MLUIZA |
Algumas
questões precisam ser ponderadas desde agora para não parecer que estamos
promovendo julgamentos gratuitos e levianos. A nossa pretensão não é julgar as
pessoas, mas desvendar princípios e métodos que ordenaram o comportamento
político no Ipaumirim da época. Algumas questões são polêmicas e delas não nos
vamos furtar.
Como
sempre, remetemos de alguma forma aos antecedentes com o propósito de
circunstanciar o que virá depois.
O texto
é construído a partir de quatro vertentes entrelaçadas e será subdividido em
dois posts.
1. Contextualização
da região a partir de dados do Censo de 1950
2. Informações
biográficas de Dr. Francisco Vasconcelos de Arruda dando enfoque especial a sua
participação no movimento estudantil como precursora de sua atuação política.
3. A
política em Ipaumirim: antecedentes até o fim do primeiro governo de Osvaldo
Ademar Barbosa.
4. A
política em Ipaumirim desde a eleição de
Alexandre Gonçalves que será complementada no segundo texto que inicia no
período imediato que antecede a ditadura militar até o fim do segundo governo
de Ademar.
Desde
já, faço uma ressalva especial e presto uma homenagem ao Dr. Francisco
Vasconcelos de Arruda , personalidade política mais importante e mais
expressiva em toda a história do nosso município. Isto, entretanto, não o
coloca na condição de inquestionável.
Arruda era um ser político. Só isso. Não era sagrado como pensavam seus
amigos e idealizavam os seus seguidores. Dr. Arruda, como todo mundo o
conhecia, era apenas humano. Tinha qualidades e defeitos. O que nos interessa,
aqui, é a figura política cuja atuação naturalmente revela traços da sua
personalidade e do seu caráter. E se não estamos aqui para julgar os vivos,
menos ainda os mortos. Não é possível contar a história política de Ipaumirim
sem passar por ele. Nem a dele sem passar por Ipaumirim. A despeito das minhas
ressalvas pessoais que são compartilhadas por outros que viveram esse tempo,
ele foi o único deputado que representou efetivamente os interesses do nosso
município.
Os que
vieram depois cataram eleitores, descarada ou silenciosamente comprados. São arrebanhadores de votos que, desde
sempre, contam com a conivência da
desavergonhada politicagem local pouco
comprometida com os interesses do município,
mas profundamente enredada em
seus interesses pessoais.
Quero
agradecer a disponibilidade de Flávio Lúcio em contribuir com informações fundamentais
para a construção desse trabalho. A sua memória traça o fio condutor do tempo.
Agradeço, também, a Hegildo Holanda que disponibilizou documentos e informações
de sua pesquisa, fundamentais para esclarecer aspectos importantes para a
composição dos contextos e dos processos que envolvem as questões políticas na
região.
A
construção deste estudo exploratório vai agregar ao longo do tempo novos dados
que vão favorecer a compreensão mais ampla da temática que estamos
tratando.
MLUIZA
22.03.2019
22.03.2019
"O PASSADO SEMPRE TEM RAZÃO"
(Nelson Rodrigues)
CENSO DE 1950: RADIOGRAFIA DE UM TEMPO
O
Recenseamento Geral de 1950 abrange os Censos Demográfico, Agrícola,
Industrial, Comercial, Serviços, e
informações especiais sobre transporte e comunicação. A partir deste conjunto
de informações, selecionamos algumas que consideramos básicas para a
compreensão da nossa região naquele momento.
Os
dados do Censo de 1950 se referem, portanto,
a um período em que o município
de Baixio compreende ainda incluído no seu domínio territorial e político os
futuros municípios de Ipaumirim e Umari.
Conforme
os dados de 1950, a população de Baixio era composta exclusivamente brasileiros natos. A maioria da população era
composta por indivíduos pardos, seguido de brancos. São considerados
pardos: índios, mulatos, caboclos,
cafusos, etc. Os casados eram maioria entre homens e mulheres. A população
professava a religião católica, o nº de indivíduos que declararam outra
religião é inexpressivo.
DISTRIBUIÇÃO
DA POPULAÇÃO PRESENTE, POR SEXO E
SITUAÇÃO DE DOMICILIO, POR DISTRITO, NO
MUNICÍPIO
DE BAIXIO - CE. 1950
DISTRITOS
|
POPULAÇÃO
TOTAL
|
QUADRO
URBANO
|
QUADRO
SUBURBANO
|
QUADRO
RURAL
|
BAIXIO
|
2.154
H
2.213
M
|
267 H
334 M
|
66 H
65 M
|
1.821 H
1.814 M
|
SUB-TOTAL
|
4.367 hab.
|
601 hab.
|
131 hab.
|
3.635hab.
|
IPAUMIRIM
|
2.187 H
2.241 M
|
360 H
411 M
|
331 H
362 M
|
1.496 H
1.467 M
|
SUB-TOTAL
|
4.360 hab.
|
771 hab.
|
694 hab.
|
2.903 hab.
|
FELIZARDO
|
1.614 H
1.550 M
|
61 H
59 M
|
69 H
65 M
|
1.484 H
1.426 M
|
SUB-TOTAL
|
3.164 hab.
|
120 hab.
|
134 hab.
|
2.910 hab
|
UMARI
|
2.731 H
2.758 M
|
262 H
285 M
|
62 H
78 M
|
2.406 H
2.395 M
|
SUB-TOTAL
|
5.489 hab.
|
547 hab.
|
140 hab.
|
4.801 hab
|
TOTAL
|
17.388 h.
|
2.039 h.
|
1.099 h.
|
14.249h.
|
Fonte: Censo de 1950
OBS: Os
quadros urbano e suburbano correspondem às sedes municipais ou as vilas. O
quadro rural abrange a área situada fora dos limites das cidades ou vilas.
CONDIÇÕES DE HABITAÇÃO:
No
município de Baixio, incluindo todos os distritos, foram registrados 3.096
domicilios ocupados. Destes, 1.722 eram próprios, 322 alugados, 1.052 sob
outras condições. Entre os 387 domicílios situados na área urbana, 165 eram
próprios, 168 alugados e os demais sob outras condições. Entre estes, foram encontrados cinco
com água encanada, 89 servidos por iluminação elétrica e 211 com aparelho
sanitário. Na área suburbana, haviam 253
domicílios sendo 120 próprios, 118 alugados e apenas 15 em outras condições.
Entre estes, apenas 01 tinha água encanada, 11 tinham iluminação elétrica e 22
possuíam aparelho sanitário. Na área
rural haviam 2.456 domicílios ocupados, sendo 1.437 próprios, 36 alugados e 983
em outras condições. Não tinham água encanada nem eram servidos por iluminação
elétrica. Um dado curioso que está registrado no Censo mas não me convence é
que 410 domicílios rurais tinham aparelho sanitário. Há outras formas de ocupação
consideradas pelo Censo. Entre elas, encontra-se a cessão de moradias bastante
comum na área rural.
INSTRUÇÃO
Conforme
o Censo, a maioria da população, homens e mulheres, não sabe ler nem escrever. Os
poucos que concluíram os graus de ensino, totalizam apenas 93 homens e 98
mulheres. Destes, 72 homens e 87 mulheres concluíram o grau elementar. O grau
médio foi concluído apenas por 13 homens e 11 mulheres e o grau superior apenas
por oito homens e nenhuma mulher.
Na
faixa etária entre 5 e 14 anos, o Censo registra 5.093 indivíduos dos quais
apenas 662 sabem ler e escrever. A distribuição por idade ocorre conforme o
quadro abaixo.
TOTAL DE INDIVÍDUOS NA FAIXA ETÁRIA ENTRE 5 E 14 ANOS QUE SABEM LER E ESCREVER. MUNICIPIO DE BAIXIO – CE. 1950.
IDADE
|
TOTAL DE INDIVIDUOS
|
INDIVIDUOS QUE SABEM
LER E ESCREVER
|
05 anos
|
492
|
02
|
06 anos
|
494
|
06
|
07 anos
|
528
|
17
|
08 anos
|
558
|
36
|
09 anos
|
508
|
43
|
10 anos
|
614
|
97
|
11 anos
|
466
|
82
|
12 anos
|
523
|
123
|
13 anos
|
461
|
120
|
14 anos
|
449
|
136
|
TOTAL
|
5.093
|
662
|
Infelizmente
não conseguimos localizar registros sobre a existência de escolas na região
embora se saiba que elas efetivamente existiram nesta época principalmente as
escolas isoladas e/ou reunidas que trabalhavam com classes multiseriadas. Estas escolas evoluíram posteriormente para os grupos escolares. Quando produzirmos o post sobre Educação em Ipaumirim tentaremos reunir o
máximo de informações possíveis sobre o tema.
ATIVIDADES PRODUTIVAS
As
atividades consideradas pelo Censo são as seguintes: agricultura, pecuária e
silvicultura, indústria extrativa, indústria de transformação, comércio de
mercadorias, prestação de serviços, transporte,
comunicação e armazenagem, profissionais liberais, atividades
administrativas/Legislativo/Justiça, defesa nacional e segurança e atividades
domésticas.
Em
quase todas as categorias/ramo de atividade a maioria dos trabalhadores são
homens.
DISTRIBUIÇÃO DE TRABALHADORES ACIMA DE 10
ANOS,
POR SEXO, E RAMO DE ATIVIDADE
PRINCIPAL. BAIXIO – CE. 1950
RAMO
DE ATIVIDADE
|
HOMENS
|
MULHERES
|
Agricultura, pecuária e silvicultura
|
4.712
|
42
|
Indústria extrativa
|
03
|
---
|
Indústria de transformação
|
62
|
09
|
Comércio de mercadoria
|
132
|
04
|
Prestação de serviços
|
100
|
213
|
Transporte/Comunicação/Armazenamento
|
50
|
02
|
Profissional
Liberal
|
03
|
---
|
Atividades
Sociais
|
05
|
34
|
Atividades
Administrativa/Legislativo/Justiça
|
29
|
03
|
Defesa
Nacional e Segurança Pública
|
11
|
---
|
Atividade
Doméstica
|
376
|
5.409
|
Condições
Inativas
|
429
|
229
|
Fonte: Censo de 1950
O
município produzia cana, algodão, arroz, milho,
feijão, banana e mandioca. Em quantidades pequenas que sugere produção para
consumo doméstico, encontram-se coco, laranja, abacate, caju, goiaba, mamão
manga, aipim, abóbora, batata doce, melancia e oiticica. Segundo os registros
do censo de 50, a produção de 4.972 t. de cana foi transformada em rapadura
(253 t.), aguardente (11hl) e açúcar (2 t.). Foram produzidos ainda 4.488 hl de
leite, 105 kg de lã, 21kg de mel de abelha, 4 kg de cera de abelha e ainda ovos
de galinha e outras aves.
A atividade
agropecuária ocupava a maior área (ha), seguida da agricultura em larga escala
e finalmente da agricultura em pequena escala.
Entre
os 593 estabelecimentos agrícolas registrados pelo Censo, 524 eram
administrados pelo próprio dono, 31 por administradores, 21 por arrendatários e
17 por ocupantes.
Era
este território majoritariamente dependente da agricultura e das atividades
dela derivadas, com uma população pobre e praticamente analfabeta o cenário das
disputas políticas que mobilizaram interesses e promoveram discórdias,
desgastes e querelas.
DADOS BIOGRÁFICOS DE FRANCISCO
VASCONCELOS DE ARRUDA (DR. ARRUDA)
Dr. Francisco Vasconcelos de Arruda. Foto do arquivo de Nilda Josué. |
FRANCISCO VASCONCELOS ARRUDA nasceu
no município de Massapê, em 27 de março de 1910, filho de José Aguiar de Arruda
e Teodora Carminda Araújo Arruda.
Iniciou
as primeiras letras em Massapê onde começou os estudos de escrituração mercantil.
Mudou-se para Fortaleza, em 1924, onde trabalhou como auxiliar de contador na
firma J. Arruda Irmãos e como contador na firma exportadora Alfredo Fernandes
& Cia. Estudou no Colégio Cearense, no Colégio Padre Champagnat e no
Colégio São João. Concluiu o curso de Perito Contador na Escola Padre
Champagnat em 1938. Formou-se em contabilidade pelo colégio Fênix Caixeiral onde
depois foi diretor. Graduou-se em Direito, em 1943, pela Universidade Federal
do Ceará.
Na Escola
de Comércio da Fênix Caixeiral estudavam “caixeiros, trabalhadores do comércio,
classe apartada da elite, mas que flertava com a burguesia. O curso era
profissionalizante. Entre as disciplinas, francês, inglês, aritmética e
escrituração mercantil. ” (fortaleza em fotos.com br) Nela circulavam, como professor ou estudante,
professores, advogados, jornalistas, médicos, dentistas, estudantes da
Faculdade de Direito e ainda aspirantes e profissionais do comércio.
Foi um
dos fundadores do Centro Estudantal Cearense –CEC, em 11.08.1931, sendo eleito
seu presidente em 1932 e reeleito em 1937 até 1942. O CEC era uma referência
para os centros estudantis em outros estados do país. Distribuía suas
atividades em várias áreas: Casa do Estudante do Ceará, Policia Estudantil,
Biblioteca, Escolas XI de Agosto e 1º de março, Jazz Estudantil, Teatro
Centrista, Museu do Estudante, Orfeon, Assistência Social, Assistência Médica e
a Folha Estudantil.
Vale passar
por algumas reflexões sobre o Centro Estudantal Cearense. Através dele podemos
nos aproximar das relações de Dr. Arruda e, por conseguinte, da sua formação e
identificação política.
Para
entender um personagem é preciso compreender seu tempo. Abrimos este espaço
para tentar contextualizar o sentido e o significado do CEC do qual Dr. Arruda
foi um dos seus expoentes. Se considerarmos seu tempo na direção do centro
podemos considera-lo, entre todos, como
o mais influente por mais longo tempo. A sua formação política foi construída neste contexto.
As
bibliografias consultadas sobre o Centro Estudantal do Ceará (CEC) remetem a
Bráulio Ramalho mas diante da impossibilidade, no momento, de consultar o original utilizamos outras
obras disponíveis na web.
O CEC
foi o “agente unificador dos estudantes cearenses, incentivando a criação e
mantendo relações de coordenação e apoio com dezenas de entidades estudantis
espalhadas em várias regiões do Estado” (Ramalho, apud. ARAUJO, Raquel, 2002, p. 81)
No
período de 1931-1945, o Centro Estudantal Cearense aglutinava secundaristas e
universitários do Estado. “Seu surgimento deu-se no dia 11 de agosto
de 1931, em Fortaleza. Segundo seus estatutos, tinha a finalidade de “congregar
todos os estudantes, trabalhando pelo seu aperfeiçoamento moral, social,
eugênico e intelectual.” (MUNIZ, Altemar. Estado Novo e colaboração estudantil
na manutenção da ordem social e politica de Fortaleza)
Neste
período, a entidade tinha, implícita,
uma importante função na despolitização de movimentos sociais
neutralizando um viés político contestador através da sua transformação num
instrumento de preservação social. Nessa perspectiva, espelhava-se na experiência
desenvolvida junto aos estudantes no Rio de Janeiro pela Casa do Estudante do Brasil (CEB) que,
inclusive, recebia subvenções do governo central. No Norte-Nordeste, Fortaleza
foi pioneira na implantação deste tipo de experiência expandindo-se depois para
Natal, João Pessoa e Terezina. Vale
registrar que a presidente da CEB, Ana Amélia Carneiro de Mendonça, irmã de
Roberto Carlos Vasco Carneiro de Mendonça, interventor federal do Ceará, entre
22 de setembro de 1931 a 5 de setembro de 1934, esteve presente na inauguração
da Casa do Estudante Pobre do Ceará, em 1933.
A
abordagem sobre o CEC abriga diferentes formas de interpretação. A mais
ingênua, entre elas, é aquela que considera a grandeza do gesto e idealiza a
sua atuação como um centro preocupado com o aperfeiçoamento intelectual dos
jovens, a luta pelos seus interesses e a assistência aos estudantes carentes. A realidade e os documentos que orientam as
práticas do CEC implodem essa visão idílica e fantasiosa.
Uma outra
vertente de interpretação aponta que o CEC seria uma ação dos militantes do
Centro Liceal de Estudos que propunham uma entidade estudantil mais
representativa e mais ampla em substituição aos antigos grêmios literários.
Estes estudantes, aliados a estudantes de outros colégios teriam fundado o CEC. Segundo MUNIZ, estas duas interpretações repassam a ideia de
que o CEC seria “uma forma de organização para assegurar e conquistar melhores
condições de vida para os segmentos estudantis, oriundos das camadas médias
urbanas em ascensão, visto que a política estadonovista de industrialização, a
partir das substituições das importações, demandava a ampliação da oferta da
mão-de-obra especializada potencialmente encontrada naqueles setores.” (MUNIZ,
op. cit.)
Baseado
em documentos da época, MUNIZ traz uma interpretação mais sofisticada em torno
do assunto quando relaciona o CEC aos interesses do Estado Novo.
“Noutros
discursos, entretanto, percebem-se dados que permitem dar outro enfoque a esta
questão. O Instituto Histórico do Ceará, no ano de 1939, editou uma revista
chamada O Ceará. Esta, fazia exaltações às personalidades e entidades do
Estado. Num dos artigos, há um espaço para o Centro Estudantal Cearense.
Dizia:“Os estudantes cearenses precisavam ter associação representativa, para que
seus interesses fossem definidos com mais entusiasmo e eficácia. Urgia pôr
termo àquela desordem perniciosa e improdutiva como todas as desordens” (GIRÃO,
Raimundo e FILHO, Antônio Martins. O Ceará. Ed. Instituto Histórico do Ceará.
Fortaleza. 1939. p.43 apud MUNIZ)
Embora
lutando, pontualmente, por interesses estudantis, o CEC, na realidade, integrava-se a um projeto mais
amplo para difusão de um ideal centrista que deveria unificar os discursos das
entidades estudantis em todo o Brasil. Não teria, não portanto, uma luta de
caráter contestatório mas uma ação de apaziguamento de conflitos neutralizando
iniciativas políticas mais ousadas. O propósito era despertar nos estudantes a
confiança e o apoio para os propósitos políticos dos dirigentes e, ao mesmo
tempo, controlar as suas condutas. Tudo deveria ser resolvido através da
autoridade e do poder público. Desde a idealização das ações à expedição das
carteiras de estudantes que, no caso, tinham o visto da Policia Civil.
Conforme
o seu estatuto, estava entre os deveres dos sócios abster-se de qualquer
apresentação ou discussão sobre assuntos de religião ou de militância política
durante as reuniões num período em que integralistas, comunistas e centristas
tinham debates acalorados sobre suas ideias. Tentando contornar a situação, Francisco
Arruda, como presidente do CEC e apoiado pelos grêmios estudantis que o
acompanhavam, tentava dar um contorno apaziguador aos dissensos obedecendo aos
limites impostos pelo poder com o qual estava comprometido. O fato é que a entidade posicionou-se em diferentes
momentos favorável ao Estado Novo e à Igreja escanteando qualquer discussão que
ampliasse o debate principalmente no que diz respeito à discussão de
ideias que se aproximavam de alguma
maneira do socialismo.
Quando das eleições de 1934, Dr. Arruda, presidente
do CEC por nove anos consecutivos foi convidado para candidatar-se como deputado
estadual ou vereador pela LEC, Liga
Eleitoral Católica..
“A LEC foi criada pela Igreja Católica para influir
de modo direto na vida política do país. Esta preocupação surgiu pelo fato da
Igreja, no período de 30, ter mudado seu estatuto jurídico na sociedade
brasileira. Menosprezada pelo Estado laico e liberal da República Velha, passou
a prestar concurso espiritual e ideológico ao fortalecimento do Estado e do
bloco das classes dominantes, face à ascensão política das classes subalternas.
Como não agradasse à cúpula da Igreja a fundação de um partido político, optou-se
por uma frente suprapartidária: a LEC. Possuía a finalidade de instruir,
congregar e alistar o eleitorado católico, assegurando aos candidatos dos
diferentes partidos a sua aprovação pela Igreja e conseqüentemente, o voto dos
fiéis” (MUNIZ, op. cit)
Dr. Arruda teria recusado o convite mas convocou
uma assembleia para escolher dois nomes, de centro, para concorrer. Foram escolhidos Marcos Botelho, para
vereador, e Lourival Correia Pinto, para deputado estadual, que se filiaram à
LEC e ganharam as eleições.
“Para ser
candidato da LEC, o pretendente precisava defender o programa estipulado em dez
pontos: promulgação da constituição em nome de Deus; defesa da
indissolubilidade do laço matrimonial, com a assistência das famílias numerosas
e reconhecimento dos efeitos civis ao casamento religioso; incorporação legal
do ensino religioso, facultativo nos programas das escolas públicas primárias e
normais da União, do Estado e do município; regulamentação da assistência
religiosa, facultativa nas prisões, hospitais etc; liberdade de sindicalização,
de modo que os sindicatos, legalmente organizados, tenham as mesmas garantia
dos sindicatos neutros; reconhecimento dos serviços eclesiásticos de
assistência espiritual das forças armadas e às populações civis como equivalente
ao serviço militar; decretação de legislação do trabalho inspirada nos
preceitos da justiça social e nos princípios da ordem cristã; defesa dos
direitos e deveres da propriedade individual; decretação da lei de garantia da
ordem social contra quaisquer atividade subversivas, respeitadas as exigências
das legítimas liberdade políticas e civis; combate a toda e qualquer legislação
que contrarie, expressa ou implicitamente, os princípios fundamentais da
doutrina católica.”
A LEC era vinculada diretamente à Ação Integralista
Brasileira de Plínio Salgado – partido fascista – que contava com a presença de
Dom Hélder Câmara em seus quadros dirigentes. A militância política da Igreja aliada ao
integralismo no Ceará, fez com que o este fosse o único
Estado Brasileiro em que a entidade alterou o seu caráter estritamente
suprapartidário. Além do integralismo, a LEC fez alianças com os coronéis do
interior para disputar as eleições nos 30. Em 1933 (para Assembleia
Constituinte) quando a LEC elegeu sete entre os dez deputados do Estado, o que
acabou, no fim das contas, provocando a substituição de Carneiro de
Mendonça pelo Coronel Felipe Moreira
Lima. Em 1934, para a Constituinte Estadual,
a LEC elegeu 17 entre os 30
deputados. Em 1935, na eleição indireta para governador a LEC elegeu Menezes
Pimentel, avalista político de Cícero
Brasileiro que tantas dificuldades impôs a Dr. Arruda.
Os fatos indicam, por conseguinte, que há, sim,
vinculações políticas entre CEC e as
organizações conservadoras o que contradiz seu pretensamente ingênuo discurso
apolítico que designa a entidade como protetora e tutora dos interesses
estudantis.
A
estrutura da CEC era hierarquizada e autoritária. Para ser associado e receber
a carteira de estudante, prestava-se um
juramento: “ Como estudante, tudo farei pelo CEC, para honra de minha classe e
a glória futura da minha pátria.” (MUNIZ, op. cit)
Em um dos
artigos do seu estatuto, está regulamentada penalidades de admoestação,
suspensão e eliminação para atitudes nomeadas como desrespeito a quem quer e
onde for.
Todos os
departamentos da entidade tinham regimento próprio e organização interna.
A
Folha Estudantal, seu órgão de imprensa, era respeitada e acatada no contexto
da imprensa local e seu financiamento vinha dos recursos captados pelos
anúncios comerciais que publicava.
A sua
Policia Estudantal (PE) mantinha, em sistema de rodízio, uma fiscalização permanente nas casas de diversões,
nos mesmos moldes da Policia Civil do Estado. Vigiava, notificava e punia estudantes
que ousassem frequenta-las. Criada em 1932, a PE se definia como uma polícia para amparar e
educar a classe impedindo a violência contra os estudantes e coibir os menos
disciplinados. Na verdade, ela tinha um caráter autoritário e fascista.
Inclusive, detinha na Secretaria de Segurança Pública uma sala onde trabalhava
sua diretoria e onde eram detidos e constrangidos os estudantes que ousassem
atravessar as suas ordens.
“ A PE
era composta de quarenta membros. Para ingressar em seus quadros, o candidato
deveria ser estudante centrista, ter bom comportamento, ser maior de 18 anos e
possuir aparência de maior” (BRAULIO apud Muniz) Os participantes eram
indicados pelos diretores das escolas e aprovados pela
diretoria do CEC. Por estes métodos, pretendia-se ‘transformar
o estudante cearense num colaborador efetivo da ordem e da disciplina,
dignificando as fardas colegiais e zelando pelo nosso patrimônio moral’.
No
caso, a juventude abre mão de sua força de contestação e transgressão e passa a
auxiliar compulsoriamente na manutenção e preservação da ordem vigente em troca
de um futuro promissor.
A ação
da PE era tão ousada que extrapolava o movimento estudantil e se expandia para
o controle da sociedade.
Na sua parceria com o estado, as ações
do CEC relacionadas com arte e cultura, eram ações de patrulhamento e disciplinamento
dos estudantes expandindo-se inclusive para ambientes não acadêmicos.
O Júri
Histórico era uma panaceia montada com a participação de autoridades políticas
e acadêmicas que ousavam julgar réus de fatos históricos significativos e anteriores
à breve e limitada existência destes julgadores. A
composição do júri era formada pelas mais altas autoridades acadêmicas e
políticas da sociedade cearense.
O CEC
utilizava vários expedientes para fazer valer o seu viés autoritarista e
bajulador, tais como fazer presença em eventos ou promover solenidades para prestar
homenagens, etc.
Em
1941, quando tentava pela sétima vez o cargo de presidente da entidade, Arruda foi atacado por um grupo estudantil ligado a
setores da igreja acusado da ““obstinação de ficar-se eternamente no meio do
caminho e nessa passividade acomodada de não querer passar adiante”. Na
realidade, a oposição só queria ser contemplada com cargos. Francisco Arruda acabou
sendo eleito por nove legislaturas e, como tal, reprisava as práticas da
entidade
Os
opositores então fundaram a Federação Estudantal Cearense, entidade que se
propunha imprimir uma nova dinâmica ao movimento estudantil.
Durante
seu período áureo, o CEC monopolizou a representação estudantil cearense em
todos os momentos inclusive na fundação da UNE. Isto
explica o fato de que até 1943, o CEC manteve-se como sinônimo de estudantes
secundaristas e universitários no Estado do Ceará.
O
Congresso Centrista dos Estudantes Brasileiros, em 1941, sediado pelo CEC, tinha
como objetivo arregimentar estudantes para compor
uma organização centrista a nível nacional. Foram seus patronos Menezes
Pimentel, governador, e Raimundo de Alencar Araripe, prefeito de Fortaleza. O
presidente de honra era Getúlio Vargas. A
finalidade deste evento era promover a criação de uma entidade a nível nacional
nos mesmos moldes do CEC e da CEB diretamente subordinada ao Ministério da
Educação. Essa entidade denominada pelo Governo Central
como Juventude Brasileira teria a mesma estrutura “da Balila e Avanguardisti da
Itália e da juventude hitlerista da Alemanha”.(MUNIZ, op. cit.) Foi a UNE quem
dinamitou essa iniciativa através de uma mobilização anti-fascista.
A
hegemonia do CEC ficou comprometida com a fundação, em 1942, da União Estadual
dos Estudantes alinhada com a orientação da UNE.
Apesar
do teor político que movia a estrutura do CEC, ele teve realizações muito
importantes. Como agente unificador dos estudantes, ele trouxe organização,
estrutura, prestigio e força para a classe estudantil trazendo-a para dentro do
jogo político. Constituir-se como classe foi provavelmente a sua maior vitória.
Mas teve outras mais pontuais e de fácil assimilação pela comunidade:
abatimento nas entradas de cinema, nas livrarias, no transporte urbano, instalação
do Museu do Estudante e a fundação da Casa do Estudante Pobre do Ceará que foi
de crucial importância para formação de muitos jovens. Depois, foi retirado o
nome ‘pobre’ por sua conotação pejorativa. Inaugurada em 1º
de março de 1933 (algumas bibliografias dizem 1934), quando Dr. Arruda era o
presidente do Centro Estudantal Cearense. Esta casa abrigou, ao longo do tempo,
por intermédio de Dr. Arruda, muitos estudantes de Ipaumirim. Entre outros registramos: Jarismar Gonçalves,
Aldery Gonçalves, Geraldo Nery, Anchieta Nery, Avanildo Oliveira (Peba),
Teodoro Sales, Francisco Crispim (Chiquinho), Francimar Maciel, Francimar
Gonçalves, Bosco Vieira, Valdery Vieira, Francisco Vieira (Chinha), Antônio
Josué (Toinho), Josevaldo Felinto (Vavá), Josemar Felinto (Mazim), Edirceu
Freitas, Vivaldo Alves e Fernando Pires Lustosa.
Quando
o Centro Estudantal Cearense foi extinto, na década de 60, a Casa do Estudante passou a ter
personalidade jurídica própria, mantendo entretanto algumas de suas finalidades
originais.
Construção da Casa do Estudante. Fonte: |
Dr. Arruda
é considerado, por muitos, como o maior líder estudantil do Ceará em todos os
tempos. Ele foi, ainda, presidente do
setor jovem da Casa Juvenal Galeno em 1937, participou da Associação Cearense
de Imprensa (Carteira nº 14 da Associação
Cearense de Imprensa, data de 27.11.1934) e foi membro de várias outras organizações
envolvidas com cultura, esporte, comércio e serviços.
APORTANDO
EM IPAUMIRIM
Quando Dr. Arruda chega em Alagoinha
para trabalhar, como gerente, na Sousa Fernandes & Cia, em 14 de dezembro de 1940, traz experiências
que foram fundamentais para construir sua trajetória:
a.
experiência
de militância na política estudantil no Centro Estudantal Cearense, o qual presidiu
durante 10 anos;
b.
prática
em contabilidade;
c.
conhecimento
em Direito.
d.
relações
sociais, politicas e profissionais em
várias áreas importantes no contexto cearense.
O pesquisador Hegildo Holanda identificou, no
Arquivo Público do Ceará, um documento publicado na imprensa cearense em 07 de
outubro de 1939, essencial para estabelecer as relações entre
Arruda e Cícero Fernandes de Souza. Neste documento, registrado na Junta
Comercial do Ceará, sob o no. 4.379, consta a organização de uma sociedade
mercantil para comercio de compra e venda de gênero de exportação (Algodão,
Peles, Cêra, Mamona, Couros) que tem Alfredo Fernandes & Cia como sócio
comanditário e outras pessoas como sócios solidários. São eles: Cícero
Fernandes de Souza, Raimundo Fernandes Ribeiro, Laerte Fernandes de Souza e
Francisco Vasconcelos de Arruda, antigo funcionário da firma Alfredo Fernandes
& Cia e o único, entre eles, a não levar o sobrenome Fernandes. Esta firma estaria instalada na RUA DRAGÃO DO
MAR, N. 326.
Para melhor compreender a posição de Dr.
Arruda, no contexto empresarial, vale remeter ao Direito Empresarial que
explica diferenças entre sócios numa sociedade em comandita.
______________
“Na sociedade em comandita simples há dois tipos de
sócios: os sócios os comanditados, e comanditários. Os primeiros são, necessariamente,
pessoas físicas que respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações
sociais, colaborando com capital; já os segundos, são obrigados apenas pelo
valor de suas quotas. O contrato social deve prever
especificamente quais são os sócios comanditados e comanditários. Nesse tipo
societário o nome empresarial, conforme já dito, só pode firma ou razão
individual/social. Não podem os sócios comanditários exercerem quaisquer atos
de gestão ou ter o nome na firma social, sob pena de responderem da mesma forma
como os comanditados, de forma ilimitada e solidária. ” .
“A expressão “sócio solidário”
não se refere a participante de toda e qualquer sociedade que figure como
litisconsorte passivo em ação de execução, e sim ao cotista com
responsabilidade ilimitada, isto é, aos que, por força do contrato social,
respondem de forma solidária e ilimitada ao patrimônio social: “A classificação
das responsabilidades dos sócios em sete tipos ordinários (…) compreende, entre
outros, aqueles que, por força de cláusula contratual ou da lei, respondem de
forma subsidiária ao patrimônio social, ilimitada e solidariamente entre eles.”
(http://cunhaematos.com.br)
____________
Os
Fernandes eram um grupo familiar muito forte que dominava o processamento e o comércio
de algodão nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Piauí, zona por
excelência produtora de algodão de fibra longa muito valorizado no mercado
nacional e internacional. Neste comércio, estão também os Maia de Apodi – RN. A união das famílias através de casamentos
permitiu que esse grupo praticamente dominasse os negócios de algodão numa área
muito ampla do sertão nordestino. São exatamente os Fernandes, através de Cícero Fernandes de Souza, que adquiriram a fábrica de algodão dos Vieiras, em
Ipaumirim, para cumprir o pagamento do débito da família junto a eles nos
negócios de algodão. É nesta fábrica de Ipaumirim que, 1940, Arruda vem
trabalhar.
Em 1944, Dr. Arruda em
sociedade com Osvaldo Ademar Barbosa, adquire a fábrica de beneficiamento de
algodão, óleo e sabão – Indústrias Reunidas do Nordeste S.A - instalada no Baixio. Esta firma era de
Fausto Alves Maia, rio-grandense de Apodi-RN. A partir desta compra, Arruda
passa a permanecer mais tempo em Baixio. Os dois sócios têm uma larga expertise
no comércio e na indústria do algodão. Arruda com sua passagem pelas empresas
dos Fernandes e Ademar como ex-funcionário do seu tio, Luiz Pinheiro Barbosa,
proprietário de uma usina de algodão em Ipaumirim instalada nos anos 1930 e que funcionou até os anos 1950 quando foi desativada. Nos anos 30, a
iluminação pública de Alagoinha era fornecida por esta usina. No Baixio, na mesma época, a
firma de Fausto Maia fornecia luz elétrica e a prefeitura pagava mensalmente a
energia consumida na iluminação urbana.
Quando
foi reinstalado em 09 de junho de 1945, em Fortaleza, o Tribunal Regional
Eleitoral, vários partidos solicitaram seu registro. O Partido Social
Democrático, PSD, foi fundado em 17 de julho de 1945, sob o comando dos
interventores estaduais, nomeados por Getúlio Vargas. Conforme seu programa, o
partido era favorável a uma legislação trabalhista e à intervenção do Estado na
economia. Em 03 de setembro de 1945, o interventor Menezes Pimentel solicitou o
registro da Comissão Executiva Estadual do PSD. A União Democrática Nacional
(UDN) apresentou seu pedido de registro em 12 de novembro de 1945 tendo como
presidente Manuel do Nascimento Fernandes Távora. A UDN representava a oposição
liberal ao Estado Novo, era um partido formado por uma classe média elitista
que se recusava à proposta de combater as distancias sociais.
Na época, no Ceará, também existiam partidos menores. “O
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Socialista Brasileiro (PSB),
Partido Republicano (PR), Partido Trabalhista Nacional (PTN) e ainda o Partido
Socialista Progressista que foi fundado a partir da disputa política entre
Menezes Pimentel e Olavo Oliveira. Olavo
Oliveira foi indicado por Getúlio Vargas para formar o PSD, no Ceará, mas na
disputa com Menezes Pimentel acabou fundando o PPS que posteriormente
transformou-se Partido Social Progressista (PSP).
No
contexto político local, Pedro Alves Maia, irmão de Fausto Maia, que chegou a
Baixio, em 1937, para gerenciar a fábrica do irmão, foi introduzido na política
por Cícero Brasileiro que conseguiu sua nomeação como prefeito do município, em
12 de novembro de1945, substituindo Dr. Joaquim Jorge de Souza. No período estavam no auge as suas relações de apadrinhamento político com Menezes Pimentel, interventor do Ceará. Neste mesmo ano, Fausto Maia vai para Cajazeiras-PB chefiar os
negócios das firmas Tertuliano Fernandes
e Alfredo Fernandes instalando naquela cidade uma usina de algodão com extração
de óleos vegetais.
Articulando-se
na região, Dr. Arruda ingressa na política, neste mesmo ano, como candidato a
deputado federal pelo Partido Social Democrático (PSD) tendo ficado na
suplência sem conseguir exercer o mandato.Conforme
dados do TRE-CE, em 1945, deu-se a eleição para Presidente, Senador e Deputado
Federal. Neste pleito, Dr. Arruda candidatou-se a deputado federal pelo PSD recebendo
4.806 votos e, portanto, não foi eleito. O PSD elegeu cinco candidatos e a
posição de Dr. Arruda estava no nono lugar da fila.
Em
Ipaumirim, Dr. Arruda se aproxima de Luiz Leite da Nóbrega, liderança local,
bastante articulada com a comunidade sendo este o esteio político de Arruda que
o projetou na região. Luiz Nóbrega já tem uma história política no município.
Por volta de 1918, esteve no distrito de Olho d'Água, na época ainda jurisdição de Lavras da Mangabeira, junto com seu primo João Augusto
Lima (Luiz era primo de João e sobrinho de sua esposa Marieta), sua vó Joana
Augusto Lima e Chico Felizardo para fundar, no local, o Partido da Aliança
Liberal.
Luiz Nóbrega
instala-se em Alagoinha, em 1919, quando aí chega para trabalhar com seu primo,
João Augusto, um dos expoentes da política regional no Ceará, ambos
descendentes de Fideralina Augusto Lima (bisneto e neto respectivamente). Esta
tradição política da família Augusto que se instala em Alagoinha com a presença
de João Augusto inicia Luiz Nóbrega na política. E é este capital político a
origem da inserção de Dr. Arruda no universo político da região. Isto não nega
a sua competência nem diminui os seus méritos, mas é um ponto de partida
fundamental para a sua entrada e posterior projeção política no contexto de
Ipaumirim, Baixio e Umari.
Em Umari se aproxima de Monsenhor Manuel Carlos de Morais vigário da paroquia de Umari que englobava as capelas de Ipaumirim e Baixio. Monsenhor Carlos era muito amigo de Luiz Leite da Nóbrega. Fez seu casamento, batizou todos os seus filhos e alguns netos. Era seu hóspede nas suas estadias em Ipaumirim dispensando a casa paroquial. Esta amizade fez com que a residência de Luiz Nóbrega abrigasse as autoridades religiosas que por ali transitavam.
Arruda conquistava assim dois campos fundamentais para sua trajetória. No campo político através de Luiz Nóbrega e no religioso através de Monsenhor Carlos.
Em Umari se aproxima de Monsenhor Manuel Carlos de Morais vigário da paroquia de Umari que englobava as capelas de Ipaumirim e Baixio. Monsenhor Carlos era muito amigo de Luiz Leite da Nóbrega. Fez seu casamento, batizou todos os seus filhos e alguns netos. Era seu hóspede nas suas estadias em Ipaumirim dispensando a casa paroquial. Esta amizade fez com que a residência de Luiz Nóbrega abrigasse as autoridades religiosas que por ali transitavam.
Arruda conquistava assim dois campos fundamentais para sua trajetória. No campo político através de Luiz Nóbrega e no religioso através de Monsenhor Carlos.
A
gestão de Pedro Maia na prefeitura de Baixio durou até 06 de março de1946 quando foi renomeado, no
mesmo dia, Dr. Joaquim Jorge de Souza Filho que governou até 03 de janeiro de
1947 quando foi exonerado. Nesta mesma data, foi nomeado prefeito de Baixio
Luiz Leite da Nóbrega que governou até 15 de março do mesmo ano sendo
substituído por Pedro Alves Maia.
Em
1947, houve eleição para Governador, Prefeito, Senador, Deputado Estadual e
Vereador. Dr. Arruda abre mão de sua candidatura para Deputado Estadual
constituinte em favor de Figueiredo Correia (PSD) eleito com 3.130 votos
ficando em 14° lugar na lista do partido com direito a 17 cadeiras na
Assembleia. Figueiredo Correia foi um
dos palestrantes em evento promovido pelo CEC.
Luiz Leite da Nóbrega. |
No
pleito realizado em 15 de dezembro de 1947, Luiz Leite da Nóbrega foi eleito
prefeito de Baixio com 1.650 votos contra Francisco Irineu Bezerra (Chico Irineu,
de Umari) aliado de Cícero Brasileiro que recebeu 834 votos num total de 2.507
votos apurados. Foram eleitos vereadores: José Leite Ribeiro, José
Ferreira Lima, Osvaldo Ademar Barbosa, Artur Araújo Saraiva (Artur Né), João Crispim
Gonçalves e João da Costa Sobrinho.
Na sua
administração, Luiz Nóbrega construiu a Aguada Dr. Jorge de Souza, em Baixio, a
Aguada Padre Manuel Carlos, em Umari e Aguada José Ferreira de Santana ,
Ipaumirim. José Ferreira de Santana,
Coronel Cazuza Santana, era seu sogro e foi prefeito na cidade de São José do
Egito – PE. Inaugurou a luz elétrica na Vila de Felizardo no dia 03.02.1950. Inaugurou
Agência Telegráfica do Distrito de Umari e da sede, Baixio, em 01.02.1950.
(GONÇALVES, Rejane. 1997, p. 84)
Na década
de 50, Dr. Arruda teve um problema com a justiça. Como advogado de Zé Leite e
irritado com o juiz, Dr. Arruda rasgou o processo diante dele e foi, por esta razão,
processado pelo magistrado. Por trás da cortina, Cícero Brasileiro se articulou politicamente
para induzir o processo contra Dr. Arruda que ia ser preso mas foi feito um
pedido de indulto que foi concedido por Getúlio Vargas. No dia do indulto,
chegou um telegrama em Ipaumirim, por telefone. Maria Luna, chefe dos Correios
em Ipaumirim, ficou em tal estado de perplexidade que não conseguia falar.
Depois que a notícia se espalhou, Ipaumirim fez uma grande festa para
comemorar o fato.
Em 1950, conforme dados do TRE-CE, as eleições foram Presidente,
Governador, Prefeito, Senador e Vereador.
Neste
ano, pelo PSD, José Leite Ribeiro, ganha as eleições para prefeito de Baixio.
São eleitos vereadores pelo PSD: Joaquim Leite Ribeiro, Osvaldo Ademar Barbosa,
Artur Araújo Saraiva, e Expedito Dantas Moreira. Pela UDN foram eleitos: João
Crispim Gonçalves, Domingos Ferreira Lima e Bevenuto de Almeida Crispim.
A
residência oficial do Prefeito José Leite Ribeiro é instalada em
Ipaumirim., nova sede do município. Após ferrenhas lutas políticas, a sede do município
é transferida para Ipaumirim voltando Baixio à condição de vila sendo a partir
de então distrito de Ipaumirim. Embora a Lei 2.161 seja de 12.12.1953, a
transferência da sede do município com suas repartições e cargos públicos só
acontece em 1° de janeiro de 1954 quando a lei entra em vigor. Chefes políticos de Umari e Baixio tratam de
encaminhar a luta para conseguir a restauração de seus municípios e, neste contexto, ocorrem as
articulações políticas para a eleição de
1954.
Zé Leite cuidou de Ipaumirim calçando a rua Cel. Gustavo Lima (Rua da Sombra), a
Rua do Sol, (atual Rua Prefeito Alexandre Gonçalves), as ruas transversais,
inclusive o pátio da igreja. Adolfo Augusto de Oliveira foi o voluntário, sem
remuneração, encarregado de fiscalizar e medir as obras para pagamento.
Na ocasião
da divisão do município, a briga política tinha de um lado Baixio, com Cícero
Brasileiro e, do outro, Umari e Ipaumirim, com Dr. Arruda.
Nos
anos 1940 e 1950, em Umari, Dr. Arruda era aliado de Zé Leite que tinha como
oposição local a família Freitas. Em Baixio, era aliado à Joaquim Farias e a sua
oposição era constituída por Cícero Brasileiro aliado à família Ferreira. No
distrito de Ipaumirim e Olho D’Agua, a oposição a Dr. Arruda era comandada por
Luiz Ferreira e Chico Felizardo respectivamente.
Em 1954,
ocorrem eleições para Governador, Prefeito, Senador, Deputado Federal, Deputado
Estadual e Vereador.
Osvaldo Ademar Barbosa. Fonte:http://alagoinhaipaumirim.blogspot.com |
Neste
pleito, Osvaldo Ademar Barbosa ganha as eleições para prefeito de Baixio, como
candidato do PSD. São eleitos vereadores: Wilfrido Gondim Leite (Didi Leite,
filho de Zé Leite), Vicente Gomes de Morais, Alexandre Gonçalves da Silva,
Expedito Dantas Moreira, Vicente Ferreira de Souza, Alexandre Gonçalves de
Araujo, João Crispim Gonçalves e Nilson Alves de Lima. Só dois partidos
concorriam a eleição: PSD que recebeu 2.551 votos e UDN 1.699.
Empossado
em 15 de março de 1955, ainda entrou como prefeito de Ipaumirim, Baixio e
Umari. O seu mandato compreende o período de março de 1955 a março de 1959. Com
a Lei n° 3.338, de 15.09.1956, foram restaurados os municípios de Baixio e
Umari e Ipaumirim passa a constituir, sozinho, uma unidade municipal. A partir daí, a prefeitura se instala em Ipaumirim. Bonifácio Vieira foi
seu primeira secretário e aí trabalhou até se aposentar. A família Vieira
estava politicamente dividida. Bonifácio e Argemiro acompanhavam o partido de
Dr. Arruda e os demais faziam oposição. O adversário dos Vieira dentro de Felizardo
era Artur Né que acompanhava Dr. Arruda.
Na
sua gestão, Ademar fez todo o aterramento da área e construiu no local a antiga Praça do Posto que hoje leva o seu
nome, Praça Osvaldo Ademar Barbosa. Desde a sua construção esta praça foi um
local para ponto de carros de frete como se chamava antigamente e de
transportes intermunicipais. Este terreno bem como outros onde Ademar construiu obras eram originalmente de sua propriedade. Continuou, também, as obras de calçamento iniciadas por
José Leite Ribeiro. Fez a maior obra de
aterramento para tornar a área do posto habitável pode ainda hoje ser
considerada como a maior obra de construção já feita em Ipaumirim.
Em nosso
percurso, não estamos interessados em saber especificamente em “quem fez o quê’
embora em algum momento passaremos por esta etapa. A nossa preocupação é identificar
e compreender os processos que moviam a política local e como eles irrigavam o
projeto politico.
Quando
prefeito, Ademar desentendeu-se com Dr. Arruda. O motivo do desentendimento
foram as Cotas, ou seja, a verba que os municípios recebiam. Dr. Arruda tinha
como prática administrar diretamente as verbas das prefeituras cujos candidatos
fossem eleitos em aliança com ele. Os prefeitos aliados a Arruda sempre foram seus
prepostos. O prefeito, na realidade, era Arruda. O eleito era uma figura
decorativa. Não administrava a prefeitura, não recebia a Cota, nada determinava.
Quando Ademar não aceitou a submissão, Dr. Arruda passou um tempo distante de
Ipaumirim. Tempos depois, eles se juntam de novo.
Após
aliar-se a antigas lideranças locais para se introduzir politicamente na
região, Dr. Arruda vai tratando de consolidar sua presença política e suas relações
com a comunidade. Conhecendo a região e as suas limitações como ele conhecia,
inclusive e principalmente a ignorância dos pequenos chefes políticos, Dr.
Arruda foi um político ardiloso. Lançou mão de estratégias inéditas naquele
mundo afeito às estultícias de alianças estruturadas de forma muito primária
costuradas pelas relações de vizinhança
e compadrio. Grosso
modo, a aliança acontecia nas seguintes bases: de um lado, os chefes
locais semianalfabetos detentores de votos + propriedades rurais +
algodão + gado + malícia cabocla na construção de alianças políticas. Do outro
lado: Dr. Arruda + experiência política mais sofisticada + estratégias
ousadas + conhecimento + fluência + delicadeza no trato + desenvoltura de um homem urbano + cargos. Nesse contexto, Dr. Arruda lança mão de
estratégias políticas mais ousadas. Escolhe seus candidatos entre aqueles que
ele sabia que contava com muitos votos. Em
linhas gerais, a estratégia era montada
da seguinte maneira: Dr. Arruda esquadrinhou o território de Ipaumirim projetando
uma segmentação política baseada nos riachos e escolhia um candidato a vereador
para cada riacho. Dentro dessas áreas nem todos eram seus correligionários, mas
ele estaria representado em cada uma delas.
Ainda no pleito
de 1954, Arruda sai do PSD e se candidata a deputado estadual pelo PSP ficando
em primeira suplência e assumindo logo depois o mandato de deputado estadual. A
sua saída do PSD se deve à sua não indicação, pelo partido, para disputar a Prefeitura de
Fortaleza pelo partido. Candidato pelo PSP, Dr. Arruda recebe 4.896 votos. O
partido tinha oito vagas e Dr. Arruda ficou em nono lugar.
Panfleto de Dr. Arruda quando candidato a prefeito de Fortaleza. Gentilmente cedida por Hegildo Holanda. |
Nas
eleições de 1958, houve um problema na eleição na cidade de Porteiras – CE
quando houve depois uma eleição suplementar para resolver o problema. Este problema é a seguir relatado com
riqueza de detalhes:
“Um outro depoimento, de um
deputado, descreve as eleições de 1958, num município do Ceará:
Ao
chegar em Porteiras verifiquei que candidatos procedentes desta capital e de
outras partes do Estado haviam
instalado, no centro da praça principal ... seus quartéis-generais e passaram a
comprar votos à razão de Cr$ 1.000.00. O eleitor recebia 50% na transação,
assinava uma promissória e deixava o título com o candidato ou seus agentes até
o momento de votar. Após a votação recebia o saldo ... Mais tarde, porém,
surgiu um problema novo: certos candidatos elevaram a cotação do voto para Cr$
2.000,00. Em face disso, diversos eleitores voltaram à presença daqueles aos
quais já haviam vendido os votos, tentando rescindir os contratos ... A fim de
assegurar a votação comprada, houve candidatos que instituíram o "voto de
mochila". Distribuíam as cédulas dentro de minúsculas sacolas de morim,
dotadas de um elástico que o eleitor prendia à perna quando ia votar. Isso
evitava que a chapa viesse a ser trocada pelos candidatos ou chefetes locais.
(Montenegro, 1960, p.45-6 apud SEGATTO, 1999, P.151)
Nesta
ocasião, Raimundo Augusto esteve presente para comprar votos para seu filho,
Vicente Augusto, e Fausto Arruda foi comprar para seu meio irmão Dr. Arruda. O
mantra era que não seria por falta de dinheiro que seu meio irmão não se elegeria. O
certo é que Dr.Arruda se elegeu naquele pleito pelo PSP.
Nesta
mesma eleição, Alexandre Gonçalves da Silva e Vicente Gomes de Morais, ganham
para prefeito e vice de Ipaumirim respectivamente para governar entre os anos
de 1958 – 1962.
Cartaz da campanha de Alexandre Gonçalves. 1958. Gentilmente cedida por Magna Gonçalves. |
Ademar governou até março de 1959 quando assume Alexandre Gonçalves da Silva tendo como vice Vicente Gomes de Morais. Até o governo anterior de Ademar não existia a figura do vice-prefeito. Concorreu com Alexandre o agricultor Antonio Ernesto. Após perder as eleições, Antonio Ernesto migrou com a família para Brasilia. O hino da vitória, montado sobre a música do bloco Vassourinhas, de Recife, tinha este refrão:
"Dr. Arruda bem folgado
Na assembleia do estado
Antonio Ernesto, pobre coitado
No pé da serra enfezado."
Alexandre Gonçalves da Silva, candidato
pelo PSP, foi o primeiro prefeito
primeiro prefeito eleito por ipaumirinenses para governar o município de
Ipaumirim após a restauração dos municípios de
Baixio e Umari. Conforme dados do
TRE disponíveis na internet, o município tinha 2.454 eleitores. Votaram 2.102
(89,57%) e as abstenções compreendem 352 eleitores (14,34%). A eleição correu em 03 de outubro de 1958.
No pleito de 1958, Vicente Augusto entra na política de Ipaumirim por intermédio de Luiz Ferreira, adversário de Dr. Arruda, apoiando a candidatura de Antonio Ernesto. A campanha foi extremamente difícil porque ocorreu num ano de grande seca. Antonio Ernesto teve uma despesa muito grande com a campanha o que abalou bastante suas finanças. Logo depois do pleito, vendeu seus bens em Ipaumirim e migrou com a família para Brasília.
Ainda neste pleito, houve o recadastramento de títulos que passaram a incorporar a fotografia do leitor. Em Ipaumirim, o recadastramento foi realizado onde atualmente funciona o supermercado de Airton Almeida, defronte a Praça São Sebastião. O controle dos títulos eleitorais era realizado por Adolfo Augusto de Oliveira. Salvo engano, o título n° 01 era de José Henrique Silva, o n° 02 era de Maristela Bezerra de Oliveira,, o n° 03 era de Adolfo Augusto de oliveira e o n° 04 era de Vicente Gomes de Morais. As fotografias eram tiradas pelo fotógrafo local, Zacarias Pontes. Lembro que na Loja Macedo, onde papai, Vicente Gomes de Morais, trabalhava, as fotos eram guardadas em pacotinhos numa caixa de sapato no canto de uma das prateleiras de tecido.
No pleito de 1958, Vicente Augusto entra na política de Ipaumirim por intermédio de Luiz Ferreira, adversário de Dr. Arruda, apoiando a candidatura de Antonio Ernesto. A campanha foi extremamente difícil porque ocorreu num ano de grande seca. Antonio Ernesto teve uma despesa muito grande com a campanha o que abalou bastante suas finanças. Logo depois do pleito, vendeu seus bens em Ipaumirim e migrou com a família para Brasília.
Ainda neste pleito, houve o recadastramento de títulos que passaram a incorporar a fotografia do leitor. Em Ipaumirim, o recadastramento foi realizado onde atualmente funciona o supermercado de Airton Almeida, defronte a Praça São Sebastião. O controle dos títulos eleitorais era realizado por Adolfo Augusto de Oliveira. Salvo engano, o título n° 01 era de José Henrique Silva, o n° 02 era de Maristela Bezerra de Oliveira,, o n° 03 era de Adolfo Augusto de oliveira e o n° 04 era de Vicente Gomes de Morais. As fotografias eram tiradas pelo fotógrafo local, Zacarias Pontes. Lembro que na Loja Macedo, onde papai, Vicente Gomes de Morais, trabalhava, as fotos eram guardadas em pacotinhos numa caixa de sapato no canto de uma das prateleiras de tecido.
No documento do TRE disponível na
internet, na seção “Resultados eleitorais por município”, não constam os dados
sobre Ipaumirim nem os de Baixio e de Umari. Os três municípios integravam a
58ª Zona Eleitoral do Ceará. Portanto, não temos informações oficiais para
complementar os dados sobre a eleição no que diz respeito a relação dos partidos de cada candidato nem a contabilidade dos votos.
A
cerimônia de posse de Alexandre Gonçalves e Vicente Gomes de Morais no
Paço Municipal ocorreu no dia 25.03.1959. No evento, foram oradores:
Raimundo Meira Barbosa (Bosa), filho de Ademar Barbosa que falou em nome
do seu pai, Jarismar Gonçalves de Melo em nome do seu pai, Alexandre
Gonçalves, e Dr. Francisco Vasconcelos de Arruda. Foram eleitos os seguintes vereadores: Expedito Dantas Moreira, Sebastião Barbosa de Albuquerque (Sebasto), José Dias de Souza, José Alves de Oliveira, Vicente Ferreira de Souza, Francisco de Melo e Silva (Chico de Melo) e Artur Saraiva de Araújo (Artur Né). (GONÇALVES, Rejane. Op. cit. pp. 168-69)
Jarismar Gonçalves de Melo, filho de Alexandre Gonçalves, Chefe de Gabinete do prefeito, era praticamente quem administrava o município.
Alexandre Gonçalves da Silva. Fonte: BEZERRA, Hermes Pereira. Ipaumirim 60 anos |
OBRAS CONSTRUÍDAS NA GESTÃO DE
ALEXANDRE GONÇALVES:
. Calçamento e saneamento da rua Bento Vieira.
. Calçamento da rua Miceno Alexandre.
. Calçamento da rua Miceno Alexandre.
. Demolição do antigo açougue onde
posteriormente foi construído o prédio da prefeitura antes da aquisição do
prédio do Banco do Brasil. A intenção seria construir a prefeitura naquele local mas a verba federal,
conhecida como Cota Federal, era anual e no período só era suficiente para
pagar os funcionários.
. Compra do terreno onde depois foi instalada a primeira maternidade de Ipaumirim. Maternidade Maria José dos Santos (Dona Piquilí). Este terreno foi comprado a Antonio Pessoa transmitindo por herança a sua esposa Zenóbia, filha de Pedro Alexandre. Este terreno Pedro Alexandre havia comprado ao pernambucano José Ferreira de Santana (Coronel Cazuza Santana). Pelos dados do Recenseamento de Propriedades do ano de 1920 esse terreno ficava no Sítio Lagoinha na época pertencente ao Coronel Cazuza Santana. É possivel que esta data de terra adquirida por Cazuza Santana quando chegou a Ipaumirim no inicio do século XX seja o mesmo sítio Lagoinha de propriedade dos Ferreira Bonfim de que fala Joarivar Macedo citando informações datadas ainda no século XIX.
. Compra do terreno onde depois foi instalada a primeira maternidade de Ipaumirim. Maternidade Maria José dos Santos (Dona Piquilí). Este terreno foi comprado a Antonio Pessoa transmitindo por herança a sua esposa Zenóbia, filha de Pedro Alexandre. Este terreno Pedro Alexandre havia comprado ao pernambucano José Ferreira de Santana (Coronel Cazuza Santana). Pelos dados do Recenseamento de Propriedades do ano de 1920 esse terreno ficava no Sítio Lagoinha na época pertencente ao Coronel Cazuza Santana. É possivel que esta data de terra adquirida por Cazuza Santana quando chegou a Ipaumirim no inicio do século XX seja o mesmo sítio Lagoinha de propriedade dos Ferreira Bonfim de que fala Joarivar Macedo citando informações datadas ainda no século XIX.
. Aquisição de instrumentos e fundação da
primeira banda de música de Ipaumirim orientado por Jarismar Gonçalves, seu filho, Jader Nogueira Santana e José Henrique Silva. Fundou-se então uma escola de música e foi contratado o maestro Rivaldo Santana, como professor. Essa escola profissionalizou alguns músicos, como João Bosco Conrado (Besouro) e Xeringa que depois ingressaram na Policia Militar do Ceará onde foram músicos da sua banda marcial.O Maestro Rivaldo Antônio Santana era natural da cidade de
Vitória de Santo Antão no Estado de Pernambuco. No início dos anos 60, aportou
em Cajazeiras através de um circo onde era integrante do seu grupo de músicos. Com a partida do circo, o maestro preferiu ficar na cidade onde começou a formar a sua orquestra e ficou conhecido em toda a região. (alagoinha.ipaumirim.blogspot.com)
Para mais detalhes, vide matéria de Francisco Farias “Como foi minha bandinha”, publicado no alagoinha.ipaumirim em 11.02.2012, do qual extraímos o parágrafo de abertura para publicá-lo agora:
Para mais detalhes, vide matéria de Francisco Farias “Como foi minha bandinha”, publicado no alagoinha.ipaumirim em 11.02.2012, do qual extraímos o parágrafo de abertura para publicá-lo agora:
“Era o já distante ano de 1962. O
prefeito de Ipaumirim, já no último ano de mandato era o Sr. Alexandre
Gonçalves. Exatamente por essa época, com o apoio decisivo de Dr. Jarismar
Gonçalves, seu filho, começaram a ser adquiridos pela Prefeitura dos primeiros
instrumentos e teve início, com sede provisória no Clube Recreativo de
Ipaumirim – CRI a minha inesquecível Banda de Música Municipal de Ipaumirim, a
primeira na espécie.” (Chico Farias)
Alexandre
Gonçalves termina seu mandato em 1962. O nosso próximo post inicia a partir da
eleição de 1962 quando falaremos de tempos difíceis e de muita perseguição na
política de Ipaumirim. Com o Golpe de Estado de 1964, o Brasil entra em negros
anos que marcariam também o destino de Dr. Arruda.
Na próxima etapa vamos tratar de um período difícil na política de
Ipaumirim.
BIBLIOGRAFIA
ARAUJO,
Raquel Dias. O Movimento estudantil no
tempo da barbárie: a luta dos estudantes da UECE em defesa da Universidade
Pública. Fortaleza, 2006. UFC/PPGEducação. (Tese de doutorado). 286p.
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