Lendo jornais eletrônicos, sites e blogs do Ceará,
vejo ações e decisões tomadas no âmbito do governo que - de uma maneira ou de
outra - beneficiam alguns municípios. Em que pese o oportunismo da temporada
eleitoral, de alguma forma, alguém consegue alguma coisa.
Naturalmente, os sites chapa branca estão fora do
que se pode ver de interessante na net. Produzidos sob encomenda das
assessorias de comunicação, sempre tem na retaguarda um relações públicas
insinuando que o mundo é cor de rosa ou um jornalista experiente afastando os
olimpianos do olho do furacão.
O que me deixa triste é que nunca vejo Ipaumirim
contemplado por alguma ação concreta que traga melhorias para a comunidade.
Sabe aquela síndrome de quem ficou no canto cuidando de miudezas e não se deu
conta que a fila anda? É a sensação que dá.
Quem tem a curiosidade de olhar as ofertas do
balaio do governo, gostando ou não, vai encontrar muita coisa para quem se
interessa e luta por melhorias na comunidade. Mas IP fica sempre tão quietinho
que parece ainda menor que sua própria capacidade de reivindicar.
Para ficar no concreto, visível, vamos fazer um
tour pelos prédios públicos de IP. Tudo deteriorado. A pobre delegacia,
coitada, totalmente antiquada. Ainda é do tempo do Ademar. O hospital sem
médicos e sem remédios. Os colégios sem conservação, a quadra do antigo XI de
Agosto da última vez que eu vi tinha desmoronado. As praças abandonadas. O
mercado público acabou. O clube caiu. As pontes são um perigo permanente. A
lavanderia pública é um descalabro. O açougue não se sustenta diante da mais
displicente fiscalização da vigilância sanitária. Os bairros novos não têm
calçamento. Saneamento, nem pensar. E esse ano, nem o Micaramirim, cartão de
visita da prefeitura. E por aí vai...
Como não tem ninguém candidato à reeleição, a cidade está entregue. Deixa como está para ver como é que fica.
Como não tem ninguém candidato à reeleição, a cidade está entregue. Deixa como está para ver como é que fica.
Os candidatos a prefeito são pessoas decentes. Eu,
pelo menos, nunca ouvi falar mal de algum deles. São descendentes de famílias
do município, gente de respeito e princípios. De uma certa forma, eles trazem
um passado na política através de sua própria participação e/ou de seus
familiares. Com certeza, podem ser convidados para qualquer festa de batizado,
casamento, reuniões sociais que não vão dar vexame. A presença de qualquer um
deles, com certeza, vai abrilhantar o evento.
Mas, na política, as coisas não funcionam de
maneira tão simples. Vamos tirá-los do seio das famílias e do convívio amigo e
olhar para eles como candidatos no contexto da genealogia política do nosso
município.
Minha vó dizia que “é melhor um ruim de raça boa
que um bom de raça ruim”.
Fazendo uma analogia dessa expressão para a
política, as coisas não funcionam diferentes. Se a nossa matriz política está
podre na raiz, nos métodos e nas propostas, o que podemos esperar de candidatos
comprometidos com as suas armadilhas?
O que se desenhou para esta campanha é um flash
back do passado recente. Temos a candidatura de Torres Neto, um jovem ainda
inexperiente, cuja candidatura pode ser, no máximo, uma possibilidade a mais no
rearranjo eleitoreiro se a campanha se acirrar demais. Mas a que preço?
Imagino o que seria uma provável chapa única – de
pacificação ou conchavo – aprisionando o prefeito num brete à mercê da turba.
Quantas gestões posteriores estariam comprometidas em função de um possível
acordo?
Cada um puxou para o seu lado. Por vaidade,
política, compromisso ou interesse, as águas se separaram. Mas isso não quer
dizer que elas vão irrigar o solo trazendo novas esperanças e boas colheitas.
Por enquanto, só quer dizer que ficou tudo igual. Nada de novo no front.
Vamos ver no Anuário do Ceará que vai ser lançado,
dia 21, o que vem dizendo sobre Ipaumirim. Eu não sei se eles vão
disponibilizar na internet e nem conheço a metodologia do trabalho, mas de
qualquer maneira os dados devem ser fonte e pauta para reflexão principalmente
num ano eleitoral.
Gosto bastante da frase “Não é porque as coisas
nunca mudam que um dia elas não terão que mudar”.
Se nada muda mas terá que mudar, a única saída
viável é a mudança de mentalidade do eleitor. Ipaumirim já não pode ser
considerado o celeiro da ignorância onde as autoridades políticas deitam e
rolam e não dão a menor satisfação. Bem ou mal, os meios de comunicação de
massa nos trouxeram à fórceps para o século XXI. É preciso saber usar as
chances que a informação nos oferece para construir, participar, exigir,
fiscalizar. Se não soubermos ocupar os espaços a que temos direito, vamos viver
no pior dos mundos.
Quem viver, verá.
MLUIZA
Publicado no alagoinha.ipaumirim em 18.07.2008
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