EDUCANDÁRIO MUNICIPAL DE IPAUMIRIM E OUTRAS ESCOLAS DOMÉSTICAS.

 

MLUIZA

EDUCANDÁRIO MUNICIPAL DE IPAUMIRIM

Quase nada se sabe sobre este educandário mas é possível construir algumas inferências a partir de dados esparsos registrados em fotografias e outras informações esparsas.

Quando o grupo  foi fundado, em 1954, incorporou os alunos remanescentes da Escola Isolada, do Educandário Municipal de Ipaumirim e de outras escolinhas particulares que porventura tenham existido.

O corpo docente do grupo foi constituído por Zenira, única professora da Escola Isolada, e por  professoras oriundas do Educandário Municipal de Ipaumirim, tais como Maria Gizeldina Macedo, Raimunda Serafim, Maria do Socorro Pontes e Terezinha Paiva. É possível que outras professoras tenham dado aulas no educandário  mas não se encontram registros documentais.

O pesquisador Hegildo Holanda informa que este educandário foi fundado por Luiz Leite da Nóbrega durante sua gestão como prefeito de Baixio iniciada no ano de 1947. Em 1948, ele funda o educandário de Ipaumirim substituindo o antigo Colégio XI de Agosto que encerrou suas atividades em 1947. Ele fundou também os educandários de Baixio e do Distrito de Umari.

Em 1949,   Vivaldo Alves de Oliveira  foi nela matriculado e sua primeira professora foi Gizeldina Macedo.

Alunos do Educandário Municipal de Ipaumirim. Foto gentilmente cedida por Gizeldina Macedo. Sem data.

Vivaldo Alves de Oliveira. 1949.

Na fotografia de formatura das quintanistas do Grupo Escolar Dom Francisco de Assis Pires no ano de 1955 constam concluintes que não foram alunos da Escola Isolada. Estes alunos são oriundos do Educandário Municipal de Ipaumirim e, possivelmente, um ou outro tenha vindo para o grupo oriundo de algumas escolinhas particulares que também ofereciam de forma improvisada o ensino seriado. Estas escolinhas particulares não tinham controle de nenhum órgão público embora algumas delas tivessem professoras que também lecionavam nas escolas públicas. Esta modalidade do ensino seriado doméstico se diferencia do reforço escolar convencional que era ofertado inclusive por professoras das instituições oficiais como uma forma de complementar a sua renda familiar.

1a. turma de quintanistas do Grupo Escolar Dom Francisco de Assis Pires. 1955.
Arquivo Zenira Gonçalves Gomes. Foto gentilmente cedida.

ESCOLAS DOMÉSTICAS: PROFESSORAS PARTICULARES

A oferta de reforço escolar era realizada geralmente na casa da própria professora. Existiram inúmeras mas não há registros sobre essa forma de ensino. Eu, por exemplo, tive durante um bom tempo aulas de reforço com Miriam Barbosa Lima, também professora do grupo, que residia na Rua Coronel Gustavo Lima. Meus colegas de banca de estudo eram  Luiz Alberto Fernandes Barbosa (Lequinha) e sua irmã Lídia Helena Fernandes Barbosa. As aulas funcionavam na sala de jantar e nunca esqueço o dia em que cortamos de gilete o encerado verde que cobria a mesa onde estudávamos. Nós três éramos alunos do Grupo Escolar Dom Francisco de Assis Pires. Também fui aluna particular de Mundinha Serafim recebendo aulas de reforço na sala de sua residência localizada na Rua Coronel Gustavo Lima. Nesta ocasião, fui colega de Antônio, filho de Neco Jacinto, do Sítio Bárbara.

Algumas outras escolas que funcionavam nos distritos e mesmo na área rural tinham vinculação com o Grupo Escolar Dom Francisco de Assis Pires, mas a maioria não tinha vinculação com o sistema público de ensino.

Nos registros da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros (1959) consta as seguintes informações sobre educação em Ipaumirim  referentes ao ano de 1956:

“Ensino - O município dispõe de 21 unidades escolares que ministram o ensino primário fundamental comum, em que foram matriculados, no início do ano letivo de 1956, cêrca de 870 alunos de ambos os sexos.” (IBGE, 1959, p. 278)

Não há detalhes sobre as categorias de ensino (primárias, públicas, domésticas, urbanas, rurais,   etc..)  nas quais se enquadrariam as unidades de ensino registradas em Ipaumirim.

O que se sabe é que as improvisadas escolinhas funcionaram na cidade, nos distritos e nos sítios até o fim da década de 60, período em que encerra nossa pesquisa. É provável que elas tenham continuado durante os anos seguintes. A oferta de reforço escolar era realizada geralmente na casa da própria professora. Existiram inúmeras mas não há registros sobre essa forma de ensino. Eu, por exemplo, tive durante um bom tempo aulas de reforço com Miriam Barbosa Lima, também professora do grupo, que residia na Rua Coronel Gustavo Lima. Meus colegas de banca de estudo eram  Luiz Alberto Fernandes Barbosa (Lequinha) e sua irmã Lídia Helena Fernandes Barbosa. As aulas funcionavam na sala de jantar e nunca esqueço o dia em que cortamos de gilete o encerado verde que cobria a mesa onde estudávamos. Nós três éramos alunos do Grupo Escolar Dom Francisco de Assis Pires. Também fui aluna particular de Mundinha Serafim recebendo aulas de reforço na sala de sua residência localizada na Rua Coronel Gustavo Lima. Nesta ocasião, fui colega de Antônio, filho de Neco Jacinto, do Sítio Bárbara.

Algumas outras escolas que funcionavam nos distritos e mesmo na área rural tinham vinculação com o Grupo Escolar Dom Francisco de Assis Pires, mas a maioria não tinha vinculação com o sistema público de ensino.

Nos registros da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros (1959) consta as seguintes informações sobre educação em Ipaumirim  referentes ao ano de 1956:

“Ensino - O município dispõe de 21 unidades escolares que ministram o ensino primário fundamental comum, em que foram matriculados, no início do ano letivo de 1956, cêrca de 870 alunos de ambos os sexos.” (IBGE, 1959, p. 278)

Não há detalhes sobre as categorias de ensino (primárias, públicas, domésticas, urbanas, rurais,   etc..)  nas quais se enquadrariam as unidades de ensino registradas em Ipaumirim.

O que se sabe é que as improvisadas escolinhas funcionaram na cidade, nos distritos e nos sítios até o fim da década de 60, período em que encerra nossa pesquisa. É provável que elas tenham continuado durante os anos seguintes.

No Arquivo de Zenira Gonçalves Gomes existem fotografias - do ano de 1949 - em cujo verso tem a seguinte anotação: ‘Professoras’. Posteriormente, o grupo escolar  absorveu algumas professoras que constam nestas fotografias.    Outras, entretanto, apesar de nunca terem ensinado no grupo podem ter sido professoras do educandário e/ou de outras modalidades de escolinhas particulares que existiam na época tanto no minúsculo núcleo urbano de Ipaumirim  quanto nos distritos e/ou sítios. Observamos ainda que  nem todas que estão lá obrigatoriamente exerceram a docência. Minha mãe, Maria Eunice Nóbrega de Morais, professora diplomada pelo Colégio Santa Tereza de Jesus, em 1948, na cidade do Crato  está na foto mas nunca deu exerceu a atividade docente na regência de sala de aula.

   Sentadas: Stela Barros, Maria Sousa, Maria Eunice Leite da Nóbrega,

            Romilda Nery. De pé: Dolores Pires, Onélia Arruda, Maria Zenira

               Gonçalves Gomes e Maria de Lourdes Batista (Maurde). 1949.

                 Arquivo Zenira Gonçalves Gomes.                          

Mesmas professoras acrescentando Mundina Serafim. Ao lado: irmãos Francisco e Valmir Costa. 1949. Arquivo Zenira Gonçalves Gomes

Importante tecer algumas observações sobre  a formação das ,professoras primárias que exerceram a docência no município em Ipaumirim - desde os tempos de Alagoinha, até o fim da década de 60 - que lecionaram no ensino primário tanto nas escolas formais quanto nas improvisadas escolas domésticas. Elas podem ser distribuídas nas seguintes categorias:

a)    as que tinham apenas o curso primário sendo que algumas delas vieram complementar a sua formação como professora quando o Colégio Cenecista XI de Agosto instalou-se na cidade na década de 60;

b)    as que tinham o curso ginasial completo e/ou incompleto;

c)    as que fizeram o curso normal em unidades da  Escola Normal Regional considerada como Curso de 1º Ciclo do Ensino Médio que era equivalente ao curso ginasial. Estas escolas tinham como objetivo formar Regentes de Ensino Primário, visando a diminuição do número de mestres leigos nas salas de aula. O requisito para matrícula era o certificado de conclusão do ensino primário e a aprovação no exame de admissão. O curso tinha duração de quatro anos.

d)    as que fizeram o curso normal em unidades da Escola Normal Rural que era consorciada com os ideais da ruralização do ensino através da ação educativa do homem do campo. Tinha como objetivo contribuir com o desenvolvimento do meio rural através da ação educativa dos seus habitantes.

e)     as que fizeram a escola normal  convencional nas escolas tradicionais geralmente ministrados, na região, por instituições católicas administradas por diferentes congregações religiosas. 

 BIBLIOGRAFIA

AQUINO, Luciene Chaves; MEDEIROS NETA, Olívia Morais. O Curso Normal Regional de Pau dos Ferros (RN): a inauguração da formação docente no alto oeste potiguar (1951-1961). Disponível em: http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/05-%20HISTORIA%20DA%20PROFISSAO%20DOCENTE/O%20CURSO%20NORMAL%20REGIONAL%20DE%20PAU%20DOS%20FERROS%20(RN).pdf. Acesso em 14.10.2020.

GOMES, Maria Zenira Gonçalves. Cadernos de Anotações. Manuscritos. ((Décadas de 40, 50 e 60) Arquivo Zenira Gonçalves Gomes

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Volume XVI.  Rio de Janeiro 1959. Baixio. pp. 75-.79 Disponivel em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv27295_16.pdf.

Acesso em 08.10.2020.

________. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Volume XVI.  Rio de Janeiro 1959. Ipaumirim. pp. 274-278. Disponivel em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv27295_16.pdf.

 Acesso em 08.10.2020.

MAGALHÃES JUNIOR, Antônio Germano; FARIAS, Isabel Maria Sabino. Ruralismo e práticas cotidianas na primeira escola normal rural do Brasil: A Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte  (1934 – 1946). Disponível em: http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe4/coordenadas/eixo03/Coordenada%20por%20Flavia%20Obino%20Correa%20Werle/Antonio%20Germano%20Magalhaes%20Junior%20-%20Texto.pdf. Acesso em 15.10.2020.

MLUIZA

20.10.2020

 

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