"O PASSADO SEMPRE TEM RAZÃO"

MLUIZA
Hoje, vamos revisitar a política em Ipaumirim nas décadas de 50 e 60. Naturalmente, não vamos dar conta de tudo mas vamos estabelecer marcos que poderão ser ampliados e levantar elementos que contribuam para discutir  o sentido e os interesses das alianças políticas.
Algumas questões precisam ser ponderadas desde agora para não parecer que estamos promovendo julgamentos gratuitos e levianos. A nossa pretensão não é julgar as pessoas, mas desvendar princípios e métodos que ordenaram o comportamento político no Ipaumirim da época. Algumas questões são polêmicas e delas não nos vamos furtar.
Como sempre, remetemos de alguma forma aos antecedentes com o propósito de circunstanciar o que virá depois.
O texto é construído a partir de quatro vertentes entrelaçadas e será subdividido em dois posts.
1.    Contextualização da região a partir de dados do Censo de 1950
2.    Informações biográficas de Dr. Francisco Vasconcelos de Arruda dando enfoque especial a sua participação no movimento estudantil como precursora de sua atuação política.
3.    A política em Ipaumirim: antecedentes até o fim do primeiro governo de Osvaldo Ademar Barbosa.
4.    A política em Ipaumirim  desde a eleição de Alexandre Gonçalves que será complementada no segundo texto que inicia no período imediato que antecede a ditadura militar até o fim do segundo governo de Ademar.
Desde já, faço uma ressalva especial e presto uma homenagem ao Dr. Francisco Vasconcelos de Arruda , personalidade política mais importante e mais expressiva em toda a história do nosso município. Isto, entretanto, não o coloca na condição de inquestionável.  Arruda era um ser político. Só isso. Não era sagrado como pensavam seus amigos e idealizavam os seus seguidores. Dr. Arruda, como todo mundo o conhecia, era apenas humano. Tinha qualidades e defeitos. O que nos interessa, aqui, é a figura política cuja atuação naturalmente revela traços da sua personalidade e do seu caráter. E se não estamos aqui para julgar os vivos, menos ainda os mortos. Não é possível contar a história política de Ipaumirim sem passar por ele. Nem a dele sem passar por Ipaumirim. A despeito das minhas ressalvas pessoais que são compartilhadas por outros que viveram esse tempo, ele foi o único deputado que representou efetivamente os interesses do nosso município.
Os que vieram depois cataram eleitores, descarada ou silenciosamente comprados. São arrebanhadores de votos que, desde sempre,  contam com a conivência da desavergonhada  politicagem local pouco comprometida com os interesses do município,  mas profundamente  enredada em seus interesses pessoais.
Quero agradecer a disponibilidade de Flávio Lúcio em contribuir com informações fundamentais para a construção desse trabalho. A sua memória traça o fio condutor do tempo. Agradeço, também, a Hegildo Holanda que disponibilizou documentos e informações de sua pesquisa, fundamentais para esclarecer aspectos importantes para a composição dos contextos e dos processos que envolvem as questões políticas na região.
A construção deste estudo exploratório vai agregar ao longo do tempo novos dados que vão favorecer a compreensão mais ampla da temática que estamos tratando. 
MLUIZA
22.03.2019

"O PASSADO SEMPRE TEM RAZÃO"
(Nelson Rodrigues)



CENSO DE 1950: RADIOGRAFIA DE UM TEMPO


O Recenseamento Geral de 1950 abrange os Censos Demográfico, Agrícola, Industrial, Comercial, Serviços,  e informações especiais sobre transporte e comunicação. A partir deste conjunto de informações, selecionamos algumas que consideramos básicas para a compreensão da nossa região naquele momento.
Os dados do Censo de 1950 se referem, portanto,  a  um período em que o município de Baixio compreende ainda incluído no seu domínio territorial e político os futuros municípios de Ipaumirim e Umari.
Conforme os dados de 1950, a população de Baixio era composta exclusivamente brasileiros natos. A maioria da população era composta por indivíduos pardos, seguido de brancos. São considerados pardos:  índios, mulatos, caboclos, cafusos, etc. Os casados eram maioria entre homens e mulheres. A população professava a religião católica, o nº de indivíduos que declararam outra religião é inexpressivo.


                      DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO PRESENTE, POR SEXO E 
                       SITUAÇÃO DE DOMICILIO, POR DISTRITO, NO MUNICÍPIO 
                                           DE BAIXIO - CE. 1950

   DISTRITOS

POPULAÇÃO
     TOTAL

QUADRO
URBANO

QUADRO
SUBURBANO

QUADRO
RURAL

    BAIXIO

   2.154 H
   2.213 M

267 H
334 M

66 H
65 M

1.821 H
1.814 M

  SUB-TOTAL
 
    4.367 hab.

601 hab.
       

131 hab.

3.635hab.

IPAUMIRIM


2.187 H
2.241 M

360 H
411 M

331 H
362 M

1.496 H
1.467 M

SUB-TOTAL

4.360 hab.

771 hab.

694 hab.

2.903 hab.

FELIZARDO

1.614 H
1.550 M

61 H
59 M

69 H
65 M

1.484 H
1.426 M

SUB-TOTAL

3.164 hab.

120 hab.

134 hab.

2.910 hab

UMARI

2.731 H
2.758 M

262 H
285 M

62 H
78 M

2.406 H
2.395 M

SUB-TOTAL

5.489 hab.

547 hab.

140 hab.

4.801 hab

TOTAL

17.388 h.

2.039 h.


1.099 h.

14.249h.
                 Fonte: Censo de 1950

OBS: Os quadros urbano e suburbano correspondem às sedes municipais ou as vilas. O quadro rural abrange a área situada fora dos limites das  cidades ou vilas.


CONDIÇÕES DE HABITAÇÃO:
No município de Baixio, incluindo todos os distritos, foram registrados 3.096 domicilios ocupados. Destes, 1.722 eram próprios, 322 alugados, 1.052 sob outras condições. Entre os 387 domicílios situados na área urbana, 165 eram próprios, 168 alugados e os demais sob outras condições.  Entre estes, foram encontrados cinco com água encanada, 89 servidos por iluminação elétrica e 211 com aparelho sanitário.  Na área suburbana, haviam 253 domicílios sendo 120 próprios, 118 alugados e apenas 15 em outras condições. Entre estes, apenas 01 tinha água encanada, 11 tinham iluminação elétrica e 22 possuíam aparelho sanitário.  Na área rural haviam 2.456 domicílios ocupados, sendo 1.437 próprios, 36 alugados e 983 em outras condições. Não tinham água encanada nem eram servidos por iluminação elétrica. Um dado curioso que está registrado no Censo mas não me convence é que 410 domicílios rurais tinham aparelho sanitário. Há outras formas de ocupação consideradas pelo Censo. Entre elas, encontra-se a cessão de moradias bastante comum na área rural.

INSTRUÇÃO
Conforme o Censo, a maioria da população, homens e mulheres, não sabe ler nem escrever. Os poucos que concluíram os graus de ensino, totalizam apenas 93 homens e 98 mulheres. Destes, 72 homens e 87 mulheres concluíram o grau elementar. O grau médio foi concluído apenas por 13 homens e 11 mulheres e o grau superior apenas por oito homens e nenhuma mulher.
Na faixa etária entre 5 e 14 anos, o Censo registra 5.093 indivíduos dos quais apenas 662 sabem ler e escrever. A distribuição por idade ocorre conforme o quadro abaixo.


TOTAL DE INDIVÍDUOS NA FAIXA ETÁRIA ENTRE 5 E 14 ANOS QUE SABEM LER E ESCREVER. MUNICIPIO DE BAIXIO – CE. 1950.

IDADE
TOTAL DE INDIVIDUOS
INDIVIDUOS QUE SABEM LER E ESCREVER
05 anos
492
02
06 anos
494
06
07 anos
528
17
08 anos
558
36
09 anos
508
43
10 anos
614
97
11 anos
466
82
12 anos
523
123
13 anos
461
120
14 anos
449
136
TOTAL
5.093
662
                                                    Fonte: Censo de 1950.


Infelizmente não conseguimos localizar registros sobre a existência de escolas na região embora se saiba que elas efetivamente existiram nesta época principalmente as escolas isoladas e/ou reunidas que trabalhavam com classes multiseriadas. Estas escolas evoluíram posteriormente para os grupos escolares. Quando produzirmos o post sobre Educação em Ipaumirim tentaremos reunir o máximo de informações possíveis sobre o tema.

ATIVIDADES PRODUTIVAS
As atividades consideradas pelo Censo são as seguintes: agricultura, pecuária e silvicultura, indústria extrativa, indústria de transformação, comércio de mercadorias, prestação de serviços, transporte,  comunicação e armazenagem, profissionais liberais, atividades administrativas/Legislativo/Justiça, defesa nacional e segurança e atividades domésticas.
Em quase todas as categorias/ramo de atividade a maioria dos trabalhadores são homens.

DISTRIBUIÇÃO DE TRABALHADORES ACIMA DE 10 ANOS,
 POR SEXO, E  RAMO DE ATIVIDADE PRINCIPAL. BAIXIO – CE. 1950

RAMO DE ATIVIDADE

HOMENS

MULHERES

Agricultura, pecuária e silvicultura

4.712

42

Indústria extrativa

03

---

Indústria de transformação

62

09

Comércio de mercadoria

132

04

Prestação de serviços

100

213

Transporte/Comunicação/Armazenamento

50

02

Profissional Liberal

03

---

Atividades Sociais

05

34

Atividades Administrativa/Legislativo/Justiça

29

03

Defesa Nacional e Segurança Pública

11

---

Atividade Doméstica

376

5.409

Condições Inativas

429

229
Fonte: Censo de 1950

O município produzia cana, algodão, arroz, milho, feijão, banana e mandioca. Em quantidades pequenas que sugere produção para consumo doméstico, encontram-se coco, laranja, abacate, caju, goiaba, mamão manga, aipim, abóbora, batata doce, melancia e oiticica. Segundo os registros do censo de 50, a produção de 4.972 t. de cana foi transformada em rapadura (253 t.), aguardente (11hl) e açúcar (2 t.). Foram produzidos ainda 4.488 hl de leite, 105 kg de lã, 21kg de mel de abelha, 4 kg de cera de abelha e ainda ovos de galinha e outras aves.
A atividade agropecuária ocupava a maior área (ha), seguida da agricultura em larga escala e finalmente da agricultura em pequena escala.
Entre os 593 estabelecimentos agrícolas registrados pelo Censo, 524 eram administrados pelo próprio dono, 31 por administradores, 21 por arrendatários e 17 por ocupantes.
Era este território majoritariamente dependente da agricultura e das atividades dela derivadas, com uma população pobre e praticamente analfabeta o cenário das disputas políticas que mobilizaram interesses e promoveram discórdias, desgastes e querelas.


           DADOS BIOGRÁFICOS DE FRANCISCO VASCONCELOS DE ARRUDA (DR. ARRUDA)                                            
Dr. Francisco Vasconcelos de Arruda. Foto do arquivo de Nilda Josué.
FRANCISCO VASCONCELOS ARRUDA nasceu no município de Massapê, em 27 de março de 1910, filho de José Aguiar de Arruda e Teodora Carminda Araújo Arruda.
Iniciou as primeiras letras em Massapê onde começou os estudos de escrituração mercantil. Mudou-se para Fortaleza, em 1924, onde trabalhou como auxiliar de contador na firma J. Arruda Irmãos e como contador na firma exportadora Alfredo Fernandes & Cia. Estudou no Colégio Cearense, no Colégio Padre Champagnat e no Colégio São João. Concluiu o curso de Perito Contador na Escola Padre Champagnat em 1938. Formou-se em contabilidade pelo colégio Fênix Caixeiral onde depois foi diretor. Graduou-se em Direito, em 1943, pela Universidade Federal do Ceará.
Na Escola de Comércio da Fênix Caixeiral estudavam “caixeiros, trabalhadores do comércio, classe apartada da elite, mas que flertava com a burguesia. O curso era profissionalizante. Entre as disciplinas, francês, inglês, aritmética e escrituração mercantil. ” (fortaleza em fotos.com br)  Nela circulavam, como professor ou estudante, professores, advogados, jornalistas, médicos, dentistas, estudantes da Faculdade de Direito e ainda aspirantes e profissionais do comércio.
Foi um dos fundadores do Centro Estudantal Cearense –CEC, em 11.08.1931, sendo eleito seu presidente em 1932 e reeleito em 1937 até 1942. O CEC era uma referência para os centros estudantis em outros estados do país. Distribuía suas atividades em várias áreas: Casa do Estudante do Ceará, Policia Estudantil, Biblioteca, Escolas XI de Agosto e 1º de março, Jazz Estudantil, Teatro Centrista, Museu do Estudante, Orfeon, Assistência Social, Assistência Médica e a Folha Estudantil.
Vale passar por algumas reflexões sobre o Centro Estudantal Cearense. Através dele podemos nos aproximar das relações de Dr. Arruda e, por conseguinte, da sua formação e identificação política.  

NÃO HÁ DISTÂNCIA ENTRE INTENÇÃO E GESTO

Fonte: http://casadocolecionador.net
Para entender um personagem é preciso compreender seu tempo. Abrimos este espaço para tentar contextualizar o sentido e o significado do CEC do qual Dr. Arruda foi um dos seus expoentes. Se considerarmos seu tempo na direção do centro podemos considera-lo, entre todos,  como o mais influente por mais longo tempo. A sua formação política foi construída neste contexto.
As bibliografias consultadas sobre o Centro Estudantal do Ceará (CEC) remetem a Bráulio Ramalho mas diante da impossibilidade, no momento,  de consultar o original utilizamos outras obras disponíveis na web.
O CEC foi o “agente unificador dos estudantes cearenses, incentivando a criação e mantendo relações de coordenação e apoio com dezenas de entidades estudantis espalhadas em várias regiões do Estado” (Ramalho, apud. ARAUJO,  Raquel, 2002, p. 81)
No período de 1931-1945, o Centro Estudantal Cearense aglutinava secundaristas e universitários do Estado. “Seu surgimento deu-se no dia 11 de agosto de 1931, em Fortaleza. Segundo seus estatutos, tinha a finalidade de “congregar todos os estudantes, trabalhando pelo seu aperfeiçoamento moral, social, eugênico e intelectual.” (MUNIZ, Altemar. Estado Novo e colaboração estudantil na manutenção da ordem social e politica de Fortaleza)
Neste período, a entidade tinha, implícita,  uma importante função na despolitização de movimentos sociais neutralizando um viés político contestador através da sua transformação num instrumento de preservação social. Nessa perspectiva, espelhava-se na experiência desenvolvida junto aos estudantes no Rio de Janeiro pela  Casa do Estudante do Brasil (CEB) que, inclusive, recebia subvenções do governo central. No Norte-Nordeste, Fortaleza foi pioneira na implantação deste tipo de experiência expandindo-se depois para Natal, João Pessoa e Terezina.  Vale registrar que a presidente da CEB, Ana Amélia Carneiro de Mendonça, irmã de Roberto Carlos Vasco Carneiro de Mendonça, interventor federal do Ceará, entre 22 de setembro de 1931 a 5 de setembro de 1934, esteve presente na inauguração da Casa do Estudante Pobre do Ceará, em 1933.
A abordagem sobre o CEC abriga diferentes formas de interpretação. A mais ingênua, entre elas, é aquela que considera a grandeza do gesto e idealiza a sua atuação como um centro preocupado com o aperfeiçoamento intelectual dos jovens, a luta pelos seus interesses e a assistência aos estudantes carentes.   A realidade e os documentos que orientam as práticas do CEC implodem essa visão idílica e fantasiosa.
Uma outra vertente de interpretação aponta que o CEC seria uma ação dos militantes do Centro Liceal de Estudos que propunham uma entidade estudantil mais representativa e mais ampla em substituição aos antigos grêmios literários. Estes estudantes, aliados a estudantes de outros colégios  teriam fundado o CEC. Segundo  MUNIZ,  estas duas interpretações repassam a ideia de que o CEC seria “uma forma de organização para assegurar e conquistar melhores condições de vida para os segmentos estudantis, oriundos das camadas médias urbanas em ascensão, visto que a política estadonovista de industrialização, a partir das substituições das importações, demandava a ampliação da oferta da mão-de-obra especializada potencialmente encontrada naqueles setores.” (MUNIZ, op. cit.)
Baseado em documentos da época, MUNIZ traz uma interpretação mais sofisticada em torno do assunto quando relaciona o CEC aos interesses do Estado Novo.
“Noutros discursos, entretanto, percebem-se dados que permitem dar outro enfoque a esta questão. O Instituto Histórico do Ceará, no ano de 1939, editou uma revista chamada O Ceará. Esta, fazia exaltações às personalidades e entidades do Estado. Num dos artigos, há um espaço para o Centro Estudantal Cearense. Dizia:“Os estudantes cearenses precisavam ter associação representativa, para que seus interesses fossem definidos com mais entusiasmo e eficácia. Urgia pôr termo àquela desordem perniciosa e improdutiva como todas as desordens” (GIRÃO, Raimundo e FILHO, Antônio Martins. O Ceará. Ed. Instituto Histórico do Ceará. Fortaleza. 1939. p.43 apud MUNIZ)
Embora lutando, pontualmente, por interesses estudantis, o CEC, na realidade,  integrava-se a um projeto mais amplo para difusão de um ideal centrista que deveria unificar os discursos das entidades estudantis em todo o Brasil. Não teria, não portanto, uma luta de caráter contestatório mas uma ação de apaziguamento de conflitos neutralizando iniciativas políticas mais ousadas. O propósito era despertar nos estudantes a confiança e o apoio para os propósitos políticos dos dirigentes e, ao mesmo tempo, controlar as suas condutas. Tudo deveria ser resolvido através da autoridade e do poder público. Desde a idealização das ações à expedição das carteiras de estudantes que, no caso, tinham o visto da Policia Civil.
Conforme o seu estatuto, estava entre os deveres dos sócios abster-se de qualquer apresentação ou discussão sobre assuntos de religião ou de militância política durante as reuniões num período em que integralistas, comunistas e centristas tinham debates acalorados sobre suas ideias. Tentando contornar a situação, Francisco Arruda, como presidente do CEC e apoiado pelos grêmios estudantis que o acompanhavam, tentava dar um contorno apaziguador aos dissensos obedecendo aos limites impostos pelo poder com o qual estava comprometido.  O fato é que a entidade posicionou-se em diferentes momentos favorável ao Estado Novo e à Igreja escanteando qualquer discussão que ampliasse o debate principalmente no que diz respeito à discussão de ideias  que se aproximavam de alguma maneira do socialismo.
Quando das eleições de 1934, Dr. Arruda, presidente do CEC por nove anos consecutivos foi convidado para candidatar-se como deputado estadual ou vereador  pela LEC, Liga Eleitoral Católica..
“A LEC foi criada pela Igreja Católica para influir de modo direto na vida política do país. Esta preocupação surgiu pelo fato da Igreja, no período de 30, ter mudado seu estatuto jurídico na sociedade brasileira. Menosprezada pelo Estado laico e liberal da República Velha, passou a prestar concurso espiritual e ideológico ao fortalecimento do Estado e do bloco das classes dominantes, face à ascensão política das classes subalternas. Como não agradasse à cúpula da Igreja a fundação de um partido político, optou-se por uma frente suprapartidária: a LEC. Possuía a finalidade de instruir, congregar e alistar o eleitorado católico, assegurando aos candidatos dos diferentes partidos a sua aprovação pela Igreja e conseqüentemente, o voto dos fiéis” (MUNIZ, op. cit)
Dr. Arruda teria recusado o convite mas convocou uma assembleia para escolher dois nomes, de centro, para concorrer.  Foram escolhidos Marcos Botelho, para vereador, e Lourival Correia Pinto, para deputado estadual, que se filiaram à LEC e ganharam as eleições.
“Para ser candidato da LEC, o pretendente precisava defender o programa estipulado em dez pontos: promulgação da constituição em nome de Deus; defesa da indissolubilidade do laço matrimonial, com a assistência das famílias numerosas e reconhecimento dos efeitos civis ao casamento religioso; incorporação legal do ensino religioso, facultativo nos programas das escolas públicas primárias e normais da União, do Estado e do município; regulamentação da assistência religiosa, facultativa nas prisões, hospitais etc; liberdade de sindicalização, de modo que os sindicatos, legalmente organizados, tenham as mesmas garantia dos sindicatos neutros; reconhecimento dos serviços eclesiásticos de assistência espiritual das forças armadas e às populações civis como equivalente ao serviço militar; decretação de legislação do trabalho inspirada nos preceitos da justiça social e nos princípios da ordem cristã; defesa dos direitos e deveres da propriedade individual; decretação da lei de garantia da ordem social contra quaisquer atividade subversivas, respeitadas as exigências das legítimas liberdade políticas e civis; combate a toda e qualquer legislação que contrarie, expressa ou implicitamente, os princípios fundamentais da doutrina católica.”
A LEC era vinculada diretamente à Ação Integralista Brasileira de Plínio Salgado – partido fascista – que contava com a presença de Dom Hélder Câmara em seus quadros dirigentes.  A militância política da Igreja aliada ao integralismo no Ceará, fez com que o este  fosse o único  Estado Brasileiro em que a entidade alterou o seu caráter estritamente suprapartidário. Além do integralismo, a LEC fez alianças com os coronéis do interior para disputar as eleições nos 30. Em 1933 (para Assembleia Constituinte) quando a LEC elegeu sete entre os dez deputados do Estado, o que acabou, no fim das contas, provocando a substituição de Carneiro de Mendonça  pelo Coronel Felipe Moreira Lima. Em 1934, para a Constituinte Estadual,   a LEC elegeu 17 entre os 30 deputados. Em 1935, na eleição indireta para governador a LEC elegeu Menezes Pimentel,  avalista político de Cícero Brasileiro que tantas dificuldades impôs a Dr. Arruda.
Os fatos indicam, por conseguinte, que há, sim, vinculações políticas entre  CEC e as organizações conservadoras o que contradiz seu pretensamente ingênuo discurso apolítico que designa a entidade como protetora e tutora dos interesses estudantis.
A estrutura da CEC era hierarquizada e autoritária. Para ser associado e receber a  carteira de estudante, prestava-se um juramento: “ Como estudante, tudo farei pelo CEC, para honra de minha classe e a glória futura da minha pátria.” (MUNIZ, op. cit)
Em um dos artigos do seu estatuto, está regulamentada penalidades de admoestação, suspensão e eliminação para atitudes nomeadas como desrespeito a quem quer e onde for.
Todos os departamentos da entidade tinham regimento próprio e organização interna.
A Folha Estudantal, seu órgão de imprensa, era respeitada e acatada no contexto da imprensa local e seu financiamento vinha dos recursos captados pelos anúncios comerciais que publicava.  
A sua Policia Estudantal (PE) mantinha, em sistema de rodízio,  uma fiscalização permanente nas casas de diversões, nos mesmos moldes da Policia Civil do Estado. Vigiava, notificava e punia estudantes que ousassem frequenta-las. Criada em 1932, a PE  se definia como uma polícia para amparar e educar a classe impedindo a violência contra os estudantes e coibir os menos disciplinados. Na verdade, ela tinha um caráter autoritário e fascista. Inclusive, detinha na Secretaria de Segurança Pública uma sala onde trabalhava sua diretoria e onde eram detidos e constrangidos os estudantes que ousassem atravessar as suas ordens.
“ A PE era composta de quarenta membros. Para ingressar em seus quadros, o candidato deveria ser estudante centrista, ter bom comportamento, ser maior de 18 anos e possuir aparência de maior” (BRAULIO apud Muniz) Os participantes eram indicados   pelos diretores das escolas e aprovados pela diretoria do CEC. Por estes métodos, pretendia-se ‘transformar o estudante cearense num colaborador efetivo da ordem e da disciplina, dignificando as fardas colegiais e zelando pelo nosso patrimônio moral’.
No caso, a juventude abre mão de sua força de contestação e transgressão e passa a auxiliar compulsoriamente na manutenção e preservação da ordem vigente em troca de um futuro promissor.
A ação da PE era tão ousada que extrapolava o movimento estudantil e se expandia para o controle da sociedade.
Na  sua parceria com o estado, as ações do CEC relacionadas com arte e cultura, eram ações de patrulhamento e disciplinamento dos estudantes expandindo-se inclusive para ambientes não acadêmicos.
O Júri Histórico era uma panaceia montada com a participação de autoridades políticas e acadêmicas que ousavam julgar réus de fatos históricos significativos e anteriores à breve e limitada existência destes  julgadores.   A composição do júri era formada pelas mais altas autoridades acadêmicas e políticas da sociedade cearense.
O CEC utilizava vários expedientes para fazer valer o seu viés autoritarista e bajulador, tais como fazer presença em eventos ou promover solenidades para prestar homenagens, etc.
Em 1941, quando tentava pela sétima vez o cargo de presidente da entidade, Arruda  foi atacado por um grupo estudantil ligado a setores da igreja acusado da ““obstinação de ficar-se eternamente no meio do caminho e nessa passividade acomodada de não querer passar adiante”. Na realidade, a oposição só queria ser contemplada com cargos. Francisco Arruda acabou sendo eleito por nove legislaturas e, como tal, reprisava as práticas da entidade
Os opositores então fundaram a Federação Estudantal Cearense, entidade que se propunha imprimir uma nova dinâmica ao movimento estudantil.
Durante seu período áureo, o CEC monopolizou a representação estudantil cearense em todos os momentos inclusive na fundação da UNE. Isto explica o fato de que até 1943, o CEC manteve-se como sinônimo de estudantes secundaristas e universitários no Estado do Ceará.
O Congresso Centrista dos Estudantes Brasileiros, em 1941, sediado pelo CEC, tinha como objetivo arregimentar estudantes para compor uma organização centrista a nível nacional. Foram seus patronos Menezes Pimentel, governador, e Raimundo de Alencar Araripe, prefeito de Fortaleza. O presidente de honra era Getúlio Vargas.  A finalidade deste evento era promover a criação de uma entidade a nível nacional nos mesmos moldes do CEC e da CEB diretamente subordinada ao Ministério da Educação. Essa entidade denominada pelo Governo Central como Juventude Brasileira teria a mesma estrutura “da Balila e Avanguardisti da Itália e da juventude hitlerista da Alemanha”.(MUNIZ, op. cit.) Foi a UNE quem dinamitou essa iniciativa através de uma mobilização anti-fascista.
A hegemonia do CEC ficou comprometida com a fundação, em 1942, da União Estadual dos Estudantes alinhada com a orientação da UNE.
Apesar do teor político que movia a estrutura do CEC, ele teve realizações muito importantes. Como agente unificador dos estudantes, ele trouxe organização, estrutura, prestigio e força para a classe estudantil trazendo-a para dentro do jogo político. Constituir-se como classe foi provavelmente a sua maior vitória. Mas teve outras mais pontuais e de fácil assimilação pela comunidade: abatimento nas entradas de cinema, nas livrarias, no transporte urbano, instalação do Museu do Estudante e a fundação da Casa do Estudante Pobre do Ceará que foi de crucial importância para formação de muitos jovens. Depois, foi retirado o nome ‘pobre’ por sua conotação pejorativa. Inaugurada em 1º de março de 1933 (algumas bibliografias dizem 1934), quando Dr. Arruda era o presidente do Centro Estudantal Cearense. Esta casa abrigou, ao longo do tempo, por intermédio de Dr. Arruda, muitos estudantes de Ipaumirim.  Entre outros registramos: Jarismar Gonçalves, Aldery Gonçalves, Geraldo Nery, Anchieta Nery, Avanildo Oliveira (Peba), Teodoro Sales, Francisco Crispim (Chiquinho), Francimar Maciel, Francimar Gonçalves, Bosco Vieira, Valdery Vieira, Francisco Vieira (Chinha), Antônio Josué (Toinho), Josevaldo Felinto (Vavá), Josemar Felinto (Mazim), Edirceu Freitas, Vivaldo Alves e Fernando Pires Lustosa.
Quando o Centro Estudantal Cearense foi extinto, na década de 60,  a Casa do Estudante passou a ter personalidade jurídica própria, mantendo entretanto algumas de suas finalidades originais.
Construção da Casa do Estudante. Fonte:

Dr. Arruda é considerado, por muitos, como o maior líder estudantil do Ceará em todos os tempos. Ele foi,  ainda, presidente do setor jovem da Casa Juvenal Galeno em 1937, participou da Associação Cearense de Imprensa (Carteira nº  14 da Associação Cearense de Imprensa, data de 27.11.1934) e foi  membro de várias outras organizações envolvidas com cultura, esporte, comércio e serviços.


APORTANDO EM IPAUMIRIM

Quando Dr. Arruda chega em Alagoinha para trabalhar, como gerente,  na Sousa Fernandes & Cia,  em 14 de dezembro de 1940, traz experiências que foram fundamentais para construir sua trajetória:
a.    experiência de militância na política estudantil no Centro Estudantal Cearense, o qual presidiu durante 10 anos;
b.    prática em contabilidade;
c.    conhecimento em Direito.
d.    relações sociais,  politicas e profissionais em várias áreas importantes no contexto cearense.
O pesquisador Hegildo Holanda identificou, no Arquivo Público do Ceará, um documento publicado na imprensa cearense em 07 de outubro de 1939, essencial para estabelecer as relações entre Arruda e Cícero Fernandes de Souza. Neste documento, registrado na Junta Comercial do Ceará, sob o no. 4.379, consta a organização de uma sociedade mercantil para comercio de compra e venda de gênero de exportação (Algodão, Peles, Cêra, Mamona, Couros) que tem Alfredo Fernandes & Cia como sócio comanditário e outras pessoas como sócios solidários. São eles: Cícero Fernandes de Souza, Raimundo Fernandes Ribeiro, Laerte Fernandes de Souza e Francisco Vasconcelos de Arruda, antigo funcionário da firma Alfredo Fernandes & Cia e o único, entre eles, a não levar o sobrenome Fernandes.  Esta firma estaria instalada na RUA DRAGÃO DO MAR, N. 326.
Para melhor compreender a posição de Dr. Arruda, no contexto empresarial, vale remeter ao Direito Empresarial que explica diferenças entre sócios numa sociedade em comandita. 
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Na sociedade em comandita simples há dois tipos de sócios: os sócios os comanditados, e comanditários. Os primeiros são, necessariamente, pessoas físicas que respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, colaborando com capital; já os segundos, são obrigados apenas pelo valor de suas quotas. O contrato social deve prever especificamente quais são os sócios comanditados e comanditários. Nesse tipo societário o nome empresarial, conforme já dito, só pode firma ou razão individual/social. Não podem os sócios comanditários exercerem quaisquer atos de gestão ou ter o nome na firma social, sob pena de responderem da mesma forma como os comanditados, de forma ilimitada e solidária.. 
“A expressão “sócio solidário” não se refere a participante de toda e qualquer sociedade que figure como litisconsorte passivo em ação de execução, e sim ao cotista com responsabilidade ilimitada, isto é, aos que, por força do contrato social, respondem de forma solidária e ilimitada ao patrimônio social: “A classificação das responsabilidades dos sócios em sete tipos ordinários (…) compreende, entre outros, aqueles que, por força de cláusula contratual ou da lei, respondem de forma subsidiária ao patrimônio social, ilimitada e solidariamente entre eles.” (http://cunhaematos.com.br)
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Os Fernandes eram um grupo familiar muito forte que dominava o processamento e o comércio de algodão nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Piauí, zona por excelência produtora de algodão de fibra longa muito valorizado no mercado nacional e internacional. Neste comércio, estão também os Maia de Apodi – RN.  A união das famílias através de casamentos permitiu que esse grupo praticamente dominasse os negócios de algodão numa área muito ampla do sertão nordestino. São exatamente os Fernandes, através de Cícero Fernandes de Souza, que adquiriram a fábrica de algodão dos Vieiras, em Ipaumirim, para cumprir o pagamento do débito da família junto a eles nos negócios de algodão. É nesta fábrica de Ipaumirim que, 1940, Arruda vem trabalhar.
Em 1944,  Dr. Arruda em sociedade com Osvaldo Ademar Barbosa, adquire a fábrica de beneficiamento de algodão, óleo e sabão – Indústrias Reunidas do Nordeste S.A -  instalada no Baixio. Esta firma era de Fausto Alves Maia, rio-grandense de Apodi-RN. A partir desta compra, Arruda passa a permanecer mais tempo em Baixio. Os dois sócios têm uma larga expertise no comércio e na indústria do algodão. Arruda com sua passagem pelas empresas dos Fernandes e Ademar como ex-funcionário do seu tio, Luiz Pinheiro Barbosa, proprietário de uma usina de algodão em Ipaumirim instalada nos anos 1930 e que funcionou até os anos 1950 quando foi desativada. Nos anos 30, a iluminação pública de Alagoinha era fornecida por esta usina. No Baixio, na mesma época, a firma de Fausto Maia fornecia luz elétrica e a prefeitura pagava mensalmente a energia consumida na iluminação urbana.
Quando foi reinstalado em 09 de junho de 1945, em Fortaleza, o Tribunal Regional Eleitoral, vários partidos solicitaram seu registro. O Partido Social Democrático, PSD, foi fundado em 17 de julho de 1945, sob o comando dos interventores estaduais, nomeados por Getúlio Vargas. Conforme seu programa, o partido era favorável a uma legislação trabalhista e à intervenção do Estado na economia. Em 03 de setembro de 1945, o interventor Menezes Pimentel solicitou o registro da Comissão Executiva Estadual do PSD. A União Democrática Nacional (UDN) apresentou seu pedido de registro em 12 de novembro de 1945 tendo como presidente Manuel do Nascimento Fernandes Távora.  A UDN representava a oposição liberal ao Estado Novo, era um partido formado por uma classe média elitista que se recusava à proposta de combater as distancias sociais.
Na época, no Ceará, também existiam partidos menores. “O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Republicano (PR), Partido Trabalhista Nacional (PTN) e ainda o Partido Socialista Progressista que foi fundado a partir da disputa política entre Menezes  Pimentel e Olavo Oliveira. Olavo Oliveira foi indicado por Getúlio Vargas para formar o PSD, no Ceará, mas na disputa com Menezes Pimentel acabou fundando o PPS que posteriormente transformou-se Partido Social Progressista (PSP).
No contexto político local, Pedro Alves Maia, irmão de Fausto Maia, que chegou a Baixio, em 1937, para gerenciar a fábrica do irmão, foi introduzido na política por Cícero Brasileiro que conseguiu sua nomeação como prefeito do município, em 12 de novembro de1945, substituindo Dr. Joaquim Jorge de Souza. No período estavam no auge as suas relações de apadrinhamento político com Menezes Pimentel, interventor do Ceará. Neste mesmo ano, Fausto Maia vai para Cajazeiras-PB chefiar os negócios  das firmas Tertuliano Fernandes e Alfredo Fernandes instalando naquela cidade uma usina de algodão com extração de óleos vegetais.
Articulando-se na região, Dr. Arruda ingressa na política, neste mesmo ano, como candidato a deputado federal pelo Partido Social Democrático (PSD) tendo ficado na suplência sem conseguir exercer o mandato.Conforme dados do TRE-CE, em 1945, deu-se a eleição para Presidente, Senador e Deputado Federal. Neste pleito, Dr. Arruda candidatou-se a deputado federal pelo PSD recebendo 4.806 votos e, portanto, não foi eleito. O PSD elegeu cinco candidatos e a posição de Dr. Arruda estava no nono lugar da fila.
Em Ipaumirim, Dr. Arruda se aproxima de Luiz Leite da Nóbrega, liderança local, bastante articulada com a comunidade sendo este o esteio político de Arruda que o projetou na região. Luiz Nóbrega já tem uma história política no município. Por volta de 1918, esteve no distrito de  Olho d'Água, na época ainda jurisdição de Lavras da Mangabeira,  junto com seu primo João Augusto Lima (Luiz era primo de João e sobrinho de sua esposa Marieta), sua vó Joana Augusto Lima e Chico Felizardo para fundar, no local, o Partido da Aliança Liberal. 
Luiz Nóbrega instala-se em Alagoinha, em 1919, quando aí chega para trabalhar com seu primo, João Augusto, um dos expoentes da política regional no Ceará, ambos descendentes de Fideralina Augusto Lima (bisneto e neto respectivamente). Esta tradição política da família Augusto que se instala em Alagoinha com a presença de João Augusto inicia Luiz Nóbrega na política. E é este capital político a origem da inserção de Dr. Arruda no universo político da região. Isto não nega a sua competência nem diminui os seus méritos, mas é um ponto de partida fundamental para a sua entrada e posterior projeção política no contexto de Ipaumirim, Baixio e Umari. 
Em Umari se aproxima de Monsenhor Manuel Carlos de Morais vigário da paroquia de Umari que englobava as capelas de Ipaumirim e Baixio. Monsenhor Carlos era muito amigo de Luiz Leite da Nóbrega. Fez seu casamento, batizou todos os seus filhos e alguns netos. Era seu hóspede nas suas estadias em Ipaumirim dispensando a casa paroquial. Esta amizade fez com que a residência de Luiz Nóbrega abrigasse as autoridades religiosas que por ali transitavam.
Arruda conquistava assim dois campos fundamentais para sua trajetória. No campo político através de Luiz Nóbrega e no religioso através de Monsenhor Carlos. 
A gestão de Pedro Maia na prefeitura de Baixio durou até 06 de março de1946 quando foi renomeado, no mesmo dia, Dr. Joaquim Jorge de Souza Filho que governou até 03 de janeiro de 1947 quando foi exonerado. Nesta mesma data, foi nomeado prefeito de Baixio Luiz Leite da Nóbrega que governou até 15 de março do mesmo ano sendo substituído por Pedro Alves Maia.
Em 1947, houve eleição para Governador, Prefeito, Senador, Deputado Estadual e Vereador. Dr. Arruda abre mão de sua candidatura para Deputado Estadual constituinte em favor de Figueiredo Correia (PSD) eleito com 3.130 votos ficando em 14° lugar na lista do partido com direito a 17 cadeiras na Assembleia. Figueiredo Correia  foi um dos palestrantes em evento promovido pelo CEC. 
Luiz Leite da Nóbrega.

No pleito realizado em 15 de dezembro de 1947, Luiz Leite da Nóbrega foi eleito prefeito de Baixio com 1.650 votos contra Francisco Irineu Bezerra (Chico Irineu, de Umari) aliado de Cícero Brasileiro que recebeu 834 votos num total de 2.507 votos apurados. Foram  eleitos vereadores: José Leite Ribeiro, José Ferreira Lima, Osvaldo Ademar Barbosa, Artur Araújo Saraiva (Artur Né), João Crispim Gonçalves e João da Costa Sobrinho.
Na sua administração, Luiz Nóbrega construiu a Aguada Dr. Jorge de Souza, em Baixio, a Aguada Padre Manuel Carlos, em Umari e Aguada José Ferreira de Santana , Ipaumirim. José Ferreira de Santana, Coronel Cazuza Santana, era seu sogro e foi prefeito na cidade de São José do Egito – PE. Inaugurou a luz elétrica na Vila de Felizardo no dia 03.02.1950. Inaugurou Agência Telegráfica do Distrito de Umari e da sede, Baixio, em 01.02.1950. (GONÇALVES, Rejane. 1997, p. 84)
Na década de 50, Dr. Arruda teve um problema com a justiça. Como advogado de Zé Leite e irritado com o juiz, Dr. Arruda rasgou o processo diante dele e foi, por esta razão, processado pelo magistrado. Por trás da cortina, Cícero Brasileiro se articulou politicamente para induzir o processo contra Dr. Arruda que ia ser preso mas foi feito um pedido de indulto que foi concedido por Getúlio Vargas. No dia do indulto, chegou um telegrama em Ipaumirim, por telefone. Maria Luna, chefe dos Correios em Ipaumirim, ficou em tal estado de perplexidade que não conseguia falar. Depois que a notícia se espalhou, Ipaumirim fez uma grande festa para comemorar  o fato.
Em 1950, conforme dados do TRE-CE, as eleições foram Presidente, Governador, Prefeito, Senador e Vereador.
Da esquerda p/ direita: ? , Alexandre Gonçalves, Expedito Dantas Moreira, José Leite Ribeiro, Osvaldo Ademar Barbosa, Dr. Arruda, Artur Né. Na fila detrás: Didi Leite, Jader Santana, José Henrique Silva  e outros. Foto do arquivo de Jarismar Gonçalves gentilmente cedida ao alagoinha.ipaumirim.
Neste ano, pelo PSD, José Leite Ribeiro, ganha as eleições para prefeito de Baixio. São eleitos vereadores pelo PSD: Joaquim Leite Ribeiro, Osvaldo Ademar Barbosa, Artur Araújo Saraiva, e Expedito Dantas Moreira. Pela UDN foram eleitos: João Crispim Gonçalves, Domingos Ferreira Lima e Bevenuto de Almeida Crispim.
A residência oficial do Prefeito José Leite Ribeiro é instalada em  Ipaumirim., nova sede do município. Após ferrenhas lutas políticas, a sede do município é transferida para Ipaumirim voltando Baixio à condição de vila sendo a partir de então distrito de Ipaumirim. Embora a Lei 2.161 seja de 12.12.1953, a transferência da sede do município com suas repartições e cargos públicos só acontece em 1° de janeiro de 1954 quando a lei entra em vigor. Chefes políticos de Umari e Baixio tratam de encaminhar a luta para conseguir a restauração de seus  municípios e, neste contexto, ocorrem as articulações políticas  para a eleição de 1954.
Zé Leite  cuidou de Ipaumirim calçando a rua Cel. Gustavo Lima (Rua da Sombra), a Rua do Sol, (atual Rua Prefeito Alexandre Gonçalves), as ruas transversais, inclusive o pátio da igreja. Adolfo Augusto de Oliveira foi o voluntário, sem remuneração, encarregado de fiscalizar e medir as obras para pagamento.
Na ocasião da divisão do município, a briga política tinha de um lado Baixio, com Cícero Brasileiro e, do outro, Umari e Ipaumirim, com Dr. Arruda.
Nos anos 1940 e 1950, em Umari, Dr. Arruda era aliado de Zé Leite que tinha como oposição local a família Freitas. Em Baixio, era aliado à Joaquim Farias e a sua oposição era constituída por Cícero Brasileiro aliado à família Ferreira. No distrito de Ipaumirim e Olho D’Agua, a oposição a Dr. Arruda era comandada por Luiz Ferreira e Chico Felizardo respectivamente.
Em 1954, ocorrem eleições para Governador, Prefeito, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual e Vereador. 
Osvaldo Ademar Barbosa. Fonte:http://alagoinhaipaumirim.blogspot.com

Neste pleito, Osvaldo Ademar Barbosa ganha as eleições para prefeito de Baixio, como candidato do PSD. São eleitos vereadores: Wilfrido Gondim Leite (Didi Leite, filho de Zé Leite), Vicente Gomes de Morais, Alexandre Gonçalves da Silva, Expedito Dantas Moreira, Vicente Ferreira de Souza, Alexandre Gonçalves de Araujo, João Crispim Gonçalves e Nilson Alves de Lima. Só dois partidos concorriam a eleição: PSD que recebeu 2.551 votos e UDN 1.699.  
Empossado em 15 de março de 1955, ainda entrou como prefeito de Ipaumirim, Baixio e Umari. O seu mandato compreende o período de março de 1955 a março de 1959. Com a Lei n° 3.338, de 15.09.1956, foram restaurados os municípios de Baixio e Umari e Ipaumirim passa a constituir, sozinho, uma unidade municipal.  A partir daí, a prefeitura se instala em Ipaumirim. Bonifácio Vieira foi seu primeira secretário e aí trabalhou até se aposentar. A família Vieira estava politicamente dividida. Bonifácio e Argemiro acompanhavam o partido de Dr. Arruda e os demais faziam oposição. O adversário dos Vieira dentro de Felizardo era Artur Né que acompanhava Dr. Arruda.
Na sua gestão, Ademar fez todo o aterramento da área e construiu no local  a antiga Praça do Posto que hoje leva o seu nome, Praça Osvaldo Ademar Barbosa. Desde a sua construção esta praça foi um local para ponto de carros de frete como se chamava antigamente e de transportes intermunicipais. Este terreno bem como outros onde Ademar construiu obras eram originalmente de sua propriedade. Continuou, também,  as obras de calçamento iniciadas por José Leite Ribeiro. Fez a maior obra de aterramento para tornar a área do posto habitável pode ainda hoje ser considerada como a maior obra de construção já feita em Ipaumirim.
Em nosso percurso, não estamos interessados em saber especificamente em “quem fez o quê’ embora em algum momento passaremos por esta etapa. A nossa preocupação é identificar e compreender os processos que moviam a política local e como eles irrigavam o projeto politico.
Quando prefeito, Ademar desentendeu-se com Dr. Arruda. O motivo do desentendimento foram as Cotas, ou seja, a verba que os municípios recebiam. Dr. Arruda tinha como prática administrar diretamente as verbas das prefeituras cujos candidatos fossem eleitos em aliança com ele. Os prefeitos aliados a Arruda sempre foram seus prepostos. O prefeito, na realidade, era Arruda. O eleito era uma figura decorativa. Não administrava a prefeitura, não recebia a Cota, nada determinava. Quando Ademar não aceitou a submissão, Dr. Arruda passou um tempo distante de Ipaumirim. Tempos depois, eles se juntam de novo.
Após aliar-se a antigas lideranças locais para se introduzir politicamente na região, Dr. Arruda vai tratando de consolidar sua presença política e suas relações com a comunidade. Conhecendo a região e as suas limitações como ele conhecia, inclusive e principalmente a ignorância dos pequenos chefes políticos, Dr. Arruda foi um político ardiloso. Lançou mão de estratégias inéditas naquele mundo afeito às estultícias de alianças estruturadas de forma muito primária costuradas pelas relações   de vizinhança e compadrio. Grosso modo, a aliança acontecia nas seguintes bases: de um lado, os chefes locais semianalfabetos detentores de votos + propriedades rurais + algodão + gado + malícia cabocla na construção de  alianças políticas. Do outro lado: Dr. Arruda + experiência política mais sofisticada + estratégias ousadas + conhecimento + fluência + delicadeza no trato + desenvoltura de um homem urbano + cargos. Nesse contexto, Dr. Arruda  lança mão de estratégias políticas mais ousadas. Escolhe seus candidatos entre aqueles que ele sabia que  contava com muitos votos. Em linhas gerais, a estratégia era montada  da seguinte maneira: Dr. Arruda esquadrinhou o território de Ipaumirim projetando uma segmentação política baseada nos riachos e escolhia um candidato a vereador para cada riacho. Dentro dessas áreas nem todos eram seus correligionários, mas ele estaria representado em cada uma delas.


Ainda no pleito de 1954, Arruda sai do PSD e se candidata a deputado estadual pelo PSP ficando em primeira suplência e assumindo logo depois o mandato de deputado estadual. A sua saída do PSD se deve à sua não indicação, pelo partido, para disputar a Prefeitura de Fortaleza pelo partido. Candidato pelo PSP, Dr. Arruda recebe 4.896 votos. O partido tinha oito vagas e Dr. Arruda ficou em nono lugar.

Panfleto de Dr. Arruda quando candidato a prefeito de Fortaleza. Gentilmente cedida por Hegildo Holanda.
Nas eleições de 1958, houve um problema na eleição na cidade de Porteiras – CE quando houve depois uma eleição suplementar para resolver o problema.  Este problema é a seguir relatado com riqueza de detalhes:
Um outro depoimento, de um deputado, descreve as eleições de 1958, num município do Ceará:
Ao chegar em Porteiras verifiquei que candidatos procedentes desta capital e de outras partes    do Estado haviam instalado, no centro da praça principal ... seus quartéis-generais e passaram a comprar votos à razão de Cr$ 1.000.00. O eleitor recebia 50% na transação, assinava uma promissória e deixava o título com o candidato ou seus agentes até o momento de votar. Após a votação recebia o saldo ... Mais tarde, porém, surgiu um problema novo: certos candidatos elevaram a cotação do voto para Cr$ 2.000,00. Em face disso, diversos eleitores voltaram à presença daqueles aos quais já haviam vendido os votos, tentando rescindir os contratos ... A fim de assegurar a votação comprada, houve candidatos que instituíram o "voto de mochila". Distribuíam as cédulas dentro de minúsculas sacolas de morim, dotadas de um elástico que o eleitor prendia à perna quando ia votar. Isso evitava que a chapa viesse a ser trocada pelos candidatos ou chefetes locais. (Montenegro, 1960, p.45-6 apud SEGATTO, 1999, P.151)
Nesta ocasião, Raimundo Augusto esteve presente para comprar votos para seu filho, Vicente Augusto, e Fausto Arruda foi comprar para seu meio irmão Dr. Arruda. O mantra era que não seria por falta de dinheiro que seu meio irmão não se elegeria. O certo é que Dr.Arruda se elegeu naquele pleito pelo PSP.
Nesta mesma eleição, Alexandre Gonçalves da Silva e Vicente Gomes de Morais, ganham para prefeito e vice de Ipaumirim respectivamente para governar entre os anos de 1958 – 1962.
Cartaz da campanha de Alexandre Gonçalves. 1958. Gentilmente cedida por Magna Gonçalves.

Ademar governou até março de 1959 quando assume Alexandre Gonçalves da Silva tendo como vice Vicente Gomes de Morais. Até o governo anterior de Ademar não existia a figura do vice-prefeito. Concorreu com  Alexandre o agricultor Antonio Ernesto. Após perder as eleições, Antonio Ernesto migrou com a família para Brasilia. O hino da vitória, montado sobre a música do bloco Vassourinhas, de Recife,  tinha este refrão: 
"Dr. Arruda bem folgado
             Na assembleia do estado
              Antonio Ernesto, pobre coitado
              No pé da serra enfezado."
Alexandre Gonçalves da Silva, candidato pelo PSP,  foi o primeiro prefeito primeiro prefeito eleito por ipaumirinenses para governar o município de Ipaumirim após a restauração dos municípios de  Baixio e Umari.  Conforme dados do TRE disponíveis na internet, o município tinha 2.454 eleitores. Votaram 2.102 (89,57%) e as abstenções compreendem 352 eleitores (14,34%).  A eleição correu em 03 de outubro de 1958.
No pleito de 1958, Vicente Augusto entra na política de Ipaumirim por intermédio de Luiz Ferreira, adversário de Dr. Arruda, apoiando a candidatura de Antonio Ernesto. A campanha foi extremamente difícil porque ocorreu num ano de grande seca. Antonio Ernesto teve uma despesa muito grande com a campanha o que abalou bastante suas finanças. Logo depois do pleito, vendeu seus bens em Ipaumirim e migrou com a família para Brasília.  
Ainda neste pleito, houve o recadastramento de títulos que passaram a incorporar a fotografia do leitor. Em Ipaumirim, o recadastramento foi realizado onde atualmente funciona o supermercado de Airton Almeida, defronte a  Praça São Sebastião. O controle dos títulos eleitorais era realizado por Adolfo Augusto de Oliveira. Salvo engano, o título n° 01 era de José Henrique Silva, o n° 02 era de Maristela Bezerra de Oliveira,, o n° 03 era de Adolfo Augusto de oliveira e o n° 04 era de Vicente Gomes de Morais. As fotografias eram tiradas pelo fotógrafo local, Zacarias Pontes. Lembro que na Loja Macedo, onde papai, Vicente Gomes de Morais,  trabalhava, as fotos eram guardadas em pacotinhos numa caixa de sapato no canto de uma das prateleiras de tecido.
No documento do TRE disponível na internet, na seção “Resultados eleitorais por município”, não constam os dados sobre Ipaumirim nem os de Baixio e de Umari. Os três municípios integravam a 58ª Zona Eleitoral do Ceará. Portanto, não temos informações oficiais para complementar os dados sobre a eleição no que diz respeito a relação dos partidos de cada candidato nem a contabilidade dos votos. 
A cerimônia de posse de Alexandre Gonçalves e Vicente Gomes de Morais no Paço Municipal  ocorreu no dia 25.03.1959. No evento, foram oradores: Raimundo Meira Barbosa (Bosa), filho de Ademar Barbosa que falou em nome do seu pai, Jarismar Gonçalves de Melo em nome do seu pai, Alexandre Gonçalves, e Dr. Francisco Vasconcelos de Arruda. 
Foram eleitos os seguintes vereadores: Expedito Dantas Moreira, Sebastião Barbosa de Albuquerque (Sebasto), José Dias de Souza, José Alves de Oliveira, Vicente Ferreira de Souza, Francisco de Melo e Silva (Chico de Melo)  e Artur Saraiva de Araújo (Artur Né). (GONÇALVES, Rejane. Op. cit. pp. 168-69)
Jarismar Gonçalves de Melo, filho de Alexandre Gonçalves, Chefe de Gabinete do prefeito, era praticamente quem administrava o município.

Alexandre Gonçalves da Silva. Fonte: BEZERRA, Hermes Pereira. Ipaumirim 60 anos

OBRAS CONSTRUÍDAS NA GESTÃO DE ALEXANDRE GONÇALVES:
 . Calçamento e saneamento da rua Bento Vieira.
. Calçamento da rua Miceno Alexandre.
. Demolição do antigo açougue onde posteriormente foi construído o prédio da prefeitura antes da aquisição do prédio do Banco do Brasil. A intenção seria construir a prefeitura naquele local mas a verba federal, conhecida como Cota Federal, era anual e no período só era suficiente para pagar os funcionários.
. Compra do terreno onde depois foi instalada a primeira maternidade de Ipaumirim. Maternidade Maria José dos Santos (Dona Piquilí). Este terreno foi comprado a Antonio Pessoa  transmitindo por herança a sua esposa Zenóbia, filha de Pedro Alexandre. Este terreno Pedro Alexandre havia comprado ao pernambucano  José Ferreira de Santana (Coronel Cazuza Santana). Pelos dados do Recenseamento de Propriedades do ano de 1920 esse terreno ficava no Sítio Lagoinha na época pertencente ao Coronel Cazuza Santana. É possivel que esta data de terra adquirida por Cazuza Santana quando chegou a Ipaumirim no inicio do século XX seja o mesmo sítio Lagoinha de propriedade dos Ferreira Bonfim de que fala Joarivar Macedo citando informações datadas ainda no século XIX.    
. Aquisição de instrumentos e fundação da primeira banda de música de Ipaumirim orientado por Jarismar Gonçalves, seu filho, Jader Nogueira Santana e José Henrique Silva. Fundou-se então uma escola de música e foi contratado o maestro  Rivaldo Santana, como professor. Essa escola profissionalizou alguns músicos, como João Bosco Conrado (Besouro) e Xeringa que depois ingressaram na Policia Militar do Ceará  onde foram músicos da sua banda marcial.O Maestro Rivaldo Antônio Santana era natural da cidade de Vitória de Santo Antão no Estado de Pernambuco. No início dos anos 60, aportou em Cajazeiras através de um circo onde era integrante do seu grupo de músicos. Com a partida do circo, o maestro preferiu ficar na cidade onde começou a formar a sua orquestra e ficou conhecido em toda a região.  (alagoinha.ipaumirim.blogspot.com)
 
Banda de Música Municipal em evento no segundo governo de Ademar Barbosa
Para mais detalhes, vide matéria de Francisco Farias  “Como foi minha bandinha”, publicado no alagoinha.ipaumirim em 11.02.2012, do qual extraímos o parágrafo de abertura para publicá-lo agora:
 “Era o já distante ano de 1962. O prefeito de Ipaumirim, já no último ano de mandato era o Sr. Alexandre Gonçalves. Exatamente por essa época, com o apoio decisivo de Dr. Jarismar Gonçalves, seu filho, começaram a ser adquiridos pela Prefeitura dos primeiros instrumentos e teve início, com sede provisória no Clube Recreativo de Ipaumirim – CRI a minha inesquecível Banda de Música Municipal de Ipaumirim, a primeira na espécie.” (Chico Farias)
Alexandre Gonçalves termina seu mandato em 1962. O nosso próximo post inicia a partir da eleição de 1962 quando falaremos de tempos difíceis e de muita perseguição na política de Ipaumirim. Com o Golpe de Estado de 1964, o Brasil entra em negros anos que marcariam também o destino de Dr. Arruda.  
Na próxima etapa vamos tratar de um período difícil na política de Ipaumirim.

BIBLIOGRAFIA

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EDMILSON QUIRINO DE ALCÂNTARA: A LEMBRANÇA ALEGRE DE QUEM TEM APREÇO PELO TRABALHO QUE REALIZA.

Conversar com Edmilson é sempre muito agradável. Apesar da memória já comprometida ele adora falar sobre sua experiência como dono de bar....