Os
competentes médicos naturalmente estão fora dessa categoria. Eles formam um
contingente cada dia menor mas seria leviano generalizar sem fazer essa
ressalva. Eu diria até que eles formam uma mini
minoria mas é preciso reconhecer que ainda existem alguns que fazem a
diferença.
Infelizmente ainda não existe uma delegacia ou
órgão para controlar o abuso e a falta de respeito dentro dos consultórios. Não
estou falando de assédio e sim da falta de compromisso, ética e
responsabilidade de médicos com os pacientes. Estamos à mercê de um comércio
sem regras claras e sem proteção ao usuário.
Ir a uma urgência é uma temeridade. Todo
mundo que eu conheço tem um episódio sobre urgência para contar. É preciso
sorte - mas muita sorte mesmo - para ser atendido por profissional que entenda
um pouco além da aplicação de soro. A doença é virose. Passa um remedinho e
salve-se quem puder. O paciente recebe um atendimento no melhor estilo “banho
de gato” e a orientação de procurar um médico no dia seguinte.
Começa a segunda etapa. O paciente espera até
seis meses por uma vaga num bom médico ou encara uma aventura que pode ou não
dar certo. Ou seja, estamos entregues à sorte.
Os consultórios são lotados porque os planos de
saúde pagam pouco e os médicos ganham por produção. Então, tome consulta! A
média são cinco minutos. Em alguns casos, até a guia de exames já está
preenchida com antecedência. Na hora, põe o nome do paciente e o carimbo do
médico com a sua assinatura. Eu não consigo entender a dinâmica do preenchimento
antecipado de guias, a lógica da distribuição entre os pacientes quando nem
tempo de ouvir os sintomas o médico tem. Será por telepatia? Ou eu poderia
supor a hipótese de uma possível aliança ligando essa categoria de
profissionais aos laboratórios e clínicas?
E se isso fosse pouco ainda nos submetemos
aos planos de saúde, espertos comerciantes e cobradores intransigentes. O
atendimento aos usuários é sofrível. Tanto faz pagar caro como barato, o
atendimento é péssimo inclusive considerando a variável incompetência algumas
vezes confundida com má vontade. E nem
adianta reclamar porque a ouvidoria deles e nada é a mesma coisa.
Ainda tem o capítulo remédio. Além de caros,
é um terror a estratégia de publicidade dos laboratórios. Além de patrocinar
congressos, viagens, presentes, a pressão é grande sobre os profissionais para
disparar o consumo. Alguém – VOCÊ – tem que pagar essa mordomia toda que os
médicos recebem. E tome remédio. Farmácia é pior do que padaria, não tem uma
que não tenha fila. Qualquer hora do dia está cheia de gente. O mundo está
envenenado de remédio passado sem o menor escrúpulo.
O
conhecimento é um valor. Se o médico dispõe desse conhecimento, deve cobrar por
ele o preço que acredita que vale. Não venham com esse papo de que todos
têm direito a atendimento e em nome do amor a profissão os médicos aceitam os
planos de saúde. São Francisco pode agradecer mas o paciente dispensa o cinismo
do argumento.
A
solução adotada é tirar no atacado o que a competência não permite cobrar. E tome
consultórios lotados. Os planos de saúde cobram caríssimo do usuário por uma
medicina cheia de restrições, remuneram miseravelmente mas, por favor, a
maioria das consultas do jeito que estão sendo realizadas não merecem mais do
que recebem.
A questão
não é só respeitar o paciente, é sobretudo respeitar a si próprio como
profissional e a própria medicina enquanto prática.
Arrogantes,
despreparados e sem ética profissional, os despachantes de guias de exame são
absolutamente livres no seu território.
O SUS,
pelo menos, ainda tem a imprensa pra quebrar o pau em cima dos problemas. Os
usuários de plano não tem ninguém. Nem lei nem rei.
Certo mesmo é o que dizia uma velha tia: minha filha, quem tem plano de saúde, não tem saúde. Infelizmente, ela tinha razão.
Certo mesmo é o que dizia uma velha tia: minha filha, quem tem plano de saúde, não tem saúde. Infelizmente, ela tinha razão.
E ainda tem quem fale mal do SUS.
MLUIZA
Publicado no alagoinha.ipaumirim em 28.02.2013
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Respeitar sempre.