DE VOLTA AO COMEÇO



MLUIZA
Posse de novos governantes municipais em quase todas as cidades brasileiras.  As grandes cidades são desafiadoras. As demandas e a diversidade de problemas convivem num arranjo complexo que parecem soberanos a qualquer circunstância ou governo. Além dos problemas concretos que precisam de soluções para ontem, ainda é preciso encarar a costura política entre os partidos aliados. Para atender a voracidade contida é preciso habilidade, competência e muita grana para fazer acontecer o milagre da multiplicação dos peixes. E haja esquartejamento da administração pública para atender aos partidos e aos financiadores das campanhas. Esse é outro que não entra de graça. Sem eles não há campanha nem eleitos. Se você conseguir identificar de onde vem o dinheiro da campanha, já sabe para onde vão os investimentos.
Em qualquer circunstância, basta seguir o dinheiro para descobrir ligeirinho os misteriosos caminhos da administração pública.
Isto não é privilégio de grandes cidades com os seus conglomerados financeiros à espreita de retorno. Nas cidades minúsculas, como IP, a lógica perversa não foge à regra geral. A diferença está na distribuição dos recursos públicos. O que fica concentrado e o que se pulveriza funcionam conforme os contratos indizíveis com suas normas implícitas que norteiam as relações de poder no contexto da política.
Isto não é novidade, tá no kit. Novidade seria romper com essa lógica. Mas vamos reconhecer que não somos capazes de ir além das típicas histerias eleitoreiras, dos insultos pessoais, da baixaria contumaz e dos barracos populares que fazem a rotina das campanhas.
 E nem vou falar de oposição, seja de que lado for. Sabemos que as oposições locais nunca exerceram a função que deve ter uma oposição diante de um governo. Elas historicamente se comportaram como os “contrariados do poder”. Não deu pra mim, já virei.
 E porque falta organização e foco nas oposições, os prefeitos sempre reinaram. Aliás, reinaram mais que governaram. Não informam, não explicam, não dão satisfação.
 A Câmara de Vereadores se apega à pequenez das discordâncias partidárias e no que realmente interessa compõe uma cena muda. Depois, acha ruim quando se expõe ao ridículo como naquela invasão recente dos populares num momento vergonhoso de desrespeito às instituições.
Se quisermos algo melhor para Ipaumirim, precisamos mudar o nosso comportamento: prefeito, vereadores e comunidade. O prefeito precisa ter liberdade para propor, a Câmara para aprovar e o povo para discutir.
Para governar não é preciso unanimidade. É preciso competência, transparência, descentralização. Oposição competente, comunidade organizada e uma desobstrução geral dos canais de informação podem influir no processo.
Sem comparar, mas olhando em volta e observando os avanços de Cajazeiras e de nosso entorno na região centro-sul do Ceará para onde se encaminham recursos e programas de importância na dinâmica regional, percebemos que estamos cada dia mais isolados.
Ipaumirim precisa de um destino. Se continuarmos onde estamos, estaremos sempre de volta ao começo. Ou pior, vamos ladeira abaixo na contramão do século.
MLUIZA
Publicado noalagoinha.ipaumirim em 01.01.2013

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