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MLUIZA |
Recebo,
hoje, três documentos: duas cartas e uma notificação. A primeira carta
vem de Zenira, amiga da cidade, a quem todos devemos, além de tudo, o
carinho e a atenção que sempre dedicou às causas do município. O segundo
documento é a cópia de uma notificação do 9° Distrito Operacional do
Departamento de Edificações, Rodovias e Transportes – IGUATU, órgão
vinculado à Secretaria de Infra-Estrutura do Governo do Ceará. O
documento vem assinado pelo pároco Padre José Ranilson, como recebedor
da notificação, em 08.11.2007. O outro documento é uma cópia da carta da
vereadora Joselba Maria Alencar Diniz dirigida ao Deputado Estadual
Neto Nunes solicitando sua intercessão junto ao DERT.
O teor do documento emitido pelo DERT solicita a retirada, no prazo de 30 dias, do Arco de Nossa Senhora da Conceição localizado na rodovia CE 286, km 05, por invadir o eixo da rodovia.
O teor do documento emitido pelo DERT solicita a retirada, no prazo de 30 dias, do Arco de Nossa Senhora da Conceição localizado na rodovia CE 286, km 05, por invadir o eixo da rodovia.
A
construção do arco feita ao calor do entusiasmo da religiosidade
popular foi um equívoco porque não procurou saber as demandas legais
para construção de obras em via publica. Acostumados que sempre fomos ao
abandono do poder constituído, a comunidade foi aprendendo que ela tem
que construir sozinha suas próprias soluções. Foi assim que,
ingenuamente, quis embelezar a entrada da cidade e reverenciar sua
crença.
Cá pra nós, não é só o arco que atrapalha, ali também falta acostamento, falta conservação, falta sinalização compatível, falta segurança portanto o arco pode até ser um pretexto mas não se sustenta como motivo para melhorar a qualidade da via. E aquela ponte estreita, antiga, inadequada ali na entrada da cidade, após o arco, ninguém viu? Quem vai construir uma ponte nova que garanta um tráfego seguro?
O documento da notificação sequer registra os metros que invadem a faixa. Tem um tracinho lá no primeiro parágrafo onde há a denúncia do desacordo com a legislação. Embora reconhecendo as admoestações, fica complicado entender a arrogância do IMPRORROGÁVEL. Improrrogável é a segurança pública incluindo a qualidade das nossas rodovias. Improrrogável é a necessidade de saúde pública, hospitais funcionando, remédios disponíveis, população bem atendida. Improrrogável é uma educação de qualidade, qualificação dos professores, merenda escolar decente. Improrrogável é a luta contra a exclusão social. Improrrogável é a necessidade dos governos – Federal, Estadual e Municipal – prestarem contas aos cidadãos da aplicação dos impostos que pagamos. No território dos improrrogáveis, o modesto arco fica no fim da fila. E olha que a fila é interminável... talvez as geleiras polares se derretam e a gente não chega lá. Tomá-lo como referencia para exercício de autoridade até parece uma anedota.
E a paróquia, por que não se move? Por que fica estática em vez de estar ao lado dos fieis exercendo uma mediação para buscar resolver o conflito a contento?
A carta da vereadora representa um apelo ao deputado que veio buscar votos na terra e que justo por esta razão precisa estar perto das demandas da comunidade. Não só ele, mas todos os que aqui vieram garimpar votos. Correta está a vereadora no seu apelo solitário mas há muito tempo sabemos que estas coisas se resolvem através da interferência coletiva das lideranças políticas locais e do poder constituído. Cadê esse pessoal? Está hibernando no mormaço do verão enquanto espera a autorização para a abertura das porteiras da campanha para fazer a costumeira varredura de votos?
É preciso que a comunidade se organize e busque a negociação mas que a lição também sirva para mostrar a todos que os tempos são outros e que é preciso conhecer, analisar e propor as coisas dentro das normas estabelecidas porque , como se diz popularmente, ruim com elas, pior sem elas.(Maria Luiza, Recife 30.11.2007)
Publicado no alagoinha.ipaumirim em 30.11.2007
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