Não sei ao certo o que são 80 anos. Numa operação
matemática, posso contá-los em anos, dias, minutos, segundos, mas seria só isso
80 anos? A matemática é fundamental para a ciência. Ajuda a criar
modelos, hipóteses, previsões, índices. Mas não dá conta da vida. Poderíamos
imaginar que seriam as conquistas concretas ao longo desse tempo, elas são
importantíssimas, alimentam perfis e biografias. Servem para a autoestima,
acariciam a vaidade e ajudam a viabilizar operacionalmente as nossas
aspirações. Resolvem os problemas concretos, o lado prático da vida.
Oportunizam bons empregos, pagam colégios, planos de saúde, alimentam
nossos ideais de consumo, promovem viagens, sugerem planos para o futuro.
Enquanto foco principal da vida tem prazo de validade.
Podemos pensar 80 anos em termos de história. O
mundo virou pelo avesso de 1934 até agora. Guerras, ditaduras, novas
configurações no mapa mundi, mudança de século, novos paradigmas, inovações
tecnológicas, as inquietações de cada tempo. A gente atravessa tudo isso
enquanto cuida do cotidiano sem se dar conta dos seus efeitos em nossas vidas.
Como seria bom se parássemos um pouco para apreciar o tempo em que vivemos.
Somos testemunhas das mudanças e isto faz toda diferença porque, percebendo ou
não, os tempos também vão mudando a nossa forma de perceber o mundo, deslocam o
foco dos nossos interesses e vão construindo uma sabedoria que o conhecimento
por si mesmo não oportuniza.
Mas 80 anos é muito mais do que isso. Representam a
grande luta interior entre a segurança da tradição e o desafio das
novidades. Como compor esse novo equilíbrio que sabemos temporário porque logo
adiante precisamos fazer novos arranjos para não perdermos o bonde da vida?
E depois, ahhhhhh, depois temos que lidar com o
nosso próprio combustível, os afetos, a pessoa que somos e que está presente em
todos os momentos, juiz e testemunha privilegiada dos nossos acertos e
desacertos. Companhia que de nós não se separa, que dá ordens, que quer fugir
quando a vida aperta, mas que fica, nunca nos abandona e nos dá o infinito
prazer de ser único, ou como diria Drummond de Andrade, esse "estranho
ímpar” que somos cada um de nós ao longo das nossas vidas.
Tudo isso e muito mais cabe em 80 anos que acabam
multiplicando-se indefinidamente no legado que deixamos aos filhos, netos e a
quem mais chegar.
Parabéns, que você viva muitos anos a mais conservando
a capacidade de se surpreender diante do mundo novo que brota a cada instante e
que instiga a nos fazer presentes. Acredito que é isto que dá
vontade de acordar no dia seguinte.
MLUIZA
Singela homenagem do nosso blog a Jarismar Gonçalves de Melo nos seus 80 anos
Singela homenagem do nosso blog a Jarismar Gonçalves de Melo nos seus 80 anos
Publicado
no alagoinha.ipaumirim em 04.04.2014
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