MLUIZA (1957)
Quando eu era pequena vivendo lá no meu interior perdido no sertão, tudo tinha começo, meio e fim. Era o roteiro perfeito de uma vida estável. Qualquer ponto fora da curva era o inusitado causando surpresa ou espanto. Lembro que, nessa época, eu me encantava pelos circos, pelos andarilhos, pelos viajantes propagandistas e pelos ciganos porque eles viviam mudando de lugar. Na minha imaginação infantil eles não tinham começo nem fim, estavam sempre no meio. Não me importava saber a origem nem o destino. Eu queria mesmo era saber do percurso. O que atiçava minha curiosidade eram os caminhos. No caminho sempre cabe mais alguma coisa.
MLUIZA
Recife, 01.08.2022