Um dos muitos olhares sobre o passado. Nenhum
representa a verdade absoluta mas todos contribuem para construir a história do
município. Hoje, apresentamos um texto de 1978, com anotações e registros de
José Henrique, mais conhecido entre os antigos como Josa de Nair. O texto foi
mantido na íntegra. Nas notas finais, atualizamos algumas informações para
identificar locais e pessoas. Infelizmente, não temos foto do autor.
MLUIZA
ANOTAÇÕES DE JOSÉ HENRIQUE (JOSA DE NAIR)
A denominação Ipaumirim, de formação erudita, fundamentada no tupi, significa “Lagoa pequena” ou “Alagoinha”, pois aqui existia apenas uma poça de água, situada onde hoje é a residência do Sr. Deusdete e do já falecido Pedro Osório.(1)
Em 1910, Claudino Ferreira de Souza, edificou a primeira casa residencial, hoje situada à Rua Coronel Gustavo Lima n° 22 onde atualmente reside sua filha Sra. Josefa Ribeiro.
Em 1913, um pernambucano conhecido como José
Ferreira de Santana, avô do nosso estimado Dr. Jader Nogueira de Santana,
comprou ao Sr. José Lobo, esse atual pedacinho do céu, pela importância de três
mil e quinhentos reis, com seiscentas braças quadradas. Naquela época, existia
a figura dinâmica do respeitoso padre Inácio, que se utilizando dos próprios
esforços, viu nascer a primeira capela, erguida de maneira humilde e
acabrunhada, dando-nos a impressão de uma casinha de palha. Situava-se onde
hoje residem os Srs. Eugênio e Vicente Ferreira, à Rua São Vicente.(2)
Com o novo surgimento da segunda capela, erguida
onde hoje é a nossa atual matriz, aquela acanhada e já citada igrejinha cedeu
lugar ao campo da paz, onde ficou instalado o cemitério.
E a semente da religião foi plantada e bem
desenvolvida, todo mundo quis organizar-se numa mesma fé, indo de encontro a um
mesmo Deus. O primeiro sino da capela foi doado em 1910 pelo Coronel Urbano
Martins Duarte e trazido de Mossoró pelo Sr. Olímpio Batista que naquela época
era tropeiro do Major Torquato. Foram padrinhos do sino, o Sr. Manoel Martins
Duarte e a Sra. Maria José dos Santos, avós do Sr. José Henrique Silva.
Por essa mesma época, habitava entre nós, Dona
Maria Lúcia que, em conseqüência de uma graça alcançada, colocou a primeira
imagem de São Sebastião, no morro do mesmo nome. Daí, então, o Sr. Vicente
Ferreira de Maria achou por bem homenagear o santo mártir oferecendo-lhe um
bonito cruzeiro o qual foi fincado numa brecha de pedra.
Em 1920, o Sr. João Augusto, querendo aperfeiçoar o
ato religioso de Dona Maria Lúcia, deu uma nova imagem de São Sebastião, por
sinal de estatura duas vezes maior que o anterior, como também um belíssimo
cruzeiro confeccionado pelo Sr. Manoel Baraúna. No dia da oferta, o Sr. João
Augusto contratou a música cabaçal de Lavras da Mangabeira, e, pela primeira
vez, na Pedra de São Sebastião reuniu-se muita gente para exaltar o grande
mártir, por entre balões e fogos de artifício.
Segundo informações colhidas, o antigo São
Sebastião, doado por D. Maria Lúcia, foi retirado da pedra por ordem do Sr.
João Augusto para ceder lugar a nova imagem. Quando a já citada doadora soube
do acontecimento foi atrás do pequeno vulto e, sem que ninguém soubesse,
recolocou no mesmo lugar de antigamente. Daí, a razão de se haver comentado,
naquela época, que estava havendo milagre pois o santo havia voltado para o
mesmo lugar. Por conseguinte, originou-se a romaria dos filhos consagrados a
esse grandioso mártir.
O Coronel Luiz Leite da Nóbrega, dando continuidade, mandou construir uma capelinha, no alto da pedra para abrigar com mais segurança as duas imagens. Foram construtores os pedreiros Bernardino Ferreira do Bonfim e o já falecido Antonio Miguel.
O Coronel Luiz Leite da Nóbrega, dando continuidade, mandou construir uma capelinha, no alto da pedra para abrigar com mais segurança as duas imagens. Foram construtores os pedreiros Bernardino Ferreira do Bonfim e o já falecido Antonio Miguel.
Naquela época, os primeiros comerciantes foram os
srs. João Antonio Miguel Pinheiro e Raimundo Paulo que, sob a sombra de um
majestoso pinheiro, armavam suas bancas e, assim, acontecia a feira. Esse
pequeno comércio estava localizado onde hoje é a residência da Sra. Maria de
Lourdes Batista.(3)
Em 1914, instalou-se em Alagoinha, a primeira
indústria algodoeira pertencente ao Sr. José Ferreira de Santana (4). Naquela
ocasião, chamava-se bolandeira por ser movida a bois. Situava-se na velha
residência de Dona Naninha, esposa do Sr. Pedro Alexandre. (5)
Com o passar do tempo, surgiu a Usina São
Francisco, classificada como segunda indústria algodoeira, de propriedade do
Sr. Vicente Felizardo Vieira, avô do Dr. José Nery Vieira, cuja indústria é
hoje situada à Rua Bento Vieira pertencendo a Algodoeira Ipaumirim S.A. (6)
Em 22 de janeiro de 1927, a Sra. Maria Luna de
Barros assumia a Agência dos Correios, situada onde hoje é a casa de Dona Odete.
(7)
Devido à revolução, em meados de 29, apareceu cá
entre nós o militar Juarez Távora, disfarçado em sacerdote, para passar
despercebido. Conversou animadamente com nosso povo e bebeu água de coco em
companhia de amigos. Nesse mesmo ano, o Sr. José Saraiva de Araújo comprou um
caminhão, por sinal o primeiro existente, para facilitar o transporte de carga.
Havia também a fubica de Nenca Lustosa, um Ford 29. E tudo foi desenvolvendo
conforme a época. O comércio e a lavoura eram bastante promissores.
Finalmente em 30 de dezembro de 1943, Alagoinha
passa a denominar-se Ipaumirim. O povo então principia a lutar pela autonomia
da antiga Alagoinha. A Lei 2.161, de 12 de dezembro de 1953, transfere a sede
do município de Baixio e a Vila de Ipaumirim é elevada à categoria de cidade.
O município acha-se fisiograficamente na Zona do
Sertão do Salgado e Alto Jaguaribe, limitando-se com os municípios de Baixio,
Aurora, Lavras da Mangabeira e estado da Paraíba. O clima é quente e seco
observando-se uma temperatura variável entre 23 e 36°C.
Ipaumirim é um dos menores municípios cearenses em
extensão territorial, possuindo uma área de apenas 301km2, pelo que ocupa nesse
tocante a 89° lugar entre os demais. Atualmente, o território ipaumirinense
conta com uma população de 11.716 (onze mil, setecentos e dezesseis)
habitantes, sendo que a zona urbana possui 4.100 e a rural 6.616 habitantes. É
uma região que produz notadamente as culturas de algodão, milho, feijão, cana
de açúcar, etc.
Em 15 de março de 1961, Ipaumirim passou à paróquia recebendo como primeiro vigário o Revmo. Pe. José Ismar Petrola de Melo Jorge que muito contribuiu no setor educativo. Como prova do nosso desenvolvimento, temos a citar bonitas e úteis entidades, tais como Centro Educacional XI de Agosto, Grupo Escolar Dom Francisco de Assis Pires, várias escolas municipais, Unidade Mista Maria José dos Santos, Paço Municipal, Correios e Telégrafos, Ancar Cooperativa, Posto de Saúde e muitos outros feitos bastante empreendedores.
Bem dizia o nosso Padre Cícero: Filhos de Alagoinha vosso torrão ainda há de transbordar e criar nome e, será então uma lagoa bem grande.
Ipaumirim, 19 de maio de 1978
Em 15 de março de 1961, Ipaumirim passou à paróquia recebendo como primeiro vigário o Revmo. Pe. José Ismar Petrola de Melo Jorge que muito contribuiu no setor educativo. Como prova do nosso desenvolvimento, temos a citar bonitas e úteis entidades, tais como Centro Educacional XI de Agosto, Grupo Escolar Dom Francisco de Assis Pires, várias escolas municipais, Unidade Mista Maria José dos Santos, Paço Municipal, Correios e Telégrafos, Ancar Cooperativa, Posto de Saúde e muitos outros feitos bastante empreendedores.
Bem dizia o nosso Padre Cícero: Filhos de Alagoinha vosso torrão ainda há de transbordar e criar nome e, será então uma lagoa bem grande.
Ipaumirim, 19 de maio de 1978
Josa
Notas
(1) Rua Prefeito Alexandre Gonçalves.
(2) Rua
Prefeito Alexandre Gonçalves, defronte a Praça da Matriz.
(3) Rua
Prefeito Alexandre Gonçalves, defronte a Praça da Matriz.
(4) José
Ferreira de Santana, oriundo de São José do Egito - PE, sogro de Luiz Leite da
Nóbrega e também avô de Dr. Jáder Santana.
(5) A
casa grande de D. Naninha ficava onde, atualmente, localiza-se a Vila Bancária.
(6) Antes
de se tornar Algodoeira de Ipaumirim, ela pertenceu a Cícero Fernandes de Souza
e se chamava se chamava Souza Fernandes & Cia., pertencente a Cícero
Fernandes de Souza. Posteriormente, foi vendida a um grupo de Mauriti passando
sua razão social para Irmãos Alexandre & Cia., pertencente a Carlos
Alexandre da Silva, Otacílio Alexandre da Silva e Romeu Montoril. Com a morte
trágica, num acidente na BR 116, de Carlos Alexandre, no início dos anos 70,
houve uma alteração na composição da sociedade e sua razão social passa a ser
Algodoeira de Ipaumirim. Permanece Otacílio Alexandre, os herdeiros de Carlos
Alexandre e Romeu Montoril, sendo administrada por Bartolomeu Montoril, filho
de Romeu. Na primeira metade da década de 80, a usina foi desativada e o seu
patrimônio vendido. Segundo informações populares, ela teria sido vendida para
o Paraguai.
(7) Rua São Vicente (atual Prefeito Alexandre Gonçalves) n° 167. Fui buscar informações que pudessem dar sustentação a essa afirmação mas não pude identificá-las através das fontes orais consultadas. O que as pessoas mais velhas lembram sobre a localização mais antiga é que teria sido na Rua Coronel Gustavo Lima, onde funciona, atualmente, a Mercearia de Bosco Bidu, entre a Praça São Sebastião e a Praça Padre Cícero. Mas, como a informação que consta do texto original, é apenas mais um dado.
Publicado no alagoinha.ipaumirim em 09.07.2007
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