DIZ-ME COM QUEM ANDAS...



MLUIZA

Eu, hoje, nem estava pensando em escrever. Um domingo de muito calor sempre deixa aquela sensação de que é dia de dormir e, se possível, sonhar. Mas o calor insuportável não dá sossego. Não dá para ficar quieta. Vou dar uma olhada nos jornais para ver qual o escândalo do dia. Portais de informações, blogs políticos , revistas e boletins eletrônicos, a conversa leva sempre a mesma pergunta : e, nós, aonde vamos?
Quando digo nós, estou falando de mim e de você que pagamos a conta da farra, que deixamos de comprar feijão porque está caro, que não podemos comprar livros e cadernos para os nossos filhos nem remédios para os nossos enfermos porque somos obrigados a pagar a esbórnia da política. E pelos dutos, cartões corporativos e cuecas da vida vai descendo o nosso suado dinheirinho.
Leio, todos os dias, o Diário do Nordeste On line. Ontem, quem leu a matéria “O TCM desconhece a declaração de bens” deve ter ficado perplexo.

Os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores de todo o Estado do Ceará não cumprem os dispositivos da Constituição estadual que os obrigam enviar, anualmente, declaração de seus bens ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) para a adoção das providências que considerar necessárias em caso de suspeita de enriquecimento ilícito no curso do mandato. O TCM, por sua vez, também não tem cobrado e, na prática, essa obrigação é como se não existisse.
“Um dos integrantes do TCM, que pediu para o nome não ser revelado, informou ao Diário do Nordeste, que embora não tivesse um levantamento sobre o assunto, pelo seu conhecimento, prefeitos, vice-prefeitos e vereadores nunca encaminharam suas declarações de bens e o TCM também nunca cobrou. Na sua avaliação pessoal trata-se de um medida questionável, que pode até ser inconstitucional porque não cabe ao Tribunal fiscalizar a vida particular dos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores e, inclusive seus parentes, pois a função do TCM é analisar as contas das Prefeituras, das Câmaras Municipais e dos órgãos públicos em geral, na sua esfera de competência.” (DN, 16.02.2008)
Ainda que se questione a obrigação ou não do TCM fazer esse tipo de fiscalização, não haveria possibilidades de cruzamento com outras fontes, tipo Imposto de Renda, por exemplo? Santa ingenuidade a de quem paga impostos pesados e, com certeza somos nós que os pagamos - os escolhidos, nunca - que ainda temos que aguentar desplantes desta natureza.
Hoje, pensando eu que o jornal poderia ser mais ameno – o que nunca é possível - vou ao DN e vejo a notícia que abaixo transcrevo:
"Oito dos 22 deputados federais respondem a algum tipo de processo
Brasília. Oito dos 22 deputados federais cearenses e um senador respondem a algum tipo de processo, seja nos tribunais superiores (STF, STJ, TSE, TCU, TRF) como nos locais (TRE, TCE) e estariam automaticamente impedidos de se candidatar caso as novas regras sejam aprovadas.O deputado Ciro Gomes (PSB) anda as voltas ainda com sua administração no Ministério da Integração Nacional. Segundo Acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU), uma auditoria feita em convênios firmados pelo Ministério com prefeituras revelou ausência de definição clara do objeto, de estudos técnicos e de projeto básico. Houve descumprimento das etapas de licenciamento ambiental de obras. Desvio de finalidade.
Dotação orçamentária insuficiente. Incompatibilidade entre valores e preços contratados. Há também incoerência dos preços orçados e contratados com os de mercado; Indefinição dos critérios de reajuste de preços. O TCU determinou ao Ministério para que tomasse providências no sentido de sanar os problemas.
José Guimarães (PT-CE) tem um processo no Tribunal Regional Federal da 5ª Região relativo a uma ação civil pública por improbidade administrativa. Manoel Salviano (PSDB-CE) tem contas julgadas irregulares pelo TCU.
Marcelo Teixeira (PR-CE) foi requerido por uma petição no STF por sonegação fiscal e no TCU por irregularidades na construção de ponte sobre o Rio Cocó. Houve alteração unilateral do objeto do convênio, sem pedido de autorização prévia à entidade concedente, entre outras impropriedades que não foram sanadas.
Paulo Henrique Lustosa (PMDB-CE) é alvo de uma Investigação Judicial Eleitoral do TRE-CE, por abuso de poder político e de autoridade por meio de publicidade institucional ao show Forrozão dos Caminhoneiros, dissimulando propaganda eleitoral.
Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) após acórdão do TCU foi obrigado a ressarcir a Câmara dos Deputados de débitos decorrentes de financiamento para a aquisição de veículos, concedidos pelo extinto Instituto de Previdência dos Congressistas.
O deputado Anibal Gomes (PMDB), responde inquérito no STF, tendo sido indiciado pelo Ministério Público. Por fim o deputado Zé Gerardo Arruda (PMDB) tem duas ações penais por Crime de responsabilidade, desvio de verba. É investigado por crime de responsabilidade, irregularidades em aplicação de verbas públicas, e conta ainda com três inquéritos no STF.
Em dois ele é investigado por crime de responsabilidade, irregularidades em aplicação e desvio de verbas públicas. Em outro por crime ambiental. Por duas vezes ele foi multado pelo TCU por irregularidades na aplicação de verbas federais quando prefeito de Caucaia. “(DN, 17.02.2008)
Eis a lista dos deputados de vários partidos. Não apenas juntos “pero juntos y revueltos” como dizem os latinos.
Na prática, a teoria é a mesma
A bem da verdade, Ipaumirim, historicamente, nunca teve uma tradição partidária que fosse além da percepção do simples “este é o meu lado”. Estou com fulano e/ou com sicrano. Lembro-me criança, o slogan da campanha de Dr. Arruda era “Não temos partido, temos um chefe”. O voto sempre esteve culturalmente vinculado a outras relações sociais. No mercado das trocas, está muito próximo das relações pessoais e políticas como moeda de troca no escambo eleitoreiro. Com ele, honram-se os compromissos e pagam-se favores.
De Arruda para cá, os tempos mudaram e mudaram muito. Para o bem e para o mal. O problema é que as novas lideranças conseguem fazer certas combinações partidárias que debocham dos eleitores e tripudiam sobre a nossa cidadania. O que não quer dizer que nos outros partidos há coisas melhores mas que há diferentes personalidades distribuídas pelos partidos. É estranho personalizar um voto sem considerar o partido mas, pensando Ipaumirim, os partidos sempre deram sustentação a nomes e nunca a propostas. Ou seja, "no es lo mismo pero es igual."
Fui olhar na lista publicada pelo Diário do Nordeste, os nomes dos ilustres deputados federais do Ceará que respondem a algum tipo de processo e que estariam envolvidos na última e/ou na próxima campanha política do Ipaumirim. Encontrei “José Guimarães (PT-CE) tem um processo no Tribunal Regional Federal da 5ª Região relativo a uma ação civil pública por improbidade administrativa. Manoel Salviano (PSDB-CE) tem contas julgadas irregulares pelo TCU.”(DN, 18.02.2008)
Manoel Salviano foi votado na eleição passada por indicação de Luiz Alves e, circula na cidade a informação que José Guimarães estaria apoiando alguma candidatura no município para o próximo pleito. O deputado Guimarães, irmão de José Genoíno, conforme foi amplamente denunciado pela imprensa, esteve envolvido no escandalo dos dólares na cueca conforme denunciou a revista Veja:

Caso Lulinha e o dólar na cueca

Revelações: VEJA mostra que a Gamecorp, empresa de Fábio Luis da Silva, filho de Lula, recebeu 5,2 milhões de reais da Telemar. Na mesma semana, um assessor do deputado José Guimarães (PT-CE), irmão de José Genoíno, é pego com 100 000 dólares na cueca.
Reações: antes da publicação da reportagem, o Planalto vaza a informação para os jornais, como se a operação fosse normal. Guimarães diz que o episódio da cueca visa a atingir Genoíno.
Conseqüências: no caso de Lulinha, nenhuma. Já no caso da cueca, Genoíno caiu e o MP concluiu que os dólares eram uma propina que Guimarães receberia por ter intermediado um financiamento entre um consórcio de energia e o Banco do Nordeste do Brasil.”
Fonte: http://veja.abril.com.br/281205/p_088.html

Pensei na dupla, nos seus partidos, na campanha de prefeito em nosso município e não pude deixar de lembrar o que disse o Senador Pedro Simon, no blog do Cláudio Humberto, identificando as semelhanças entre petistas e tucanos: "Os dois partidos [PT e PSDB] disputam para dizer qual é o pior"
Isto não isenta o PMDB, o DEM e as demais siglas das piruetas eleitorais, das negociações escusas, dos interesses impublicáveis mas se nós podemos livrar a nossa cidade de influências duvidosas, por que não fazê-lo? Busquemos candidatos e alianças que nos tragam propostas, assumam compromissos de fazer algo melhor por todos, que tenham um currículo limpo a nos apresentar. Precisamos reaprender a confiar.
Quem quiser passar no Portal da Transparência, Contas Abertas, TCM e outros sites esclarecedores, deve fazê-lo para descobrir o que motiva as candidaturas. Aí, você pode votar tranquilo e selar o destino de todos. No mínimo, você vai cobrar bem mais caro pelo seu voto se pretende negociá-lo.
ACORDA, ALAGOINHA!
MARIA LUIZA NÓBREGA DE MORAIS

Publicado no alagoinha.ipaumirim em 17.02.2008



COMENTÁRIO


ANCHIETA NERY
Li hoje cedo o artigo Diz-me com quem andas... - na seção "Domingo também é política" - de sua lavra, por sinal é o retrato dos políticos do Brasil. Se não responderem por crimes previstos e puníveis pela legislação penal, não é bom de bolso, e nem tem dinheiro para concorrer a eleições futuras. Estão aí soltos, na esplanada do Poder Legislativo, os parlamentares por você enumerados conforme matéria do DN mas ainda tem muitos outros. Entre eles, Jader Barbalho, Renan Calheiros e Paulo Maluf que não foram citados, mas continuam sendo, no cenário político nacional, estrelas de 5ª grandeza com grande poder de fogo nas decisões das duas casas legislativas.

Esta lição doentia se espalha pelo Brasil afora e contamina as células do Brasil, que são os Municípios. Prefeitos na linguagem popular é sinônimo de corrupto e desonesto, que são acobertados pelos políticos maiores e prestigiados, intitulados de "CHEFE". Chefe é o todo poderoso. É o pode tudo. Daí o slogan de Dr. Arruda " Não temos partido, temos um chefe". A bem da verdade, o slogan foi criado por Luídio Bezerra Barbosa, que possivelmente agradou ao Deputado Chico Arruda, que, na época, estava sem mandato. Mas, sintetizando, no Brasil não temos formação ideológica, razão primeira da aculturação político-partidária da nossa gente.

Os partidos no Brasil são portos seguros para os aventureiros apelidados de "políticos" que buscam dias melhores, sem muito esforço e pouquíssimo trabalho. Viajam em embarcações legais, cuja legenda é aumento de patrimônio ilegal, e prestigio na corte palaciana. Rui Barbosa disse do alto de sua tribuna/cátedra “haverá época em que os homens terão vergonha de serem honestos.”
O político devia ser um exemplo de cidadão, de homem, de pai, de amigo dedicado ao bem estar social. Às vezes, até abraçando a titularidade de "CHEFE", no sentido correto da palavra, empregada como orientador e conselheiro. Temos que esperar por dias melhores, aguardemos nossos jovens em breve politizados, para um Brasil de políticos honestos, e porque não dizer um Ipaumirim com grandes administradores.
José Nery Vieira (ANCHIETA)
Publicado no alagoinha.ipaumirim em 18.02.2008

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