UMA FESTA LÚDICA, E DEPOIS...

THALLYSSON JOSUÉ
Sempre que há um embate entre políticos o povo leva a pior. Nas privações e contenções a população é protagonista, nos privilégios, esta não passa de um mero coadjuvante. Vitimados pelos caprichos de uma meia dúzia que se enxerga acima do bem e do mal, o povo, não é de hoje, acostumou-se a subtrair, já que para quem sempre perde, somar pode tornar-se uma operação quase abstrata.
Mas há raras ocasiões em que essa briga de egos pode beneficiar a população, como agora. “Vai ter festa de graça na praça”. Comemora a população, que luta o ano inteiro contra o marasmo e a melancolia que permeia as ruas e becos desta cidade, pacata demais para as pretensões de tantos de seus jovens.
É, a festa será de graça, agora só temos que entender o porquê. Vamos lá: o status oferecido a quem ocupa determinado cargo numa cidade que tem pouco mais de quinze mil habitantes é monstruoso. É como se essa pessoa tivesse vivido a vida inteira como “zé” e de uma hora para outra virasse “doutor”, é dessa forma, em quase todo o mundo, as pessoas são tratadas não pelo que são mas pelo posto que ocupam.
Portanto, para quem ostenta o cargo mais importante do município, é questão de honra derrubar todos os adversários. Essa festa simboliza bem isso, não é pelo povo, mas porque afeta diretamente seus opositores que ela se realizará. E convenhamos, não é de hoje que sabemos que políticos não convivem bem com derrotas sejam elas de qualquer natureza.
O mais importante, porém, é sabermos ou pelo menos imaginarmos como essa festa tornou-se possível. Ter em mente que apesar de exaltação que se faz do benefício sentido pela população, mais adiante isso provavelmente terá um preço, e a conta, todos sabem quem vai pagar. De momento grande parte da população está anestesiada com a possibilidade de que pela primeira vez em 57 anos de história as famosas festas que dizem “celebrar” São Sebastião serão mais democráticas. Mais tarde a anestesia passa e o povo vai seguir perdendo, como de costume.
THALLYSSON JOSUÉ 

MLUIZA
Pegando carona...

Pegando carona no texto de Thallyson Josué e disponibilizando mais informações sobre a organização da festa nos últimos anos, faço alguns comentários.
As festas promovidas pela ACRI sempre foram na praça da igreja, muito democráticas e abertas à participação de todos, independente de partido, religião, ou seja, lá o que for.
A festa foi idealizada pela incontestável figura pública que se chama Zenira Gonçalves Gomes e abraçada pelos filhos e amigos da terra que moram ou moraram em Ipaumirim.
Todo evento demanda custos e quanto maior e melhor a festa, mais altos serão os custos. No começo, a ACRI financiava a produção com colaborações de muita gente e era complementada, quando havia necessidade, por alguns filhos da terra que se disponibilizavam a bancar o que por acaso faltasse contribuindo com um valor mais alto. Depois, essa forma de arrecadação acabou mudando em função de uma série de fatores que não vem ao caso, entre eles, a dificuldade de entrar em contato, de um em um, que demandava muito trabalho.
Na época em que a BLITZ foi inaugurada (não lembro o ano) rolou um ti-ti-ti que a festa do dia 18 - produzida pela direção da casa de shows - seria uma competição com a festa da ACRI por razões políticas. No rastro do mesmo ti-ti-ti também se dizia que a festa da palhoça teria sido inviabilizada por uma cobrança alta de impostos que a palhoça teria dificuldades em pagar, entre outras razões, porque com tantas festas, sua renda, no período, provavelmente seria inferior aos anos anteriores. A dedução seria, portanto, que todos os caminhos levariam à Blitz. Não houve festa na palhoça, nem no dia 18 nem 19, e não se disse mais nada.
Ainda que, por acaso, a intenção da BLITZ tivesse sido criar um confronto cultivado nas diferenças políticas, este confronto não vingou porque as pessoas, em sua maioria, estão mais preocupadas em se divertir e rever pessoas queridas. Como tem muita gente que vem de fora, essas querelas locais acabam diluídas pelo pouco interesse que despertam diante a alegria dos reencontros. Ou seja, ficou tudo no ti-ti-ti que acompanha toda festa em qualquer lugar principalmente no interior. E se a festa da ACRI naquele ano foi fraca, não foi por conta da Blitz mas pelo vergonhosa produção que a diretoria da época apresentou. UM FIASCO GERAL! Por que foi assim? Não me pergunte que eu não sei.
Com o tempo e os esforços da entidade, a festa levantou-se no ano seguinte e o ano passado conseguiu trazer a melhor banda que nela já tocou. Para ser absolutamente sincera, esta banda veio tocar porque foi paga por Neto Nunes. O restante dos recursos para a produção da festa veio de doações de alguns homenageados, a prefeitura local parece que ajudou em alguma coisa e provavelmente algum outro recurso que se conseguiu levantar para cobrir as despesas.
A César o que é de César. Todo político tem seus interesses. Quando eles pagam, todo mundo gosta de se divertir gratuitamente e ninguém se oferece para pagar a conta. Se isto é errado ou certo, é uma outra questão. A verdade é esta. Digo isto porque quando participei da diretoria da ACRI acompanhei a imensa dificuldade para se conseguir fundos. O que quero salientar é que o propósito da festa - do ponto de vista dos que idealizaram o encontro anual - sempre foi democrático e agregador.
Embora eu discorde da forma com que a ACRI se tem conduzido no sentido de não abrir para novas lideranças e se perpetuar num ciclo vicioso que não tem trazido renovações interessantes na organização da festa, (vide o programa 2011), faço questão de frisar que a participação no evento sempre foi absolutamente democrática.
Isto posto, acho que fica claro a intenção da ACRI quando foi fundada.
Em relação à festa de 2011, recebi o programa há poucos dias e como este fim e começo de ano tem sido muito atribulado ainda nem tive tempo de postar no blog.
Antes, entretanto, eu vi um comentário no twitter que haveria um show com o Forró da Curtição, no dia 18, e como no programa da festa não tem quem vai tocar pensei até que fosse o tal forró. Depois, eu soube que seria o seresteiro João Dino que esteve nas primeiras festas, mas também não tenho certeza. Se assim for e o show do forró for patrocinado pela política, que se divirtam todos os que lá estiverem. O povo vende o voto de qualquer jeito. É uma lástima, mas os vícios são mesmo lastimáveis e parece que este é particularmente incorrigível.
MLUIZA
Publicado no alagoinha.ipaumirim em 06.01.2011

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