IPAUMIRIM PARA QUÊ TE QUERO?



MLUIZA
 Eitcha semana da gota serena! Credo. De tão cansada não consegui dormir até quase 4 da manhã. Para não ficar ainda mais irritada, fiquei lendo, lendo, lendo e cadê o sono? Aff... O duro é que quando dormi foi puro pesadelo. O que valeu a pena é que a semana foi muito produtiva. A perspectiva de largar a minha atividade como coordenadora do curso e voltar a ser apenas professora tem alentado meu espírito. Aos poucos, estou retomando a vida dos normais. Estou esperando a eleição do(a) substituto(a) como uma noiva às vésperas do casamento. A atividade coordenação é muito interessante, mas no tempo previsto – dois anos. Eu passei seis, três dos quais coordenando três cursos. A gente acaba refém de tudo. De aluno, professor, funcionários, instâncias superiores, regras, normas, resoluções, reuniões. Venceu a cota, a paciência e a disposição. Quero voltar a ser normal. Acho que todo cargo tem um limite de tempo que deve ser compreendido e respeitado. Talvez eu pense assim porque o poder não me seduz e nem me gratifica financeiramente. Definitivamente, eu não tenho a gana dos políticos em se perpetuar no universo dos orçamentos, verbas, contratos, etc., etc., e etc... e muito - mas muito - achincalhe de correligionários, chefetes e eleitores espertos, parceiros que cobram centavos de cada aporte que intermediam em toda e qualquer situação que se fazem presentes. De qualquer maneira, deve compensar e muito!!! Do contrário, ninguém gostaria de repetir a dose. Mas não é o que se vê.
Ainda que de longe tenho acompanhado, pelas redes sociais, a discussão sobre o tal concurso para trabalhar na prefeitura de IP. Até o momento, não vi nenhum argumento técnico que justifique a demanda. É uma mistura de ingenuidade e esperteza politiqueira que tem permeado a discussão. Onde está o diagnóstico que mostra a necessidade de criar mais empregos públicos em um município que vive quase que exclusivamente dos recursos públicos, seja através de aposentadorias ou de empregos públicos?
Não consigo compreender como no século XXI conseguimos fazer valer argumentos do século XVII. E ainda temos a ousadia de falar mal do coronelismo quando a relação que se estabelece está impregnada dos traços e dos ranços do mais puro clientelismo da política dos coronéis: o valor político dos seus agregados que se traduz numa teia de votos e favores.
Sem fulanizar a discussão, de um lado e de outro, os argumentos para ter ou não ter concurso são muito rasos. Se quisermos tempos melhores para todos não podemos ver as prefeituras como um celeiro de empregos. Grosso modo, a pergunta que faço seria a seguinte: quantos funcionários tem a prefeitura? Fazendo o que? Que planos e programas são projetados que demandem a criação de novos empregos? Descobrir na véspera de uma eleição a necessidade de fazer concurso pode ser tão danoso quanto fomentar empregos temporários. Sem justificativas claras, a primeira impressão que passa é de puro clientelismo. E para uma total ausência de argumentos adequados, temos respostas absolutamente desconcertantes e adubadas pelas mesmas razões daqueles a quem a oposição contesta.
É maravilhoso saber que IP tem primado por esforçar-se em estudar e é mais do que necessário que o poder público se faça presente neste esforço através de ações concretas. Mas acredito que está havendo um equívoco na leitura de tão bons resultados que se tem alcançado. As pessoas estudam, esforçam-se e dão o melhor de si para adquirir novas competências e habilidades para enfrentar o mercado de trabalho e não apenas para trabalhar na prefeitura local. A prefeitura não tem obrigação de gerar empregos públicos para assimilar toda e qualquer pessoa que conseguiu um nível mais elevado de estudos. Ela tem obrigação de gerar empregos, sim, para o que ela necessita efetivamente para oferecer mais qualidade de vida a todos. E aí, a gente vai dar na inconsistência dos argumentos da situação e da oposição, se assim se quer denominar os grupos que se dizem antagônicos mas intrinsecamente movidos pelos mesmos desejos, muitos - mas bota muito nisso - deles publicamente inconfessáveis.
O que o poder público municipal precisa fazer urgentemente, independente de quem seja prefeito, e que nunca foi feito é traçar uma política mais ousada de atrair para o município atividades produtivas e investimentos que gerem emprego e renda para absorver a mão de obra que se qualifica. Mas vai e vem prefeito, entra e sai e sai e entra e nada acontece. Não é culpa só da figura do prefeito. A Câmara de Vereadores - ora está com o prefeito e ora contra - também não consegue fugir do jogo miúdo e da queda de braço que até agora não nos trouxe o que efetivamente precisamos.
Independente do prefeito que seja eleito, quem não gostaria de receber uma prefeitura mais enxuta de funcionários? É aí que o argumento mais simples se esvai. Passada a política e a euforia eleitoreira, o próprio argumento da oposição também favorece ao seu opositor. É por estas e outras que eles se entendem e é por outras e estas que as necessidades coletivas sempre ficam fora dos planos e programas de governo.
MLUIZA
Publicado no alagoinha.ipaumirim em 03.03.2012

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