O PÃO NOSSO DE CADA DIA



MLUIZA
Claudiomar Rolim me lembrou o dia do padeiro. Eu sou fã incondicional de pão. A D O R O. De todo jeito. Cheguei na padaria, se tem um novo tipo de pão, lá vou eu comprar. Mas não existe nada igual ao pão francês, passado no gergelim, com manteiga da terra e café quente. Aliás, eu aprendi a chamá-lo francês quando fui morar em Campina Grande porque em IP chamávamos ‘ pão aguado’.
Toda tarde, Cazuza bureco, acho que o nome dele era esse, passava na rua, com um balaio de pão, vendendo a fornada fresquinha da tarde. Tinha outra padaria na cidade mas eu só lembro a de Compadre Doca que era na mesma rua que moravam meus avós.
As massas, em geral, não me seduzem mas o pãozinho literalmente me tira do sério, desde pequena. Quando o pão era produzido nos fornos basicamente artesanais, quase toda casa tinha um saquinho de tecido para guardá-lo. 

Da padaria, geralmente eles vinham com uma faixa de papel de embrulho que circulava na metade do pacote para mantê-los juntos.
                                  
Do mesmo estilo e modelo dos sacos de pão, eram as sacolinhas que levávamos lanche para a escola. Banana, manga, laranja, pão, bolacha, cocada e outras guloseimas da terra eram transportadas em nossas rústicas e ecológicas lancheiras. Depois, quando chegou o leite da Aliança para o Progresso, popularmente conhecido como ‘leite do padre’, foi incorporado o lanche produzido na própria escola. Fazíamos fila, cada uma com sua caneca para a distribuição na hora da merenda.
Outro dia, comprei um saco de pão cheio dos bordados numa feira de artesanato e descobri que eles ficam bem mais frescos quando ali são conservados de um dia para outro.
Nos meus tempos de Grupo D. Francisco de Assis Pires, na exposição de bordados das alunas de Maria Sousa e Ninita Baraúna sempre tinha saco de pão entre as peças produzidas. Saudade das professoras do velho grupo. Tanto empenho para nos fazer exímias bordadeiras. Nunca consegui. Meus bordados sempre se desmanchavam na primeira lavagem. Minha incompatibilidade com trabalhos manuais é histórica e juro que não é falta de vontade, é incompetência mesmo.
Todo dia eu esperava ansiosa que Adolfo, pai de Flávio Lúcio, viesse da padaria. “Quer pão, quer pão”, era o meu mote da tarde e ele sempre me dava um bico de pão quentinho, daqueles de lamber o beiço.
Tínhamos basicamente o pão aguado, o pão doce, o pão sovado que era meio parecido com o pão recife, ou talvez fosse a mesma coisa. Nos períodos de festa, o forno da padaria também assava bolos, galinhas e perus da clientela. Lá se vão tantos anos.
A padaria de Doca Moreira também fabricava umas bolachinhas d'água e biscoitos. O biscoito era o dez. De férias no sítio São Pedro, depois de tomar banho de açude, eu adorava sentar nos bancos de madeira da calçada e comer biscoito com água. Tio Sebastião comprava vários pacotes que eu devorava com raro prazer.
Lembranças boas. Como é simples ser feliz.
MLUIZA
Postado do alagoinha.ipaumirim em 08.07.2010

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