Sempre que há um embate entre políticos o povo leva
a pior. Nas privações e contenções a população é protagonista, nos privilégios,
esta não passa de um mero coadjuvante. Vitimados pelos caprichos de uma meia
dúzia que se enxerga acima do bem e do mal, o povo, não é de hoje, acostumou-se
a subtrair, já que para quem sempre perde, somar pode tornar-se uma operação
quase abstrata.
Mas há raras ocasiões em que essa briga de egos pode beneficiar a população, como agora. “Vai ter festa de graça na praça”. Comemora a população, que luta o ano inteiro contra o marasmo e a melancolia que permeia as ruas e becos desta cidade, pacata demais para as pretensões de tantos de seus jovens.
É, a festa será de graça, agora só temos que entender o porquê. Vamos lá: o status oferecido a quem ocupa determinado cargo numa cidade que tem pouco mais de quinze mil habitantes é monstruoso. É como se essa pessoa tivesse vivido a vida inteira como “zé” e de uma hora para outra virasse “doutor”, é dessa forma, em quase todo o mundo, as pessoas são tratadas não pelo que são mas pelo posto que ocupam.
Mas há raras ocasiões em que essa briga de egos pode beneficiar a população, como agora. “Vai ter festa de graça na praça”. Comemora a população, que luta o ano inteiro contra o marasmo e a melancolia que permeia as ruas e becos desta cidade, pacata demais para as pretensões de tantos de seus jovens.
É, a festa será de graça, agora só temos que entender o porquê. Vamos lá: o status oferecido a quem ocupa determinado cargo numa cidade que tem pouco mais de quinze mil habitantes é monstruoso. É como se essa pessoa tivesse vivido a vida inteira como “zé” e de uma hora para outra virasse “doutor”, é dessa forma, em quase todo o mundo, as pessoas são tratadas não pelo que são mas pelo posto que ocupam.
Portanto, para quem ostenta o cargo mais importante
do município, é questão de honra derrubar todos os adversários. Essa festa
simboliza bem isso, não é pelo povo, mas porque afeta diretamente seus
opositores que ela se realizará. E convenhamos, não é de hoje que sabemos que
políticos não convivem bem com derrotas sejam elas de qualquer natureza.
O mais importante, porém, é sabermos ou pelo menos
imaginarmos como essa festa tornou-se possível. Ter em mente que apesar de
exaltação que se faz do benefício sentido pela população, mais adiante isso
provavelmente terá um preço, e a conta, todos sabem quem vai pagar. De momento
grande parte da população está anestesiada com a possibilidade de que pela
primeira vez em 57 anos de história as famosas festas que dizem “celebrar” São
Sebastião serão mais democráticas. Mais tarde a anestesia passa e o povo vai seguir
perdendo, como de costume.
THALLYSSON JOSUÉ
Pegando
carona...
Pegando carona no texto de Thallyson Josué e disponibilizando mais informações sobre a organização da festa nos últimos anos, faço alguns comentários.
As festas promovidas pela ACRI sempre foram na
praça da igreja, muito democráticas e abertas à participação de todos,
independente de partido, religião, ou seja, lá o que for.
A festa foi idealizada pela incontestável figura
pública que se chama Zenira Gonçalves Gomes e abraçada pelos filhos e amigos da
terra que moram ou moraram em Ipaumirim.
Todo evento demanda custos e quanto maior e melhor
a festa, mais altos serão os custos. No começo, a ACRI financiava a produção
com colaborações de muita gente e era complementada, quando havia necessidade, por
alguns filhos da terra que se disponibilizavam a bancar o que por acaso
faltasse contribuindo com um valor mais alto. Depois, essa forma de arrecadação
acabou mudando em função de uma série de fatores que não vem ao caso, entre
eles, a dificuldade de entrar em contato, de um em um, que demandava muito
trabalho.
Na época em que a BLITZ foi inaugurada (não lembro
o ano) rolou um ti-ti-ti que a festa do dia 18 - produzida pela direção da casa
de shows - seria uma competição com a festa da ACRI por razões políticas. No
rastro do mesmo ti-ti-ti também se dizia que a festa da palhoça teria sido
inviabilizada por uma cobrança alta de impostos que a palhoça teria
dificuldades em pagar, entre outras razões, porque com tantas festas, sua
renda, no período, provavelmente seria inferior aos anos anteriores. A dedução seria,
portanto, que todos os caminhos levariam à Blitz. Não houve festa na palhoça,
nem no dia 18 nem 19, e não se disse mais nada.
Ainda que, por acaso, a intenção da BLITZ tivesse
sido criar um confronto cultivado nas diferenças políticas, este confronto não
vingou porque as pessoas, em sua maioria, estão mais preocupadas em se divertir
e rever pessoas queridas. Como tem muita gente que vem de fora, essas querelas
locais acabam diluídas pelo pouco interesse que despertam diante a alegria dos
reencontros. Ou seja, ficou tudo no ti-ti-ti que acompanha toda festa em
qualquer lugar principalmente no interior. E se a festa da ACRI naquele ano foi
fraca, não foi por conta da Blitz mas pelo vergonhosa produção que a diretoria
da época apresentou. UM FIASCO GERAL! Por que foi assim? Não me pergunte que eu
não sei.
Com o tempo e os esforços da entidade, a festa
levantou-se no ano seguinte e o ano passado conseguiu trazer a melhor banda que
nela já tocou. Para ser absolutamente sincera, esta banda veio tocar porque foi
paga por Neto Nunes. O restante dos recursos para a produção da festa veio de
doações de alguns homenageados, a prefeitura local parece que ajudou em alguma
coisa e provavelmente algum outro recurso que se conseguiu levantar para cobrir
as despesas.
A César o que é de César. Todo político tem seus
interesses. Quando eles pagam, todo mundo gosta de se divertir gratuitamente e
ninguém se oferece para pagar a conta. Se isto é errado ou certo, é uma outra
questão. A verdade é esta. Digo isto porque quando participei da diretoria da
ACRI acompanhei a imensa dificuldade para se conseguir fundos. O que quero
salientar é que o propósito da festa - do ponto de vista dos que idealizaram o
encontro anual - sempre foi democrático e agregador.
Embora eu discorde da forma com que a ACRI se tem
conduzido no sentido de não abrir para novas lideranças e se perpetuar num
ciclo vicioso que não tem trazido renovações interessantes na organização da
festa, (vide o programa 2011), faço questão de frisar que a participação no
evento sempre foi absolutamente democrática.
Isto posto, acho que fica claro a intenção da ACRI
quando foi fundada.
Em relação à festa de 2011, recebi o programa há
poucos dias e como este fim e começo de ano tem sido muito atribulado ainda nem
tive tempo de postar no blog.
Antes, entretanto, eu vi um comentário no twitter
que haveria um show com o Forró da Curtição, no dia 18, e como no programa da
festa não tem quem vai tocar pensei até que fosse o tal forró. Depois, eu soube
que seria o seresteiro João Dino que esteve nas primeiras festas, mas também
não tenho certeza. Se assim for e o show do forró for patrocinado pela
política, que se divirtam todos os que lá estiverem. O povo vende o voto de qualquer
jeito. É uma lástima, mas os vícios são mesmo lastimáveis e parece que este é
particularmente incorrigível.
MLUIZA
Publicado
no alagoinha.ipaumirim em 06.01.2011
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