Até algum tempo atrás não sabíamos sequer se
existia algum documento que delineasse uma proposta de trabalho e o compromisso
do candidato com a comunidade. Um avanço que a internet nos trouxe e que é da maior
importância para todos embora uma maioria expressiva não se interesse pela
coletividade porque o horizonte pessoal é, no máximo, do tamanho da sua sombra.
A sua compreensão não vai além. Por esta razão se negocia votos com tanta
facilidade.
Não podemos
esquecer que a exploração é grande. Telhas, tijolos, óculos, cimento, viagens e
tudo que se imaginar pode valer voto. Até chapinha. Tem uma coisa mais bizarra
que trocar voto por uma chapinha no cabelo?
O político não faz este pacto sozinho. A
comunidade também pauta as regras e os métodos. O eleitor muda de candidato
porque não se sentiu contemplado nos seus próprios interesses. A disposição
para sugar os candidatos é inesgotável. O explorador nunca está saciado, sempre
falta algo. Deu o tijolo? Tem que dar a telha. Deu a telha? Falta a cerâmica.
Deu a cerâmica? Falta a mão de obra.
Entra e sai eleição e os que rodam a bolsa não
arredam o pé. Firmes e fortes. Coitados.
A turma do andar de baixo ainda não descobriu que sem ela não há liderança que
se sustente.
Após as eleições, entram as equipes da primeira
divisão. O passe é mais alto. As negociações ficam mais caras e complexas.
Saímos do território das chapinhas e dos tijolos para a distribuição de
recursos, cargos e espaços
privilegiados. Entra a turma que vai compor a burocracia da gestão. É também a
hora de recompensar quem financiou a campanha. Decidem-se contratos de serviço.
E a roda vai girando. Faltam verbas para o que realmente necessita: educação,
saúde, segurança, cultura, melhorias na infraestrutura, etc.
O elenco da esperteza tem muitas categorias.
Acredito que o mais barato ainda seja o eleitor. Neste, a esperteza reflete a
ignorância, a incapacidade de se reconhecer enquanto cidadão. Ainda teremos
muitas luas antes que mude a nossa mentalidade e a nossa vocação para a
insignificância. É lamentável que os jovens se deixem aprisionar com tanta
naturalidade por tão poucas migalhas. É uma pena deixar esse carma para as
próximas gerações.
É
possível que a pobreza de iniciativas nos programas e na própria gestão tenha
origem no pouco caso dos políticos em relação à comunidade. Acostumados a
lidar com esta classe de eleitores que votam motivados por apelos
individualistas, bizarros, prosaicos, sórdidos e, muitas vezes, impublicáveis,
eles acostumaram-se também a perder o respeito pelo povo, pelo cargo, pelo
dever, pelos compromissos e, algumas vezes, por si mesmos.
MLUIZA
Publicado
no alagoinha.ipaumirim em 10.08.2012
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