VIVA SÃO JOÃO



MLUIZA
Faz tempo que eu não vejo uma quadrilha interessante. Nem na coreografia, nem na música. Pior ainda no figurino. Saí zanzando pela internet para ver se achava alguma coisa parecida com a nossa quadrilha junina tradicional. Vi alguma coisa em festinhas de colégio, em grupos de terceira idade e - por incrível que pareça - em algumas festinhas no interior do Paraná e de São Paulo onde pelo menos o figurino se aproxima das quadrilhas que eu cresci vendo dançar.
Tudo muda, a cultura é dinâmica, mas pelamordeDeus, as inovações estão cada mais vez mais ridículas. Lembro que começaram imitando vestimentas de danças gaúchas o que já fugia bastante das nossas tradições nordestinas, mas agora perderam a noção. O que danado é isso que esse povo está dançando? É cada passo compondo uma coreografia totalmente exagerada que eu fico bestinha.

E as roupas femininas são o que? Carmen Miranda sem o turbante de frutas na cabeça? Um bolo confeitado? Uma fantasia de carnaval? Uma dançarina de can-can? Uma boneca de maracatu? Uma drag queen, talvez?
E a figura masculina? Nem na parada gay você encontra tantos trejeitos. Aliás, até andam discutindo o look carnavalesco da parada gay. Tem gente que é contra por várias razões que não vem ao caso agora.
Leques e salamaleques à parte, falta leveza e graça aos passos rigorosamente ensaiados. É muita afetação. Falta a naturalidade e o prazer da brincadeira. Saímos da tradição para a imitação de coreografias modernosas. Quem pode e quem não pode aparecer no festival de quadrilhas da TV Globo procura imitar o que por lá aparece.
Que me perdoem os modernosos de plantão. Sou mais as quadrilhas comandadas por Odilon Nery cujo objetivo era a mais pura brincadeira, característica da festa popular.
As últimas festas que fui na Paraíba e em Pernambuco segregaram a música junina tradicional a espaços específicos e denominaram como forró pé de serra ao que sempre foi apenas forró. Que pé de serra porra nenhuma! É forro e pronto.
Nada contra as bandas que tocam nos shows. Até gosto de algumas. Nada contra a música sertaneja que vem lá de outras bandas. Nada contra as músicas de gênero romântico, pop ou sei lá o que. Quer tocar, toca. Tem gosto pra tudo mas dizer que isto é tradição junina, me poupe...
MLUIZA
Publicado em 24.6.2011

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