Danuza Leão diz que após o primeiro gole de cerveja
ninguém manda e-mail. Menos ainda, claro, escreve algo diretamente na net. Mas,
hoje, eu resolvi quebrar o tabu, tomando cerveja e escrevendo. Saí cedo ao
centro da cidade. Cheguei agora. Pense no programa! Não fosse o calor
insuportável, o centro da cidade é fantástico.
Estava muito mais lotado que na sexta feira que
estive por lá mas, hoje, fui só e definitivamente é muuuuuuuuito mais
divertido. Eu paro onde quero, escuto pedaços de conversas, adultos irritados
com a insistência das crianças, camelôs e alto-falantes deixam a gente
doidinha. Estacionar é uma aventura. Fui parar no largo da igreja São José do
Ribamar. Em 40 anos de Recife jamais imaginei que um dia estacionaria por lá.
No domingo, a rua é dos flanelinhas. Não tem lei nem rei. Eita doidice!
Os coreanos invadiram o Recife. É muita
quinquilharia. Acredito que 90% do que se vende deve ir para a lata do lixo.
Todo mundo quer dar sua lembrancinha num precinho legal. E isso só os chinos
sabem ter. Leques. Pra que leques? Sei lá, quem sabe pra se abanar nas longas e
calorentas missas. Lápis. Quem não escreve? Imagem de santos para os católicos.
Cadernetas que jamais anotarão qualquer endereço. Bolsas, bolsinhas e bolsonas.
Maquiagem. E se der alergia? Ah, o dermatologista cuida disso. Pequenos objetos
de cristais de péssima qualidade. E daí? Brilha e pronto! Espelhos, bolsinhas
pra celular, caixinhas de louças, jarrinhos, canetinhas, coisas, coisas e
coisas que não servem para nada mas que são bem bonitinhas.
Aí, vc se dana a comprar. O suor descendo e você
comprando. A lista de presentes é interminável. Parece uma agenda de telefone.
A empregada, o porteiro, o zelador, a secretária, o bedel, o amigo secreto. E
os chinos mais do que contentes porque naquele vuco-vuco ninguém pede nota
fiscal.
Do lado de fora das lojas, o grito do camelô:
Do lado de fora das lojas, o grito do camelô:
- Lula chegou, Lula chegou! DVD! Um é dois e três é
cinco.
Não resisto.
Não resisto.
- Me dá aí um Lula, 2012 e Salve geral pra
completar.
A mulher do meu lado fala pelo celular:
- Onde "bobônica" tu tá que ainda não
apareceu pra gente ir embora?
- Vai um avental aí? – pergunta o camelô.
- Tapioca japonesa, quem vai querer? É só um real.
É proibido adoecer em dezembro. O povo come
tapioca, camarão frito, empada, toma água de coco, picolé, sorvete e o que mais
chegar.
E o suor descendo. Preciso entrar em alguma loja
com ar condicionado para me refazer e conseguir achar meu carro entre Toyotas,
vendedores ambulantes e carroças. É o caos!
Chego em casa desidratada. Estou exausta. Tenho que
tomar um banho frio e uma cerveja gelada. Depois eu abro minha sacola de
quinquilharias. Comprei, comprei, comprei. Nada caro mas um monte de coisicas
que qualquer um passaria sem elas. E daí? O melhor de dezembro é o centro da
cidade. O natal é apenas um detalhe.
MLUIZA
Publicado
no alagoinha.ipaumirim em 14.12.2009
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