.
Finalizada a Guerra dos Bárbaros, no primeiro quartel do século XVII, amplia-se a concessão de sesmarias ocorrendo concomitantemente a expansão da pecuária, fatores decisivos tanto para a ocupação do solo quanto para a instalação das rotas de penetração nos sertões nordestinos.
Duas grandes rotas de povoamento foram instaladas na ocupação do sertão do Nordeste. A rota conhecida como dos ‘sertões de fora’ que saía de Pernambuco em direção a Paraíba e ao Rio Grande do Norte e se estendia ao Ceará pelo litoral. Esta corrente se expande da zona litorânea e chega às imediações da serra do Araripe através do vale do Jaguaribe. A corrente conhecida como ‘sertões de dentro’ sai da Bahia seguindo o rio São Francisco e chega no Piauí através de afluentes do rio Parnaíba. Daí, se expande na direção leste cruzando a serra da Ibiapaba e chega à nascente do Rio Jaguaribe.

ROTAS DE COLONIZAÇÃO E POVOAMENTO DO NORDESTE

FONTE: JUCÁ NETO, CLÓVIS RAMIRO.


As duas correntes, portanto, se juntam no Ceará. É a corrente dos ‘sertões de fora’, oriunda de Pernambuco, que promove a ocupação do vale do Jaguaribe e do rio Salgado.

Os espaços ocupados eram utilizados para a criação de gado e para a produção de produtos  que não tinham expressão comercial mas atendiam as necessidades de consumo das populações locais. 



                               ROTAS DE PENETRAÇÃO NO ESTADO DO CEARÁ

 


Fonte: Pontes, Lana Meire Veloso et al. A questão dos limites municipais do estado do Ceará. Governo do Estado do Ceará. IPECE. Fortaleza. 2012. P. 9.


ESTA MATÉRIA COMPLEMENTA-SE COM OS SEGUINTES POSTS: IPAUMIRIM NO CONTEXTO DAS ESTRADAS BOIADEIRAS E IPAUMIRIM NO CONTEXTO DA MALHA FERROVIÁRIA DO CEARÁ.

MLUIZA
RECIFE
23/04/2018



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