FESTA DE SÃO SEBASTIÃO EM 2010



MLUIZA

Não conheço uma projeção do número de visitantes por ocasião da Festa de São Sebastião e não tenho a mínima ideia como se faz. Não subi a Pedra no dia 20. O calor escaldante me desanimou. Fui até o arco nas imediações do Posto de Saúde. Talvez por ser meio de semana ou por conta da hora que eu fui – quase meio dia – achei o movimento mais calmo que os anos anteriores. Muita gente vem preferindo fazer sua visita no dia 19 quando é mais cômodo porque o movimento ´´e menor.
Uma coisa é certa: é preciso ter fé para enfrentar o calor, a total falta de infraestrutura, a desorganização do trânsito, a bagunça das barracas e o perigo de comer alimentos produzidos sem a menor fiscalização da vigilância sanitária. Sair inteiro é um milagre. Entra ano e sai ano e a prefeitura não se mobiliza para disciplinar o comércio nas imediações da pedra.
Enquanto a cidade não se preparar para enfrentar o evento, jamais poderemos ter a ousadia de qualificar a festa como turismo religioso. Seremos sempre a romaria com todos os problemas, desrespeito e miséria que costumam ser característicos desta manifestação da religiosidade popular.
A verdade, dura e crua, é que ninguém se importa com a romaria. Sempre se dá “uma guaribada”, uma meia sola, porque a maioria dos visitantes é pobre e vem movido pela fé. Pobre ou não, eles trazem dinheiro para a cidade. Poderiam trazer muito mais se houvesse iniciativa para atendê-los melhor. Afinal romaria não é frente de trabalho onde as pessoas, por necessidade, se submetiam a todo tipo de vexame.
Você pode até argumentar: esse ano foram instalados postos de distribuição de água, leite, biscoito. Eu vi a tenda dos jovens da maçonaria mas soube que também a Prefeitura, o Leo Clube e Auci Alves tinham seus pontos de distribuição. Água era comum a todos mas alguns postos também distribuíram leite e biscoitos.
Ótimo, sinal que algo melhorou, mas não estou falando de iniciativas isoladas, estou falando de infraestrutura e organização, planejamento de uso do espaço urbano, calçamento, fiscalização, benfeitorias, o que é bem diferente.
O trânsito nem se fala. Só faltou elefante e vaca para ficar igualzinha a Índia na novela Caminho das índias. Como perguntar não ofende, eu aproveito e pergunto: por que IP não municipaliza e disciplina o trânsito? Talvez tivesse mais ordem. Afinal, quem cuida do trânsito em IP? Além do licenciamento, o que há na cidade de normatização?
A síndrome da Índia no trânsito de IP não é só na romaria. Moro defronte ao posto do DETRAN e vejo, quando aí estou, carros e motos estacionados irregularmente. Até caminhão estaciona sobre calçadas. Velocidade, carros em estacionamento duplo, motos, cavalos, bicicletas dividem desordenadamente o trânsito na cidade.
Sentar-se na calçada é um sério risco, tamanho o desgoverno de carros e motos nas barbas do escritório do DETRAN entre a Rua Coronel Gustavo Lima e o largo atrás da igreja. Agora, imagine em dia de romaria! É uma temeridade. Nas áreas próximas ao posto de saúde é uma bagunça geral.
Transporte sem a menor segurança expondo a vida de adultos e crianças a todas as mazelas que se pode imaginar numa situação caótica.
E o parque de diversões? Pelamor de Deus, é São Sebastião quem segura aquilo lá. As instalações são precárias, fios pelo meio da rua, as filas se entrelaçam entre a rede elétrica instalada para atender ao parque e ainda aos fogareiros e panelas com óleo quente.
Boneca, DVD pornô, CD, ouro de araque, pomada, sandália, crente distribuindo revista, santo, calendário, jogos de azar se misturam às lanchonetes improvisadas que servem hambúrguer, coxinha, empada, espetinho e o que mais chegar. Dá para imaginar o que é isso tudo, junto, num espaço mínimo? Por que não se organiza aquilo lá? Credo! É preciso ter disposição para atravessar aquele pedaço de rua. O desafio é digno de uma rigorosa gincana. Acho que, de repente, sair vivo daquele rebuliço já paga metade da promessa. O resto fica por conta da poeira e da desorganização do tráfego de romeiros até a pedra.
A pedra é um outro problema. Nem preciso falar no estado de conservação das obras lá realizadas. Altar não tem mais. Parece que instalaram um provisório e o vento levou. Os pinos de ferro distribuídos em alguns pontos da pedra, acredito que para dar mais segurança, não tem mais correntes entre eles. Se já tiveram, não lembro, mas a sua disposição sugere que seria um aparato mínimo de segurança. Ouvi dizer que vandalizaram e incendiaram o quartinho dos ex-votos e construíram outro tão acanhado quando o anterior. A sorte é que o santo cuida do que é seu. Só isso justifica não acontecer acidentes. Não há local determinado para acender as velas, a cera derretida oferece o perigo de alguém escorregar.
Sem querer falar de política, mas falando de ações e iniciativas, os administradores de IP não têm compromisso com a continuidade do que dá certo. Se Miraneudo construiu aquela obra de infraestrutura, por que Luiz Alves não terminou e deixou o caminho pronto até a base? Tantos anos de governo e não fez nada? Há alguma razão técnica para isto? Decidiu refazer a estrada velha que também não terminou, além do mais com um canteiro no meio. E eu até fiquei pensando que a razão do canteiro poderia ser inibir o trânsito de carros e fazer uma área propícia e segura para o pedestre inclusive com marcações para caminhadas durante o decorrer do ano. Ficou lá aquela coisa pela metade. Agora, o novo gestor está passando a máquina e calçando os canteiros. Até tem uma placa lá na pedra. Como eu não vi outra, acredito que seja referente a esta obra. Afinal, cada um faz um pedaço e ninguém termina o que o outro começou. Daqui a pouco termina o tempo da atual gestão e o outro que entrar vai começar ô quê? Um teleférico da capela ao serrote?
Graças a Deus, não tenho preferência político partidária em Ip e quando eu comento que tudo continua como está, não me sinto constrangida. Tem gente que pensa que estou torcendo por um dos lados. Não estou mesmo. Até detesto quando as pessoas falam comigo com um ar de cumplicidade. Eu torço para qualquer um deles acertar e fazer um Ip melhor para todos. Como diz Fernando Pessoa, “a ilusão é a mãe da vida”.
A comunidade precisa ser mais presente. Colaborar, criticar, estimular, fiscalizar, fazer a parte dela. Imaginem que o largo atrás da igreja, em pleno período de festa, estava tomado de material de construção. Foi preciso Bosco Macedo chegar e tomar a iniciativa para limpar a área. Dá pra entender? É saudável que um cidadão faça isso mas não dá para entender porque a secretaria de obras não se adiantou e solicitou a retirada do material que, digamos assim, nem estava no lugar adequado.
Sabe a via sacra no caminho da pedra? Aquela que está bem acabadinha não só pelo vandalismo mas pela própria construção inadequada para enfrentar intemperismos? Pois bem, agora roubaram o quadro de uma das estações. Vê se tem sentido!
A procissão foi muito bem organizada, muito bonita. Ainda bem que não mudaram o percurso seguindo a tradição.
No dia 21, bastante gente foi deixar o santo na Pedra de São Sebastião. Eu fui junto e pude ver tudo que relatei acima. É sempre bonita a pedra no fim da tarde. A ornamentação do dia anterior já não existia. Disseram-me que muitas bandeiras acompanhavam a escadaria e que estava bem vistoso. Eu vi quando as bandeiras subiram no carro para serem colocadas. Uma coisa me deixou intrigada, as bandeiras vermelhas eram poucas em relação às demais cores utilizadas, cores da bandeira nacional. A princípio, eu pensei até que era um evento cívico que ia acontecer paralelamente, mas depois me informaram que eram para ornamentar a pedra. O importante é que ficou bonito.
Precisamos agradecer a Sonia e Jucieuma, fiquei observando como elas trabalharam com afinco e coordenaram bem seus grupos de apoio. De uma maneira geral, a gestão do município esteve muito mais comprometida com a festa que as gestões anteriores.

Não conheço uma projeção do número de visitantes por ocasião da Festa de São Sebastião e não tenho a mínima ideia como se faz. Não subi a Pedra no dia 20. O calor escaldante me desanimou. Fui até o arco nas imediações do Posto de Saúde. Talvez por ser meio de semana ou por conta da hora que eu fui – quase meio dia – achei o movimento mais calmo que os anos anteriores. Muita gente vem preferindo fazer sua visita no dia 19 quando é mais cômodo porque o movimento é menor.


A cidade não estava lá tãaaaaaaao limpa mas alguém, particularmente, mandou limpar algumas ruas. Até me mostraram o recibo do pagamento dos serviços. Né por nada naum mas acho que esta atividade diz respeito ao poder público. É até bom que as pessoas ajudem a limpar e os demais ajudem a conservar, mas não podemos esquecer que há gente responsável pela atividade e que de repente a esqueceu na hora da maior festa do município. Acontece mas pega mal.
Fiquei com pena porque vão fechar a Toca do Jia. Tudo tem seu tempo, a Toca teve o dela. Quem não se divertiu ali? Quem não se lembra de Edmilson sempre paciente, atencioso e solícito? Acho que merecia pelo menos uma plaquinha para marcar o local onde, geração após geração, a juventude de Ipaumirim desfrutou momentos agradáveis.
Passando pelo quarteirão do mercado, vi lojas novas, tudo tão arrumado que dá gosto. Fico contente quando vejo o comércio melhorando mas as fachadas originais do mercado se acabaram. Cada um fez de um jeito e perdeu-se o conjunto arquitetônico de princípios do século XX. Descuido do poder público que permitiu a descaracterização do conjunto original. Podiam fazer melhoramentos interiormente e manter a fachada. Vale esclarecer que não começou com esta gestão, desde antes já tinha começado a alteração da área inclusive com a construção da Praça São Sebastião e o estreitamento das ruas.
Ponto para a polícia que botou ordem e horário nos paredões de som que incomodam a vizinhança nas imediações da Praça São Sebastião. É isso aí, tem que ter hora de começar e terminar. Cidade civilizada demanda normas que atentam para o respeito aos cidadãos.
Embora a iniciativa seja da ACRI mas como as lideranças políticas estavam presentes, o que quer dizer que endossaram as homenagens do centenário de Ademar e ainda como a cerimônia aconteceu na Câmara dos Vereadores, o que deu um tom oficial ao evento, foi cruel que as obras dele não tivessem levado pelo menos uma mão de cal. Até as fotos em exposição denunciavam o descaso.
Para finalizar, por hoje, fico devendo a vocês a resenha do livro sobre Antonio Ribeiro. Amanhã, se eu tiver tempo, encerro com a resenha a minha agenda da festa. Até o fim da semana publicarei as imagens.
Esperando que em 2011, a comunidade, a igreja, a ACRI e o poder público se reúnam e façam uma festa cada vez mais bonita, como merece o santo e a cidade.
MLUIZA
Publicado no alagoinha.ipaumirim em 02.02.2010

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