“VANITAS VANITATUM, ET OMNIA VANITAS'



MLUIZA
Juro que me dei conta que essa é a Semana Santa quando meus alunos comentavam alguma coisa sobre o feriadão. Longe de mim a vontade de ser uma workaholic. Quero cumprir minhas obrigações modestamente e acho que nem faço isso tão bem como gostaria. Brinco e brigo com o tempo mas vou puxando daqui e dali e compondo o cotidiano possível. Comun y corriente, como a maioria. Nada de heroísmos, nada de grandezas, prefiro deslumbrar-me com a modéstia dos anônimos. Não sei porque as pessoas comuns conseguem despertar em mim um sentimento de curiosidade desbravadora. Parece que com elas sempre tem alguma coisa a mais a dizer, algo interessante a descobrir.
Como é bom ser gente! Com acertos e erros como todo mundo. Ser real num mundo real, desfrutar o caos cotidiano no seu eterno movimento de reconstrução. Gosto de observar como fazemos o arranjo de nossas contradições na luta por sermos único quando, no máximo, conseguimos ser originais. Meu mestre de História abalou as minhas convicções de identidade quando me mandou ler "Um, nenhum, cem mil," de Luigi Pirandello.
Os exercícios de contradição a que somos submetidos dinamitaram o senso único da minha compreensão. E aí, rolou junto um monte de coisas, inclusive as minhas fantasias de onipotência. Acho que um pouco por conta disso nunca me animei a participar do Second Life onde todos são perfeitos, vitoriosos e heróis. A desordem do mundo tem os seus encantos.
Tenho um amigo que participa deste universo virtual estudando as estratégias de marketing que ali são utilizadas. Ele me disse que se você não inventar um personagem bonito e de sucesso, não consegue aprovação e nem amigos. Todo mundo bonito, sarado, vitorioso, rico, bem relacionado. O ideal perfeito da sociedade de consumo. Com esse papo, acabou definitivamente, para mim, uma possível estação de férias naquele mundo virtual. A fogueira das vaidades deve incendiar os personagens que cada um faz de si mesmo. Imagine o porre de viver num lugar em que todo mundo imagina ser o que pensa que é.
Nesse aspecto, aqui e lá, tem muita coisa parecida, mas lá deve ser o Olimpo dos insuportáveis. Haja Narciso!!! É o mundo das aparências que está deixando o povo doido.
Aqui, a diversidade, os insucessos, os desacertos vão quebrando a monotonia e desafiando a criatividade para virar o jogo. Eu não cometeria a insanidade de achar que o mundo real é perfeito, mas, graças a Deus, ele é multifacetado. O seu charme consiste em ter lugar pra doido de todo jeito. Inclusive do meu jeito.
Hoje, optei por esta entrevista sobre o polêmico Second Life que é um tema que não me fascina, mas que nem por isso deixa de ser instigante.
MLuiza
Publicado no alagoinha.ipaumirim em 19.03.2008

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