IPAUMIRIM PARA QUÊ TE QUERO?



MLUIZA
Até algum tempo atrás não sabíamos sequer se existia algum documento que delineasse uma proposta de trabalho e o compromisso do candidato com a comunidade. Um avanço que a internet nos trouxe e que é da maior importância para todos embora uma maioria expressiva não se interesse pela coletividade porque o horizonte pessoal é, no máximo, do tamanho da sua sombra. A sua compreensão não vai além. Por esta razão se negocia votos com tanta facilidade.
Não podemos esquecer que a exploração é grande. Telhas, tijolos, óculos, cimento, viagens e tudo que se imaginar pode valer voto. Até chapinha. Tem uma coisa mais bizarra que trocar voto por uma chapinha no cabelo?
O político não faz este pacto sozinho. A comunidade também pauta as regras e os métodos. O eleitor muda de candidato porque não se sentiu contemplado nos seus próprios interesses. A disposição para sugar os candidatos é inesgotável. O explorador nunca está saciado, sempre falta algo. Deu o tijolo? Tem que dar a telha. Deu a telha? Falta a cerâmica. Deu a cerâmica? Falta a mão de obra.
Entra e sai eleição e os que rodam a bolsa não arredam o pé. Firmes e fortes.  Coitados. A turma do andar de baixo ainda não descobriu que sem ela não há liderança que se sustente.
Após as eleições, entram as equipes da primeira divisão. O passe é mais alto. As negociações ficam mais caras e complexas. Saímos do território  das chapinhas e dos tijolos para a distribuição de recursos, cargos  e espaços privilegiados. Entra a turma que vai compor a burocracia da gestão. É também a hora de recompensar quem financiou a campanha. Decidem-se contratos de serviço. E a roda vai girando. Faltam verbas para o que realmente necessita: educação, saúde, segurança, cultura, melhorias na infraestrutura, etc.
O elenco da esperteza tem muitas categorias. Acredito que o mais barato ainda seja o eleitor. Neste, a esperteza reflete a ignorância, a incapacidade de se reconhecer enquanto cidadão. Ainda teremos muitas luas antes que mude a nossa mentalidade e a nossa vocação para a insignificância. É lamentável que os jovens se deixem aprisionar com tanta naturalidade por tão poucas migalhas. É uma pena deixar esse carma para as próximas gerações.
É possível que a pobreza de iniciativas nos programas e na própria gestão tenha origem no pouco caso dos políticos em relação à comunidade.  Acostumados a lidar com esta classe de eleitores que votam motivados por apelos individualistas, bizarros, prosaicos, sórdidos e, muitas vezes, impublicáveis, eles acostumaram-se também a perder o respeito pelo povo, pelo cargo, pelo dever, pelos compromissos e, algumas vezes, por si mesmos.
MLUIZA
Publicado no alagoinha.ipaumirim em 10.08.2012

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