VERDE QUE TE QUERO VERDE: FINALIZAÇÃO E AGRADECIMENTOS.


MLUIZA
A minha dúvida inicial na produção desta série foi por onde começa-la.  Lembrei, então, de uma expressão de Adélia Prado: 
“ (...) porque sou salva pela metáfora, a única realidade. A ciência não salva,
 porque insiste em chamar as coisas por seus nomes e quem suporta isto?”
Com essa chave projetei o caminho. Cortei pretensões botânicas, científicas, técnicas nas quais não tenho competência. Tracei o caminho pela memória entremeada pela pesquisa em livros,  trabalhos científicos publicados na internet e em vários sites que tratam do tema. As consultas bibliográficas e/ou virtuais contribuíram com informações e imagens como uma forma de gatilho para instigar a memória. Naturalmente , nunca tive a ousadia de produzir um registro completo da nossa flora. Não foi esse o propósito e assim precisa ser compreendido.
Seria impraticável fazer este trabalho sem a colaboração valiosa dos amigos do FB principalmente os de IP. A nossa força tarefa foi composta Chico Farias, Federalina Quaresma, Gildaci Leandro, Gizeldina Macedo, Irma Macedo, Josenira Brasil, Lúcia Dore, Magna Gonçalves, Nilda Josué Alves, Josecy Almeida, Pedro da Nóbrega Jorge, Vania Maria Rolim, José Ribeiro, Salete Vieira e eu.    Direta ou indiretamente, muita gente contribuiu. Sugerindo, pontuando, complementando. Não vou cita-los individualmente para não ser injusta com alguém que não lembre o nome agora. O leitor é fundamental e imprescindível. Ele é concretamente um horizonte e eu seria tola se desmerecesse essa presença.
O meu hábito de pesquisar durante tantos anos é sempre muito presente nas coisas que eu faço. A minha curiosidade me moveu o tempo inteiro. O gosto de procurar, conhecer, estabelecer conexões é um velho hábito que persiste. Também preciso dizer que este blog é um trabalho prazeroso e isso é revigorante. Procurar pelo prazer da procura. Sem necessidade de construir currículo ou buscar reconhecimento. Para mim, isso é a glória suprema: a liberdade de fazer escolhas alimenta o  gosto pelo que eu faço. Ainda mais quando estou tão bem acompanhada.
Por mais que não possa parecer para algum desavisado, este nosso modesto trabalho tem muitas qualidades e se eu estou sempre aberta para crítica, por outro lado,  não desconheço a importância do que produzimos embora acredite que sempre há um reparo possível no sentido de melhorar.  Utilizamos uma metodologia de trabalho muito interessante que vem sendo por nós exercitada desde o velho blog alagoinha.ipaumirim. Aplicar um gatilho detonador e a partir daí compor coletivamente um trabalho mediado, neste caso, por recursos da tecnologia da informação e pelas redes sociais. Isso tanto favorece a busca de dados tanto quanto contribui na manutenção de um feed back espontâneo e constante ajudando a redirecionar etapas. A produção coletiva de um texto é uma riqueza ímpar. Nisso, os companheiros de jornada e os leitores foram imprescindíveis
Não fizemos apenas um mero rol de plantas que compõem a nossa flora. A partir desse inventário, tecemos fios que vão muito além disso. Abrimos um amplo leque de possibilidades. Oferecemos subsídios, ainda que muito elementares, que podem sugerir voos mais ousados desdobrando-se em trabalhos e projetos de intervenção  mais complexos.  Entre outros, eu citaria o uso do solo, recomposição de solos degradados, tratos culturais, preservação de meio ambiente, hábitos alimentares, processamento de alimentos, nutrição, saúde, gastronomia local, medicina popular, crenças, possibilidades de redesenhar um projeto urbanístico utilizando espécies nativas, propor dentro das escolas um novo foco de compreensão da realidade a partir do conhecimento do meio em que vivemos e de como nos inserimos no mundo. Falamos de mudanças e permanências.  Falamos de natureza, de sociedade, de vivências. Enfim, de memória.
Esta série homenageia uma pessoa especial – Lúcia Dore Gonçalves - que num trabalho silencioso  investe diuturnamente na sua preocupação em disseminar informações sobre qualidade de vida, cuidados com a natureza, com a saúde e com o meio ambiente. Obrigada por esclarecer muitas dúvidas que tive nesse percurso. Também, agradeço particularmente a Federalina Quaresma pelas informações e paciência com as minhas inquietações.
Acredito que fizemos um trabalho decente embora modesto. Provavelmente, alguma coisa ainda chegará. Toda contribuição será bem-vinda. Vamos aguardar. No momento, eu preciso encerrar a série. Como tenho muito material para processar, vou dar uma folga e deixar de encher o saco dos meus colegas no FB. Mas, me aguardem. A folga não deve ser por tempo indeterminado. Daqui a algum tempinho nós vamos passarinhar.
Com Manuel Bandeira quero expressar o agradecimento a todos vocês em mais essa jornada.
" O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores , de folhas.."
MLUIZA
Recife
27.05,2018

VERDE QUE TE QUERO VERDE: APONTAMENTOS PARA IDENTIFICAÇÃO DA FLORA IPAUMIRINENSE (X)

(CONTINUAÇÃO DO INVENTÁRIO DAS NOSSAS PLANTAS)


CACTOSplantas bastante resistentes a falta d’água. Pertencem a família cactácea tanto os cactos típicos como o mandacaru quanto outras espécies que apesar de possuírem folhas compartilham características com os cactos típicos. No semiárido nordestino pode-se encontrar inúmeras espécies.  Dentre outras, selecionamos as mais comuns em nossa região:   coroa de frade, facheiro, mandacaru, palma forrageira, xique-xique. 

COROA DE FRADE espécie que  ocorre principalmente na caatinga e em brejos de altitude. É comum encontra-la isoladamente ou em populações sobre rochas graníticas. Apresenta grande quantidade de espinhos e tem alta resistência aos períodos circos de longas estiagens.
Coroa de frade
Flor da coroa de frade

Fruto da coroa de frade
FACHEIRO - cacto  de um alto porte pode chegar a 10m de altura, destituído de folhas e com presença de espinhos. O fruto em geral é grande e de colorido vistoso (comumente vermelho).
Facheiro

Flor do facheiro
Fruto do facheiro
MANDACARU - espécie encontrada na mata nativa apresenta um porte variando de 5 a 6 metros de altura, e com diâmetros variando entre 20 a 60 centimetros nas plantas mais velhas. A sua produção quando encontrada na mata nativa é baixa, entretanto quando cultivada e manejada corretamente consegue-se melhores resultados. O fruto e a flor servem para alimentar aves e abelhas. É importante para a restauração de solos degradados, utilizada e como cerca natural e como alimento para os animais embora não tenha um grande valor nutricional.  De acordo com a sabedoria popular, o mandacaru é capaz de tratar problemas renais.
Mandacaru
Flor do mandacaru
Fruto do mandacaru
Detalhe do fruto do mandacaru


PALMA FORRAGEIRA - característica da região Nordeste do Brasil, constituíndo importante base da alimentação do gado. É uma planta que desafia em grande parte as adversidades de um clima seco e árido, abrasador às vezes, prosperando ainda em meios arenosos, pedregosos, quentes, áridos e de escassa fertilidade. No Brasil, existem três tipos de palma   mas todas apresentam composição química semelhante. O  gado aprecia sobretudo a palma miúda e a palma grande. Estes cactos não têm espinhos. Geralmente, a palma não ultrapassa os 4 metros de altura. O seu tempo de corte pode variar de um ano e meio a três anos.
Palma forrageira

Flor da palma forrageira
Fruto da palma forrageira.
XIQUE-XIQUE - apresenta uma boa palatabilidade, sendo consumida em maiores quantidades nas épocas de seca quando escasseia o alimento para os animais. Desenvolve-se muito bem nos trechos mais secos e de solo mais raso das regiões semiáridas do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia. Pode ainda se multiplicar em regiões rochosas cobrindo áreas extensas.
Xique-xique
Flor do xique-xique

Fruto do xique-xique 
ACREDITE SE QUISER

Aos cactos são atribuídos poderes mágicos. Diz-se que, por viverem em regiões áridas e isoladas, ajudam as pessoas a conhecer a sua força interna em momentos de solidão. Pelo fato de os cactos armazenarem água (elemento que simboliza sentimentos e emoções) o mesmo favorece aqueles que se defendem muito das próprias emoções. Ter cactos por perto é um lembrete de vitalidade, persistência e integração com tudo o que está a nossa volta.
Aqui, encerramos a nossa série que me impressionou, particularmente, porque convivi com tudo isso sem prestar atenção na prodigalidade da natureza. É, portanto, um quase exercício de mea culpa  pela minha displicência. O que fizemos é um levantamento ínfimo diante da riqueza e diversidade com a qual convivemos sem prestar atenção. Muito material foi pesquisado via internet. Selecionei, entre os links pesquisados, alguns que muito me ajudaram.

(MLUIZA) 

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BRAGA, Renato. História da Comissão Científica de Exploração. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha. 2004. 532p.

CAVALCANTE, Arnóbio. Cactos do semiárido do Brasil.: guia ilustrado. Campina Grande. INSA. 2013.  53p. Disponível em: https://portal.insa.gov.br/images/acervo-livros/Cactos do Semiárido do Brasil.
LEITE, Maria Jorge dos Santos; SANTOS, Hélio Jorge.  Coronéis e cambiteiros: história dos engenhos de rapadura de Jardim - CE. Recife. 2010. X Encontro Nacional de História Oral. UFPE. 2010. 17p. Disponível em: http://www.encontro2010.historiaoral.org.br/resources/anais/2/1266752022_ARQUIVO_ArtigoengenhodeJardim.pdf
LIMA, Bráulio Gomes deCaatinga: espécies lenhosas e herbáceas. Mossoró. UFERSA. 2012.  316p.
MAIA-SILVA, Camila et al. Guia de plantas visitadas por abelas na caatinga. Fortaleza. Ed. Brasil Cidadão . 2012. 99p. Disponível em:  http://www.mma.gov.br/estruturas/203/_arquivos/livro_203.pdf
Wikipedia 

A produção dessa série contou com a valiosa participação de Chico Farias, Federalina Quaresma, Gildaci Leandro, Gizeldina Macedo, Irma Macedo, Josenira Brasil, Lúcia Dore, Magna Gonçalves, Nilda Josué Alves, Pedro da Nóbrega Jorge, Vania Maria Rolim, José Ribeiro, Salete Vieira, Vanuza Brasil, Josecy Almeida e José Gomes de Holanda.

MLUIZA

RECIFE

27.05.2018

EDMILSON QUIRINO DE ALCÂNTARA: A LEMBRANÇA ALEGRE DE QUEM TEM APREÇO PELO TRABALHO QUE REALIZA.

Conversar com Edmilson é sempre muito agradável. Apesar da memória já comprometida ele adora falar sobre sua experiência como dono de bar....